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sábado, 23 de dezembro de 2017

Moção da ONU isola EUA na questão de Jerusalém

Nem mesmo as ameaças de Trump impediram que 128 países apoiassem a moção de repúdio contra a posição de Washington, inclusive aliados como Reino Unido

Na última quinta-feira, 128 países reunidos em sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas repudiaram a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e anunciar a instalação ali da embaixada americana. A moção representou uma importante derrota simbólica para os EUA, e até mesmo aliados históricos, como o Reino Unido e a França, votaram pela resolução da ONU

De fato, a medida, segundo analistas políticos e especialistas em relações internacionais, caminha contra até mesmo a tradição diplomática americana de gestões anteriores republicanas e democratas —, que tratavam Jerusalém como território internacional. A cidade tem papel crucial nas negociações de paz, e a decisão de Trump já resulta em explosões de revoltas, tornando um acordo mais distante e elevando o nível de insegurança na região. Além disso, ao reconhecer a cidade como capital israelense, os EUA tomaram uma posição pró-Israel, inviabilizando seu papel como mediador nas conversações de paz.

Nem mesmo as ameaças  de Trump de punir os países que votassem contra Washington evitaram a expressiva derrota da diplomacia americana, o que levou sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, a classificar a votação como um ataque à soberania do país. Com a derrota, a relação entre os EUA e a ONU chegam a seu pior momento, desde que Trump assumiu a Casa Branca. Em tom desafiante, Haley afirmou ainda que “os EUA terão sua embaixada em Jerusalém. Nenhum voto na ONU fará qualquer diferença”.


Na véspera da votação, Trump ameaçou os países que votassem a favor da resolução da ONU sobre Jerusalém, afirmando que “eles recebem centenas de milhões de dólares e até mesmo bilhões de dólares, e então votam contra nós. Bem, estamos observando esses votos. Deixem eles votarem contra nós. Iremos poupar muito”. O esforço para reduzir os votos a favor da moção, mesmo por via da ameaça, revela o quão expressiva foi a derrota na ONU para a diplomacia americana. 

Segundo a moção de repúdio, qualquer decisão sobre o status de Jerusalém “não tem força legal, é nula e deve ser alcançada apenas por meio de um acordo de paz entre palestinos e israelenses”. Apenas nove países rejeitaram a moção: além de EUA e Israel, Guatemala, Honduras, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau e Togo. O Brasil, corretamente, condenou a declaração de reconhecimento. 

Além da questão específica do conflito palestino-israelense, preocupam também os efeitos da decisão de Trump sobre a geopolítica do Oriente Médio como um todo, inclusive o papel de atores como Turquia, Rússia, Irã e Arábia Saudita, que se movimentam no crescente vácuo deixado pelos EUA, à medida que se isolam do mundo, em busca da grandeza perdida. 

O Globo 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Assembleia da ONU rejeita decisão dos EUA sobre Jerusalém

Por 128 votos contra 9, Nações Unidas aprovaram resolução que determina a suspensão do reconhecimento da cidade como capital de Israel

A Assembleia-Geral das Nações Unidas votou a favor de uma resolução que pede a retirada do reconhecimento de Jerusalém como capital israelense pelos Estados Unidos. O texto afirma que qualquer decisão individual sobre o status da cidade é “nula e sem validade” e deve ser cancelada imediatamente.

A resolução foi aprovada por 128 Estados da ONU, com 35 abstenções e apenas nove votos contrários. A votação foi alvo de uma forte pressão da administração de Donald Trump, que ameaçou cortar os fundos humanitários dos países que apoiarem a medida.  A resolução que a Assembleia de 193 países aprovou não menciona a decisão de Trump, mas expressa “uma profunda preocupação com as recentes decisões acerca do estatuto de Jerusalém”. Apesar de ser uma decisão simbólica, não vinculativa, demonstra mais uma vez o descontentamento geral com a medida americana. [o 'democrático' sistema de decisões da ONU permite que seja o Conselho de Segurança quem realmente mande na ONU - a Assembleia Geral é só para fingir que o mundo é representado por aquela Organização.
O Conselho Permanente de Segurança, com cinco membros com poder de veto = Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra é quem manda mesmo. Qualquer decisão tomada pela Assembleia Geral, mesmo que por maioria estrondosa, pode ser vetada por QUALQUER UM dos membros do Conselho Permanente.
Os Estados Unidos vão simplesmente ignorar o decidido na Assembleia-Geral e os israelenses vão continuar usando tanques e aviões caça para matar palestinos armados com estilingues.]
 
Anunciada em 6 de dezembro, a decisão de Trump de reconhecer Jerusalém rompeu com o consenso internacional de que o status da cidade só seria definido com negociações entre israelenses e palestinos, deflagrou protestos em todo mundo muçulmano e provocou uma forte condenação da comunidade internacional. A Assembleia-Geral realizou a sessão de emergência desta quinta para votar a proposta depois que os Estados Unidos vetaram um texto similar na segunda-feira no Conselho de Segurança.
Turquia e Iêmen solicitaram a reunião urgente da Assembleia em nome do grupo de países árabes e da Organização de Cooperação Islâmica (OCI). Ao contrário do Conselho de Segurança, nenhum país tem poder de veto na Assembleia Geral.

Os países que votaram contra a resolução nessa quinta, além de Estados Unidos e Israel, foram Guatemala, Honduras, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau e Togo.

Ameaças americanas
A aprovação da resolução ocorreu apesar das ameaças de Nikki Haley, embaixadora americana na ONU, que disse que Washington lembraria quais nações “desrespeitaram” os Estados Unidos votando contra seu país.  Na terça-feira, o ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad al-Malki, já havia criticado os Estados Unidos por suas ameaças constantes. “Os Estados Unidos estão cometendo outro erro ao (…) ameaçar os países e suas decisões soberanas sobre como votar”, declarou Al-Malki.

Antes da votação, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também pediu que o mundo não se deixasse comprar pelos dólares do governo americano. “Chamam os Estados Unidos de berço da democracia. O berço da democracia tenta comprar com dólares a vontade do mundo”, afirmou o líder turco em discurso em Ancara, transmitido ao vivo pela emissora CNNTürk.

Os palestinos comemoraram o resultado da votação. “Esta decisão reafirma que a justa causa dos palestinos tem o apoio internacional (…) Vamos prosseguir com os nossos esforços na ONU e em outros fóruns internacionais para acabar com a ocupação (israelense) e criar um Estado palestino tendo Jerusalém Oriental como capital”, afirmou o porta-voz do presidente palestino Mahmud Abbas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou a votação desta quinta na ONU – “uma casa das mentiras”, segundo ele. “Jerusalém é a capital de Israel, reconheça a ONU, ou não”, frisou antes mesmo da aprovação da resolução.


EFE e AFP


 

domingo, 3 de setembro de 2017

O que é uma bomba de hidrogênio e o quanto ela é poderosa?

Este artigo foi originalmente publicado em 2016. Recuperamo-lo na sequência do mais recente ensaio nuclear norte-coreano.

Numa bomba de hidrogênio, uma grande parte da sua energia é obtida através da fusão dos núcleos dos seus átomos reações que imitam o que se passa no interior das estrelas, como o nosso Sol, onde os átomos de hidrogênio se fundem, dando origem a átomos de hélio e libertando gigantescas quantidades de energia.

Mas para que os átomos de hidrogênio se fundam nesta bomba, também conhecida como "bomba H" ou "bomba termonuclear", primeiro tem de haver um outro tipo de reações nucleares. Mais exatamente, reações de fissão nuclear, ou cisão nuclear. 

 Neste caso, o núcleo dos átomos (de urânio e plutônio) é partido, em vez de fundido, e é a energia libertada nestas primeiras reações nucleares que permite depois desencadear as reações de fusão dos núcleos de hidrogênio. Resumindo, primeiro há reações de fissão nuclear e em seguida de fusão nuclear.  O resultado é uma bomba nuclear muito mais poderosa do que as bombas unicamente de fissão nuclear, como aquelas que foram lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

Os principais pais da bomba de hidrogeno são Edward Teller e Stanislaw Ulam, que a desenvolveram para os Estados Unidos. O primeiro teste ocorreu em 1952, no atol de Eniwetok, nas ilhas Marshall, no Pacífico. O atol ficou totalmente destruído. Mike, como foi baptizada a primeira bomba H, tinha uma potência gigantesca: mais de dez milhões de toneladas de TNT. Ora uma bomba de hidrogénio com esta potência liberta 800 vezes mais energia do que a bomba lançada sobre Hiroshima.

Três anos depois dos Estados Unidos, a União Soviética fez explodir a sua primeira bomba de hidrogênio.

Fonte: UOL