Os símbolos são importantes. As pessoas os têm, as famílias, as empresas, as religiões, os clubes esportivos. E o nosso símbolo maior é a bandeira, como é a constituição, como lei maior. Pisotear uma e outra são agressões a todos nós
A juíza gaúcha que ameaçou proibir a Bandeira Nacional e a cantora
brasileira, [deveria ser punida no mínimo com cassação da nacionalidade brasileira,se tornando uma apátrida.] num palco californiano, pisoteou a bandeira de seu
próprio país, levaram para o topo as atenções nas redes sociais o nosso
símbolo nacional.
Ainda menino, via meu avô hastear a bandeira na
fachada de casa em todos os feriados nacionais e durante a Semana da
Pátria;
no grupo escolar, ainda nos anos 40, hasteávamos e arriávamos a
bandeira todos os sábados, cantando o Hino Nacional e o Hino à Bandeira —
que tem letra de Olavo Bilac. Eu ainda não tinha 2 anos de idade, e
Sílvio Caldas gravava Fibra de herói, com simples e bela letra do poeta
Theófilo Barros Filho e música do consagrado maestro Guerra Peixe.
Hoje, os quartéis adotaram a vibrante Fibra de herói,
que tem por estribilho Bandeira do Brasil/Ninguém te manchará/Teu povo
varonil/Isso não permitirá.
Na época, o mundo estava em guerra, mas o
Brasil ainda não, embora naquele ano tenha sido afundado o primeiro
mercante brasileiro. Hoje há uma quase guerra por causa da eleição de
outubro, e ações contra a bandeira têm causado indignação ou
indiferença. Eu me senti pisoteado.
Cheguei a tuitar que a cantora
pisoteava meus avós, meus pais, meus filhos — todos simbolizados pelo
auriverde pendão da esperança, do poema de Castro Alves. Porque ela
simboliza todos nós, brasileiros — os vivos, os mortos e os que vão
nascer. Li que a cantora fora beneficiada com R$ 1,9 milhão da Lei
Rouanet em 2011, quando a tia dela era ministra da Cultura. Assim, ela
não pisoteava a bandeira, mas esperneava sobre o símbolo do Brasil. [não tínhamos conhecimento da existência da tal cantora, até desconhecíamos o nome da infeliz que tão grave ofensa causou a milhões e milhões de brasileiros; desejamos que não retorne ao Brasil e passe a residir na Coréia do Norte.]
A juíza gaúcha, coitada, recebeu um chega-pra-lá do
TRE; a cantora alega que se arrependeu no momento seguinte, passando
atestado de ciclotimia grave. Elas não têm noção sobre os valores da
nacionalidade, as raízes que nos unem num país.
Os símbolos são
importantes. As pessoas os têm, as famílias, as empresas, as religiões,
os clubes esportivos.
E o nosso símbolo maior é a bandeira, como é a
Constituição, como lei maior. Pisotear uma e outra são agressões a todos
nós.
São amálgamas, que nos unem, numa época em que parece haver no
Ocidente um movimento que visa à separação, ao apartheid, quem sabe para
nos enfraquecer. Divide et impera.
Ou seja, fracciona uma nação,
separando seus nacionais, para facilitar a tomada do poder e impor a
vontade do conquistador.
A bandeira tem quatro cores. As cores dos brasileiros
têm todos os tons de pele, numa mistura genética que formou uma gente
bonita, graciosa, bondosa, muito especial, a ocupar este país-continente
tropical.
Quando estudávamos nossos heróis, no grupo escolar, Marcílio
Dias me impressionava, porque defendeu a bandeira que os inimigos
queriam arrancar do mastro de seu navio.
E morreu misturando seu sangue
com as cores do pavilhão sagrado, verde-e-amarelo.
A juíza e a cantora
que atacaram a bandeira servem para sacudir nossas consciências a
lembrar que somos todos guarda-bandeiras e que a indiferença de muitos
mostra que o nosso símbolo maior — que nos une na união que faz a força —
está esquecido nas escolas e, talvez, em nossas casas.
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
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