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segunda-feira, 12 de junho de 2023

Judiciário escolheu defender o bem-estar dos criminosos - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. -  Foto: Carlos Moura/STF.

O ministro Edson Fachin, a quem o Brasil já deve a novidade mundial da “descondenação” do presidente Lula, está propondo a proibição, ou a “revisão”, da revista íntima nas visitas aos presídiosuma precaução elementar em qualquer sistema penitenciário do mundo.  
O mesmo Fachin já havia proibido a polícia de sobrevoar as favelas do Rio de Janeiro, ou chegar a 100 metros das escolas o que imediatamente transformou as escolas dos morros cariocas num ponto de reunião seguro para os criminosos.
 

Pouco tempo atrás, aí por decisão do Superior Tribunal de Justiça, as autoridades tiveram de devolver o iate, o helicóptero e outros bens de um chefe do tráfico de drogas; segundo o STJ, o mandado de prisão do criminoso “não autorizava” a polícia a fazer a apreensão.  
O traficante, aliás, havia sido solto pelo STF, e desde então está desaparecido.
 
O governo Lula, ao mesmo tempo, defende o “desencarceramento”, que é como eles chamam a soltura de presos condenados pela Justiça, alegando que as prisões brasileiras estão muito cheias. 
Não ocorreu ao Ministério da Justiça, e a nenhum defensor desta “política pública”, que a melhor maneira de se reduzir a população dos presídios seria combater a prática de crimes, e não soltar os criminosos. 
O mesmo governo está encantado com a ideia de liberar as drogas “leves”, ou as que são encontradas em “pequenas quantidades”.

    O Judiciário brasileiro, incluindo-se aí o MP, está trocando a vida, a integridade física e a propriedade dos cidadãos honestos pelo bem-estar dos criminosos.

Traficantes e outros bandidos são sistematicamente colocados em liberdade pela Justiça porque as provas contra eles foram obtidas de forma “irregular”. E por aí vamos, numa maciça e sistemática escalada de decisões da autoridade pública em favor do crime e dos criminosos. Não há notícia sobre o que a sociedade brasileira estaria ganhando com isso.

Como cada uma dessas decisões, e sobretudo o seu conjunto, estariam tornando o Brasil mais seguro para os cidadãos que respeitam a lei e pagam, com os seus impostos, cada centavo dos bilhões de reais gastos pelo Sistema de Justiça, o Ministério Público e a polícia? 
De que maneira se poderia imaginar que isso tudo estaria ajudando a diminuir os níveis do crime e da violência no país, que estão entre os piores do mundo?
 
O que existe na vida real é o contrário do que deveria ser uma “política de segurança” e de defesa da lei. O Judiciário brasileiro, incluindo-se aí o MP, está trocando a vida, a integridade física e a propriedade dos cidadãos honestos pelo bem-estar dos criminosos. 
É isso o que acontece na prática, apesar do palavrório dos devotos da “humanização” do combate ao crime.

A Justiça não é a única responsável por esta tragédia – os políticos eleitos para o Congresso Nacional têm a mesma culpa. Há trinta anos, sem falhar nunca e por pressão dos que prosperam à custa do crime, só aprovam leis que favorecem os criminosos – mais direitos, mais garantias, mais conforto e, acima de tudo, mais impunidade.  

Neste mesmo período de tempo, os deputados e senadores não foram capazes de aprovar uma única lei que pudesse ajudar na segurança do brasileiro comum.  
Adoram “criminalizar” o racismo, a homofobia etc. etc. etc. – mas se recusam a criminalizar o crime. 
O resultado concreto é a calamidade que está aí.


J. R. Guzzo - colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 3 de maio de 2023

O Estado e seus amantes - Percival Puggina

         Que muitas pessoas amem o Estado é natural, pois é uma forma de amor próprio. Os mais empolgados encarnam o objeto de seu amor e, amando o Estado, amam a si mesmos. 
Os demais possuídos por essa volúpia pensam que o Estado lhes pertence e o amam como a um bem próprio.  
Os dois grupos, por suas paixões, ferem o funcionamento das instituições.
 
A tragédia central dessa relação não é, de modo algum, o patrimonialismo nem a corrupção, nem a inanição fora do agasalho do Estado
A tragédia central é o controle da manifestação das opiniões, notadamente das opiniões políticas. 
Esse é sonho de consumo de quem, funcionalmente, se confunde e se funde com o Estado. Controlar o que os adversários podem dizer até a extinção total de seu sentido é o mecanismo preferido dos totalitarismos para se eternizarem no poder. Não é à toa que ditadura – usura do poder – rima com censura.
 
As ideias acima são pensamentos da noite de ontem (02/05) enquanto via defensores e opositores se digladiarem em prolongado contraditório. Os que a defendiam, não por acaso alinhados com a esquerda, viviam algo que para eles é o inferno da comunicação: não terem palavra ou chavão que lhes permitam controlar o discurso. 
Afinal, censura é censura e chamar uma lei de censura de “lei da liberdade, transparência e responsabilidade” dá um nó na língua e outro no cérebro. Sua rota de fuga era defender o combate à criminalidade: “Tem gente morrendo por falta dessa lei!”, diziam a todo instante, enquanto as máscaras caíam e eram pisoteadas no tapete do plenário.
 
Combate ao crime? Por parte de quem? Da turma do desencarceramento, do prender não resolve, do helicóptero devolvido ao André do Rap, da impunibilidade do “di menor”, do desarmamento, da liberação das drogas, do “polícia não sobe morro”, dos processos anulados por erro de CEP?  
Desde quando o combate ao crime virou prioridade de Estado num governo de esquerda?  
Quando foi que o topo do poder judiciário pisou no acelerador do combate à criminalidade objetiva com a energia e o dinamismo equivalentes aos usados para pôr tornezeleiras nas tias do zap e aos subjetivos “crimes” de fake news e discursos de ódio?  
Como podem punir o Google por defender editorialmente seus interesses “afetando a independência do Parlamento” e atravessar a rua e ir ao Congresso para ... fazer o quê, mesmo? 
E não perceberam a mesma conduta no governo afetar a independência do Parlamento quando compra votos com emendas para tentar aprovar a Lei da Censura?

O que a sociedade tem visto, com louvores de muitos, sim, é a censura objetiva. Primeiro, já de longa data, como prática de direito uti possidetis esquerdista nos relevantes espaços da Educação e da Cultura, portas cerradas a toda divergência conservadora ou liberal, imediatamente rotulada de fascista e de extrema-direita. Depois, na diversidade de modos e casos testemunhados durante a recente campanha eleitoral.

Ontem, quiseram meus sentidos discernir um grito de independência ecoar no plenário da Câmara dos Deputados. Desconheço sua extensão, mas percebi no bulício do plenário um coro de fundo a entoar “Não passarão!”, palavras nem sempre decisivas, mas marcantes em momentos significativos da história do último século.

Espero que também as plataformas aprendam algo com a censura que quer agir contra elas. Algumas, com claro viés progressista, censuram com habitualidade seus usuários conservadores reduzindo-lhes a propagação ou jogando-os para detrás das cortinas do shadowban.

O PL 2630/2020 é PL da Censura, sim. Leis contra o crime são leis penais, de tipificação precisa, sem subjetividade e sem “veja bem, doutor”. Sua eficácia depende menos do rigor e muito mais da efetiva relação crime/aplicação da pena. 

O resto é censura, eterna volúpia dos amantes do Estado.  

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 1 de maio de 2023

A capivara Filó e Anderson Torres - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Sei que muita gente ficou comovida com o caso da capivara Filó, bicho de "estimação" de um influenciador que, até então, eu desconhecia totalmente. Também sei como funciona a natureza humana e compreendo esses casos que, por um acaso qualquer, ganham dimensão nacional e mobilizam milhões de pessoas em torno de uma causa. Condenar o Ibama e defender a permanência da capivara com o influenciador virou uma questão de honra para muitos.

Mas preciso confessar aqui: não estou nem um pouco preocupado com o destino dessa capivara. Não me joguem pedras! Adoro bichos, tenho cachorros e já tive gatos, sou incapaz de fazer maldade contra os animais. Mas um país que para para discutir o destino de uma capivara enquanto vive um estágio avançado de ditadura, com presos políticos e tudo, é uma nação fadada ao abismo. É preciso ter algum senso de prioridade!

Daniel Silveira, deputado que recebeu a graça do presidente Bolsonaro, segue preso pelo crime de opinião, inexistente no nosso código penal.  
Anderson Torres, que sequer estava no Brasil naquele fatídico e suspeito 8 de janeiro, continua preso há meses, definhando na prisão, deprimido, e sua família corre o risco de perder o sustento. [importante: não pode ser esquecido que Anderson Torres retornou ao Brasil de livre e espontânea vontade, portanto, mais um fatos que deve ser considerado,favorecendo  libertação.] 
O general "sombra" de Lula, que comandava o GSI, foi visto nas imagens dentro do local, ciceroneando os "terroristas", prestou depoimento e segue solto.
 
Torres é um preso político alvo da crueldade do ministro Alexandre de Moraes, cuja frieza é diretamente proporcional ao desprezo que sente pela Constituição.  
O ex-ministro de Bolsonaro corre risco de vida se for mantido no cárcere, num país que devolve até helicóptero para traficante
É um acinte, um absurdo, um descalabro e um escárnio para com quem defende um país mais sério e justo.
 
Nesse contexto, paralisar um país para debater o destino de uma capivara não faz o menor sentido, é de uma insensibilidade ímpar, coisa de quem não consegue calibrar mesmo as prioridades. 
O Brasil pode ter a censura estabelecida institucionalmente com esse PL relatado por um comunista, a desgraça do atual desgoverno começa a ficar evidente, e vamos ignorar tudo para discutir a capivara Filó?! Não contem comigo para esse circo...
 
Tenho lugar de fala: meu passaporte segue cancelado, minhas contas bancárias continuam congeladas e minhas redes sociais ainda estão sob censura, impedindo que mais de dois milhões de seguidores tenham acesso aos meus comentários nas redes sociais. 
Tudo isso porque... sei lá o motivo, pois não há qualquer crime sequer mencionado contra mim!  
Então não esperem que eu considere normal o país que está virando uma Venezuela a olhos vistos fique preso num embate sobre o que fazer com uma capivara!
 
Por mim, a capivara pode virar churrasco! Não ligo mesmo! E, aliás, recomendo um sobrevoo pelo clube Itanhangá, na Barra, para se ter noção de quantas "Filós" tem por lá: são centenas! 
 Só tomem cuidado, pois capivara é um depósito de carrapatos. 
Não confundam o bicho com um Lulu da Pomerânia, fica a dica...
 
Às vezes acordo com aquela sensação de pouca esperança no futuro do nosso país, e me esforço muito para não deixar esse sentimento tomar conta de mim.  
Mas admito ter dificuldades de vez em quando. 
E, na ocasião de uma nação inteira ficar mergulhada no assunto "o destino da capivara do influenciador", confesso quase perder as esperanças. É desanimador...


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 21 de abril de 2023

Crime organizado - O PCC, ao que parece, está em todo lugar - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo 

Facada Bolsonaro

Vocês viram que história estranha essa de busca e apreensão envolvendo advogados do Adélio Bispo ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC)? Só agora que isso está sendo revelado. 
Um magistrado de Juiz de Fora (MG) onde aconteceu, em 2018, o atentado com a facada na barriga do então candidato a presidente Jair Bolsonaro por parte de Adélio Bispo – autorizou seis mandados de busca e apreensão, realizados no dia 14 de março, contra advogados que receberam R$ 315 mil do PCC e que defendiam Adélio Bispo
Eles alegam que também defendiam gente do PCC e que por isso a facção os estava pagando. Estranha essa presença constante do PCC.
 
Lei para proteger os criminosos
Contei para um português aqui a história de André do Rap e ele não acreditava. Narrei a ele o escândalo em que o Supremo Tribunal Federal (STF) mandou devolver helicóptero e lancha ao narcotraficante
As provas contra ele foram anuladas porque esqueceram de fazer um mandado de busca e apreensão de provas. 
Alegaram que só podiam prendê-lo e apreender o que tivesse nos bolsos e nas mãos, mais nada. 
Como se observa a lei ao pé da letra quando se trata de lei que protege o criminoso! 
Infelizmente isso é verdade, e dói a gente constatar isso.
 
Não dá para alegar que Gonçalves Dias e os agentes do GSI eram bolsonaristas
Queremos também a isonomia em relação ao episódio do 8 de janeiro.  
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres está preso até hoje
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi afastado e já voltou. De repente, vemos o agora ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Marco Edson Gonçalves Dias, lá nas idas e vindas entre os invasores ou pré-invasores do Palácio do Planalto, aqueles que entraram e foram quebrando
Porque depois vemos, nas mesmas imagens, que outros entram e tentam limpar o estrago. 
Por exemplo, encontraram o relógio do século 17 no chão, quebrado, e colocaram de novo em cima da mesa. Aí vem outro sujeito, um outro vândalo, que joga o relógio no chão novamente. Isso precisa ser apurado.
 
O ministro do STF Alexandre de Moraes deu 48 horas para a Polícia Federal colher o depoimento do general Gonçalves Dias, para ele explicar por que pediu exoneração no mesmo dia em que a CNN mostrou as imagens, num furo de reportagem. 
Ou seja, ele passou recibo, não? 
E não há como argumentar que ele seja bolsonarista, já que trabalhou na segurança de Lula (PT) por oito anos nos dois governos, depois trabalhou para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e também na última campanha eleitoral de Lula, já na reserva do Exército. 
Ele era o homem certo para ocupar esse lugar.
 
Portanto, quando entrou no GSI, Gonçalves Dias já tinha a turma dele, já conhecia os homens de confiança que pôs lá.  
Então, é um argumento muito fraquinho, muito pueril esse que foi sugerido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, dizendo que foram os militares. Não, eram aqueles subordinados ao general Gonçalves Dias, homem de confiança do presidente Lula. 
Aliás, já fiz essa comparação anteriormente, não tem como não lembrarmos da história envolvendo o chefe da segurança de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato.
 
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 11 de abril de 2023

Segurança pública - Justiça frouxa deixa bandidos nas ruas - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

[Pedimos permissão ao ilustre articulista para expressar nossa opinião de que é estranho, no Brasil atual, uma matéria criticando a Justiça soltar bandidos.
No Brasil atual é bem mais fácil manter inocentes presos.]

“Polícia prende, Justiça solta” tem se tornado uma frase adequada para descrever o que vem ocorrendo em tribunais Brasil afora.| Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Eu tenho falado aqui sobre as causas da invasão da creche e a morte de quatro crianças por um desviado mental, um monstro, que pulou um muro com uma machadinha.  
Monstro que já tinha passado pela polícia várias vezes, só que estava na rua. 
Eu tenho salientado que não é o videogame, não é a televisão, não é arma de fogo, não é ódio, não é nem falta de polícia, é falta de lei e justiça.
 
A Gazeta do Povo mostrou que, por exemplo, agora em 13 de março, o Tribunal de Justiça de São Paulo mandou soltar um sujeito que já tinha sido condenado por roubo, extorsão, desobediência, desacato... A polícia mandou que ele parasse, e ele fugiu de carro. 
Houve uma perseguição de 20 minutos pelas ruas de São Paulo, inclusive com helicóptero. 
Ele bateu em vários carros, abandonou o seu veículo, na fuga pegou um bebê que ele viu pelo caminho, foi preso e o tribunal mandou soltar. Sabem qual a razão da soltura dele? Foi legítima defesa, “autodefesa” instintiva. Que bonito, todo criminoso tem “autodefesa instintiva”, não?

Outro caso: uma juíza plantonista havia mandado prender um sujeito encontrado pela polícia com um computador, que ele usava para entrar no sistema digital da polícia de São Paulo e repassar informações para o PCC. Encontraram toda essa conexão no computador dele, e ele confessou que recebia para passar as informações ao PCC

Sabem o que a juíza do caso decidiu, agora em 16 de março? Relaxar a prisão, porque não havia provas suficientes para manter a pessoa presa.
Veja Também:

    A busca pelos motivos do massacre na creche de Blumenau

Ex-governador petista sabota o agro na China

Agroindústria desprezada enquanto o MST ganha liberdade para invadir
No campo o crime corre solto, passam por cima do direito de propriedade, com violência, e agora mesmo João Pedro Stédile, o “general” do Lula, [na verdade o troço quando o ex-presidiário não era ex, virou  'general da banda', com o rabo entre as pernas.] como ele já mencionou uma vez, anunciou que em abril haverá muitas invasões em busca de uma reforma agrária. Como assim?  
Nunca se distribuiu tanto título de terra como no governo anterior. 
Nunca tantos ficaram proprietários de sua terra, podendo dar garantias ao banco, podendo garantir a sucessão para os seus filhos. 
Mas Stédile diz que vai haver invasão em busca da reforma agrária, pegando o latifúndio improdutivo. Isso já não existe mais no Brasil, o que está disponível está plantado, em toda parte, basta perguntar para quem anda por aí.
 
Essa falácia faz parte do governo Lula, que completou 100 dias, mas parece uma velharia de 100 anos: as novidades dele são todas coisas velhas
E não fez nada ainda pela agroindústria. Esse era um tema que deveria ter sido discutido na campanha eleitoral, mas não foi; 60 milhões de pessoas votaram nele mesmo não tendo discutido programas, e agora ele está aí, procurando programa; pega programa velho e dá uma renovada para ver se funciona, já que não funcionou o PAC da Dilma.
 
A agroindústria não é só emprego, não é só imposto, é o beneficiamento do produto agrícola que é exportado para o exterior, com esse acréscimo do trabalho brasileiro. 
Faz parte da garantia, não só na produção de maquinário, de insumos para produzir alimentos, como no beneficiamento desses alimentos. 
Essa agroindústria já responde por quase um terço do PIB brasileiro, e o presidente ainda não lembrou dela.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 17 de julho de 2022

Peronismo à brasileira - Revista Oeste

Silvio Navarro

 A agenda de esquerda que quebrou a Argentina agora ameaça o Brasil infiltrada no programa de governo de Lula 

A imagem do presidente Fernando de la Rúa deixando a Casa Rosada a bordo de um helicóptero, em dezembro de 2001, ficou marcada para sempre na memória dos argentinos. Do lado de fora da sede do governo, uma multidão enfurecida batia panelas, num gesto que se espalhava das ruas do centro de Buenos Aires para todas as províncias. O país estava em convulsão social. Quarenta pessoas morreram durante os protestos, cinco delas na Praça de Mayo, o coração da capital argentina.

Ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva <i>(à esq.)</i>, ao lado da vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, e do presidente argentino, Alberto Fernández | Foto: Estaban Collazo/Presidência de La Nación Argentina
Ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.), ao lado da vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, e do presidente argentino, Alberto Fernández | Foto: Estaban Collazo/Presidência de La Nación Argentina 
 
É unânime na literatura que a virada daquele ano foi o pior momento da história de um país que já figurou como a sétima economia do mundo. No século passado, aliás, os vizinhos se gabavam da expressão riche comme un argentin (“rico como um argentino”)
Eram vistos em férias das praias de Santa Catarina ao Nordeste brasileiro. Foram apelidados de “os europeus sul-americanos”
Mas a Argentina é um caso raro de país rico que ficou pobre rapidamente.  
E agora está muito pobre.

Vinte anos depois daquele dia, os argentinos lotaram as ruas no último sábado, 9, no feriado da Independência. De Córdoba a Santa Fé, de Mendoza a Rosário, multidões empunharam faixas de protesto contra a derrocada econômica, cujo marco é a inflação galopante em mais de 60% ao ano — a previsão é passar de 100% até dezembro — e uma moeda que não tem valor. Em Buenos Aires, uma frase estampada em cartazes sintetizou o desejo da população: “Argentina sem Cristina”.

Desde 2007, Cristina dá as cartas na política argentina, com um breve intervalo no infeliz governo de Mauricio Macri. Ele assumiu a Presidência no fim de 2015, depois de 12 anos dos Kirchners — Nestor, marido de Cristina, precedeu os mandatos dela. Macri foi eleito por apresentar uma agenda econômica liberal, para sufocar a inflação e sanar a crise fiscal — o país era o 138º colocado no ranking dos cobradores de impostos do Fórum Econômico Mundial. Não fez nada disso: aumentou os gastos públicos, não privatizou estatais (só a Aerolíneas Argentinas dava prejuízo de US$ 2 milhões por dia), congelou preços e deu aumento para o funcionalismo.

O que aconteceu? Cristina voltou. Cercada de denúncias de corrupção, montou uma chapa na qual é vice-presidente de um preposto, Alberto Fernández. Ele é uma quase figura folclórica, não fosse corresponsável por um cenário de tragédia social. Acabou apelidado de “nossa Dilma Rousseff” pelos raros cartunistas de direita platinos.

Um país em ruína
Como ocorre em todas as crises, a alternativa dos argentinos foi recorrer ao dólar ainda que não existam reservas. O comércio do bairro de Palermo, por exemplo, ou o da Rua Flórida exibem os preços em moeda norte-americana — também é possível pagar em real. Os lojistas rejeitam o peso porque o próprio povo não confia mais na própria moeda. Nesta semana, viralizou a notícia de que um iPhone é vendido a mais de 1 milhão de pesos, ou R$ 40 mil. O presidente Alberto Fernández, contudo, vive num mundo paralelo. Em pronunciamento recente, disse que faltam dólares em circulação no país porque a economia interna está crescendo.

A Argentina é hoje um território que afasta investimentos estrangeiros. O maior problema é com os bancos. O governo tem títulos de dívidas de US$ 5 bilhões vencidos. A dívida com credores privados é um abismo. E todos os dias os telejornais apontam risco de outro calote ao Fundo Monetário Internacional (FMI). De quanto estamos falando? Algo como US$ 65 bilhões aos credores privados e um empréstimo de mais US$ 45 bilhões com o FMI. O país é o maior devedor ao FMI do planeta.

O agora ex-ministro da Economia Martín Guzmán disse que não vai ocorrer novo calote, mas renunciou ao cargo na semana passada. Não se sabe ainda o que esperar da sucessora, Silvina Baltakis. Ao assumir o posto, ela virou notícia por outro motivo: o governo quer proibir a divulgação de imagens de gôndolas vazias em supermercados.Há um problema em curso: por causa da hiperinflação (algo pior do que o brasileiro viu no governo José Sarney, nos anos 1980), os preços são remarcados mais de uma vez ao dia. Com isso, criou-se um câmbio paralelo. Nas ruas, existem casas de câmbio batizadas de Cuevas. Elas funcionam dentro de pequenos mercados, quiosques e em bancas de jornais — que vendem de tudo, menos jornais. Em suma, dólar e real valem mais do que a cotação oficial. Não à toa, uma das buscas mais procuradas no Google sobre o país é: qual moeda levar para a Argentina?

Sem crédito nem reserva, a solução poderia ser o passado glorioso da agropecuária. Mas o cenário é desalentador. O plantio de soja, por exemplo, acabou em março. Os 16 milhões de hectares plantados representam o pior resultado em 15 anos — a produção estimada caiu de 44 milhões de toneladas para 42 milhões. É praticamente a safra de Mato Grosso.

No caso da carne bovina, os criadores perderam US$ 1 bilhão no ano passado, porque o governo limitou as exportações para segurar os preços domésticos. O país só detém ainda um pedaço de mercado porque a arroba do boi (em dólar) é mais barata do que no Uruguai, no Brasil e no Paraguai.

O perigo mora ao lado
Nos últimos anos, quando os economistas liberais passaram a usar a expressão “fábrica de pobres” para se referir ao modelo econômico argentino, a dupla Cristina e Alberto Fernández viu uma luz no fim do túnel. Passou a apostar todas as suas fichas na eleição do ex-presidente Lula no Brasil. Sem disfarçar, admitiu que o socorro poderia vir do vizinho em 2023.

Em dezembro do ano passado, o governo montou um palco na Praça de Mayo, em frente da Casa Rosada, para um showmício do petista. A foto dos três, além do uruguaio José Mujica, rodou a América Latina.No palanque, Lula rasgou elogios a Cristina e prometeu ajuda. “A perseguição que me colocou em cárcere é a mesma perseguição sofrida por Cristina Kirchner aqui”, disse. “Alberto foi me visitar mesmo depois de eu dizer para ele ter cuidado, que talvez não fosse prudente um candidato a presidente ir à cadeia visitar um preso político. Alberto disse ao meu amigo Celso Amorim (ex-chanceler) que me visitaria com muito orgulho.”

Lula e o PT usaram as imagens à exaustão nas redes sociais, para afirmar que uma onda de esquerda estava se erguendo na América Latina e que era hora de ​​“começar a reatar os laços do Brasil com o país irmão”.Fernández retribuiu o carinho na TV local. “Pouco a pouco, as coisas vão se arrumando: (Gabriel) Boric, no Chile está fazendo um esforço; o Lucho (Luis) Arce, na Bolívia; (Pedro) Castillo, no Peru; (Gustavo) Petro, na Colômbia; e Lula, que eu desejo que ganhe no Brasil. Teremos uma lógica de unidade conceitual na América do Sul”, afirmou, ao canal C5N.

A “lógica conceitual” se chama Foro de São Paulo. Em dezembro, a frente radical de esquerda comemorou 30 anos. “Não imaginávamos que esse encontro de partidos e movimentos chegasse aonde chegou, tornando-se um foro permanente e até uma referência para partidos de esquerda e ‘progressistas’ de todo o mundo”, disse Lula.

Fazem parte do grupo os narcoguerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ditadores, como Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Daniel Ortega (Nicarágua). E o PT.

A América Vermelha

Para a Argentina, o que restou é tentar se pendurar no Brasil como tábua de salvação. Para o Brasil, a ruína do vizinho deveria servir de alerta.

“Se a esquerda continuar no governo, a Argentina vai virar uma Venezuela”, diz o analista político Gustavo Segré, do diário La Nación. “No Brasil, para o Bolsonaro, a melhor campanha é o governo Alberto Fernandez. Porque ele pode dizer que, se o PT ganhar, pode acontecer isso aqui também.” A candidatura de Lula é a consolidação do peronismo à brasileira

Tango sem fim
Os argentinos convivem com modelos econômicos fracassados e uma classe política incompetente desde os 1980. Essa década, aliás, terminou de forma trágica, com a queda do presidente Raúl Alfonsín. A inflação bateu 764% ao ano, o país parou com mais de mil greves (13 delas nacionais), saques e protestos sangrentos nas ruas. Foi declarado estado de sítio.

Carlos Menem assumiu o governo com uma agenda liberal, na contramão de bandeiras históricas do peronismo. “Levanta-te e anda, Argentina!” foi o seu lema. Estreitou laços com os Estados Unidos, fez as pazes com o Reino Unido e privatizou todas as empresas estatais que conseguiu — principalmente as petrolíferas, ferroviárias e aéreas. Segurou a hiperinflação e atraiu capital estrangeiro, como as multinacionais de telefonia. Com perfil excêntrico, marcado pelas costeletas bicolores e fotos pilotando jet-ski e carros de luxo, ficou dez anos no poder.

A década foi marcada pela retomada do crescimento, mas a bolha criada pelo modelo econômico de paridade cambial peso-dólar, elaborado pelo ministro Domingo Cavallo, estourou. O país queimou reservas e se endividou. Foi quando surgiu a novidade Fernando de la Rúa e seu plano econômico que limitava os valores para saques em bancos e o congelamento das poupanças. As fachadas dos bancos foram depredadas durante os panelaços. A população de classe média caiu de 60% para 30%. Tornou-se cena comum nas ruas de Buenos Aires ver cidadãos com terno e gravata pedindo ajuda nos semáforos. Surgiram nas ruas os chamados “cartoneros” (catadores de papelão) — 55% da população estava abaixo da linha da pobreza. A Argentina faliu.

Por que um país próspero, com educação e cultura acima da média no cone sul, chegou ao fundo do poço? Uma das respostas é o peronismo

O movimento nasceu na década de 1940, pelas mãos de Juan Domingo Perón, numa mistura de fascismo com socialismo, ancorada na multiplicação dos sindicatos como ativo político. “A grande massa do povo combatendo o capital”, diz a letra da clássica marcha argentina. Sua mulher, Eva Perón, era conhecida como “a mãe dos pobres”. O culto à imagem de Perón e Evita se tornou um símbolo de como o narcisismo de um governante faz dele autoritário — o presidente mandou prender seus adversários e passou a controlar a imprensa.

A dependência da população para com o Estado tornou-se uma marca indelével. Hoje, quatro em cada dez argentinos são pobres e vivem de programas assistencialistas. As diretrizes de governo defendem a reestatização, o aumento do funcionalismo público e a ampliação de aposentadorias. “Seis milhões de pessoas bancam o país inteiro. O restante depende do Estado”, diz Gustavo Segré.

Hoje, o peronismo virou algo indecifrável, mas que espraiou suas raízes à esquerda. E adquiriu uma nova característica com os Kirchners: a corrupção. Cristina é conhecida por produzir dossiês contra deputados, senadores e juízes da Suprema Corte — um dos magistrados, Eugenio Zaffaroni, virou personagem de escândalo, ao ser acusado de manter prostíbulos clandestinos. Sempre que é pressionada, a vice-presidente ameaça fazer vazarem informações sigilosas sobre os rivais para a imprensa.

Outra característica da Argentina foi dar corda para as pautas do chamado “progressismo” — ou esquerda moderninha. O aborto foi legalizado há dois anos. Há uma intensa campanha para o uso de linguagem neutra nas escolas — o “todes” e outras bizarrices. O filho do presidente Alberto Fernández aparece com frequência no noticiário, por se apresentar como drag queen. A Argentina é um país que não aprendeu com o seu passado. O Brasil tem a chance de não repetir os mesmos erros nas eleições de outubro.

Leia também “Um projeto para destruir o Brasil”

Silvio Navarro, jornalista - Revista Oeste

 


domingo, 5 de junho de 2022

Traficantes atiram em helicópteros, e pilotos mudam rotas para evitar sobrevoo em favelas - O Globo

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Bolsonaro elogia operação policial no Rio que deixou ao menos 25 mortos O Estado de S.Paulo

 Ação realizada na terça-feira envolveu agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal

O presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou a atuação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar durante ação que deixou ao menos 24 mortos e sete feridos na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte do Rio, na manhã de terça-feira, 24. 

"Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa", disse Bolsonaro em perfil do Twitter na tarde de terça-feira sobre a segunda ação mais letal da polícia na história do Rio, atrás apenas do caso do Jacarezinho, no ano passado, que deixou 28 vítimas.

Operação policial na Vila Cruzeiro
Polícia Militar se posiciona na entrada da favela de Vila Cruzeiro, no Rio Foto: André Coelho/EFE

A ação envolveu agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, com apoio de blindados e de um helicóptero. 

Durante a ação, uma bala matou Gabriele Ferreira da Cunha, de 41 anos. Ela foi atingida dentro de casa, na comunidade da Chatuba, vizinha da Vila Cruzeiro. Todos os demais mortos, de acordo com a polícia, seriam suspeitos. Seus nomes não foram divulgados. Entre os feridos, dois estão em estado grave. Outros três têm quadro estável, incluindo um policial atingido por estilhaços. Foi o único agente ferido.

De acordo com a PM, a operação tinha como objetivo prender chefes do Comando Vermelho de diferentes Estados. Eles estariam escondidos na Vila Cruzeiro, de onde comandariam o crime organizado pelo País. Ninguém foi preso.

Apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de limitar operações em comunidades do Estado durante a pandemia, o secretário da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho, justificou que a operação ainda estava em planejamento, mas surgiu a suspeita de que os traficantes estariam preparando a invasão de outra comunidade. Por isso, decidiu-se pela “operação emergencial”. O secretário disse que a migração de traficantes de outros Estados e de outras favelas, como Jacarezinho, Mangueira, Providência e Salgueiro, estaria ligada à decisão do Supremo.[certamente ; o Rio é o único estado brasileiro que oferece zona de exclusão contra ação policial, criando uma 'nação independente', território livre e soberano para bandidos - tudo por decisão do Supremo Tribunal Federal.]

Nas redes sociais, Bolsonaro defendeu a operação militar. Ele reforçou que a ação estava sendo planejada há meses.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro elogia a operação policial, especialistas acreditam que a ação - que resultou em alta letalidade - apenas faz aumentar a insegurança da população das comunidades no Rio de Janeiro. "Essa operação em nada colabora para a resolução dos nosso problemas de segurança pública. Essas operações que deixam dezenas de mortos só servem para aumentar a sensação de insegurança da população que vai se sentir também insegura em relação a atuação policial. Esse é cotidiano de violação de direitos que vai se somando  sobre esses territórios e fazendo que a relação com a polícia também seja bastante complicada. É bom que se atente que operar e fazer esses confrontos, que vão mirar basicamente nos elos mais fracos da cadeia criminosa, que são os traficantes que vão fazer o trabalho de varejo, não colabora em nada", criticou Pablo Nunes, coordenador de pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança. [esses indivíduos que se dizem e a mídia os tem como  especialistas, a única coisa que sabem é criticar a ação policial, para eles bandido bom é bandido solto, já a maior parte da população pensa exatamente o contrário. São indivíduos dessa laia que pelos seus comentários parecem defender que policial bom é policial morto. ]

Para Ignacio Cano, membro do laboratório de análise da violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a megaoperação na Vila Cruzeiro é mais uma no modelo tradicional que se tem no Rio: a lógica da guerra e da incursão punitiva em "território inimigo". "O governo diz que foi uma operação planejada e com inteligência. Planejamento e inteligência deveriam servir para reduzir confrontos e tiroteio", avaliou Cano.

O  caso está sob investigação do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Estado do Rio. “O Brasil é signatário de tratados e acordos internacionais que nos obrigam a investigar e punir violações de direitos humanos. E 21 mortos, até agora, menos de 3 meses depois (da outra operação), não podem ser investigados como se fossem simples saldo de operações policiais”, declarou o procurador Eduardo Benones, titular do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial no Rio de Janeiro. 

Segundo moradores, a operação começou pouco depois das 4h da terça-feira, com o apoio de um helicóptero blindado. Dezenove escolas da região não tiveram aulas. O comércio ficou parcialmente fechado e muita gente não conseguiu sair para trabalhar. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a troca de tiros e moradores levando feridos ao hospital por conta própria.

O Estado de S. Paulo

 

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Falar em garimpo é falar em descoberta de riquezas

Falar em garimpo, tão hostilizado por certos intelectuais da cidade, é falar em descoberta de riqueza, em soberania, em economia, em questão social

Antes de embarcar para Moscou, o presidente assinou decreto que instituiu um programa de apoio ao garimpo. No mesmo dia, recebi da região do Cripuri, que é um afluente do Tapajós, imagens de um helicóptero atacando com foguetes incendiários as instalações de um garimpo. Eram imagens que fazem lembrar napalm no Vietnã.

Isso no mesmo dia do anúncio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala. Um nome comprido para não confundir com atividade mineradora industrial. O objetivo do programa é tirar o garimpo da ilegalidade e, com isso, controlar as áreas, fiscalizar de forma transparente o meio ambiente, legalizar o comércio do ouro, prestar assistência de saúde e educação às famílias de garimpeiros. O decreto regulamenta o que ficou fora da lei de 1989, que tratou do assunto.

Já andei em garimpo, onde só se chega de avião em pista improvisada. A vida por lá é duríssima, e arriscados os resultados. Os ambientalistas e as forças policiais vêm batendo nos garimpeiros. [a maior parte dos ambientalistas e suas ONGs defendem,servem a interesses estrangeiros - são uns vendidos.] 
No entanto, a História mostra que devemos a eles a expansão do nosso território. A eles, aos bandeirantes e às patas do boi. 
Os Estados Unidos se tornaram potência por chegarem à costa do Pacífico por causa da corrida do ouro, a ponto de tirar a Califórnia dos mexicanos. E ficaram com poder no Atlântico e no Pacífico
No Brasil, além do boi, foi o ouro das Minas Gerais, as esmeraldas de Goiás, os bandeirantes que entraram por São Paulo e para o Sul, até as Missões jesuíticas espanholas
Os garimpeiros brasileiros, há séculos, marcam a nossa soberania na Amazônia.
 
Falar em garimpo, tão hostilizado por certos intelectuais da cidade, é falar em descoberta de riqueza, em soberania, em economia, em questão social. Em geral, são nordestinos, para realizar sonhos. Gente boa, trabalhadora, cumpridora de palavra
Enquanto fechamos os olhos para uma realidade como alerta o vice -presidente Mourão —, índios vendem diamantes via Bolívia, por exemplo. O ex-ministro Aldo Rebelo, que já foi do PCdoB, afirma que algumas das maiores jazidas do mundo em diamantes estão nas margens do rio Roosevelt, reserva dos Cintas-Largas, em Rondônia
E o Brasil nada ganha com isso. Todo mundo sabe que os garimpeiros que estão em reservas já fizeram sociedade com os indígenas, mas legalizar depende de lei. Enquanto isso, as pedras brasileiras são lapidadas nos Países Baixos.

Ironicamente, enquanto era anunciado o decreto, no mesmo dia garimpeiros eram atacados pelo fogo vindo do céu, destruindo suas casas, máquinas e sonhos, como se o Brasil oficial estivesse em guerra contra eles. O ataque não foi sequer em área indígena, mas na região conhecida como Galdeano. Uma reedição do que aconteceu com 61 balsas queimadas no Rio Madeira, onde os garimpeiros moravam com suas famílias. Isso no dia do anúncio do programa de apoio ao garimpo, confirmando a Constituição, que no art. 174, §3º e 4º, determina favorecer a organização da atividade garimpeira em cooperativas. Ficou estranha a violenta ofensiva no mesmo dia do anúncio do programa. Seria para queimá-lo?

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


terça-feira, 2 de novembro de 2021

Hipócritas unidos jamais serão vencidos: desfile de exageros na COP26 - Vilma Gryzinski

Mundialista

 Declarações apocalípticas e engarrafamento de jatinhos mostram que muitos querem pegar carona na onda salvacionista

Mesmo quem acha a  pregação exagerada e catastrofista, tem que concordar: o nível de conversa mole, já muito alto, atingiu novos patamares com a conferência climática em Glasgow.

Um exemplo estarrecedor: Justin Welby, o arcebispo de Canterbury, ou Cantuária, principal autoridade eclesiástica da Igreja Anglicana, teve que pedir desculpas pela “ofensa causada aos judeus” quando disse que a inação dos líderes mundiais levaria a um genocídio muito maior do que o provocado pelo nazismo. “Estava tentando enfatizar a gravidade da situação com que nos defrontamos na COP26”, alegou. Detalhe: antes de se tornar padre, ele foi executivo da indústria petrolífera.

Por que um religioso que segue todo o manual politicamente correto faria uma comparação dessas?  Porque está havendo uma espécie de competição de declarações apocalípticas sobre a situação ambiental do planeta.

“Chega de tratarmos a natureza como um vaso sanitário”, exaltou-se António Guterres, o secretário-geral da ONU que fala constantemente que a humanidade é “viciada em combustíveis fósseis”, como se usar transportes, alimentar-se, aquecer-se e desfrutar da ampla cadeia de produtos provenientes do petróleo fosse uma escolha doentia resultante da toxicomania, não da necessidade.

Boris Johnson, o primeiro-ministro que quer parecer mais verde do que Greta, comparou a situação climática a uma “máquina do fim do mundo” como nos filmes de James Bond. Outra comparação absurda, embora menos ofensiva do que a do arcebispo. Ele também justificou o uso de um jatinho particular para a viagem a Glasgow.

Tal como o príncipe Charles, Boris está usando “combustível de aviação sustentável”, uma mistura de gasolina comum de avião com materiais reciclados a partir de óleo de cozinha e outros. Custa cinco vezes mais.

Pelo menos Boris e Charles estão fazendo um esforço, o que não pode ser dito sobre os outros 50 aviões particulares que estão congestionando as pistas de Glasgow e arredores. No total, são esperados 400 aviões. De Jeff Bezos a Evo Morales, ninguém quer voar em aviões comerciais. Só  os quatro utilizados pela comitiva de Joe Biden, mais o helicóptero Air Force One e mais 85 veículos geram mil toneladas de dióxido de carbono.

É hipocrisia ir para uma conferência ambiental com seu próprio jatinho? Sem dúvida, se for para pegar carona no marketing que a imagem de preocupação com o meio ambiente gera. 
Ninguém, obviamente, imagina o presidente dos Estados Unidos pegando um avião de carreira da American Airlines. 
Mas por que o príncipe Albert de Mônaco não pode dar um bom exemplo? Ou sua ausência causaria danos ambientais irreparáveis?
Jeff Bezos foi para a Escócia direto da festa de aniversário no iate de Bill Gates, em águas cristalinas da Turquia, ao qual chegou de helicóptero.
De que adianta ser o homem mais rico do mundo – ou o segundo entre os mais mais, lugar que alterna com Elon Musk – se você não pode viajar no seu próprio Gulf Stream? A hipocrisia pode ser a homenagem que o vício presta à virtude, mas ser ambientalmente virtuoso exige muito mais do que promessas vazias e jatinhos cheios.
 
 Vilma Gryzinski, colunista - MUNDIALISTA - VEJA 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Somos todos idiotas - O Globo

Nós idiotas que ficamos em casa fazemos o possível para evitar que o vírus circule. É pouco, de fato, mas é o que podemos fazer 

Sendo uma das idiotas que não saem de casa, na gentil descrição do senhor Presidente da República, tenho tido muito tempo para pensar na vida; o que me leva, invariavelmente, a concluir que, num mundo de idiotas, o melhor a fazer é não pensar. Todos nós, idiotas, estamos cansados. Do isolamento e das restrições da pandemia, da solidão e da monotonia, mas, sobretudo, das notícias que nos chegam a respeito dos outros idiotas, aqueles que se rebelam contra as máscaras, não respeitam distanciamento social e acham que vírus se combate no grito.[por favor, antes de  pensar em dar razão a esta senhora - que certamente está  entre as que tem tudo em casa, fazem tudo via trabalho remoto, ou algo parecido, e no dia em que um porteiro, um faxineiro do condomínio onde vive luxuosamente se atrasa, propõe a demissão imediata  e sem direito a nada - LEIAM AQUI: Desempregados - O Estado de S. Paulo

Eles não aprenderam que, além dos cientistas que desenvolvem vacinas, ninguém pode fazer nada de concreto contra uma pandemia.[contra a pandemia não, mas, devem ter o direito de sair de casa - ainda que morrendo de medo de ser contaminado - e tentar arrumar um bico para comprar pelo menos o pão;
pensa essa senhora, que o faxineiro que sai do trabalho as 17 horas, chega em casa por volta das 22h, tem um pedaço de pão e um copo com água como jantar, deita e às 3 ou 4 horas, da madrugada,   faz o caminho de volta, desta vez forra o estômago com um pedaço de pão e um café ralo, pode ficar em casa??? e faxineiro, porteiro, vigilante, e outros possuem um emprego e os que nem isso possui - tem que sair a pé e se aventurar no sinal...]

Nós idiotas que ficamos em casa fazemos o possível para evitar que o vírus circule. É pouco, de fato, mas é o que podemos fazer. Ficar em casa quando se pode ficar em casa não é desdouro nem falta de coragem, é consciência social: quanto menos gente houver nas ruas menos o vírus estará em circulação e menos pessoas serão contaminadas. Não parece difícil de explicar, mas, pelo visto, é impossível de entender. Há alguma mutação genética ou ausência de atividade cerebral que impede que os idiotas, aqueles, compreendam essa verdade basilar. Um dia eles ainda vão ser estudados pela Ciência.

A nossa idiotice de isolados é um sentimento tingido pela melancolia, intenso mas inofensivo. Passamos os dias trabalhando, lendo, cozinhando, lavando louça, participando de lives, cuidando de plantas e de bichos, refletindo e torcendo para que haja vacina logo para todo mundo. Enquanto isso o idiota lá desdenha das máscaras, aglomera, voa de helicóptero, faz churrasco, anda de moto, cavalga pela Esplanada dos Ministérios e oferece ao mundo o espetáculo da sua estupidez relinchante e orgulhosa de si mesma.[a senhora está preocupada é com o sofrimento dos que não podem ficar em casa - muitos nem um barraco possuem - ou está chateada, por não ter sido convidada pelo presidente da República?]

Genocida.
Desde os tempos em que trabalhei em Brasília, numa outra encarnação, eu já sabia que educação, caráter e hombridade não são requisitos básicos para assumir cargos importantes na administração pública. Mas eu ainda guardava uma ilusão solitária, e imaginava que era preciso ter um mínimo de inteligência e de sofisticação intelectual para ser Ministro das Relações Exteriores. [só das Relações Exteriores? e os de outros cargos, muitas vezes com outras denominações, que precisam possuir conhecimentos que a Constituição descreve com imprecisão e o Senado confere em sabatina simbólica?
Os deputados e senadores podem fazer muita ..., mas pelo menos receberam votos, foram escolhidos.

A Mauritânia fica na costa africana, ao Norte, logo abaixo do Marrocos e colada à Argélia, em pleno Saara: sua capital Nouakchott, com cerca de um milhão de habitantes, é a maior cidade do deserto. Eu não sabia disso, e não foi por falta de interesse na região, porque antes da chegada do Exército Islâmico ao Mali cheguei a fazer planos de viajar para o país, ali ao lado. Eu também não sabia que a Mauritânia só aboliu a escravidão oficialmente em 1981 e que conserva o antigo hábito berbere de engordar as mulheres: meninas com 8 ou 9 anos são obrigadas a beber leite de camelo aos litros e, aos 12, já são obesas de 30 anos.

Como idiota que sou, tenho fugido da vida real mergulhando em documentários, e foi no canal Tracks, no YouTube, que encontrei uma série holandesa sobre os países do Saara. Ela é apresentada por Bram Vermeulen, e está em inglês; há opção de legendas automáticas. O Tracks é um aglutinador de conteúdo que reúne documentários sobre o mundo todo realizados por emissoras de diversos países, e tem uma coleção extraordinária de vídeos.[vídeos para serem visto pelos que podem ficar em casa e não querem se expor, conhecendo in loco tais locais;
continuamos querendo é que o problema dos brasileiros conseguirem trabalhar, para ter comida para si e seus filhos, seja resolvido.]

 Córa Ronai - O Globo


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

O juiz Moro já teria mandado prender o empresário Moro

Coluna na Folha: o juiz Moro já teria mandado prender o empresário Moro ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/12/04/coluna-na-folha-o-juiz-moro-ja-teria-mandado-prender-o-empresario-moro.htm?cmpid=copiaecola

Segundo os critérios com que o então juiz Sergio Moro conduziu a Lava Jato — e ele a conduziu, não é mesmo?  —, o agora "sócio-diretor" da Alvarez & Marsal estaria em prisão preventiva, que seria decretada no mesmo dia em que se efetuaria um espalhafatoso mandado de busca e apreensão em seus endereços, devidamente acompanhado por ao menos uma equipe de televisão, previamente avisada. Tudo combinado com os parças do MPF.

Homens de preto invadiriam a sua casa. Com algum requinte, um helicóptero sobrevoaria a residência para indicar a periculosidade da pessoa sob investigação. Ato contínuo, haveria uma entrevista dos procuradores e do delegado federal encarregados da operação. Nessa oportunidade, então, acusações novas se fariam, ausentes do despacho do juiz que autorizou o espetáculo. E pronto! A defesa não teria o que dizer porque sem acesso aos autos. No dia seguinte, um repórter farejador de procuradores e delegados vazaria uma informação exclusiva contra o preso.

 Moro mandaria prender Moro com base em que fundamento? "Garantia da ordem econômica e conveniência da instrução criminal", conforme estabelece o artigo 312 do Código de Processo Penal, uma vez que o suposto crime investigado é grave: corrupção passiva, segundo dispõe o artigo 317 do Código Penal.

Lá está escrito: "Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena "“ reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa". 

Mas Moro fez isso?
"Calma, senhores!", diria o diligente juiz morista. As decisões foram tomadas "em regime de cognição sumária" apenas. É que não existe circo sem espetáculo. Como diria o ministro Luiz Fux, o amigão de Adriana Ancelmo, não podemos permitir "que a Lava Jato seja desconstruída", com o que concorda o punitivismo dedicado de Edson Fachin e Cármen Lúcia, por exemplo.

Depois de ter ajudado a quebrar a indústria de construção pesada no país, inclusive a Odebrecht, Moro se torna "sócio-diretor" da empresa que comanda a recuperação judicial do grupo. A A & M já recebeu R$ 17,6 milhões pelo serviço. Fez o mesmo com a OAS e tem ainda como clientes a Queiroz Galvão e a Sete Brasil, todas elas vitimadas pela dita "maior operação de combate à corrupção da Terra".

O então juiz homologou os benefícios da delação concedidos a diretores de empresas que caíram na teia da Lava Jato e gerenciou as facilidades dos acordos de leniência. Os beneficiários de sua ação são agora clientes da empresa que vai enriquecê-lo. Ganha o pão onde comeu a carne. No terreno moral, o conflito de interesses é óbvio, a menos que o observador já tenha se despedido de tais pruridos. Mas isso é pouco. É preciso que se apure a eventual ocorrência de crime de corrupção passiva.

Como repudio os métodos de Moro e do morismo, não defendo que o ex-juiz e agora empresário seja preso antes de eventual condenação, se condenado for, sempre de olho no 312 do CPP. Ele tem de ter direito àquilo que sempre negou às suas vítimas: as garantias de um Estado democrático e de Direito. Mas, para tanto, precisa ser investigado. Augusto Aras, no entanto, deve se acoelhar.

Aqui e ali, os passadores de pano afirmam que a investigação constituiria uma soma de vinganças: do PT e de Bolsonaro. Assim, mais uma vez, Moro pode se colocar acima da lei e da moralidade, protegido pela mesma esfera de inimputabilidade que levou a Lava Jato a destruir o devido processo legal no país, jogando-nos no buraco do bolsonarismo.

Para arrematar: o juiz Moro rejeitou relatórios da A & M, de que agora o empresário Moro é sócio, segundo os quais o tal tríplex de Guarujá pertencia à OAS, não a Lula. Até o objeto do processo que levou o ex-presidente à cadeia era fraudulento. Faz sentido. O líder petista já estava condenado antes de qualquer investigação, como deixou claro a Vaza Jato. Por ato falho ou desconhecimento da I & B (Inculta e Bela), a A&M informou nesta quarta que Moro vai se ocupar do "desenvolvimento de políticas antifraude e corrupção".

Bingo!

ReinaldoAzevedo, jornalista - Coluna na Folha de S. Paulo