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segunda-feira, 20 de maio de 2019

Pelo debate educado

Diante das restrições orçamentárias, faz sentido dar prioridade ao ensino básico


Não é tarefa simples avaliar o melhor destino do gasto público. Tome-se o debate do momento, sobre o financiamento governamental do ensino em seus diversos níveis. Resta pouca dúvida de que, em termos de esforço relativo, o Brasil atingiu níveis satisfatórios de dispêndio nessa área. Estimulado pela expansão do setor público nos últimos anos, o gasto total do país com instrução, entre 5% e 6% do PIB, está alinhado com o verificado nos países desenvolvidos.

A parcela dos orçamentos governamentais brasileiros destinada ao ensino, de 17%, supera os 11% em média das nações, em sua grande maioria ricas, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Apesar disso, o dinheiro despendido com cada estudante fica em geral aquém das cifras observadas no mundo desenvolvido. O Brasil tem um grau de riqueza apenas mediano e, mesmo que reserve fatia substanciosa dela para a educação, a quantidade de reais que sobram por aluno não é tão grande assim. Ao longo da educação básica, até o final do ensino médio, o Brasil gasta cerca da metade dos dólares por estudante que a média dos países da OCDE desembolsa. Mas essa é apenas uma parte da explicação.

Historicamente, governos brasileiros têm favorecido o nível superior. Nesse estágio, o gasto público em dólares por universitário praticamente iguala o das nações ricas. Aqui se despende com um estudante na faculdade pública quatro vezes o que é destinado a um aluno do ensino básico. Trata-se da maior disparidade registrada em análise comparativa feita pela OCDE. O governo Jair Bolsonaro (PSL) tem um argumento válido. Não faz sentido, diante desses dados, ampliar o desembolso com universidades. Toda a folga de recursos, quando houver, deveria ser canalizada aos estágios inferiores.

A boa notícia, entretanto, é que melhorar os indicadores de aprendizado de crianças e adolescentes depende muito pouco da expansão da despesa total. O Brasil gasta mais por aluno que o México e a Colômbia, mas tem desempenho pior que os dois países na avaliação internacional da OCDE. A disparidade dentro do Brasil ajuda a enterrar a ideia de que mais dinheiro produz melhor resultado. Em 2013, os concluintes do ensino médio de Pernambuco e de São Paulo tinham desempenho parecido no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), embora o gasto per capita paulista fosse o quádruplo do pernambucano.

É nos estados e nos municípios, aliás, que o jogo da educação se desenrola. Ao governo federal cabe os papéis de agente regulador e disseminador de boas práticas.
Que esse debate saia do trilho da provocação barata e volte para o caminho das decisões ponderadas e informadas pela melhor ciência.
 
 
 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Escolas com (outro) partido [as escolas públicas e privadas, ensino fundamental, são obrigadas a executar o Hino Nacional, uma vez por semana.]

E as escolas públicas? Terão seus diretores segurança para recusar a proposta do ministro de cantar o Hino?

[é obrigação imposta por lei a execução do Hino Nacional  Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional uma vez por semana.

Está determinado no parágrafo único, artigo 39, da Lei nº 5.700, em plena vigência:

"Art. 39. ...

Parágrafo único:  Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional uma vez por semana.               (Incluído pela Lei nº 12.031, de 2009)." 

(qualquer cidadão, até petista já percebeu que esta mudança é de 2009; advinhem quem era o presidente da República?;                                                   - ele mesmo e a lei apesar de ter sido assinada pelo hoje presidiário Lula da Silva, está em plena vigência.) ]

Está tudo errado na “sugestão” do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para que as escolas coloquem seus alunos cantando o Hino Nacional, o que foi mantido ontem, apesar da polêmica que provocou. E indica que o governo que denuncia a partidarização das escolas no governo petista quer apenas trocar de partido. [está errado apenas no fato de ser uma sugestâo, quando deveria ser uma determinação para que as escolas cumpram a lei.]
Retirar o slogan político da campanha de Bolsonaro é o de menos, mas colocá-lo na mensagem oficial indica que o novo ministro da Educação tentou infiltrar nas escolas do país uma propaganda política do governo a que serve. Só não conseguiu porque seu abuso de poder foi denunciado. Mandar pedir autorização dos pais para que seus filhos sejam filmados, também, é só uma questão de cumprir a legislação em vigor. Mas indica que o governo estava se preparando —e pelo visto continua com a ideia — para promover campanhas “educativas” utilizando-se dos alunos e professores. O problema maior é o subterfúgio usado para implementar uma promessa de campanha do presidente eleito.
Durante a campanha eleitoral, tanto Jair Bolsonaro quanto seus filhos prometeram que o Hino Nacional voltaria a ser cantado nas escolas brasileiras. 
[fácil perceber que eles prometeram algo que já é para ser feito por determinação legal.] O Ministério da Educação (MEC) afirma que se trata de um “pedido de cumprimento voluntário” e que os diretores que quiserem seguir a recomendação do ministro devem ler a carta aos alunos no primeiro dia letivo deste ano. [o MEC erra, no mínimo por omissão, quando diz ser de cumprimento voluntário cumprir uma norma legal;
Bolsonaro e filhos na realidade prometeram algo já determinado em lei e Bolsonaro,  sendo presidente da República tem a obrigação legal de fazer cumprir as leis do Brasil.]

Ora, para as escolas particulares, não haverá muito problema em recusar a “sugestão” do ministro. Mas, e as escolas públicas? Terão seus diretores segurança para recusar a proposta do ministro? Outra questão grave é a permissão dos pais para que seus filhos sejam filmados. [todos estão obrigados a cumprir o que a lei determina;
não se trata de cumprir uma ordem do ministro e sim de cumprir uma lei.]
Não me parece uma solução, pois também nas escolas públicas do país a maioria dos pais se sentirá constrangida diante de um pedido da diretoria da escola. Especialmente nas regiões menos desenvolvidas. Quem se recusar, qual garantia terá de que não será perseguido, do ponto de vista institucional, no caso dos diretores discordantes, ou do pessoal, no caso de constrangimento para assinar a autorização? E os alunos que se recusarem, que ambiente passarão a ter nas suas escolas? O ministro Vélez Rodríguez diz, com razão, que cantar o Hino Nacional “não é constrangimento, é patriotismo”. [brasileiros, devemos nos envergonhar que seja  preciso que um cidadão estrangeiro assuma um cargo público no governo brasileiro, para que o cumprimento de uma lei que existe já quase quarenta e oito anos passe a ser exigido.]  Mas patriotismo só é imposto em governos autoritários. É um sentimento de pertencimento que move muitos cidadãos espontaneamente. Ninguém precisa mandar a torcida brasileira cantar o Hino Nacional, às vezes à capela. Estímulos oficiais pelo patriotismo podem levar a frases como a de Samuel Johnson, que dizia que “o patriotismo é o último refúgio do canalha”.
Uma sugestão dessas só poderia ser feita pelo MEC depois de ouvidas as entidades ligadas à educação, num ambiente institucional adequado, certamente o Conselho Nacional de Educação (CNE). Não se trata de concordar ou não com cantar o Hino, mas de uma orientação oficial que muda o cotidiano das escolas. A recomendação lembra o governo Vargas, que estimulava esse tipo de “patriotada”, ou a implantação das matérias Estudo de Moral e Cívica (EMC) e a Organização Social e Política do Brasil (OSPB), que se tornaram obrigatórias no currículo das séries dos hoje ensinos fundamental e médio em 1969, em substituição a Sociologia e Filosofia. Aliás, a volta dessas duas matérias está nos planos do novo governo. O Hino Nacional seria apenas o começo.
Mas, mesmo na ditadura, essas mudanças no currículo seguiram os trâmites legais, sendo aprovadas no Conselho Nacional de Educação. No governo Temer, em 2017, o Ministério da Educação decidiu promulgar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, com alcance para todos os alunos da educação básica no Brasil, depois de amplo debate no Conselho Nacional de Educação e também no Congresso Nacional. É uma norma de Estado e, como disse na ocasião da sua aprovação o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), “deve ser implementado independentemente de quem esteja no governo federal ou estadual”. O mesmo Consed protestou contra a “sugestão” do ministro da Educação.
Segundo especialistas, é a autonomia e a liberdade do ensino que estão em jogo, e, sem isso, não existe aprendizado, existe controle mental, o que é bem grave do ponto de vista, inclusive, legal. [senhores especialistas, antes de jogar conversa fora, entrar em devaneio, VAMOS CUMPRIR A LEI.
Ela foi  decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República e está em vigor.]

Merval Pereira - O Globo

 



Ataque aos privilégios

Bolsonaro faz uma grande aposta com a ambiciosa proposta de mudar as regras da aposentadoria, reduzindo a desigualdade de tratamento entre ricos e pobres



O governo de Jair Bolsonaro, para todos os efeitos econômicos e políticos, começou na quarta-feira 20 de fevereiro. Nesse dia, o presidente e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, entregaram ao Congresso uma proposta promissora de reforma da Previdência.

O documento é ambicioso o bastante, dado o tamanho do problema, e abrangente a ponto de não ser acusado de corporativista. “Ricos e pobres, servidores públicos, políticos ou trabalhadores privados, todos seguirão as mesmas regras de idade e tempo de contribuição”, disse o presidente em pronunciamento à nação em rede nacional de rádio e TV na quarta à noite.


A reforma da Previdência é a mãe de todas as reformas do Estado brasileiro. O pagamento de aposentadorias e pensões se tornou o principal gasto da União, dos estados e municípios, consumindo mais da metade das receitas públicas. Diante de déficits cada vez maiores, o governo já não consegue cumprir com suas obrigações, como assegurar à população o direito à segurança e à saúde.

As perspectivas sombrias para o setor público, por sua vez, contaminam o ânimo e a confiança de empresários, que congelam investimentos e contratações. A proposta do governo é uma tentativa importantíssima de tirar o país desse buraco, atacando privilégios como a aposentadoria precoce.

Entre os servidores públicos, a exceção, por ora, são os militares. Mas, como a coluna Radar antecipou, o governo fará mudanças nos benefícios da categoria (veja o quadro no final da reportagem).

Elaborado desde a transição de governo, o texto apresentado institui algumas mudanças fundamentais para equilibrar o caixa. Um dos exemplos é a idade mínima para a aposentadoria de todos os trabalhadores, que será de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres a partir de 2031, quando acabar o período de transição de doze anos. “É uma medida justa, que torna o sistema mais igual”, diz o economista Hélio Zylberstajn, da Fipe.

A proposta será apreciada nos próximos meses na Câmara dos Deputados; se aprovada nessa Casa, passará ao Senado. Caso não sofra alterações — o que é altamente improvável —, vai gerar uma economia de 1,07 trilhão de reais em dez anos, segundo cálculos da equipe econômica (com a inclusão posterior dos militares, o impacto chega a 1,16 trilhão de reais). Esse valor equivale praticamente ao que o governo despendeu em 2018 com a seguridade social, a área que contempla a Previdência, despesas assistenciais e de amparo ao trabalhador: 994 bilhões de reais. 

(Arte/VEJA)
 “A proposta pode resolver o problema de tal forma que não precisaríamos ficar falando de reformar a Previdência a cada governo, o que consome uma grande quantidade de tempo e energia do debate político, em um país com tanta coisa para ser resolvida”, diz o economista Pedro Nery, coautor do livro Reforma da Previdência — Por que o Brasil Não Pode Esperar?. Segundo ele, o impacto fiscal seria suficiente para dirimir incertezas quanto ao indesejável crescimento da carga tributária e à trajetória da dívida pública, o que favorece a recuperação do investimento e do emprego.



A proposta tem outros méritos: busca unificar as regras dos diferentes regimes hoje existentes e impõe contribuições maiores sobre a renda atual de quem ganha mais — um aspecto que torna a reforma mais justa ao distribuir sacrifícios de modo equânime. A ideia acaba com distorções que fazem com que um professor da rede pública que ganha 1 200 reais por mês pague a mesma alíquota do INSS (no caso, de 11% sobre o rendimento) que um juiz cujo salário supera 30 000 reais. “O servidor antigo com regras privilegiadas vai ter de contribuir por mais tempo e, se ganha mais, vai ter de pagar um valor maior também”, diz Nery. A seguir, VEJA analisa os principais pontos da proposta de reforma da Previdência.

Tempo de contribuição
Pelas regras atuais, um trabalhador do setor privado consegue se aposentar com qualquer idade, desde que tenha contribuído para a Previdência por um período mínimo (trinta anos para mulheres, 35 anos para homens).

Se o recolhimento tiver começado aos 20 anos de idade, por exemplo, a mulher poderá se aposentar com 50 anos, e o homem, com 55 anos (em geral, são os trabalhadores mais escolarizados e de maior renda, que têm mais chances de contribuir por trinta anos ininterruptos). Isso não será mais permitido. “É uma medida inevitável e absolutamente necessária. Coloca o Brasil em linha com o que é praticado na grande maioria dos países”, diz Zylberstajn. Segundo ele, o tempo de contribuição deve servir principalmente como referência para o cálculo do benefício.

(...)

Missão: cortar na carne

PRECOCE – Cadetes da Aeronáutica: ensino médio já conta para a Previdência

Oficiais da Aeronáutica podem começar a contagem de tempo para a aposentadoria aos 14 anos. Essa é a idade mínima para ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, onde adolescentes cursam o ensino médio e recebem adestramento para sua futura carreira. Na Marinha, a entrada se dá a partir dos 15 anos. No Exército, dos 17. Esse mecanismo é que viabiliza a ida de militares para a reserva antes dos 45 anos — o que é um absurdo em qualquer lugar do mundo. Igual nas três Forças, o soldo de 1 044 reais mensais hoje não sofre desconto de contribuição previdenciária. O resultado desse arranjo é um rombo de 43,9 bilhões de reais só em 2018, quase 17% maior do que no ano anterior.

Não é preciso ser matemático para perceber que tal equação é insustentável, especialmente porque os militares têm a menor alíquota: apenas 7,5%. Em trinta dias, porém, a situação deve mudar. O governo vai mandar para o Congresso um projeto que altera esse regime. Nele, o tempo de contribuição passa de trinta para 35 anos, e a alíquota é elevada para 10,5%. Participar do esforço para equilibrar o Orçamento, cortando na própria carne, será um sinal de patriotismo dos militares brasileiros.

Publicado em VEJA de 27 de fevereiro de 2019, edição nº 2623

ÍNTEGRA DA MATÉRIA em  VEJA, edição nº 2623

Saiba mais sobre os chamados privilégios, clicando aqui


 

sábado, 19 de janeiro de 2019

Às armas, cidadãos!

Com armas em casa para nos defender dos inimigos, não podemos esquecer de outro mal igualmente feroz, a ignorância. Para combatê-la: o livro

[lembrando que o povo reelegeu um presidente analfabeto, que se jactava de NUNCA ter lido um livro.]



Deonísio da Silva
Os brasileiros recuperaram o direito de ter uma arma em casa. O presidente Jair Bolsonaro cumpriu uma de suas promessas de campanha ao assinar o decreto. Ele atendeu ao que povo decidira em plebiscito há mais de dez anos. Agora falta o livro.
 “Armas” é a primeira palavra de Os Lusíadas, obra referencial de nossa língua. No tempo em que crianças e adolescentes estudavam Português a sério no ensino médio para obter o domínio da norma culta e assim ler e entender o que se ouvia e lia, as duas primeiras estrofes do emblemático poema semelhavam um novo vestibular.

O primeiro período tem dezesseis versos e a oração principal está escondidinha lá no penúltimo: “Espalharei por toda parte”. O último é só para passar um brilho nos ditos anteriores: “se a tanto me ajudar o engenho e arte”. O autor passa o restante das duas estrofes contando o que vai espalhar, aonde os barões foram, o que fizeram, as guerras que travaram, os perigos pelos quais passaram e as obras valorosas com que se vão da lei da morte libertando, isto é, do esquecimento.

Milhares de zero nas redações do Enem tornam dispensável qualquer outro argumento a favor da volta da leitura dos clássicos e de outros livros relevantes para se ensinar Português. De quebra, a turma do “nóis pega os peixe” é dispensada algum tempo para ler e aprender que os alunos já chegam à escola sabendo a língua falada, mas não podem sair dali sem aprender a língua escrita e sem saber expressar por escrito o que falam, sentem e pensam.

A última palavra de Os Lusíadas  é “inveja”, sentimento que tanto vitimou seu autor, o poeta que no Brasil, por honroso deboche, dá nome a um prato: bife à Camões.
Explica-se: o poeta era caolho. Ele perdeu o olho direito em campo de batalha. Mas sobre isso também há a controvérsia de que a efígie pode ter sido invertida na impressão. Resta sem polêmica a desjeitosa homenagem, politicamente incorreta, que traz um ovo sobre um dos lados da superfície do bife.

Versões lendárias são também obscenas, às vezes. Diz-se de outro prato, o bife à cavalo, que, por ter dois ovos sobre a carne, indica a separação dos testículos do cavaleiro quando montado. O primeiro prato veio de Portugal e o segundo veio da França.
Como as armas aparecem nos hinos nacionais? O Brasil só ameaça sair na porrada nos últimos versos e com o eufemismo de clava para porrete: “Mas, se ergues da justiça a clava forte,/ Verás que um filho teu não foge à luta”.
Antes disso, proclamamos a mãe gentil, o céu risonho e límpido, um povo heróico de brado retumbante, mas deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo. Que beleza! Mas é muita moleza!

Eufemismo quer dizer fala boa: do Gregoeu”, bem, bom, e “phemi”, fala. O objetivo é suavizar o dito ou ser agradável, como dizer de quem morreu que ele descansou, como na expressão “descanse em paz”. Esta frase aparece às vezes em latim nos cemitérios: requiescat in pace. Ou no plural: requiescant in pace (descansem em paz).
A União Europeia, que reúne dezenas de nações e de línguas oficiais, mas usa o Latim no lema, tem um hino tão bonito quanto o nosso. É a Ode à Alegria, que diz: “Oh, amigos, mudemos de tom!/ Entoemos algo mais agradável/ E cheio de alegria!”. 

Os chatos do movimento do “politicamente correto” não chegaram a tempo no século XIX para condenar o compositor Ludwig van Beethoven pelo arrebatamento exagerado no trecho da 9ª. Sinfonia ou o poeta Friedrich Schiller, no século XVIII, pelos exageros da letra: “Ébrios de fogo entramos/ Em teu santuário celeste!” (Wir betreten feuertrunken Himmlische, dein Heiligtum!). “Ébrios, mas, como?”, podem perguntar os chatos. “Chegam cantando bêbados e pensam que vão ficar impunes?”. Tampouco estiveram presentes na ocasião em que a União Europeia fez a bonita escolha da letra e da música.

O lema da União Europeia está escrito em latim: In varietate concordia (acordo na diversidade) e pode ser ouvido aqui, cantado  em latim, com legendas em português.
A França, a nação dos livros e dos livres, conclama os cidadãos, não os soldados, a pegar em armas, formar batalhões e marchar: “Aux armes, citoyens, formez vos bataillons, marchez, marchez!”.

Com armas em casa para nos defender dos inimigos que porventura nos venham a perturbar, não podemos esquecer que há um inimigo igualmente feroz nas cercanias. É a ignorância. E precisamos de outra arma para combatê-lo: o livro. Ele será melhor arma na escola se tiver sido também na família.

*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A tragédia do ensino médio

Recente estudo sobre a evolução do acesso ao sistema de ensino e sobre sua qualidade, promovido pelo movimento Todos pela Educação, uma entidade sem fins lucrativos integrada por pedagogos, gestores escolares e representantes da iniciativa privada, mostra como a crise educacional do País vem sacrificando o futuro das novas gerações. 
Em 2018, segundo a pesquisa, quase 4 em cada 10 jovens na faixa etária de 19 anos não concluíram o ensino médio na idade considerada para esse ciclo educacional. E, do total de brasileiros nessa faixa etária, 62% já estão fora da escola e 55% pararam de estudar ainda no ensino fundamental. O estudo foi promovido com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Todos pela Educação definiu uma lista de cinco metas para o crescimento e modernização da educação brasileira até 2022 e, na pesquisa de 2018, constatou que o País continua longe de alcançá-las.


 Uma das metas era fazer com que o Brasil tivesse, até o ano passado, mais de 90% dos jovens de 19 anos com o ensino médio completo. Em 2018, só 63,5% atingiram esse objetivo. E, como a qualidade desse ciclo educacional é ruim, entre os alunos que conseguem concluí-lo muitos apresentam conhecimento insuficiente em leitura, ciências e matemática, enfrentando problemas para ler palavras com mais de uma sílaba, identificar o assunto de um texto, reconhecer figuras geométricas e contar objetos. Na Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2017, o ensino médio alcançou o nível 2 de proficiência, numa escala de 0 a 9 – quanto mais baixo é o número, pior é a avaliação.
Com excesso de matérias, currículo desconectado da realidade socioeconômica e conteúdos ultrapassados, o ensino médio é considerado o mais problemático de todos os ciclos do sistema educacional. E é justamente por isso que ele se destaca por altas taxas de abandono e de reprovação.

“Falta muito para avançarmos e há um desafio para a educação básica como um todo. Muitos jovens estão fora da escola ou não se formam por causa da qualidade do ensino. Se o aluno avança de etapa sem uma base sólida e chega ao ensino médio com déficit, ele é quase induzido a sair do sistema de ensino”, afirma o diretor de políticas educacionais do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho. O desinteresse dos estudantes pode ser visto já na primeira das três séries do ensino médio, onde 23% dos alunos abandonam as salas de aula. E é justamente por isso que a taxa de crescimento de concluintes das três séries não tem a velocidade necessária para atingir a meta prevista para 2022, lembram os técnicos do Todos pela Educação.
Entre 2012 e 2018, o número de concluintes na faixa etária de 19 anos cresceu apenas 1,9% por ano, em média, quando seria necessário que aumentasse 7,2% anualmente, para que a meta pudesse ser atingida. “O crescimento é muito lento. Ainda estamos muito distantes para dizer que o País está a caminho da universalização do ensino básico”, diz o gerente de políticas educacionais da entidade, Gabriel Corrêa.
Na realidade, os problemas estruturais do ensino médio são antigos e a saída é conhecida. Em vez de concessões a modismos pedagógicos e políticas demagógicas, é preciso reduzir o número de matérias, rever os currículos e tornar os gastos no setor mais produtivos, mediante programas de aprimoramento da formação de professores, por exemplo. E tudo isso exige maior articulação entre o governo federal e as áreas educacionais dos Estados e municípios. Sem fortalecer o ensino de disciplinas essenciais e sem motivar os alunos do ensino médio a concluir esse ciclo educacional, o Brasil continuará incapaz de formar mão de obra tão produtiva quanto a de outras economias emergentes. Não conseguirá formar o capital humano de que necessita para voltar a crescer de modo sustentado. E perpetuará as condições do atraso, da desigualdade e da pobreza, impedindo que as novas gerações se emancipem intelectual, social e economicamente.
Opinião - O Estado de S. Paulo

sábado, 22 de dezembro de 2018

O presidente acidental

Nem ele mesmo apostava que chegaria lá. Assumiu o cargo repleto de boas intenções e cercado pela impopularidade quase congênita — logo no início, sem maiores motivos. Desejava genuinamente fazer a transição da crise assombrosa montada pelos devaneios administrativos da antecessora Dilma Rousseff para a bonança reabilitadora de um crescimento estável. E não se pode dizer que nesse quesito ele falhou. Ao contrário. Foi além das expectativas. Michel Miguel Elias Temer Lulia, no nome de batismo, deixa a Presidência da República nos próximos dias legando de fato e direito um País pronto para a decolagem. No interregno de sua gestão, somados pouco mais de dois anos no cargo, não existiria mesmo tempo hábil para ir muito além, entregando o comando da Nação já em velocidade de cruzeiro. 

Temer consertou as peças, ajustou o prumo e no próximo dia 1° de janeiro, logo na virada de ano, transfere o manche ao sucessor Jair Bolsonaro com resultados razoavelmente efetivos. Podem jogar pedras, criticar o estilo, antipatizar por pura aversão, mas jamais negar os resultados. Alguns dirão que ele não deixará saudade, talvez movidos por impulsos mais subjetivos que concretos. Nesses tempos belicosos, com os ânimos marcados à brasa, é compreensível notar que o mandatário sainte não goze de admiradores fiéis. O próprio lamenta, na verdade, o completo isolamento. Até de assessores. E segue à espera de um reconhecimento a posteriori, quem sabe nos anais da história. O início aos trancos e barrancos de seu governo teve por chaga, extenuante como não poderia deixar de ser, o impeachment da antiga chefe. Ele compreende as consequências dessas circunstâncias excepcionais nas quais foi arrolado ao alçar ao poder e até aceita a exata dimensão do papel que lhe coube. 

Só não conseguiu prever que, para além de ser ver às voltas com a administração de uma massa quase falida – gerada pela incúria e inépcia da antecessora –, teria de combater ataques políticos pesados dos que buscaram demovê-lo do cargo na forma de denúncias em situações ainda não completamente explicadas. Temer foi atropelado, literalmente, pelos acordos do procurador Rodrigo Janot com um time de delatores de alto calibre que o gravaram em conversas comprometedoras, em encontro previamente armado. Do pandemônio que se seguiu, o Brasil pagou o preço. [preço resultante da irresponsabilidade de Rodrigo Janot, felizmente, ex-procurador da República e já esquecido - esquecimento que se tornará mais completo a partir do momento em que Temer for esquecido;

Mesmo esquecido, na lata de lixo da história, Janot será - se e quando lembrado - apontado como o único responsável por ter f ... o Brasil, com suas denúncias irresponsáveis que impediram Temer de fazer muita coisa em prol do Brasil.
Agora é confiar em DEUS. rogar para que Ele permita para que Bolsonaro faça um excelente Governo e não surja em seu caminho um Janot qualquer da vida - se surgir, será derrotado.

Vale um alerta, esqueceram o assassino  Battisti - até hoje não preso e ,muitos - maioria na maior parte da grande Imprensa - insistem em forçar a convergência impossível de duas linhas paralelas, quais sejam: Queiroz e Bolsonaro.]

 MATÉRIA COMPLETA, clique aqui

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Ensino médio agoniza à espera da reforma



Censo Escolar do ano passado dá a dimensão dos problemas ao identificar a existência de 2 milhões de jovens que estão fora das salas de aula



A renitente crise do ensino médio se consolida como um dos aspectos mais graves das dificuldades na educação brasileira, demonstra o Censo Escolar de 2017. A situação é séria, porque se trata de jovens malformados que, se conseguirem passar para uma faculdadecertamente privada —, terão grandes dificuldades para se qualificar, e, caso entrem no mercado de trabalho como mão de obra de formação média, encontrarão enormes obstáculos na adaptação a sistemas tecnológicos de produção mais sofisticados.

O atoleiro em que se encontra o ensino básico como um todo — com preocupantes reflexos no ensino superior — começou a ser identificado com alguma precisão assim que, a partir dos governos FH, com sequência nas administrações de Lula e Dilma, foram criados testes e indicadores para servirem de painel de controle da Educação.  Nos governo tucanos, atingiu-se a meta da universalização nas matriculas no ciclo fundamental, e, a partir deste ponto, tornou-se evidente que a grande batalha era, e é, a da melhoria da baixa qualidade do ensino. Não tem sido fácil.  Há avanços no fundamental, porém o ensino médio não deslancha. O Censo, por exemplo, identifica uma queda de 8,1 milhões de matrículas, em 2016, para 7,9 milhões no ano passado. Há o fator positivo da redução nas reprovações, porém, existe também desinteresse de jovens na faixa dos 15 a 17 anos em continuar ou estar na escola. Comparado com dados populacionais do IBGE, o Censo Escolar do ano passado indica haver 2 milhões de jovens sem estudar. Parte deles, “nem-nem” — nem estuda, nem trabalha. Calcula-se uma evasão de 11,2%, índice elevado. 

Quanto à qualidade do ensino propriamente dito, ela pode ser mensurada pelo exame internacional Pisa, aplicado entre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em que o Brasil costuma aparecer nos últimos lugares.  Um ensino médio travado tem implicações graves para o país, que assim vai perdendo o “bônus demográfico” — a parcela da população de jovens em idade de trabalho, que, se for bem qualificada, torna-se fator essencial para o país subir de estágio de desenvolvimento. Toda nação rica passou por esse processo. O Brasil não tem conseguido se aproveitar, como poderia, deste “bônus”, que se esgota com o tempo, à medida que a população envelhece.

As esperanças estão na reforma do ensino médio, aprovada no ano passado pelo Congresso, com a criação de áreas de interesse à disposição dos estudantes, inclusive o ensino profissional. Deve reduzir a evasão, algo importante.  Mas ela depende da conclusão da Base Nacional Curricular do Ensino Médio, ainda não divulgada. Há, portanto, a necessidade de coordenação entre essas ações, para um enfrentamento amplo desta crise. E o tempo passa.

Editorial - o Globo