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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

O racismo escancarado no STF - O Globo

Duas décadas atrás, na esteira da Conferência Mundial contra a Discriminação Racial, em Durban (África do Sul), um conjunto de organizações da sociedade civil, sob protagonismo do movimento de mulheres negras, pôs na rua a campanha “Onde você guarda o seu racismo”. Até o lançamento, em 2004, a iniciativa colheu, em espaços públicos do Rio de Janeiro, três centenas de depoimentos, transformados em anúncios de TV, spots para rádios, outdoors, cartazes. A enquete tinha a intenção de tirar o véu da democracia racial e provocar brasileiros e brasileiras sobre o preconceito que levavam. Afinal, só guarda quem tem.

Hoje, a pergunta que cabe é outra: “Quando você libera o seu racismo?”. E já respondo. O racismo explode no momento em que organizações sociais, celebridades e formadores de opinião ousam apresentar uma campanha pela indicação de uma mulher negra para a vaga do Supremo Tribunal Federal em substituição à ministra e presidente da corte, Rosa Weber, que se aposenta mês que vem. Em 132 anos, o STF teve 171 ministros. Apenas três eram homens negros (Pedro Lessa, Hermenegildo de Barros e Joaquim Barbosa) e três mulheres brancas (Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber).

O ativismo por identidade racial, bandeira histórica do movimento negro, alcançou as pesquisas do IBGE. Tanto assim que, no Censo Demográfico 2010, pela primeira vez, os negros (soma de pretos e pardos) tornaram-se maioria na população brasileira. 
Os brancos, que beiravam dois terços dos habitantes em meados do século passado, chegaram a 42,8% no ano passado, informou o órgão oficial de estatísticas em julho. Em 2022, 10,6% se declaravam pretos; 45,3%, pardos. Mulheres também somam mais da metade da população.

Nada mais natural que negros e mulheres, as maiorias minorizadas por um poder masculino, branco e hétero, reivindiquem democraticamente presença nos espaços de poder. Assim, crescem e se fortalecem as candidaturas diversas para cargos do Executivo e do Legislativo; multiplicam-se os programas em empresas e na produção cultural. Igualmente, ganha tração o esforço por representatividade no Judiciário, que tanta desigualdade produz ou confirma. Diversidade é riqueza, inovação, justiça.

Luiz Inácio Lula da Silva, em todas as pesquisas da disputa pelo terceiro mandato, tinha a preferência das ditas minorias. Foram as mulheres, os negros, os pobres que pavimentaram o caminho do presidente ao Planalto. [e que hoje estão sendo ignoradas pelo boquirroto presidente - oportuno ter em conta que mulheres que o petista nomeou 'ministras' sequer foram recebidas por ele.] Também eles, com indígenas, pessoas com deficiência e LGBTQIA+, subiram a rampa em cerimônia tão simbólica quanto comovente no primeiro dia de 2023.

Desde o início do governo, é constante a cobrança por diversidade nas escolhas de Lula. A primeira-dama, Janja da Silva, costuma manifestar publicamente satisfação pela nomeação de mulheres. Na origem, eram 11 em 37 pastas, recorde que ultrapassou as dez ministras do primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014). Passados oito meses, restam nove em 38, porque o presidente cedeu à pressão de cartolas do Centrão e limou Daniela Carneiro do Turismo e Ana Moser do Esporte. Medalhista olímpica, com duas décadas de ativismo em programas de inclusão pelo esporte, a ex-ministra era a legítima encarnação do que significa representatividade feminina em espaços de poder.[foi praticamente expulsa a pontapés do governo que imaginou integrar e para tanto não vacilou em envergonhar seus fãs, quando aceitou ser ministra.]

O presidente entregou um tanto de diversidade nos gabinetes da Esplanada. Indicou Daniela Teixeira, uma mulher branca, para o STJ, e Edilene Lobo, negra, como substituta no TSE. Escolheu Marcelise Azevedo, negra, para o Conselho de Ética Pública da Presidência e Cristina Nascimento de Melo, branca, como desembargadora no TRF 3ª Região. São nomeações bem-vindas, mas não suprem a lacuna que Lula produzirá se apresentar um homem para o lugar de Rosa Weber, tal como já fez ao pôr Cristiano Zanin em substituição a Ricardo Lewandowski. No colegiado de 11, restaria uma só ministra, Cármen Lúcia.

Ao fim dos trabalhos do governo de transição, em 2022, foi Lula quem declarou que “um governo tem que ser cobrado”. E pediu isso. Organizações sociais que reivindicam a indicação de uma jurista negra para o STF — como Coalizão Negra por Direitos, IDPN, Mulheres Negras Decidem, Instituto Marielle Franco, Instituto Peregum, Nossas — estão fazendo em declarações, textos, outdoor e vídeo exatamente o que Lula sugeriu. Dentro e fora do país, cobram publicamente do presidente, tal como fazem, quase sempre em privado, líderes de União Brasil, PP, Republicanos, representantes do empresariado, figurões do Judiciário.

Na ágora moderna, a platitude sobre uns contrasta com os ataques àqueles, inclusive à esquerda, que defendem a primeira mulher negra no STF. Democracia pressupõe troca de ideias e disputas, vitórias e derrotas. Mas, toda vez que pessoas negras se levantam por direitos, emerge a ira dos que não abrem mão de ocupar o topo e nem sequer se enxergam como identitários. O racismo, de nós, quer obediência. Em silêncio.

 

Flávia Oliveira - O Globo

 

sábado, 9 de janeiro de 2016

Dilma garantiu empréstimo camarada do BNDES para ditador de Moçambique

Dilma garantiu empréstimo camarada do BNDES para Andrade Gutierrez em Moçambique

Documentos revelam que o governo atuou em favor da Andrade Gutierrez na contratação de um financiamento de US$ 320 milhões do banco estatal, com condições especiais, na véspera da eleição de 2014 

Em março de 2013, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em Durban, na África do Sul, durante um encontro de países subdesenvolvidos. O assunto era urgente: um empréstimo de US$ 320 milhões do BNDES. Guebuza, segundo relato que fez a seus ministros, disse que as exigências impostas para a liberação do crédito estavam travando as obras de infraestrutura em seu país. Depois de ouvir atentamente, Dilma se colocou à disposição para “resolver o assunto”. 

O teor da conversa foi transmitido por uma das diretoras da Andrade Gutierrez na África Adriana Ribeiro à então embaixadora do Brasil em Maputo, Lígia Maria Scherer. As negociações, porém, não avançaram. Para receber o dinheiro do banco estatal brasileiro destinado à construção da barragem de Moamba Major, em Moçambique, o país africano deveria topar abrir uma conta bancária numa economia com baixo risco de calote. Esse é um procedimento comum nos financiamentos à exportação do BNDES.

>> Saiba mais: Acordo da Andrade Gutierrez com MPF também prevê delação de executivos

Guebuza, porém, recusava-se a aceitar essa condição. Contrariado, em agosto de 2013, o ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, encaminhou uma carta oficial ao governo brasileiro. A correspondência tratava das dificuldades políticas em abrir uma conta em moeda estrangeira no exterior para pagar dívidas com o Brasil enquanto recebia doações de outros governos para projetos sociais.Pegaria mal. A ideia era abrir uma conta no país africano. Essa mensagem foi acompanhada de um recado claro da Embaixada do Brasil em Maputo, capital de Moçambique: caso os recursos do BNDES não fossem liberados, dificilmente a construtora Andrade Gutierrez seria escolhida para construir a barragem. Haveria indícios de que o Brasil perderia o projeto para empresas de outros países se a questão do financiamento pelo BNDES não pudesse ser solucionada”, afirma a mensagem.

O alerta surtiu efeito em Brasília. Um mês depois, no dia 9 de setembro de 2013, foi realizada a 97ª reunião do Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão ligado ao Conselho de Governo da Presidência da República, formado por sete ministérios e presidido naquele momento pelo petista Fernando Pimentel, então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), fiel escudeiro de Dilma e, atualmente, governador de Minas Gerais. A ata sigilosa, obtida por ÉPOCA, relata uma discussão sobre o pedido de Moçambique de dispensa da exigência da garantia da conta no exterior para a liberação do empréstimo do BNDES. O representante do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, reforçou que a abertura de uma conta era muito importante e ainda ressaltou que caso essa premissa fosse descartada surgiriam outros dois problemas. 

Primeiro, seria difícil controlar a conta dentro de Moçambique. Segundo, o país africano não possuía limite de crédito no Fundo de Garantia à Exportação (FGE), responsável por cobrir um eventual calote. Pimentel discordou e votou pela flexibilização das garantias, abrindo uma clara exceção para Moçambique. Essa opinião foi endossada por representantes da Casa Civil, comandada por Gleisi Hoffmann, e do Ministério das Relações Exteriores, sob a gestão de Luiz Alberto Figueiredo, além do ministro interino do Desenvolvimento Agrário, Laudemir André Müller. Com a aprovação da maioria, a posição defendida por Pimentel prevaleceu.
 Fernando Pimentel, Governador Estado de Minas Gerais, durante visita ao jornal Valor Economico (Foto: Silvia Costanti/Valor)


Depois de destravado o empréstimo para a obra em Moçambique, a operação passou por ajustes jurídicos no BNDES. Em 16 de julho de 2014, dez meses depois da reunião da Camex e já durante a campanha para a eleição presidencial, foi assinado um contrato entre o banco, o país africano e a Andrade Gutierrez, ao qual ÉPOCA teve acesso. O acordo, selado pelo ministro das Finanças moçambicano, prevê uma linha de crédito de até US$ 320 milhões. Esse dinheiro foi endereçado a um consórcio formado pelas empreiteiras Zagope Construções e Engenharia, controlada pela Andrade Gutierrez, e Fidens Engenharia, responsáveis pelo projeto de construção da barragem no país africano. A Zagope é uma empresa conhecida pelos procuradores que investigam corrupção no Brasil.

>> Saiba mais: Documentos secretos revelam: Lula fez lobby para Odebrecht em licitação na Guiné

De acordo com uma denúncia apresentada pela força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) contra executivos da Andrade Gutierrez, que foi aceita pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a Zagope usou uma de suas subsidiárias como veículo de pagamento de propina. O dinheiro saía da conta da Zagope Angola para uma empresa sediada no Panamá, administrada pelo operador Mario Goés – que, segundo o MPF, repassava pixulecos para Pedro Barusco e Renato Duque, respectivamente ex-gerente e ex-diretor da Petrobras. As operações da Andrade Gutierrez na África e em Portugal continuam na mira de investigadores da Lava Jato, que fizeram um acordo de cooperação internacional para buscar mais informações sobre as transações financeiras da empreiteira no exterior.

No mês seguinte à assinatura do contrato com o BNDES, no dia 20 de agosto, às 8h54, Edinho Silva, então tesoureiro da campanha presidencial à reeleição de Dilma, visitou Otávio Marques de Azevedo no escritório da Andrade Gutierrez, em São Paulo. A conversa durou quase uma hora. Nove dias depois desse encontro, a empreiteira realizou uma transferência no valor de R$ 10 milhões para a campanha de Dilma. Em seguida, do dia 23 setembro a 22 de outubro de 2014, a construtora doou ao todo mais R$ 10 milhões, em três parcelas. Entre as empreiteiras brasileiras, a Andrade foi a principal contribuidora da reeleição de Dilma, desembolsando quase o triplo do total repassado pela UTC.

>> Exclusivo: Agência ligada ao PT e mulher de Fernando Pimentel faziam lobby no BNDES, diz PF

O responsável por receber essa bolada era Edinho, atual ministro da Secretaria de Comunicação Social e também investigado na Lava Jato em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre doações de campanha em 2014. A Procuradoria-Geral da República apura se Edinho achacou empreiteiros como Azevedo, que tinham contratos com o governo. No fim do ano passado, executivos da Andrade, entre eles Azevedo, presos em Curitiba, fecharam um acordo de delação premiada, em que deverão revelar, entre outras coisas, o esquema de corrupção por trás dos financiamentos de campanhas eleitorais. Policiais e procuradores acreditam que, ao percorrer o caminho do dinheiro movimentado pelas construtoras como a Andrade Gutierrez, poderão, mais cedo ou mais tarde, deparar com os empréstimos liberados pelo BNDES.

Questionada por ÉPOCA a respeito da negociação, a Presidência da República informa, por meio de sua área de comunicação, que o governo Dilma Rousseff sempre teve como estratégia expandir as exportações de produtos manufaturados e bens e serviços para os mercados da África e América Latina. “Seguindo essa diretriz, com total autonomia e sem nenhuma ingerência de qualquer instituição do governo, o Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações, colegiado responsável por avaliar as condições de financiamentos do governo federal a operações de exportação) e a Camex tomam suas decisões”, afirma a Presidência, por escrito. “Cabe ainda ressaltar que as doações feitas à campanha de 2014 não tem nenhuma relação com as ações de governo.”

Em nota, o BNDES afirma que o controle na concessão dos créditos à exportação se baseia em critérios técnicos e tem permitido apoio às empresas brasileiras com uma inadimplência extremamente baixa. E também que “não é incomum que uma operação seja aprovada na Camex e depois transcorra, até a contratação, um prazo similar ao observado na operação”. O banco não divulga o fluxo de desembolsos dos financiamentos à exportação.

Para a Andrade Gutierrez, o procedimento todo foi regular. “A Andrade Gutierrez reitera que todos os financiamentos contratados junto ao BNDES obedecem à legislação brasileira e seguem avaliação técnica rigorosa do banco”, afirma a empresa, numa nota. A empreiteira informa, na mesma nota, em relação ao empréstimo do BNDES para a construção da barragem, que o valor de US$ 320 milhões foi contratado em julho de 2014 e não foi liberado naquela data. A empresa não respondeu às questões envolvendo as doações da campanha de 2014. Caberá aos investigadores da Lava Jato esclarecer se há relação entre o empréstimo do BNDES e a doação à campanha de Dilma.

Fonte: Época 
 

domingo, 4 de outubro de 2015

Homossexualismo entre as piores ignomínia


O Sínodo da família e as paixões de ignomínia

 
Todo católico deveria detestar abordar questões que São Paulo não queria nem sequer que fossem mencionadas entre os cristãos:
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados, e andai no amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós a Deus, como oferenda e hóstia de suave odor. Nem sequer se nomeie entre vós a fornicação ou qualquer impureza ou avareza, como convém a santos…” (Efésios 5, 1-3).

Enquanto o grande Apóstolo formava em seus discípulos a outros Cristos, não podia admitir que houvesse ainda entre eles escravos das paixões carnais e do espírito de concupiscência:
“Com efeito, sabei-o bem, nenhum fornicador ou impudico ou avaro, o qual é um idólatra, terá herança no reino de Cristo e de Deus” (ibidem, 5, 5).

No entanto, o mundo contemporâneo há muito retornou às perversões mais infamantes, esquecendo-se do destino reservado a Sodoma e Gomorra (1). Assim como a pederastia, a bestialidade e muitas outras perversões sexuais se alastram nas sociedades modernas, ao mesmo tempo diminuem o pudor, a fidelidade, a abstinência e todas as virtudes capazes de aplacar a concupiscência.

Contra a lei natural e divina
Frente aos ataques contra o casamento cristão, e agora contra o casamento natural (a união estável de um homem e uma mulher em uma casa, com o fim de gerar e criar filhos), a Igreja Católica recorda incansavelmente a verdade da moral evangélica:
Porventura não sabeis que os injustos não possuirão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os que se dão à embriaguez, nem os maldizentes, nem os roubadores possuirão o reino de Deus (I Coríntios 6, 9-10).

O pecado da homossexualidade é uma grave desordem cujo ato específico é colocado pela Sagrada Escritura entre os “pecados que clamam ao céu”, como o homicídio ou a opressão à viúva e ao órfão. Os pecados que clamam ao céu são aqueles cuja maldade, e particularmente a perturbação da ordem social que provocam, pedem, desde a terra, uma justa vingança da parte de Deus (2).

Isso mostra a gravidade do pecado da homossexualidade, não obstante, banalizado e até mesmo promovido por todos os tipos de organizações e outros meios de propaganda. Pensemos nas associações “LGBT”, nos filmes, moda, paradas e desfiles (“orgulho gay”) que inundam todos os anos as ruas das metrópoles do mundo.

A Igreja Católica não escapa a esta pressão que vem de um mundo depravado e de costumes corruptos. Até agora, ela tinha conseguido lembrar às pessoas o caráter antinatural e a ignomínia ou infâmia desse tipo de pecado. O novo Catecismo, em 1992, ainda podia escrever no seu número 2357:
Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (3) a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’ (4). São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados”.

As profundas divisões entre os Padres Sinodais
A preparação do sínodo sobre a família, paradoxalmente, deu uma tribuna para os promotores ou apoiadores da banalização da homossexualidade. No dia 13 de outubro de 2014, o Relator geral do Sínodo, o cardeal húngaro Péter Erdö, deixava-o evidente num documento que se tornou público em presença de duzentos jornalistas. Titulado Relatio post disceptationem, descrevia a estima pelos “dons e qualidadesque os homossexuais tinham para oferecer à comunidade cristã” (Relatio, nº. 50). Ao rejeitar qualquer equivalência com o matrimônio entre um homem e uma mulher, e por causa da pressão internacional em favor da ideologia de gênero (ibid. nº. 51), o Sínodo “leva em consideração que há casos em que o apoio mútuo, até o sacrifício, é uma ajuda valiosa para a vida dos casais!” (nº. 52). Durante a mesma conferência de imprensa, o arcebispo Bruno Forte, secretário especial do Sínodo e presumivelmente autor dos parágrafos escandalosos, declarou:
Acho que o documento procura aspectos positivos onde se possam encontrar estes elementos dentro dessas uniões. É fácil rejeitar uma coisa, mas reconhecer e valorizar tudo o que é positivo, mesmo dentro destas experiências, é um exercício de honestidade intelectual e de caridade espiritual”.

Então, pela primeira vez na sua história, através de canais oficiais, a Igreja prega acolher aos homossexuais como tais. O desafio não é mais de aqui em diante a conversão e o chamado à penitência, o combate contra as tendências desordenadas e pecaminosas, mas à capacidade “de receber essas pessoas garantindo-lhes um espaço de fraternidade em nossas comunidades”, enquanto que, na prática e publicamente, vivem em tais vícios.

O escândalo foi imenso e as reações a este relatório provisório não demoraram em sentir-se. Quando entrevistado pela Rádio Vaticano no dia 13 de outubro, o bispo Stanislas Gadecki, arcebispo de Poznan e Presidente da Conferência Episcopal da Polônia, não teve medo de declarar: “Este documento é inaceitável”. Os bispos africanos também expressaram seu profundo desacordo: no Twitter, o cardeal William Fox Napier, arcebispo de Durban, se opôs fortemente aos artigos sobre a homossexualidade, ao que o Cardeal Walter Kasper respondeu em uma entrevista aos repórteres, que os bispos africanos “não deveriam nos dizer o que fazer”. – Alguns meses mais tarde, o Cardeal Napier teve que falar do desprezo condescendente do cardeal Kasper, que “acredita que os bispos africanos são demasiado submissos a tabus e muito relutantes em abordar a questão da poligamia e do casamento entre pessoas do mesmo sexo“.

Ainda assim, em 18 de Outubro, o relatório final do Sínodo se empenhava em apagar o fogo usando uma manobra para chegar a um acordo. Inteiramos-nos de que o parágrafo sobre os homossexuais foi posto à votação, obtendo 118 votos a favor e 62 de desaprovação. O padre Federico Lombardi, diretor da Imprensa da Santa Sé, salientou que, embora os parágrafos “não tenham atingido a maioria qualificada, foram esmagadoramente aprovados“. Por esta razão o próprio Papa Francisco havia desejado que os parágrafos rejeitados fossem também publicados, “a fim de ampliar o debate”.

Embora este texto, de acordo com o padre Lombardi,não é um documento do Magistério disciplinar”, o problema é complexo. Como um comportamento antinatural e intrinsecamente desordenado pode ser apresentado tão positivamente? Como um pecado que clama ao céu tornou-se umaorientação sexual” capaz de proporcionar “dons e graças” (quais?) para a comunidade cristã? O que significa em última análise este elogio, apenas dissimulado, do sentido do sacrifício entre pessoas homossexuais? Querer-se-á comparar essa “ajuda valiosa para a vida dos casais” à fidelidade e o apoio dos cônjuges no casamento? Esta seria uma daquelas “comparações blasfemas” entre o Evangelho e a revolução que São Pio X denunciava há mais de um século (5). Como é que homens da Igreja podem encontrar valores positivos ou assuntos de edificação em tais vícios, que são outras tantas situações de pecado?

Mons. Huonder é rejeitado por seus colegas
No dia 31 de julho de 2015 um bispo suíço valentemente lembrou o ensinamento moral da Igreja sobre estas questões durante uma conferência intitulada “O casamento: dom, sacramento e missão”. Mons. Vitus Huonder, bispo de Chur, se expressava na Alemanha, Fulda, no Fórum Deutscher Katholiken. Como teve a desgraça de citar a Sagrada Escritura (Levítico, 18, 22 e, especialmente, Levítico 20, 13: 
 Aquele que pecar com um homem, como se ele fosse uma mulher, ambos cometeram uma coisa execranda, sejam punidos de morte; o seu sangue caia sobre eles”), 
o bispo de Chur foi objeto de um “veredicto mediático”, ou seja, de uma campanha de pressão organizada por certos grupos de lobby homossexuais destacada pelos meios de comunicação e por várias figuras públicas. Por mais que Mons. Huonder tentasse acalmar os ânimos e esclarecesse que ele tinha citado uma dúzia de outras passagens das Escrituras tiradas do Antigo e Novo Testamento, que tinha tomado essencialmente o ensino do Catecismo e que, obviamente, não tinha a intenção de chamar ao assassinato dos homossexuais, nada conseguiu. O presidente do Partido Democrata Cristão, Christophe Darbellay, qualificou as palavras do bispo de Chur como “inaceitáveis”.

Pior ainda, a Conferência dos Bispos Suíços rejeitou rapidamente o seu colega de episcopado, que é objeto de uma denúncia junto aos tribunais e recebeu ameaças de morte. O Presidente desta Conferência, Dom Markus Büchel, bispo de São Galo, declarou alegrar-se:
de cada relacionamento em que os parceiros da união se aceitam mutuamente como filhos amados de Deus (sic).
E acrescentou:
“Nossos conhecimentos atuais sobre a homossexualidade como um investimento afetivo e orientação sexual não escolhido livremente não eram conhecidos nos tempos bíblicos”.
De modo que hoje a Igreja tem o dever de acompanhar os homossexuais em seu modo de vida:
Um caminho no qual possam integrar a sua forma particular de relacionamento e sua sexualidade como um dom de Deus em sua vida” (sic).

Não se poderia preparar melhor o reconhecimento e a bênção deste tipo de união. Especialmente porque o Presidente da Conferência Episcopal acrescenta que a Igreja deve encontrar uma nova linguagem, adequada às situações e às pessoas (6)’’.

Finalmente, Mons. Charles Morerod, Bispo de Genebra, Lausanne e Friburgo, dizia ao jornal Le Temps, de 12 de Agosto de 2015, que “o fato de ser homossexual, especialmente sem escolha pessoal, não é um crime, nem um pecado”. E explicava que a maioria dos homossexuais descobriu-se como tais, sem vontade deliberada e, portanto, sem responsabilidade moral! Assim, a história recordará que foi necessário esperar até o século XXI para que os homens da Igreja tratassem de justificar teologicamente os comportamentos mais vergonhosos ou infames. Mons. Morerod afirma que a moral cristã não é praticável integralmente a não ser para aqueles que têm a fé, mas esquece de mencionar que, mesmo sem a fé todos os homens podem julgar a retidão de suas inclinações. O que aconteceu com a lei natural? A virtude da castidade, que é parte da virtude cardeal da temperança, não obriga a todos os homens dotados de razão?

O que vai acontecer no próximo Sínodo?
Por medo ou covardia, encorajados também – lamentavelmente – pelas palavras do Papa Francisco, que convidam a dar provas de acolhida e de misericórdia para com os homossexuais (“Se uma pessoa é gay (7) e busca ao Senhor com boa vontade, quem sou eu para julgá-la?” (8), subjugados pelo “espírito do Concílio”, que quis proclamar um novo humanismo centrado no culto ao homem e à pessoa (9), os homens da Igreja desprezam de agora em diante os deveres do próprio cargo. Parecem esquecer a existência da moral natural mais elementar, como se enquanto nossos contemporâneos não aceitam a fé fosse inútil pregar-lhes os bons costumes.

Além disso, como ensina São Paulo aos Romanos, sem a fé em Jesus Cristo, todos os homens estão em pecado e sob a ameaça da ira divina. O mundo atual, que rejeitou o seu Salvador, sua Lei de amor e os seus mandamentos, voltou a cair no paganismo mais vergonhoso, do qual o Apóstolo dos gentios não teme descrever como paixões de ignomínia:
Por isso Deus entregou-os a paixões de ignomínia. Efetivamente as suas próprias mulheres mudaram o uso natural em outro uso, que é contra a natureza, e, deste modo, também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam nos seus desejos mutuamente, cometendo homens com homens a torpeza e recebendo em si mesmos a paga que era devida ao seu desregramento” (Romanos 1, 26 – 27). (10)

Mas se são culpados aqueles que se entregam a isso, são ainda mais culpadosos que aprovam aos que fazem tais coisas(ibídem, 1, 32). Pois “Ai de vós os que ao mal chamais bem, e ao bem mal, que tomais as trevas por luz, e a luz por trevas” (Isaías, 5, 20). Possa o próximo Sínodo, sob a autoridade do Sumo Pontífice, dissipar a fumaça de Satanás que obscurece a luz da fé e da razão. 

Cristo disse em primeiro lugar aos pastores do rebanho:
“Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lucerna, e se põe debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que de luz a todos os que estão em casa” (Mateus 5, 14-15).

Padre Christian Thouvenot, FSSPX
Fonte: DICI.org – DICI nº. 320 de 09.11.15
  1. A destruição de Sodoma e Gomorra se narra no Livro do Gênesis, capítulos 18 y 19.
  2. Padre Dominique Prümmer, O.P.: “Manual de teología moral”, Herder, 1961, tomo I, núm. 360.
  3. Cfr. Gênesis, 19, 1-29; Romanos, I, 24-27; I Coríntios, 6, 9-10; I Timóteo, 1,10.
  4. Congregação para a Doutrina da Fe, declaração “Pessoa humana”, 29 de dezembro de 1975, núm. 8.
  5. En “La Lettre sur le Sillon”, 25 de agosto de 1910.
  6. Cat.ch – APIC, 9 de agosto de 2015.
  7. Palavra inglesa com que se refere a um homossexual.
  8. Conferencia de prensa del 28 de julio de 2013.
  9. “Nós também, nós mais que ninguém, temos o culto do homem”.
  10. “É um pecado gravíssimo e abominável diante de Deus e dos homens; rebaixa ao homem à condição dos animais sem razão, o arrasta a muitos outros pecados e vícios y acarreta os mais terríveis castigos nesta vida e na outra” (“Grande Catecismo de São Pio X”, Os mandamentos de Deus, Dominique Martin Morin, 1967, p. 97. 
Nota dos Editores do Blog Prontidão Total:
Este Blog não é um Blog religioso - nossos editores, muitos colaboradores e leitores são católicos ou mesmo de outros credos.
São não consta que  tenhamos ateus em nosso meio.
Mesmo sendo um Blog político tem momentos em que sentimos necessidade de assumir uma postura religiosa, o que neste POST fazemos, especialmente quando a FAMÍLIA, a MORAL e os BONS COSTUMES estão ameaçados.
Procuramos mostrar aos nossos leitores, com publicação fundamentada, que o tão louvado homossexualismo, a tão decantada (que continua inconstitucional) união entre pessoas do mesmo sexo, está entre as mais repugnantes ignomínia.