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domingo, 6 de novembro de 2022

Contra resultado das urnas, capitais brasileiras passam por novo dia de protestos

Veja fotos e vídeos dos atos neste domingo, 6 

[atualizando: salvo se a legislação tiver mudado  -   mudança repentina, via interpretação criativa - as áreas contíguas às Unidades Militares, estão sob administração militar e nenhuma força policial e/ou de segurança, não integrante das Forças Armadas pode atuar nas mesmas - situação válida independentemente da quem emitir a determinação. 
Só o Comandante da Unidade com jurisdição sobre a área ou autoridade militar superior a ele pode expedir qualquer determinação referente ao tema.
Assim, nem PM, PF, PRF, Força Nacional, podem atuar na área.]

 Protestos realizados na cidade do Rio de Janeiro, neste domingo , 06

Protestos realizados na cidade do Rio de Janeiro, neste domingo , 06 | Foto: Saulo Angelo/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo

Brasileiros fazem atos contra o resultado das eleições em várias cidades do Brasil. Além de São Paulo e Brasília, capitais como Rio de Janeiro, Salvador (BA), Recife (PE), Porto Alegre (RS) também registraram protestos neste domingo, 6.

Manifestantes em frente ao quartel do Comando Militar do Sudeste – 
06/11/2022 | Foto: Reportagem/Revista Oeste

Na capital paulista, manifestantes mantêm uma vigília em frente à sede do Comando Militar do Sudeste, quartel do Exército, desde a segunda-feira 31. A instalação fica na Avenida Sargento Mario Kozel Filho. No local, existem barracas montadas para dar apoio e receber doações de água e alimentos. A estratégia é manter o ato até que o resultado da eleição seja revisto.

 Manifestações em frente ao quartel do Comando Militar do Sudeste (São Paulo, 06/11/2021)

Se o vídeo sumir, CLIQUE AQUI

Em Brasília, os manifestantes fizeram os protestos na frente do Quartel General do Exército. Famílias com brasileiros de todas as idades, profissões e classes sociais formam os grupos. Ontem, sábado 5, uma foto registrou o momento em que vários manifestantes taparam a boca com a mão, em protesto.     

Manifestação na cidade de Brasília (DF), em frente ao 
Quartel General das Forças Armadas, no sábado (05.011.2022) – 
Foto: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
 

No Rio de Janeiro, as concentrações ocorreram em frente ao Comando Militar do Leste. A base militar está localizada próxima à Praça Duque de Caxias.

Protesto realizado na cidade do Rio de Janeiro, neste domingo , 06
Foto: Saulo Angelo/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em Petrópolis, cidade a pouco mais de 60 quilômetros do Rio de Janeiro, manifestantes ocupam a via em frente ao 32o Batalhão de Infantaria Leve.

Manifestantes se reúnem em frente ao 32o Batalhão de Infantaria Leve, 
em Petrópolis (RJ), neste domingo, 6 | Foto: Davi Corrêa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em Recife, os protestos se concentraram nas portas do Comando Militar do Nordeste. Na capital baiana, do mesmo modo, o ato também foi realizado na frente de uma base militar, o quartel da Mouraria. Já em Porto Alegre, os manifestantes se dirigiram ao centro da cidade.


O resultado que levou aos protestos
Nas eleições de domingo 30, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, Lula recebeu cerca de 60 milhões de votos contra 58 milhões do presidente Jair Bolsonaro (PL). Assim, a diferença ficou em torno de 2 milhões de votos — menos de 2 pontos porcentuais. Ao mesmo tempo, quase 38 milhões de eleitores não escolheram nenhum dos dois candidatos no último domingo, somando a quantidade dos que não votaram com os votos nulos e em branco.

Leia também: “A direita está aí”, reportagem de capa da Edição 137 da Revista Oeste


sexta-feira, 3 de julho de 2020

Desmilitarização - Núcleo duro da ala militar quer desmilitarizar governo - Merval Pereira

O Globo

General Ramos na reserva

A prisão de Fabrício Queiroz foi a gota d´água que faltava para que o bom senso prevalecesse no entorno do presidente Bolsonaro, levado a um silêncio obsequioso diante da realidade que lhe batia à porta do Palácio do Planalto. Os ministros de origem militar, que no início do governo eram vistos como anteparos aos arroubos totalitários da ala radical do governo, venceram pela exaustão. Uns, como o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, abandonaram a moderação para aderir à radicalização. Outros, como o General Santos Cruz, não resistiram às intrigas palacianas e deixaram  o governo.

[Não podemos esquecer:
- um militar na reserva, graduado ou quatro estrelas, continua cidadão e seus direitos e deveres são estabelecidos em um artigo da Lei Maior; 
- o militar da reserva, não tem o comando de tropas, mas é comum que o prestigio de um oficial da reserva, sua capacidade de liderança, aliado  junto a seus pares da ativa compense não ter um comando.]   

O núcleo duro da ala militar permanece firme no desejo de desmilitarizar sua presença para firmar a ideia de que não existem ministros militares, mas de origem militar. Um que foi para a reserva no dia 1º deste mês foi o General Luiz Eduardo Ramos. Ele já havia anunciado sua decisão dias antes, como registrado aqui na coluna, maturada desde o dia em que recebeu críticas de diversos setores, inclusive militares, por ter participado de uma daquelas manifestações políticas em frente ao Palácio do Planalto, onde a defesa de medidas antidemocráticas, como intervenção militar, eram feitas abertamente.

Sentiu-se incomodado, admitiu que como General de Exército da Ativa, recém-saído do Comando Militar do Leste, membro do Alto Comando do Exército, mesmo se não houvesse a defesa de ações totalitárias, que minimizou como sendo de uns poucos, não deveria participar de manifestações políticas. Conversou com o presidente, que se disse contrário, mas realizou seu desejo para poder ajudar o governo mais à vontade, como revelou em entrevistas. O general Braga Netto, da Casa Civil, está na reserva já há algum tempo, tendo permanecido na ativa durante curto período como ministro, e o ministro da Defesa, General Fernando Azevedo pretende evitar situações dúbias como a que o levou a sobrevoar de helicóptero junto com o presidente Bolsonaro uma manifestação política, como se a estivesse apoiando, quando alega que estava ali para averiguar as condições de segurança da Praça dos Três Poderes.

A vontade é de não misturar mais, ou não dar motivos para que assim sejam percebidas, as ações de ministros de origem militar com a dos militares da ativa. Por isso, há uma tentativa de homogeneizar o comportamento, fazendo com que sigam o exemplo o ministro interino da Saúde, General de Brigada Eduardo Pazzuello e o chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) Almirante de Esquadra Flávio Rocha, que foi promovido este ano, quando já trabalhava no Palácio do Planalto.
Foram muitas idas e vindas nesse primeiro ano e meio de governo, em que os assessores mais próximos ganharam ou perderam importância ao sabor dos ventos políticos, que radicalizaram como quando Bolsonaro decidiu enfrentar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), ou amainaram como agora, quando a força das decisões institucionais prevaleceu sobre o espírito “incontrolável” do presidente.

Os vários inquéritos no Supremo abrangendo não apenas seus seguidores mais radicais, alguns presos, mas ele próprio, os inquéritos do Ministério Público e da Polícia Federal sobre seus filhos Flavio e Carlos, a prisão do Queiroz na casa do advogado da família, tudo levou a que Bolsonaro se dispusesse a arrefecer os ânimos, aceitando finalmente, não se sabe até quando, que não tem condições políticas para tentar enquadrar as instituições que lhe limitam o poder presidencial, como acontece nas democracias. Uma vitória marcante dos assessores militares foi acabar com o cercadinho em que apoiadores de Bolsonaro constrangiam os jornalistas e incentivavam as bravatas do presidente. [o cercadinho era uma das inconveniências da forma escolhida pelo presidente Bolsonaro para se comunicar, sem esquecer, que era péssimo para a segurança do primeiro mandatário.
Tanto que nunca nos permitimos prestigiar aquele local e esperamos que não seja reerguido.
Uma autoridade quanto menos fala, mais poder possui.] Hoje, ele os recebe separadamente, nos jardins do Alvorada, e seus arroubos ficam restritos a essa platéia. Os relatos são de que o presidente oscila, há dias em que está mais calmo, outros mais agitado.  Essa situação serviu também para confirmar o que os ministros de origem militar sempre garantiram: não existe possibilidade de as Forças Armadas apoiarem uma aventura ditatorial. 

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Militares do Exército atiram em carro e matam músico na Zona Norte - Tudo indica que militares realizavam uma operação e músico desobedeceu a ordem de parada

Soldados do Exército que realizavam operação na Favela do Muquiço, no Rio,  atiraram contra um carro que desobedeceu ordem de parada e um dos ocupantes foi morto e outro ferido. A vítima era um músico, que foi confundido com criminosos pelos militares. Um homem foi morto por tropas do Exército na tarde deste domingo (07), na Avenida Brasil, na região de Guadalupe, no Rio de Janeiro. De acordo com testemunhas, o carro de uma família foi confundido com um levado por traficantes e alvejado pelos militares.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram o veículo cravejado de balas, enquanto uma mulher desesperada chora ao lado do carro. Nas redes sociais, moradores afirmaram que um automóvel com as mesmas características foi roubado minutos antes - o que teria provocado a confusão envolvendo o pelotão.
[comentário: quando se está dirigindo e nos aproximamos de uma blitz  - seja da polícia, das FF AA ou qualquer órgão policial, o correto e seguro é parar, não tentar furar o bloqueio ou fugir de qualquer outro forma - a tentativa de fuga aumenta as suspeitas, é forte indicio de reação e obriga os militares a agir com a força necessária.
Durante o dia o  ideal, e seguro,  é parar o carro, desligar o motor e manter as mãos a vista - de preferência sobre o volante;
Se durante a noite, parar o carro, apagar o farol deixando apenas as luzes de presença acesa, acender luzes internas, desligar o motor e mãos sobre o volante.
Os policiais ou militares estão sob tensão, não sabem o que vão enfrentar em cada carro que mandam parar e tem o DEVER de chegar em casa vivo.] 
Em nota, o Comando Militar do Leste negou que tenha ocorrido confusão e disse que a tropa agiu para repelir injusta agressão. "Ao avistarem a patrulha, os dois criminosos, que estavam a bordo de um veículo, atiraram contra os militares, que por sua vez responderam à injusta agressão. Como resultado, um dos assaltantes foi a óbito no local e o outro foi ferido, sendo socorrido e evacuado para o hospital", diz o comunicado.


 O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, disse neste domingo (7) que "tudo indica" que os militares do Exército que mataram Evaldo dos Santos Rosa em uma ação durante a tarde em Guadalupe, Zona Oeste do Rio, atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.

Além do óbito, pelo menos duas pessoas ficaram feridas, uma que estava no carro e outra que passava a pé pelo local. O Comando Militar do Leste confirmou que este último se trata de um "cidadão inocente" e disse que a vítima está fora de perigo.

Em nota enviada à emissora, o Exército declarou que a patrulha se deparou com um assalto em que dois criminosos atiraram e os militares reagiram à “injusta agressão”. A instituição acrescentou que os fatos serão apurados.Em novo pronunciamento, o Exército acrescentou que o Comando Militar do Leste determinou que todos os envolvidos e as testemunhas sejam ouvidos em uma delegacia militar.

O caso está sendo investigado pela Polícia Judiciária Militar.

Correio Braziliense - O Globo - Veja


segunda-feira, 11 de março de 2019

Tortura no quartel

Laudos obtidos por VEJA mostram que lesões sofridas por suspeitos na Vila Militar do Rio foram muito mais graves que as verificadas em atestados do Exército


A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, que entre avanços e retrocessos durou dez meses e se encerrou no fim de 2018, reserva um capítulo que em nada enobrece a história do Exército. Em agosto passado, uma megaoperação que abrangeu os complexos do Alemão, da Penha e da Maré, na Zona Norte carioca, levou à cadeia 86 suspeitos em um intervalo de cinco dias — feito alardeado como grande vitória na queda de braço das forças militares com o crime incrustado na cidade. Mas depois das comemorações o enredo desandou. Encaminhados à Vila Militar, onze dos presos relataram ter sido submetidos a horas de tortura à base de socos, pontapés, pisões no rosto e nas orelhas, chicotadas e choques elétricos. Ao Ministério Público Federal, Lucas Vinícius Machado, de 25 anos, acrescentou: a barbárie, tocada por homens sem uniforme, ocorrera em uma certa “sala vermelha” do quartel.

Obtidas por VEJA, as fotos de oito dos jovens, com ferimentos diversos e hematomas, não deixam dúvida sobre o estado em que se encontravam quando, depois de um dia inteiro sob a guarda dos militares, foram recebidos pela Justiça comum (acusados de tráfico de drogas e porte ilegal de armas, eles continuam presos e aguardam julgamento). [os 'suspeitos' - sempre são suspeitos e sempre são apresentados como inocentes - não são tão inocentes, tanto que a prisão foi mantida na audiência de custódia, por uma magistrada da Justiça Comum e continuam presos desde agosto 2018.] Foi ali, diante da juíza Amanda Azevedo Alves, da 23ª Vara Criminal, que falaram dos maus-tratos em depoimentos que se repetem no padrão de brutalidade. Na audiência de custódia, a juíza registrou, só de observá-los, que os suspeitos haviam se apresentado “lesionados e com diversos ferimentos”. [o entendimento da juíza apenas expressa a forma como os réus foram apresentados, não havendo na matéria indicativo de onde e quando foram causadas.] 

O que era evidente a olho nu passou aparentemente despercebido pelo escrutínio do médico do Exército encarregado de fazer o exame de integridade física dos detidos, um procedimento de praxe justamente para evitar tortura e maus-tratos. O tenente Renan Girotto considerou que seis dos oito jovens ou não tinham lesões “de interesse médico-­legal” ou não exibiam machucado algum. Dois do grupo — não havia como negar, pois tinham sido baleados no confronto com os militares — exibiam “lesões graves”. O Inquérito Policial Militar (IPM) concluiu: tudo transcorreu normalmente, como esperado. Sem tortura.
 
LUCAS NASCIMENTO VIEIRA – O laudo militar (no alto) menciona hematomas na nuca e nas pernas; o da Justiça acrescenta a presença de “escoriações no rosto e nas costas”


Produzidos com dois dias de intervalo, os laudos do Exército e os da Justiça Estadual chamam atenção pelas discrepâncias. [os presos - nenhum suspeito fica preso mais de seis meses, caso dos réus,  caso não existam provas firmes de que são culpados;
seriam liberados na audiência de custódia.

E o intervalo de dois dias, entre o laudo emitido por médico perito do Exército e o de médica acionada pela Justiça, é tempo mais que suficiente para que os presos tenham se autolesionados e/ou  produzido lesões recíprocas - para criminosos o importante é jogar a culpa em quem os prendeu, muitas vezes tem êxito e são libertados no julgamento.] Os primeiros traçam um retrato bem mais tênue da situação dos jovens. VEJA teve acesso a todo o material. Segundo o inquérito militar, Lucas Nascimento Vieira, de 26 anos, estava com hematomas, escoriações e equimoses na nuca e em membros inferiores. Tudo seria, de acordo com o IPM, decorrente da “dinâmica do confronto”. “Restante do exame físico sem alterações”, atestou o tenente Girotto. Acionada pela Justiça, a médica Regina da Silva fez sua própria análise e viu coisas diferentes: detectou “es­coriações com crosta serohemática” (quando se formam cascas sobre o ferimento) por todo o corpo — testa, regiões cervical e lombar, mãos, joelhos, pés e lesão na mucosa labial. [dois dias = tempo exíguo para os ferimentos já criar cascas e com um detalhe curioso: em todos os presos o processo de cicatrização foi extremamente rápido;
que tal pensar na possibilidade de lesões anteriores ao dia da prisão?]

(...)

Os suspeitos afirmaram à Justiça ter sido agredidos com socos e pontapés, sem trégua, desde o momento em que foram capturados. O relatório do Poder Judiciário não se ateve ao exame físico e procurou responder se a narrativa dos detidos condizia com os machucados observados. A médica Regina Silva escreveu que sim; o elo era bastante plausível. Só não se pronunciou em relação a um dos casos, porque envolvia um garoto então com 16 anos que foi parar na alçada do Ministério Público da Infância e da Juventude. Em depoimento, esse adolescente também listou as agressões às quais o submeteram: choques nos testículos, no peito e na língua, spray de pimenta no rosto, coronhadas e chutes. A certa altura lançaram um cadáver sobre ele. O menor é analfabeto e selou o testemunho com a impressão digital.

(...)

Professor titular de medicina legal na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o perito Nelson Massini confrontou os dois conjuntos de pareceres — os do Exército e os da Justiça — a pedido de VEJA. Massini garante: “Os laudos do Exército omitem lesões importantes”. Segundo ele, um médico jamais poderia dispensar um exame mais detalhado em um preso que apresentasse tais lesões. “A obrigação é descrever tudo”, enfatiza Mas­sini. O defensor público Daniel Lo­zoya, que atua no caso, considera os relatos de tortura verossímeis. [defensor considera que os suspeitos foram torturados é prática comum, considerar os relatos verdadeiros e nada é a mesma coisa;
é necessário provar a veracidade dos relatos.
E quanto as discrepâncias entre os laudos não provam que um deles seja falso - foram feitos em dias diferentes, havendo possibilidade da já citada auto lesão ou lesões recíprocas causadas pelos próprios presos.

É preciso que o Brasil acabe com essa mentalidade de que a polícia (no caso em questão, o Exército Brasileiro) está errada e os marginais certos.]
O inquérito militar assinado pelo coronel Eduardo Tavares Martins, no entanto, sentencia no jargão próprio: não foram encontrados “os elementares integrativos do delito de tortura e maus-tratos”. O procurador Mário Porto, do Ministério Público Militar, questiona as acusações de tortura e diz que não há comprovação da existência de uma “sala vermelha” na Vila Militar. “É normal presos em flagrante afirmarem que foram torturados”, relativiza, embora as alegações sejam confirmadas por um laudo oficial da Justiça.

Ao saber da divergência de laudos por meio da reportagem de VEJA, Porto informou que vai requisitá-los à Justiça. Ele poderá pedir novas investigações ou recomendar o arquivamento do inquérito. Procurado, o Comando Militar do Leste alegou que não se manifestaria antes da análise do Ministério Público Militar. O tenente Renan Girotto, autor dos laudos do Exército, não foi localizado. A investigação rigorosa das acusações de tortura dentro de uma unidade do Exército é do interesse da própria instituição, que não pode ser manchada pelo comportamento de alguns de seus membros. Segundo informam todas as pesquisas, a população brasileira está exausta da bandidagem, da violência e da criminalidade — e, com toda a razão, defende tratamento duro contra marginais. Mas não ficará mais segura caso membros do Exército brasileiro tenham de fato aderido às fileiras dos criminosos.

Colaborou Leandro Resende

Publicado em VEJA de 13 de março de 2019, edição nº 2625

Matéria completa, clique aqui

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Intervenção Federal na segurança do Rio derruba assassinatos e roubos

De 12 tipos de crimes, 8 registraram queda. Mortes decorrentes de ações policiais aumentaram. 

Intervenção acaba na segunda-feira 

Uma solenidade no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, marcará, nesta quinta-feira, o encerramento da intervenção federal na segurança pública do estado. Depois de nove meses, ela chega ao fim com uma redução nos índices de oito dos 12 tipos de roubos monitorados pelo Instituto de Segurança Pública fluminense. Diminuir um deles era um de seus principais objetivos: para os militares que estiveram à frente do processo de reestruturação das ações de policiamento, os assaltos a caminhões vinham impulsionando uma escalada da violência no Rio.
Operação do Exército na Avenida Brasil, na altura da Vila Kennedy, para combater o roubo de carga Foto: Arquivo / 19/06/2018 / Guilherme Pinto / Agência O Globo
 
(...)
 
Segundo o secretário de Segurança, general Richard Nunes, o foco no combate a roubos influenciou a queda nas estatísticas de homicídios: — A redução faz parte de um complexo de atuações em que a ostensividade da polícia desencoraja a prática de crimes de toda a ordem, principalmente os contra a vida. Contribuímos para que houvesse uma menor possibilidade de ocorrências. Os números estão aí para mostrar isso, com vários meses consecutivos de redução dos homicídios dolosos.


A intervenção federal na segurança pública do Rio foi decretada em 16 de fevereiro pelo presidente Michel Temer. Nomeado para comandar o processo, o general Walter Braga Netto encontrou um estado falido e com as polícias Militar e Civil desestruturadas — o patrulhamento era afetado até por falta de combustível para viaturas.  — Tínhamos uma tendência de alta em quase todas as modalidades criminosas. Conseguimos reverter isso.
Além dos roubos de cargas, caíram os de veículos, a transeuntes, de celulares, a residências, ao comércio, em coletivos e de caixas eletrônicos. Outros quatro tipos, a intervenção não reduziu: os de bicicleta, de condução da vítima, a instituições financeiras e após saques bancários.
— A grande vitória alcançada foi a reversão de uma expectativa que era muito ruim. A cada mês se atingia um indicador pior no roubo de veículos, por exemplo — disse o secretário de Segurança, acrescentando que esse tipo de crime teve uma queda de 6,67% na comparação entre os períodos de março a novembro de 2017 e deste ano. — O que falta agora para que o estado alcance melhores resultados no combate a ladrões de carros é a entrada definitiva do Detran na fiscalização de oficinas de desmanche. Mas com a crise que se abateu sobre o órgão ( alvo de um esquema de loteamento de cargos que levou sete deputados do Rio à cadeia ), ficou difícil concluir o plano dentro da intervenção.

Para o diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eurico de Lima Figueiredo, “o improviso inicial imposto pelo governo Temer” foi um ponto negativo da intervenção, mas ele acha que ficou um legado para o Estado do Rio.
— No começo, tiveram que trocar pneus furados com o carro em movimento. Não existem milagres na segurança pública, porém a queda dos índices de criminalidade é algo positivo. No entanto, considero o treinamento de pessoal o maior legado. Os militares trouxeram não apenas recursos, que estão possibilitando a recuperação mínima de eficiência das polícias, mas ensinamentos de planejamento estratégico, de doutrinas de emprego e de capacitação dos serviços de inteligência.

Mortes causadas pela polícia dispara                                                 Por um lado, a intervenção derrubou índices de homicídios dolosos e roubos, mas, por outro, entrará para a História como o período de maior letalidade policial do Rio desde a criação do Instituto de Segurança Pública, em dezembro de 1999.

[normal = polícia mais presente, mais incentivada, a tendência é que mais bandidos morram. 

Ou só é aceitável quando só a tropa sofre baixas?] 


Até o mês passado, foram registradas 1.444 mortes durante confrontos com forças do estado, um aumento de 38,6% no acumulado de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período de 2017. Em operações do Comando Conjunto, foram mortos 46 civis e quatro militares, e instaurados 51 inquéritos. Houve, de acordo com o estado, 187 registros de ataques a tiros contra as tropas.

Gostaria de ver esse número ( de mortes decorrentes de ações policiais) reduzido, porém, dentro do cenário encontrado, de enfrentamentos entre facções e de ataques a policiais, entendemos que esse indicador está dentro de um espectro de normalidade, até que se atinja uma desejável estabilização — defende o secretário de Segurança, general Nunes.

Para o professor Guilherme Dias, especialista em estudos estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, o aumento da letalidade policial está relacionado a uma perda de capacidade da autoridade: — Claro que esse tipo de política acaba levando a um aumento das mortes decorrentes de ações policiais. É algo que reflete um processo histórico de perda da capacidade da segurança pública de dissuadir a criminalidade. Mas, com o reaparelhamento e a requalificação das polícias, esse quadro tende a mudar, com criminosos passando a temer o confronto. [a morte de bandidos em confronto com a polícia é um dos meios mais eficiente de dissuasão; 
- bandido morto não costuma atacar as forças policiais;  
No período em que as UPPs eram as vedetes, os bandidos cresceram - tanto em poder de foto, quanto eu ousadia - visto que havia um acordo não escrito garantindo que seriam avisados antes da realização de qualquer operação;
com o inevitável fracasso das UPPs o acordo foi rompido e a bandidagem achou que venceria no confronto direto.
Estão perdendo e morrendo em maior número.]