Luís Eduardo Saeger Malheiro, dirigente da
cooperativa morto em acidente considerado suspeito, teria confidenciado a
irmão que “tinha de ceder às pressões políticas e, muitas vezes, se via
obrigado a entregar valores de grande monta para as campanhas
eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando os recursos que eram
destinados à construção das unidades habitacionais”
A Bancoop é a
cloaca do petismo. A cooperativa foi criada pelo Sindicato dos
Bancários, já sob o comando do partido, em 1996. Dez anos depois, João
Vaccari Neto, guindado à tesouraria do partido, chegou à presidência da
entidade. E tem início, então, a crise. Investigação conduzida pelo
Ministério Público de São Paulo detectou a transferência ilegal de
recursos para a legenda. O nome disso, obviamente, é roubo.
A
transferência para o partido, segundo a investigação, era feita por meio
da prestação de serviços os mais exóticos, em dinheiro vivo. Havia um
caixa eletrônico, dentro da cooperativa, em que se faziam os saques.
“Tem pagamento da Bancoop para centro espírita, para pesque-e-pague e
empresas de fachada. Não tenho a menor dúvida de que tudo isso é desvio
[para o PT)”, afirma à Folha o promotor José Carlos Blat.
Diretores da
entidade, Vaccari inclusive, são réus num processo por estelionato,
formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Dos
56 empreendimentos da cooperativa, oito não foram entregues, o que teria
lesado 3 mil famílias, com prejuízo que chega a R$ 100 milhões.
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Pois é,
caros leitores… Eu preciso refrescar a memória de vocês com uma
reportagem publicada pelo Estadão no dia 8 de junho de 2008. Leiam com
muita atenção. Ela trata de suposto uso de recursos da Bancoop para
campanhas eleitorais dos petistas — inclusive de Lula e do atual
ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e traz ainda três
cadáveres, todos dirigentes da Bancoop que, por força do cargo, sabiam
demais. Leiam.
*
Vamos refrescar um pouco a memória dos leitores. No dia 8 de junho de 2008, o Estadão trazia a reportagem abaixo, sobre a morte de Luiz Eduardo Malheiro, ex-presidente do Bancoop. Leiam.
*
A morte de Luís Eduardo Saeger Malheiro,
ex-presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São
Paulo), vai ser investigada pelo Ministério Público de São Paulo. A
versão oficial é que Malheiro foi vítima de um acidente de carro, em 12
de novembro de 2004, no município de Petrolina (PE). Mas, segundo seu
irmão, Hélio Malheiro, ele havia sido alertado para reforçar sua
segurança pessoal.
O alerta,
afirmou Hélio, ocorreu no início de fevereiro de 2002. Duas semanas
antes, no dia 18 de janeiro daquele ano, Celso Daniel (PT), prefeito de
Santo André, fora sequestrado e fuzilado em um atalho de terra em
Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Segundo
Hélio, o alerta foi dado por José Carlos Espinoza, que depois seria
chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo.
Para Hélio, o acidente está mal explicado. Em depoimento à Promotoria de
Justiça, ele pediu investigações sobre o caso. Disse que considera
“estranhas as circunstâncias” do desastre que vitimou seu irmão e outros
dois dirigentes da Bancoop.
Hélio
Malheiro depôs terça-feira. Foi o seu segundo relato à promotoria, em
menos de uma semana. No primeiro, dia 29 de maio, ele afirmou ter ouvido
do irmão que “tinha de ceder às pressões políticas e, muitas vezes, se
via obrigado a entregar valores de grande monta para as campanhas
eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando os recursos que eram
destinados à construção das unidades habitacionais”.
CAMPANHAS
Hélio denunciou que recursos que teriam
sido desviados da Bancoop abasteceram a campanha de Luiz Inácio Lula da
Silva à Presidência da República em 2002 e do deputado Ricardo Berzoini
(PT-SP). Ele contou que, naquele dia, em 2002, foi à sede da Bancoop, à
Rua Líbero Badaró, Centro, chamado por seu irmão “para tratar de
assuntos referentes a uma obra”.
Quando
chegou à sala de Luís Eduardo, viu que ele conversava com Espinoza.
Depois, ouviria do irmão: “Esse cara (Espinoza) é segurança do Lula. Em
função da morte do Celso Daniel, ele me orientou a reforçar minha
segurança pessoal.”
“Fiquei
preocupado porque a morte do prefeito não tinha nenhuma relação com a
atividade do Luís Eduardo à frente da presidência de uma cooperativa
habitacional”, declarou Hélio ao promotor José Carlos Blat, que conduz
investigação sobre supostas irregularidades na Bancoop. “Meu irmão
respondeu que se tratava de questões relacionadas ao crescimento da
Bancoop e que o cargo dele estava sendo muito visado. Fiquei bastante
desconfiado.”
A versão que
recebeu sobre o acidente não o convenceu. A ele, disseram que seu irmão
estava no banco traseiro do carro. Na frente iam os outros dois
diretores da entidade. O que estava ao volante teria adormecido e o
carro bateu de frente com um caminhão. O acidente ocorreu à tarde. “Meu
irmão era uma pessoa muito desconfiada. Quando não estava dirigindo, não
dormia em hipótese alguma.”
“É muito
esquisito”, avalia o promotor Blat, que enviou cópia do relato de Hélio
ao promotor Roberto Wider, de Santo André, responsável pela apuração do
assassinato de Celso Daniel. Wider jamais aceitou a versão policial de
crime comum – o prefeito petista, concluiu o Departamento de Homicídios,
foi vítima de sequestradores que agiram sem motivação política.
Para Blat,
“são fortes os indícios de crimes e de caixa dois com recursos da
Bancoop”. Suspeita que a entidade “tem perfil de organização criminosa” e
sustenta: “O caso é muito grave, gravíssimo.”
Blat disse
que Hélio decidiu contar o que sabe e o que diz ter ouvido do irmão
porque a investigação apontava para ele. Outros depoimentos ao
Ministério Público indicam que parte dos recursos que teriam sido
desviados circulou por contas correntes de Malheiro, o morto.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo