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segunda-feira, 12 de junho de 2023

Em 5 meses, presidente do TCU gastou R$ 1 milhão com viagens internacionais

Bruno Dantas passou um terço deste ano fora do país 

Nos cinco meses deste ano, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, esteve 46 dias no exterior. O tempo corresponde a 30% do período. Essas viagens, na companhia de assessores, custaram R$ 1,1 milhão até maio, de acordo com levantamento publicado pela Gazeta do Povo.

 Presidente do TCU

Bruno Dantas, presidente do TCU - Foto: Reprodução/Agência Brasil

Apenas Dantas gastou R$ 368 mil em passagens e diárias. O restante do valor foi despendido para custear as viagens e estadias dos assessores. Cotado para a próxima vaga do Supremo Tribunal Federal (STF), no lugar de Rosa Weber, Dantas esteve nos Estados Unidos, Alemanha, Áustria, República Tcheca, Panamá, Marrocos e Palau.

O levantamento da Gazeta mostra que a viagem mais cara foi para Nova Iorque, no fim de maio: as despesas de dois ministros e seis assessores somaram R$ 320 mil, sendo R$ 193 mil em passagens aéreas. A comitiva esteve nos EUA para o lançamento oficial da candidatura do TCU ao próximo assento na Junta de Auditores da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em uma viagem a quatro cidades — Praga, Viena, Bonn e Berlim —, Dantas e duas assessoras gastaram R$ 220 mil, sendo R$ 130 mil em diárias. Eles participaram da Representação da Organização das Instituições de Controle (Intosai), em reuniões técnicas sobre análise de dados.

A viagem do presidente do TCU e do ministro Walton Alencar à Assembleia-Geral da Organização das Instituições de Controle do Pacífico, em Koror (Palau), custou R$ 250 mil.

Ainda de acordo com a Gazeta do Povo, neste ano, as viagens de oito ministros do TCU custaram R$ 970 mil. As despesas dos 19 assessores que acompanharam os ministros somaram mais R$ 1,1 milhão, fechando a conta em R$ 2 milhões. As viagens nacionais de representação institucional dos ministros custaram mais R$ 116 mil.

Já as 29 viagens de servidores ao exterior, sem acompanhar ministros, custaram R$ 1 milhão. Do total, 26 foram de “relações institucionais”. Apenas três foram de “controle interno”.

O jornal também revela que uma assessora, Elaine Dantas, deu uma “esticadinha” na viagem a Koror. O evento oficial terminou em 3 de março e ela retornou ao Brasil no dia 6, mas não recebeu as três diárias. Nessa viagem, as diárias foram de R$ 3,2 mil; nas viagens a Praga e Viena, as diárias passaram de R$ 4 mil.

Como acompanhou a maioria das viagens do presidente do tribunal, Elaine ficou 50 dias fora do país. Em cinco missões, recebeu 43 diárias no valor total de R$ 143 mil. As suas passagens somaram R$ 192 mil. Uma despesa total de R$ 307 mil.

No ano passado, um levantamento dos gastos com viagens internacionais dos ministros do TCU já mostrava despesa elevada com passagens e estadias.

Redação - Revista Oeste 



sábado, 23 de dezembro de 2017

Moção da ONU isola EUA na questão de Jerusalém

Nem mesmo as ameaças de Trump impediram que 128 países apoiassem a moção de repúdio contra a posição de Washington, inclusive aliados como Reino Unido

Na última quinta-feira, 128 países reunidos em sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas repudiaram a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e anunciar a instalação ali da embaixada americana. A moção representou uma importante derrota simbólica para os EUA, e até mesmo aliados históricos, como o Reino Unido e a França, votaram pela resolução da ONU

De fato, a medida, segundo analistas políticos e especialistas em relações internacionais, caminha contra até mesmo a tradição diplomática americana de gestões anteriores republicanas e democratas —, que tratavam Jerusalém como território internacional. A cidade tem papel crucial nas negociações de paz, e a decisão de Trump já resulta em explosões de revoltas, tornando um acordo mais distante e elevando o nível de insegurança na região. Além disso, ao reconhecer a cidade como capital israelense, os EUA tomaram uma posição pró-Israel, inviabilizando seu papel como mediador nas conversações de paz.

Nem mesmo as ameaças  de Trump de punir os países que votassem contra Washington evitaram a expressiva derrota da diplomacia americana, o que levou sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, a classificar a votação como um ataque à soberania do país. Com a derrota, a relação entre os EUA e a ONU chegam a seu pior momento, desde que Trump assumiu a Casa Branca. Em tom desafiante, Haley afirmou ainda que “os EUA terão sua embaixada em Jerusalém. Nenhum voto na ONU fará qualquer diferença”.


Na véspera da votação, Trump ameaçou os países que votassem a favor da resolução da ONU sobre Jerusalém, afirmando que “eles recebem centenas de milhões de dólares e até mesmo bilhões de dólares, e então votam contra nós. Bem, estamos observando esses votos. Deixem eles votarem contra nós. Iremos poupar muito”. O esforço para reduzir os votos a favor da moção, mesmo por via da ameaça, revela o quão expressiva foi a derrota na ONU para a diplomacia americana. 

Segundo a moção de repúdio, qualquer decisão sobre o status de Jerusalém “não tem força legal, é nula e deve ser alcançada apenas por meio de um acordo de paz entre palestinos e israelenses”. Apenas nove países rejeitaram a moção: além de EUA e Israel, Guatemala, Honduras, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau e Togo. O Brasil, corretamente, condenou a declaração de reconhecimento. 

Além da questão específica do conflito palestino-israelense, preocupam também os efeitos da decisão de Trump sobre a geopolítica do Oriente Médio como um todo, inclusive o papel de atores como Turquia, Rússia, Irã e Arábia Saudita, que se movimentam no crescente vácuo deixado pelos EUA, à medida que se isolam do mundo, em busca da grandeza perdida. 

O Globo