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quarta-feira, 4 de maio de 2016

Denúncia contra Lula tem o peso de uma lápide

O cronista Nelson Rodrigues ensinou que a morte é anterior a si mesma. Começa antes, muito antes. É todo um lento, suave, maravilhoso processo. O sujeito já começou a morrer e não sabe. Tome-se o caso de Lula. Fenece politicamente desde 2005, quando explodiu o mensalão. Mas demorou dez anos para que a Procuradoria-Geral da Repúlica providenciasse a lápide.

Veio na forma de uma denúncia e de uma petição ao STF. Na denúncia, o procurador-geral pede a conversão de Lula em réu por ter tentado comprar o silêncio do delator Nestor Cerveró. Na petição, requisita a inclusão de Lula e outras 29 pessoas no “quadrilhão”, como é conhecido o principal inquérito da Lava Jato. Nesse texto, Janot esculpiu um epitáfio com cara de óbvio: Essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse.''

A conclusão do procurador-geral elimina uma excentricidade dos governos do PT. Está chegando ao fim a era da corrupção acéfala. Janot fez, finalmente, justiça a Lula, protegendo-o de si mesmo. A pose de Lula diante da roubalheira não fazia jus à sua fama.
O mal dos partidos políticos, como se sabe, é que eles têm excesso de cabeças e carência de miolos. O PT sofre da mesma carência, mas com uma cabeça só. Desde que empinou a tese do “não sabia”, Lula vinha renegando sua condição de cérebro solitário do PT. 
Reivindicava o papel de cego atoleimado.

Se aceitar a denúncia da Procuradoria, o STF não irá apenas transformar Lula em réu. Restabelecerá a lógica, acomodando o personagem no topo da hierarquia da quadrilha.
Mirando para baixo, Janot disparou várias balas que muitos davam como perdidas. Requereu a inclusão no inquérito do “quadrilhão” de vários nomões do PT, do PMDB e da vizinhança de Dilma.

Gente como os ministros palacianos Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva; os ex-ministros Erenice Guerra, Antonio Palocci e Henrique Alves; os senadores Jader Barbalho e Delcídio Amaral; o deputado Eduardo Cunha… De quebra, foi alvejado o principal assessor de Dilma, Giles Azevedo.

Como se fosse pouco, Janot requereu a abertura de inquérito contra a própria Dilma, o advogado-geral do impeachment, José Eduardo Cardozo e, de novo, Lula. Acusa-os de tentar obstruir as investigações.  No início de março, quando foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal por ordem do juiz Sérgio Moro, Lula reagiu com uma entrevista de timbre viperino. “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva.'' Pois bem. Janot acertou a cabeça da víbora.

Lula estava zonzo desde o dia em que o doutor Moro atrapalhou sua nomeação para a Casa Civil jogando no ventilador os diálogos vadios captados em grampos legais. Numa conversa com Dilma, a jararaca destilara todo o seu veneno:  “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. […] Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar…”

Depois disso, a Suprema Corte avalizou o rito do impeachment, o presidente da Câmara coordenou a goleada de 376 X 137, o presidente do Senado passou a flertar com o vice-presidente “conspirador”, os parlamentares traem madame gostosamente e Lula revela-se uma cobra sem veneno. Tornando-se réu, talvez chegue a 2018 mai perto da cadeia do que das urnas.

Quanto a Dilma, ninguém estranharia se o noticiário sobre sua Presidência migrasse da editoria de política para o espaço que os jornais reservam aos avisos fúnebres. Os curiosos lêem compulsivamente, à espera de uma surpresa agradável. Jurada de morte, madame tenta se convencer de que ainda está cheia de vida. Mas todos sabem, inclusive seus aliados, que, mais dia menos dia, acaba o seu dia a dia. Tudo passa, exceto o PMDB, que é imortal.

Fonte: Blog do Josias de Souza

 

sexta-feira, 1 de abril de 2016

E agora Lula e Gilberto Carvalho - caso Celso Daniel não é com o Supremo

Lava Jato: PF prende ex-secretário-geral do PT e empresário ligado a caso Celso Daniel

Foco da nova fase, batizada de Carbono 14, está no empréstimo fraudulento concedido pelo Banco Schahin ao PT de 12 milhões de reais

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a 27ª fase da Operação Lava Jato. Desta vez, o foco das investigações é um empréstimo fraudulento concedido pelo Banco Schahin, cujos recursos teriam sido usados para a quitação de dívidas do Partido dos Trabalhadores. Mais do que apenas o rastreamento do dinheiro, a nova fase, batizada de Carbono 14, traz de volta o fantasma do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT).

Foram presos na nova fase o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o empresário Ronan Maria Pinto. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman foram conduzidos coercitivamente. Silvinho, como é conhecido, chegou a ser incluído entre os réus do escândalo do mensalão, mas fez um acordo com a Justiça para realizar serviços à comunidade e não responder ao processo. Delúbio foi condenado no mesmo esquema a seis anos e oito meses de prisão por corrupção ativa.

Conforme revelou VEJA em 2012, o publicitário e operador do mensalão Marcos Valério revelou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que Ronan Maria Pinto, um empresário ligado ao antigo prefeito, estava chantageando o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para não envolver seu nome e o do ex-presidente Lula na morte de Daniel. Segundo os investigadores da Operação Lava Jato, pelo menos metade do empréstimo fictício contraído junto ao Banco Schahin acabou desaguando nos bolsos de Ronan.

As apurações do mega esquema de corrupção na Petrobras indicam que o empresário e amigo do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai, integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10.000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10000 e na simulação do pagamento do suposto empréstimo com a entrega inexistente de embriões de gado. Em depoimento, Bumlai admitiu que tomou o empréstimo para repassar os valores ao PT e detalhou que o dinheiro foi pedido pelo ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares.  "A fiar-se no depoimento dos colaboradores e do confesso José Carlos Bumlai, os valores foram pagos a Ronan Maria Pinto por solicitação do Partido dos Trabalhadores", disse o juiz Sergio Moro no despacho da 27ª fase.

Agora a Polícia Federal quer entender todos os capítulos dessa história e cumpre na manhã desta sexta doze mandados para aprofundar a investigação sobre o esquema de lavagem de capitais de cerca de 6 milhões de reais do empréstimo, considerado crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin. As medidas estão sendo cumpridas em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André.

A procuradoria afirma que o dinheiro deste empréstimo ao PT acabou gerando prejuízo para a Petrobras, já que os valores só foram liberados depois que o Grupo Schahin pagou propina para vencer a concorrência e ser operadora do navio-sonda Vitória 10.000. Apenas este contrato chegou a 1,6 bilhão de dólares.

Para a viabilização do esquema de pagamentos do empréstimo forjado ao PT, o dinheiro saiu de José Carlos Bumlai para o Frigorifico Bertin, que, por sua vez, repassou cerca de 6 milhões de reais a um empresário do Rio de Janeiro. Na sequência, ele fez transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto. Outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores, como o jornal Diário do Grande ABC, também foram usados para camuflar a transação.

Empresário com diversos negócios na região do ABC paulista, Ronan Maria Pinto é apontado pelo Ministério Público como um dos participantes do esquema de corrupção instalado em Santo André durante a administração de Celso Daniel. O nome do empresário, velho conhecido do PT, voltou à tona com a delação premiada do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele disse que Bumlai obteve o empréstimo junto ao Banco Schahin e repassou 6 milhões de reais a Ronan. O nome da nova fase da Lava Jato, Carbono 14, é uma referência a procedimentos utilizados para a investigação de fatos antigos. As suspeitas envolvem crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Em nota, Ronan negou as acusações e afirmou que sempre esteve à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. "Mais uma vez o empresário reafirmará não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas", diz o texto.

Fonte: Revista VEJA 

 

domingo, 13 de março de 2016

Dilma está pendurada no Supremo



Não é fácil desmontar um presépio de pobres coitados que têm um cheque especial do tamanho da Petrobras 

O Brasil sentiu falta do pronunciamento de Dilma Rousseff no Dia Internacional da Mulher. Essa era uma das poucas garantias de um governo que chama sua chefe de presidenta, ou sua presidente de chefa. Agora a brincadeira acabou. O homem que inventou essa mulher entrou na mira da polícia. O homem que escrevia o que ela falava foi preso. O mito da mãe coragem foi construído com dinheiro roubado do contribuinte, apontou a Lava Jato. Sobrou um fantoche que não fala, uma mulher que tem medo de panela.

Por incrível que pareça, Dilma só não foi mandada embora para casa ainda por ser uma mulher ungida por um pobre. A Lava Jato está investigando o enriquecimento desse pobre, mas isso não parece suficiente para desmontar o presépio. Não é política, é religião. Mesmo que esse pobre milionário possa ter roubado o povo, boa parte dos fiéis permanece saudando-o com seus cânticos melancólicos – e eventualmente alugados. Toda igreja monta sua base financeira, mas essa tesouraria não tem paralelo: seus cofres contêm o dinheiro de uma nação. Não é fácil desmontar um presépio de pobres coitados que têm um cheque especial do tamanho da Petrobras.

Por um capricho do destino, a tesouraria da igreja petista foi parar na cadeia. Primeiro, João Vaccari, o rei mago dos pixulecos, e, quando parecia que seria só botar novos picaretas no lugar dos presoscomo na queda de Delúbio, Valério e grande elenco mensaleiro –, os financiadores do credo começaram a cair também. Com a condenação de Marcelo Odebrecht a 19 anos de prisão, dá para sentenciar: a mulher sapiens está só.

Pendurada na fachada do presépio apodrecido, virtualmente abandonada até pelo PMDB, a presidente da República se agarra a uma única e última mão: a do Supremo Tribunal Federal. Cruel ironia: no momento em que Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato – a Operação Mãos Limpas brasileira – elevam a Justiça ao papel de resistência quase solitária ao massacre populista, a mais alta Corte dessa Justiça permanece como o bastião de resistência do populismo. Até a Câmara dos Deputados, que não é flor que se cheire e está sob a presidência de um réu, permanece permeável ao ir e vir da democracia. 

Essa instituição legislativa desacreditada e carcomida deu andamento a um sólido pedido de impeachment apresentado por respeitáveis juristas – e impecavelmente fundamentado para apontar os crimes de responsabilidade de Dilma Rousseff nas pedaladas fiscais e no escândalo do petrolão. Onde esse pedido republicano e democrático atola? No Supremo Tribunal Federal.

É de lá que vêm as manobras para barrar a investigação formal e direta da presidente que foge das panelas, e foi de lá que vieram as manobras para atropelar o funcionamento democrático da depauperada Câmara dos Deputados na partida do processo de impeachment. A técnica, quem diria, virou travesti da política.

Os crimes de responsabilidade cometidos pela presidente são flagrantes, basta ler a Constituição. Mas, assim como o PT inventou a contabilidade criativa, o STF inventou a leitura criativa da Constituição. Nos três meses desde que o pedido de impeachment foi aceito pela Câmara, as evidências da Lava Jato praticamente dobraram – especialmente quanto à negligência da presidente da República na responsabilização de seus subalternos claramente envolvidos no esquema de corrupção. Isso é crime. Mas as revelações de Delcídio do Amaral não deixam dúvidas: Dilma e seu estado-maior (do qual Delcídio fazia parte) trabalhavam para usar os Tribunais Superiores na obstrução das investigações do petrolão.

Quando o filho de Nestor Cerveró gravou o líder do governo afirmando que conversaria com os ministros do Supremo sobre a liberação do criminoso, suas excelências mandaram prender o senador com brados em defesa da justiça contra o crime, “não passarão” etc. Em seguida, livres da berlinda, meteram o bisturi no Poder Legislativo travando o rito do impeachment.  Até prova em contrário, o Congresso Nacional é mais confiável que o Supremo Tribunal Federal – justamente por ser muito menos qualificado. Ou seja: uma tragédia. Mas quem pode tirar o país da tragédia maior são os parlamentares – se as ruas mandarem. Treze de março, Dia Internacional da Mulher Sapiens.

Fonte: Guilherme Fiuza


 

 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Por que Cerveró é tão temido



O ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora deu uma amostra, em um depoimento, do estrago que pode causar em Brasília 

Nestor Cerveró está preso há um ano. Passavam 30 minutos da meia-noite quando o ex-diretor da área internacional da Petrobras foi algemado por policiais federais, no dia 14 de janeiro de 2015. Ele chegava ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, de uma viagem a Londres. Depois do pouso, avisou o filho Bernardo Cerveró por mensagem de celular: “Já cheguei”. Bernardo respondeu que chegaria em “20 minutos”. Pouco depois, o pai escreveu: “Bernardo, estão me prendendo na Polícia Federal”. O rapaz perguntou: “Preso? Ou retendo? Fica tranquilo”. Não houve tréplica. Começava a temporada de Cerveró na carceragem de Curitiba da Polícia Federal. O ex-diretor já respondia a uma ação penal pelo recebimento de propina na compra de duas sondas para a Petrobras, mas só teve a prisão decretada depois que tentou sacar quase R$ 500 mil de um fundo de previdência.


 INSATISFAÇÃO
O presidente do Senado, Renan Calheiros. Segundo Cerveró, expectativas não foram atendidas e ele retirou o apoio ao afilhado (Fotos: Eraldo Peres/AP e Reprodução)

 Logo veio uma segunda ação penal, em que Cerveró foi acusado de comprar um apartamento no Rio de Janeiro com dinheiro ilícito de uma offshore uruguaia. A primeira condenação, em maio, foi de cinco anos de prisão. Em agosto, uma nova pena de 12 anos pelo recebimento de propina na compra das duas sondas. Terminou assim a disposição de Cerveró de enfrentar o cárcere.

Cerveró dava sinais de depressão profunda na cadeia. Passava o dia concentrado em joguinhos no iPad que foi autorizado a usar. Tinha oscilações drásticas de humor, evidenciadas na convivência na prisão com o lobista Fernando Soares, o Baiano, seu amigo e operador de propina em negócios na estatal. Num dia, Cerveró fez necessidades na pia da cela do lobista. No outro, quando Baiano seguia para prestar depoimento de sua delação, o ex-diretor brincou ao girar os dedos em torno dos olhos: “Tô de olho, Baiano”.

Cerveró estava descompensado. Em julho do ano passado, começou a negociar uma delação premiada. Agia contra a vontade de seu então advogado, Edson Ribeiro. Hoje, sabe-se por que o defensor temia tanto que Cerveró falasse. Ribeiro está preso. Foi flagrado em uma conversa com o senador petista Delcídio do Amaral, também preso, armando uma chantagem e, quiçá, uma fuga de Cerveró. Tudo para evitar que o ex-diretor revelasse o que conhece dos esquemas na estatal – enquanto representava Cerveró, Ribeiro advogava, na verdade, por Delcídio, padrinho político do ex-diretor. Cerveró foi adiante com a negociação com os procuradores e, em novembro, fechou o acordo.

No dia 7 de dezembro, Cerveró prestou um depoimento em Curitiba. Nele, apontou os interesses que o levaram ao cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora depois de ter ocupado por cinco anos a Diretoria Internacional da Petrobras – e o que fez para retribuir as indicações. Cerveró delineia como cada degrau de sua ascensão dentro da estatal correspondia a uma conveniência política a ser atendida. Mostra, também, como Cerveró se tornou o mais versátil dos diretores da Petrobras envolvidos no gigantesco esquema de corrupção. Diferentemente de Renato Duque, diretor de Serviços intensamente dedicado a abastecer os cofres do PT, e de Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento mais ligado ao PP, Cerveró era um súdito de muitos senhores: PT, PMDB e PTB.

Embora Cerveró seja ciclotímico e esteja sob fortíssimo estresse, ele revela, aos poucos, que aprendeu a jogar com sua imensa vocação em seguir ordens e em satisfazer as expectativas de seus patrocinadores políticos. Agora, usa esse talento para, com a delação, se livrar de muitos anos em uma cela. É comum que o delator revele paulatinamente o que sabe. Obviamente, ele não pode omitir ou mentir. Mas, especialmente nas passagens que demandam a memória do colaborador, corriqueiramente precisa-­se de mais de um depoimento. Na sessão do dia 7, o termo 11/12 da delação, Cerveró deu uma pequena amostra do que tem a oferecer. No testemunho registrado em meras seis páginas, Nestor Cerveró exibe o potencial de estrago que fazia seu advogado tremer. Encadeando episódios cronologicamente, o ex-diretor narra a promiscuidade com políticos que o usavam sem descanso e como isso acontecia com o aval dos donos das canetas que concedem cargos a parlamentares, cedendo desavergonhadamente ao fisiologismo.



  PRESTÍGIO
O senador Fernando Collor. Segundo Cerveró, sua influência na BR foi endossada por Lula e Dilma (Fotos: Ueslei Marcelino/Reuters e Reprodução)

Antes do termo da delação, vale recapitular como Cerveró chegou ao posto de diretor internacional da Petrobras. Na estatal desde 1975, foi a partir de 1999 que a carreira de Cerveró deslanchou. Naquele ano, Delcídio do Amaral, então um quadro do PSDB, assumia a direção de Gás e Energia. Nascia uma profícua parceria. Cerveró, engenheiro químico que entrara na Petrobras por concurso público e passara 24 anos sem brilhantismo algum, era a nova estrela da maior empresa do Brasil. Em 2002, Delcídio deixou a Petrobras e migrou para o PT, para tentar uma vaga no Senado. Mas jamais abandonou Cerveró. Eleito, Delcídio bancou, em 2003, a ida de Cerveró para a diretoria internacional. Delcídio nega o controle sobre o ex-diretor. Empurra Cerveró para o colo do presidente do Senado, Renan Calheiros – que, sim, também foi responsável pela manutenção de Cerveró no cargo. Logo que foi preso, Delcídio disse que apenas “avalizou” a indicação de Cerveró feita à presidente Dilma Rousseff por Renan. O peemedebista, por óbvio, nega. Ninguém quer o ônus de ter Cerveró como protegido.

>> A operação suspeita da Petrobras que Delcídio temia que Nestor Cerveró delatasse

Foi na Diretoria Internacional que Cerveró passou a dar retorno aos políticos que o promoveram. Cerveró foi o autor do “resumo executivo” que classificava a compra da Refinaria de Pasadena, em que a Petrobras desembolsou US$ 1,2 bilhão por uma refinaria nos Estados Unidos adquirida, um ano antes, por US$ 42 milhões, como um bom negócio. O relatório foi avalizado, em seguida, por Dilma, então presidente do conselho da estatal. Depois da compra da refinaria, ainda era preciso um investimento em obras para modernizar as instalações, o que, no jargão da indústria do petróleo, é conhecido como revamp. Conforme ÉPOCA revelou em setembro, quando propôs o acordo de delação premiada aos procuradores da República, Cerveró afirmou que, ao se acertar que esse contrato ficaria com a Odebrecht, acertou-se também que R$ 4 milhões de propina iriam para a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. 


Em seu depoimento, porém, Cerveró disse que o acerto foi de que a UTC, de Ricardo Pessôa, associada em consórcio com a Odebrecht no revamp, pagaria a propina de R$ 4 milhões e que o destino final do dinheiro seria definido por Delcídio. Esse ponto ainda é investigado pelos procuradores da República e o ex-diretor está sendo questionado sobre a contradição. Cabe ao Ministério Público e à Polícia Federal respaldar as acusações em provas materiais antes de usar as denúncias contra eventuais acusados ou solicitar à Justiça a punição do delator por mentiras ou omissões.

Fonte: Revista ÉPOCA - Leia a íntegra em:
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/01/por-que-cervero-e-tao-temido.html

Lula na mira de Sean Penn

Analistas continuam se referindo a Delcídio como ex-líder do PT, mostrando que brasileiro anistia até sem querer

Deu no “The Piauí Herald”: após a prisão do traficante El Chapo, manifestantes pedem a Sean Penn que entreviste Lula. Seria de fato uma providência oportuna considerando-se as dificuldades encontradas pelas instituições convencionais para livrar o país de um governo criminoso. Vai uma dica para o astro de Hollywood e herói dos picaretas terceiro-mundistas iniciar a entrevista com Lula: “Venerável presidente, me fale da sua gratidão ao grande Nestor Cerveró”.

Segundo Cerveró, Lula o indicou para a diretoria da BR Distribuidora em 2008 por reconhecimento”. É o tipo de solidariedade que comove Sean Penn e toda a esquerda festiva planetária. Vamos explicar esse gesto nobre àqueles que não estão familiarizados com uma certa Operação Lava-Jato (essa denunciada por um manifesto dos advogados dos honoráveis bandidos): como diretor internacional da Petrobras protegido pelo PT, Cerveró fechou um contrato de R$ 1,3 bilhão com o Grupo Schahin para operar um navio-sonda — operação que rendeu um pixuleco de R$ 12 milhões adivinhe para quem, Sean Penn? 

 Acertou, seu danado: para o PT, como confirmou o dono do Schahin em delação premiada.
O intermediário dessa operação progressista foi o companheiro Bumlai, que também vale uma bela entrevista — no caso, já sendo feita pelos investigadores golpistas que o prenderam. José Carlos Bumlai é o amigo de Lula que tinha escritório com os filhos de Lula e aparece como facilitador das montagens e reformas das propriedades de Lula que não são de Lula. São dinheiros que vêm de empreiteiras e se aninham sob a titularidade de laranjas porque socialista que é socialista não tem nada de valor em seu nome, companheiro Sean Penn.

Bumlai foi aquele que montou reunião sobre o navio-sonda com Lula, por indicação do lobista do petrolão Fernando Baiano, e passou a reunião toda vendo um livro do Corinthians. Os R$ 12 milhões do pixuleco petista vieram através de um empréstimo falso a Bumlai (a consagrada tecnologia do mensalão), que depois fingiu que pagou em sêmen de boi fictício. É um enredo eletrizante — e esse boi imaginário também renderia uma bela entrevista. Não se sabe exatamente quanto desses R$ 12 milhões foi para a campanha de Lula em 2006 e quanto foi usado para acalmar um chantagista do caso Celso Daniel, mas isso é questão de foro íntimo. Perguntando com jeitinho, Sean Penn, quem sabe o Lula te conta.

Cerveró, coitado, está lá tendo que decidir o que diz e o que desdiz. Tudo depende, claro, do futuro que lhe for oferecido pelos amigos de fé. O líder do governo Dilma no Senado foi direto para a cadeia depois de oferecer ao companheiro Nestor um futuro arriscado. É muita falta de sensibilidade mesmo oferecer uma vida de fugitivo a um homem que tem a gratidão de Luiz Inácio da Silva. Essa gente parece que bebe.

Felizmente, o Brasil é uma mãe gentil: pela primeira vez na história, um senador com mandato é preso — sendo que esse senador, que estava negociando com a máfia do petrolão, era apenas e tão somente o líder do governo Dilma. Vários comentaristas e analistas continuam se referindo a Delcídio Amaral como ex-líder do PTmostrando que brasileiro anistia até sem querer. O companheiro Delcídio não liderava Rui Falcão e companhia, caros colegas: liderava o Palácio do Planalto e a companheira presidenta — inclusive nas tratativas com os assaltantes da Petrobras.

Nada disso é suficiente para o Brasil providenciar o impeachment. Só você mesmo, Sean Penn. Mas, pelo amor de Deus, não mostre a sua reportagem sobre o reinado de Lula ao companheiro El Chapo. Ele teria uma violenta crise de autoestima. Se o ex-marido de Madonna fosse só ex-marido de Madonna, nem valeria citá-lo. Mas Sean Penn é um ator extraordinário, um artista realmente importante. Entre outras ações impressionantes, usou essa importância para apoiar Hugo Chávez e a ascensão de Maduro que ameaça transformar a ditadura branca do chavismo em ditadura assumida, com um golpe no Congresso. Aliás, essencial para isso tem sido a Suprema Corte venezuelana, que virou arma palaciana para atropelar o Poder Legislativo. Sim, você já viu esse filme — num cinema bem pertinho de você.

Esse negócio de usar o prestígio artístico ou intelectual para defender governos devastadores como o da Venezuela e o do Brasil, por alguma razão obscura, ainda não foi desmascarado. A lenda do coitado continua rendendo dividendos seguros no mercado da notoriedade, ainda que esses gestos solidários sejam tão genuínos quanto o sêmen do boi de Bumlai. Essa lenda vagabunda é hoje, por incrível que pareça, o principal sustentáculo do governo delinquente de Dilma Rousseff. E segue o baile: Lula contrata Nilo Batista, para ter a defesa de um advogado de esquerda. O filão é inesgotável.

Enquanto isso, Dilma quase triplica a verba do fundo partidário, aproximando-a do bilhão de reais — em plena e grave recessão. Eles continuarão comprando tudo e todos com o seu dinheiro, na sua cara. A não ser que você comece a vender um pouco mais caro a sua tolerância.
[Sean Penn, o bom é que a tolerância acaba e a dos brasileiros vai acabar; então aquela imagem que pessoas mais bem informadas conhecem - Mussolini e Clara Petacci - se torna presente, bem presente, sendo composto na Praça dos Três Poderes.]

Fonte: Guilherme Fiuza, jornalista - O Globo

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Como não saber de nada?



Da enxurrada de novas revelações sobre o petrolão e similares, salta aos olhos uma questão politicamente delicada, mas cada vez mais incontornável: alguém pode acreditar de boa-fé que um escândalo dessas proporções possa ter ocorrido, se não com a participação direta e explícita, pelo menos com o tácito beneplácito ou o conhecimento do fato por parte das mais altas autoridades da República, a começar por quem chefia o Estado e o governo? Assim não surpreende que, nos últimos dias, tenham se avolumado as referências de envolvimento direto ou indireto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo do petrolão e, agora, seja a presidente Dilma Rousseff que apareça no noticiário – que é mais policial que político.

Em matéria de escândalos, Lula está escolado. Haja vista o mensalão, que o tempo se encarregou de rebaixar a astro de grandeza secundária numa constelação de atentados muito mais brilhantes à moralidade pública. Na verdade, pode-se dizer que faz parte do charme populista do ex-presidente seu estilo blasé no trato daquilo que a esquerda, por convicção ideológica, e ele próprio, por conveniência, chamam depreciativamente de “moralidade burguesa”. De resto, o ex-presidente parece não se importar com a máxima que recomenda considerar sempre com desconfiança quem faz fortuna material na vida pública.

Dilma Rousseff é caso diferente. Ela tinha razão quando afirmava que não havia objetivamente nada a “embaçar” sua reputação. Mas agora o noticiário registra, a partir de informações constantes da delação premiada do notório Nestor Cerveró, “que Fernando Collor de Mello disse que havia falado com a presidente da República, Dilma Rousseff, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora”. Essa garantia que o senador alagoano teria afirmado ter recebido de Dilma é coerente com a anterior determinação do antecessor dela, Lula, de abrir as portas da BR Distribuidora a Collor “em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional”.

Essa referência ao acordo entre Lula e Collor, quando o primeiro cumpria seu segundo mandato presidencial, baseia-se em delação premiada de Nestor Cerveró e consta da denúncia apresentada ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Essa denúncia tem como acusado o deputado petista Vander Loubet (MS).

A suspeita em relação a Dilma Rousseff, levantada pela delação do ex-diretor da Petrobras, tem, por enquanto, o mesmo valor daquela que atingiu o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a propósito da compra de uma petroleira argentina pela Petrobras. São suspeitas que precisam ser devidamente investigadas e provadas. Governistas e petistas apressaram-se a reforçar a gravidade da acusação a FHC. Pode-se fazer exatamente o mesmo sobre a acusação a Dilma.

A presidente da República afirmou a pessoas próximas, segundo o Globo, que seu antecessor alagoano teria cometido um “exagero” e feito uma “interpretação” da conversa que tiveram, ao passar adiante a versão de que a presidência e a diretoria da subsidiária da Petrobras teriam sido colocadas a sua disposição. Pela “interpretação” de Collor, Dilma teria apenas confirmado aquilo de que ele já dispunha desde o governo Lula, daí ser razoável supor que a presidente teria preferido deixar as coisas como estavam.

Como Dilma não nega a conversa com Collorapenas o “exagero” do senador –, está aí uma clara demonstração de que a chefe do governo tinha conhecimento do fato de que um pedaço importante da Petrobras, a BR Distribuidora, havia sido transformado em feudo de um grupo político “aliado” do governo. Hoje está claro que a empresa na qual Nestor Cerveró ganhou uma diretoria como reconhecimento dos serviços prestados ao PT foi transformada numa usina de ilicitudes, inclusive o desvio de recursos para as contas dos “donos” do pedaço. Foi o preço pago pelo lulopetismo para converter em aliado um dos inimigos que combateu com maior ferocidade nos tempos em que pregava a ética na política.

E Dilma não sabia de nada?

Fonte: Editorial - O Estado de São Paulo 


Aparelhamento e fisiologismo sustentam a corrupção

O testemunho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, na Lava-Jato, dá ideia de como se deram barganhas entre o lulopetismo e políticos

À medida que avançam as investigações na Lava-Jato, com base nas delações premiadas, fatos se entrelaçam com histórias anteriores e surge o contorno do amplo projeto de tomada do poder no Estado e de desvio de dinheiro público para financiar a perpetuação do lulopetismo no Planalto.    O script já é conhecido, mas relatos feitos pelo ex-diretor da Petrobras e BR Distribuidora Nestor Cerveró, no acordo de contribuição com o MP e Justiça, divulgados nos últimos dias, são peças fundamentais nesse quebra-cabeça.

Esta crônica se inicia na campanha eleitoral de 2002, quando José Dirceu ainda não havia convencido Lula a se aproximar do PMDB. E assim o PT precisou costurar pulverizadas alianças com pequenas legendas. Foi quando ocorreu a emblemática reunião entre Dirceu e Valdemar da Costa Neto, deputado paulista pelo então PL, em que o apoio da legenda foi literalmente comprado pelo PT. Bem como a cessão do empresário José Alencar, filiado ao partido, para ser vice na chapa de Lula e, com isso, marcar a abertura ideológica do PT a acordos com outras forças políticas. Eram as sementes do mensalão, devido ao qual Dirceu e Costa Neto viriam a ser presos.

No mensalão, o desfalque dado no Banco do Brasil, para abastecer o propinoduto de Marcos Valério, pelo sindicalista da CUT e militante petista Henrique Pizzolato, ganha maior importância quando visto de uma perspectiva histórica. Ele mostra como sempre foi crucial, para o esquema lulopetista, aparelhar o Estado com a militância. Ter Pizzolato numa diretoria do BB não deixou de gerar dividendos.

Em 2003, aflorou o fisiologismo do PT, outra peça-chave no projeto de cooptação de partidos e grupos. O PL de Costa Neto, por exemplo, depois rebatizado de PR, recebeu em doação o Ministério dos Transportes. Neste toma lá dá cá, Costa Neto e turma tomaram conta do rico orçamento da Pasta, formalmente assumida por Alfredo Nascimento. O mesmo ocorreu com outros ministérios.


O aparelhamento emergiu também na Petrobras, com os sindicalistas e militantes José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Na estatal, fica evidente, nos 40 acordos de delação já firmados na Lava-Jato, a influência decisiva de políticos do PT e aliados na nomeação de técnicos da Petrobras para trabalharem pelo esquema em cargos de diretoria e alta gerência.
Cerveró testemunhou que Lula e Dilma cederam, nessas barganhas, a BR Distribuidora ao senador Fernando Collor (PTB-AL). A presidente diz que o senador não entendeu bem a conversa que tiveram. Mas ele tanto atuou em busca de propinas na BR que está sendo investigado por isso, e com o nome denunciado ao Supremo.

As informações prestadas por Cerveró são coerentes com todo um roteiro seguido para cooptar organizações ditas sociais, partidos, entidades estudantis e políticos, tudo com dinheiro público. Uma história já longa, de mais de década.

Fonte: Editorial - O Globo
 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Rodrigo Janot, finalmente, decidiu atirar em Lula

Collor recebeu de Lula "ascendência" sobre a BR Distribuidora, afirma Janot

A influência de Collor na BR Distribuidora foi levantada também pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró

[o Cunha é peixe pequeno perto do Lula; se o senhor centrar fogo em cima do Lula logo vai descobrir horrores - a blindagem do apedeuta está bem fraquinha - mal segura .22.
Dirija suas baterias e o senhor coloca o Lula e o resto da corja petralha na cadeia. E o senhor sabe disso. Só cabe mostrar que não teme Lula.] 
 
Em denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que em 2009 o senador Fernando Collor (PTB-AL) obteve do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ascendência" sobre a BR Distribuidora. Segundo Janot, naquele ano, parte da subsidiária da Petrobras "foi entregue" a Collor. Loubet é acusado de ter recebido R$ 1 milhão em propina no âmbito da BR Distribuidora.
Fernando Collor foi presidente entre 1990 e 1992, quando sofreu um impeachment. "Após o fim do período de suspensão de direitos políticos, Fernando Affonso Collor de Mello retornou à vida pública. Na condição de senador pelo Partido Trabalhista Brasileiro do Estado de Alagoas - PTB/AL, por volta do ano de 2009, em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional, obteve do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ascendência sobre a Petrobras Distribuidora S/A - BR Distribuidora", afirmou o procurador.

A influência de Collor na BR Distribuidora foi levantada também pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Delator da Operação Lava Jato, Cerveró declarou à Procuradoria-Geral da República que Collor lhe disse, em setembro de 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia garantido ao parlamentar que "estavam à disposição" dele, Collor, a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de 2015, Cerveró relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobras, principalmente na BR Distribuidora.

As declarações de Janot estão em um trecho da denúncia intitulado "Diretorias da Petrobras Distribuidora S/A de indicação de Fernando Affonso Collor de Mello". O procurador afirmou que "o grande agente" do senador era Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor.
"Em nome de Fernando Affonso Collor de Mello, Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos realizou os principais contatos na sociedade de economia mista, operacionalizou negócios em favor de empresas privadas, cobrou vantagens indevidas e adotou estratégias de intermediação e ocultação da origem e do destino da propina relacionada a tais contratos", apontou Janot.
Na denúncia, o procurador-geral cita duas delações premiadas da Operação Lava Jato. Em depoimento, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa citou Fernando Collor. "Ouvia dizer que ele tinha muita influência política na BR Distribuidora", relatou Costa. O ex-diretor, "tratando do 'operador particular' do parlamentar", destacou que "sabe que Pedro Paulo Leoni Ramos também tem bastante influência na BR Distribuidora".

O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, afirmou em sua delação que Fernando Collor e Pedro Paulo Leoni "detinham a indicação política e o consequente controle de duas diretorias da BR Distribuidora". Segundo o empreiteiro, em 2010, o "operador particular" do senador lhe disse: "nós temos uma ou duas diretorias dentro da BR Distribuidora nas quais temos acesso e ascendência".

Procurado, o Instituto Lula informou que não vai comentar. 
Já Rogério Marcolini, advogado de Fernando Collor, disse que o senador não é acusado na referida denúncia, não é parte no mencionado processo, e, portanto, não comentará as conjecturas e especulações do Dr. Rodrigo Janot. A assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni Ramos informou que não vai se manifestar por não ter tido acesso ao teor da denúncia.

Fonte: Estadão - Conteúdo 
 

domingo, 29 de novembro de 2015

Cerveró estremece o poder - certamente a Polícia Federal saberá manter o homem vivo e falante

Por que o PT tem tanto medo de Cerveró

Além de colocar Dilma, Lula, Palocci e Gabrielli no Petrolão, ex-diretor Internacional da Petrobras pode levar a Lava Jato para dentro do BNDES [por estar preso o 'problema' Cerveró não pode ser resolvido com a técnica que resolveu o 'problema' ex-prefeito Celso Daniel.

Para facilitar a resolução do 'problema' Cerveró, Delcídio não resistiu a idéia de propor uma fuga.

O irônico é que agora Delcídio passou a ser mais um 'problema' falante.]

Desde 14 de janeiro, quando os agentes da Lava Jato levaram o ex-diretor de Assuntos Internacionais da Petrobras, Nestor Cerveró, para a carceragem de Polícia Federal em Curitiba (PR), petistas de alto escalão vinham demonstrando uma enorme preocupação com uma possível delação premiada. Ao longo dos últimos dois meses, em conversas reservadas, amigos de Lula que têm o hábito de frequentar o instituto que carrega o nome do ex-presidente, mais de uma vez disseram que uma delação de Cerveró teria maior teor explosivo do que as colaborações policiais que pudessem ser feitas por empresários e lideranças políticas. 

No Palácio do Planalto, entre os mais próximos da presidente Dilma, a conversa não era diferente. Na semana passada, quando ficou praticamente sacramentada a delação de Cerveró, o que era preocupação se transformou em medo explícito. Petistas e aliados têm a certeza de que as revelações do ex-diretor da Petrobras podem levar tanto Dilma como Lula para o olho do furacão, além de comprometer outros líderes ilustres como José Dirceu, Antônio Palocci, Graça Foster e José Sérgio Gabrieli

Na noite da quinta-feira 26, era voz corrente tanto no Planalto como no Instituto Lula que Cerveró detém informações que vão além das falcatruas perpetradas na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA – um negócio que trouxe à estatal um prejuízo avaliado em cerca de US$ 800 milhões – e que pode efetivamente vincular a presidente Dilma ao escândalo do Petrolão “Como conhece muito bem os negócios feitos pela Petrobras fora do País, o Cerveró poderá colocar a Lava Jato dentro do BNDES”, avalia um cacique petista que conversa frequentemente com o ex-presidente Lula.

ELE ESTREMECE O PODER
Delação de Nestor Cerveró transcenderá compra de PasadenaMais do que Pasadena, o que assusta os petistas é a possibilidade de Cerveró detalhar outras operações irregulares feitas pela Petrobras no exterior e que teriam servido para bancar o PT, os petistas e muitas de suas campanhas. Já sabem, por exemplo, que em depoimento prestado aos investigadores da Lava Jato, Cerveró revelou que a campanha de Lula em 2006 recebeu de forma irregular cerca de R$ 50 milhões que teriam sido desviados da Petrobras. A operação se deu a partir de um contrato de exploração de petróleo em águas profundas no litoral de Angola. Cerveró detalhou a operação e revelou que a estatal entrou no negócio com aproximadamente US$ 300 milhões sabendo que teria prejuízo e que estariam aportando recursos em áreas pouco viáveis. 


Procuradores que ouviram o depoimento, dizem que Cerveró afirmou ter ouvido de Manuel Domingos, ex-presidente da estatal angolana de petróleo, que entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões pagos pela Petrobras voltaram ao Brasil para abastecer a campanha do PT. No mesmo depoimento, Cerveró teria dito que toda a operação foi feita com o consentimento e orientação do ex-ministro Antônio Palocci, que na época era membro do Conselho de Administração da Petrobras. Há cerca de duas semanas, os procuradores e delegados da Lava Jato informaram ao ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal, que essas revelações de Cerveró acabaram confirmando o que já dissera em delação premiada um ex-funcionário da Petrobras cujo nome é mantido em sigilo. 

As declarações do ex-funcionário foram prestadas no primeiro trimestre do ano passado. “O caso de Pasadena pode ser apenas um capítulo de um roteiro bem mais amplo. E Cerveró poderá nos esclarecer muita coisa”, disse à ISTOÉ na quinta-feira 26 um dos procuradores da Lava Jato. Outro caso que os procuradores esperam contar com a colaboração de Cerveró para comprovar o pagamento de propinas diz respeito à venda da refinaria de San Lourenço, na Argentina, que envolve o ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.  

Ao contrário do que ocorreu em Pasadena, quando a estatal brasileira fez uma compra superfaturada, na operação da refinaria de San Lourenço, a Petrobras fez uma venda subfaturada e arcou com um prejuízo de US$ 100 milhões. Já há na Polícia Federal um inquérito que investiga o pagamento de propinas com remessas de dinheiro feitas da Argentina para o Brasil. Cerveró disse aos procuradores que  Gabrieli autorizou a venda desprezando diversos relatórios e avaliações internacionais. Uma delas foi feita pela Petrobras Argentina e encaminhada à matriz, no Rio de Janeiro. Segundo esse estudo e relatórios de auditorias independentes também já em poder da PF, o valor da refinaria incluindo 360 postos de distribuição e estoques de combustível poderia chegar a US$ 351 milhões, mas a Petrobras concretizou a venda por US$ 102 milhões.
 
Funcionário da Petrobras desde 1975, Nestor Cerveró assumiu a diretoria Internacional da empresa em 2003. Inicialmente ocupou uma cota destinada ao PMDB, mas com o aval do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Com o passar dos anos, ganhou a confiança de Lula e do ex-presidente José Sérgio Gabrielli. Permaneceu na diretoria Internacional até 2008, quando foi transferido à BR Distribuidora, onde ficou até março de 2014. Condenado a mais de 17 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Cerveró é apontado pela Lava Jato como um operador que pode ter recebido propinas superiores a US$ 30 milhões. “Chegamos a Cerveró a partir das delações feitas pelo doleiro Alberto Youssef e por Paulo Roberto Costa, mas temos a certeza de que ele pode nos contar muito mais do que os dois disseram”, conclui um dos procuradores responsáveis por conduzir a delação premiada do homem que mais assusta o PT.

ISTOÉ - Independente - Mário Simas Filho