J. R. Guzzo
Lula, em sua versão 2022, está com a ideia fixa: dar mais força e poder para o ‘Estado’
O ex-presidente Lula, candidato já declarado pelas pesquisas de opinião como vencedor das eleições de outubro próximo, está fazendo algo que não é comum na política brasileira.
Cada vez mais, em seus discursos de campanha, insiste em deixar claro quem ele realmente é – e, pior ainda, como vai ser o seu governo se de fato chegar lá outra vez.
Em seu último manifesto, disparado com a mesma ira de sempre, Lula disse o seguinte: é contra – isso mesmo, contra – a redução dos preços dos combustíveis para o consumidor, trazida pela recente redução de impostos que o governo federal propôs e o Congresso aprovou. Como assim?
Por que raios alguém seria contra um benefício claro e direto à população?
Porque o que é bom para o cidadão não é bom para o tipo de gente de quem Lula realmente gosta. “A redução de preços prejudica os governadores”, explicou ele num comício de campanha.
O candidato do PT acha que isso é uma coisa horrível.
O ex-presidente Lula em ato de campanha na sexta-feira, 21, em Recife Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/EFE [não se percebe público; nos parece que não tem público = ato de campanha secreto?]
Eis aí, sem disfarces, o Lula de verdade: entre o povo brasileiro e os governadores, ele toma o partido dos governadores, essa elite que manda, se enriquece e representa tão bem o Brasil que ele quer manter intacto, hoje e sempre. É isso – o candidato do “campo progressista” acha que a população deve pagar mais caro pela gasolina, porque os governadores de Estado, esses colossos que estão aí, devem ter mais dinheiro.
A desculpa que dá para essa preferência é mais falsa que um Rolex paraguaio.
Lula diz que, por causa da diminuição nos preços dos combustíveis, vai “faltar dinheiro para educação e a saúde” – como se os governadores estivessem dando a mínima para uma coisa ou para a outra.
Por acaso os impostos sobre o combustível estavam sendo aplicados nos maravilhosos sistema de educação e saúde que os governadores de Estado vinham executando – e que agora, coitados, não vão poder executar mais?
A última coisa que esses governadores fizeram, em termos de educação, foi manter fechadas durante dois anos as escolas da rede pública de ensino – o maior desastre que já aconteceu em toda a história da atividade escolar neste país.
Lula, em sua versão 2022, está com uma ideia fixa: dar mais força, mais poder e mais dinheiro para “o Estado” e isso, traduzido em português, quer dizer que vão transferir cada vez mais o que você tem no seu bolso para o bolso dos que mandam no governo e nos seus arredores.
Não são os adversários do PT que dizem isso. É Lula, em pessoa, que quer a volta do imposto sindical. É ele que quer a volta do imposto da CPMF. É ele que quer um governo mais caro e sem teto de gastos.
O fim dessa linha é bem sabido: menos liberdade para todos.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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