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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Bancada ruralista reage ao STF, inicia obstrução e adere à PEC que limita poderes do tribunal - OEstado de S. Paulo

Levy Teles

Frente Parlamentar da Agropecuária aumenta pressão contra a Suprema Corte, que considerou inconstitucional o marco

 Em reação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do marco temporal e por conta da retomada de temas como aborto e porte de drogas, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) e outras bancadas iniciaram obstrução e declararam apoio a um projeto de emenda à Constituição (PEC) que pretende sustar decisões da Corte, como revelou a Coluna do Estadão
Deputados planejam não marcar presença no plenário e em nenhuma comissão para impedir a formação de quórum e barrar votações em qualquer instância da Câmara.
 
 A posição dos grupos indica o ultimato dado ao Senado para aprovar o princípio que só permite demarcação de terras indígenas ocupadas até 1988, ano da promulgação da Constituição. 
O marco temporal foi revogado pelo Supremo na semana passada.

O projeto de lei que restitui a vigência do marco temporal está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O relatório passará por votação no colegiado nesta quarta-feira, 27, para então ir a plenário. Não há expectativa que a proposta vá imediatamente a plenário em caso de aprovação na CCJ.

Como também mostrou o Estadão, deputados aproveitaram a última sessão da CCJ para mandar mensagens ao Supremo. “Não podemos aqui abrir mão da nossa prerrogativa de legislar, senão fechemos o Congresso de uma vez e aguardemos que todas as questões sejam resolvidas pelo STF”, disse Sérgio Moro (União-PR).

Ao lado de outras frentes parlamentares identificadas com pautas conservadoras, a bancada ruralista publicou uma nota oficial nesta terça-feira, 26, Os grupos dizem que não aceitarão interferência na prerrogativa do Congresso Nacional legislar. “Tomaremos as devidas medidas para reestabelecer o equilíbrio entre Poderes”, afirmou o texto.

O presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que já dialoga com líderes dos partidos a fim de abrir espaço para discutir a PEC que pode sustar decisões não-unânimes do STF. “A gente precisa fazer um movimento político que demonstra a insatisfação do Poder Legislativo com essa invasão de competência”, disse. “A gente quer abrir uma comissão especial para discutir o texto. Para isso, precisamos do apoio dos líderes. Vamos conversar com eles”, disse ele, que procurou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do tema.

A PEC, de autoria do deputado Domingos Sávio (PL-MG), altera a Constituição Federal e diz que seriam necessários 1/3 de membros da cada casa — isto é, 171 deputados e 27 senadores — para apresentar proposta de decreto legislativo que susta decisões sem aprovação unânime do STF. “Não há que se falar em um ‘Poder Supremo’ para o Judiciário, mas antes em dever Supremo de assegurar o respeito às leis elaboradas por aqueles que detém o poder que emana do povo”, justifica o parlamentar.

LEIA TAMBÉM: ‘Não estamos fazendo picaretagem com os precatórios; não tem pegadinha’, diz secretário do Tesouro

Sávio já tinha apresentado a PEC no ano passado e fez ajustes. 
A nova versão da PEC reduziu o número de deputados necessários para propor um decreto legislativo para revogar decisões do STF. 
Na versão original, a proposta dizia que a maioria absoluta dos deputados tinha que endossar a apresentação do decreto legislativo. Na nova versão, basta a adesão de 1/3 da Casa.

Política - O Estado de S. Paulo

 

 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Zanin quer passar de advogado, que ganha milhões, a ministro do STF, que ganha R$ 37 mil - Alexandre Garcia

VOZES - Gazeta do Povo 


 
Cristiano Zanin
Cristiano Zanin foi indicado pelo presidente Lula para uma vaga no STF Foto: Paulo Pinto/Agência PT


Eu queria entender porque um advogado que ganha milhões em cada causa, como Cristiano Zanin, de repente, faz um esforço enorme para ganhar R$ 37 mil por mês. Eu não entendo.

Tampouco entendo como é que alguém que é advogado a vida toda de repente vira juiz supremo.  
Pessoa que tem na cabeça a natureza do advogado, que é defender uma causa, defender uma pessoa e de repente se torna juiz, onde só tem que defender a lei, a justiça, o equilíbrio, a Constituição, ouvir a defesa, ouvir a acusação e dar uma sentença ou interpretar um veredito de um júri. Eu não entendo principalmente por causa do lado financeiro. Advogado bom ganha milhões. Ministro de Supremo ganha R$ 37 mil por mês. Claro que tem lá as mordomias. Mas não sei exatamente o que move a pessoa que tem esse sonho.
 
Zanin agora está percorrendo a bancada evangélica.  
Ele vai ser sabatinado no Senado e vai precisar do voto da maioria simples dos 81 senadores. 
Ele está dizendo lá que ele é cristão, terrivelmente cristão talvez até. Defende os valores da família, é contra o aborto, é contra a liberação da droga. É uma vontade imensa de ser ministro do Supremo.

Tomara que um dia passe essa proposta de emenda constitucional do deputado Luiz Felipe de Orleans e Bragança, que exige 20 anos de experiência como juiz e parece que dez anos de mandato. Depois sai, vai outro. Não tem essa história de advogado. Eu me lembro quando fizeram a Constituição, o lobby que fez a OAB para botar advogado em tribunais superiores. Não entendo. Mas, enfim, estão aí os resultados.

Lula não vai à Marcha para Jesus e representante é vaiado
O presidente Lula não foi à Marcha para Jesus, embora tenha sido convidado. Enviou um representante, o ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias. Aquele Messias que estava levando a nomeação de Lula para ministro do Gabinete Civil e que foi impedido pelo Supremo. Tal como o Supremo impediu a nomeação do diretor da Polícia Federal no governo Bolsonaro.

Ele começou a discursar, trazendo o recado do presidente, foi interrompido por vaias. Apóstolo Hernandes pediu à multidão que não vaiasse, mas não adiantou. A multidão vaiou. Lula estava na praia, na Bahia. Sabia que ia ter vaia.

Pesquisa mostra popularidade de Lula: melhor no Nordeste, pior em Curitiba
Mas o presidente está bem em São Paulo, mostra uma pesquisa do Paraná Pesquisas. Em São Paulo, está com 55% aprovação e 38% de reprovação. Onde está mal é em Curitiba, terra do Deltan Dallagnol. Lá em Curitiba, ele está com 53% de reprovação e 43% de aprovação. Onde ele está melhor, com 69% de aprovação, é em Fortaleza. Salvador também, Recife acima de 60%. Porto Alegre, por exemplo, está praticamente empatado. Em Manaus, 49% de reprovação, 44% de aprovação. E no Rio de Janeiro, 49% de aprovação e 44% de reprovação.

Pelo que a gente ouve aí na rua, os resultados até que estão bons para o presidente da república. Parece que o pessoal não está acompanhando o noticiário que está mostrando exatamente o que está acontecendo nesse país.  Eu vejo, por exemplo, que essa história do carro popular talvez tenha ajudado, só que dificilmente vai funcionar. Vamos esperar. Mas acho que não vai acontecer muita coisa em consequência, porque é para beneficiar a montadora, para montadora a as concessionárias desovarem os estoques. Vamos ver o que vai acontecer.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A justificativa de Marina Silva para voltar a apoiar Lula e o PT

Segundo a ex-ministra do Meio Ambiente, o petista é quem reúne neste momento as 'melhores condições' para derrotar Bolsonaro e a 'semente do bolsonarismo'

[Lula = o derrotado, o descondenado e o desesperado se juntou à evangélica (a tal Marina) favorável  ao aborto e sempre escalada para perder. Ela seca tanto,  que ninguém a quer e o Lula sabe que fracassou e procura a quem responsabilizar pela sua derrota para o 'capitão do povo'.]

Marina Silva (Rede) afirmou que apoiará Lula na corrida à presidência deste ano porque o petista é o único concorrente no pleito com condições de vencer Jair Bolsonaro. Durante coletiva de imprensa em São Paulo nesta segunda, a ex-ministra do Meio Ambiente disse que ela e Lula “estão vivendo um reencontro político e programático” para “derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo”. Como o Radar mostrou há pouco, a aliança põe fim a um longo período de afastamento entre Marina, Lula e o PT.

“Nós estamos vivendo aqui um reencontro político e programático. Porque, do ponto de vista das nossas relações pessoais, tanto eu como o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos e de nos conversar, inclusive em momentos dolorosos de nossas vidas. Isso, para dirimir qualquer natureza de afastamento em termos pessoais. Nosso reencontro político e programático se dá diante de um quadro grave da história política, econômica, social e ambiental do nosso país, em que nós temos uma ameaça que eu considero a ameaça das ameaças, que é a ameaça à nossa democracia”, disse.

Marina reconheceu como legítimas as tentativas de outros candidatos de superarem Bolsonaro nas urnas, mas afirmou que o petista é o único que reúne as condições reais para vencê-lo. “Compreendo que nesse momento crucial da nossa história, quem reúne as maiores e melhores condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarista que está se implementando no seio da nossa sociedade, agredindo irmãos brasileiros, ceifando vidas de pessoas por pensarem diferente, é a sua candidatura. Em nome daquilo que está acima de nós, e olhando de baixo pra cima pra ver o que está acima de nós, é que eu manifesto o meu apoio, de forma independente, ao candidato e ex-presidente e futuro presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse.

Radar - Coluna em VEJA


domingo, 13 de março de 2022

Ex-quase tudo + perda total = fracasso total

O Globo - Camila Zarur

Marina Silva cita divergências, mas indica que pode apoiar Lula contra Bolsonaro: ‘Defesa da civilização’

Após longo rompimento, ex-senadora diz que, para superar Bolsonaro, apoio a petista é possível. Definição ocorrerá após debate com a Rede
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, fundadora da Rede, deixa as portas abertas para se reaproximar do ex-presidente Lula, de quem foi aliada e se afastou após sair deixar o governo do petista, em 2008. Candidata à Presidência em três ocasiões (2010, 2014 e 2018), [derrota em todas, já que derrota, ela e seu partido, são sinônimos de FRACASSO]  a ex-senadora ...
[nossa intenção era não gastar bytes com temas inúteis, sem futuro, sem serventia; ; 
ao nosso entendimento, a  evangélica, defensora do aborto, triplamente derrotada, fracassada,  em candidaturas ao cargo de presidente, não merece nenhuma atenção = já entra perdendo.
Só que o nosso "conselho editorial" achou conveniente postar o inicio da matéria, usar como "gancho" para lembrar aos desavisados que essa senhora só não é EX da condição de EX, no resto ela é o EX permanente.
Até ex-evangélica ela é, visto ser inconcebível que uma defensora do aborto se diga evangélica = uma condição  exclui a outra.] 
 
Política - O Globo - MATÉRIA COMPLETA
 

domingo, 19 de julho de 2020

Pedófilos não podem derrubar ministra Damares - Alerta Total

Dinheiro, sexo e poder costumam formar um menage à trois na Política. Em Brasília, a relação tem dimensões perversas – quase nunca abordadas abertamente para o grande público. Acontece que todo mundo sabe que a maioria esmagadora das decisões importantes é tomada nos ambientes controlados pelo submundo da prostituição – que tem honoráveis figuras públicas e artistas famosos como gestores.

A máfia que se diverte e fatura alto com a corrupção trava uma guerra oculta para tirar do cargo a extremamente evangélica Damares Alves. A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos não só tem denunciado que “o Brasil vive hoje a maior violação de direitos humanos da Historia do País nos últimos trinta anos”. As ações de Damares têm batido de frente contra os exploradores de mulheres, jovens e até crianças – transformada em objetos do desejo de políticos, empresários e aspones que orbitam pelos espaços de poder.

Damares é alvo de uma grande covardia. Ela foi alvo de uma notícia-crime (que foi do Supremo Tribunal Federal para a Procuradoria-Geral da República). Tudo sob a desculpa esfarrapada de que pediu a prisão de governadores e prefeitos naquela famosa reunião ministerial de 12 de abril. Damares apenas desabafou: “A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão a processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos”. [Pedir a prisão de alguém, seja quem for, não é crime;
se o motivo for fundamentado com provas a prisão deve ser decretada, na forma da legislação;
se restar provado que a prisão foi solicitada com base em provas falsas é dever da autoridade negar a prisão e denunciar quem fez o pedido por crime de falsidade.
Óbvio que o pedido deve ser redigido de forma respeitosa e sem ofensas que possam gerar provas contra o autor.]

Formalmente, Damares foi denunciada pela prática do crime capitulado no artigo 18 da Lei nº 7170, por flagrantemente ter tentado impedir, com emprego de grave ameaça, o livre exercício dos Poderes dos Estados, no caso a atuação de governadores e prefeitos. Acontece que aquilo que parece não é. O que Damares disse é mera desculpa esfarrapada. Os inimigos querem pegar Damares pelo que ela tem feito de ataque direto à poderosa organização criminosa que explora mulheres, adolescentes e crianças.

A cúpula da Esplanada sabe como toca a banda da sacanagem. Raros são os que falam escancaradamente sobre o assunto. Sábado à noite, via twitter, o polêmico presidente do PTB, Roberto Jefferson, resolveu escancarar o que existe por trás do escroto ataque à ministra Damares Alves.
Bob Jeff detonou, em estilo enigmático: “O grande comentário em Brasília é que o ataque à Ministra Damares não é motivado por suas palavras contra prefeitos ou governadores, mas pelas suas recentes ações assertivas contra a PEDOFILIA. Há um urubu que só come filhotes de aves no ninho. Sua capa vai cair”.
Se as questões da pedofilia e da prostituição infantil forem tratadas seriamente na Esplanada do Mecanismo muita gente poderosa cai em desgraça. A podridão moral dos poderosos tupiniquins é nojenta. Lamentavelmente, é mais fácil Damares acabar derrubada do que enfrentar a OCRIM da Prostituição e Pedofilia que serve aos poderosos.

O Presidente Jair Bolsonaro tem o dever moral de usar toda energia política e coragem para defender Damares Alves, mesmo sabendo que vai contrariar muitos inimigos e até aliados que desfrutam da criminosa putaria na capital Federal.  Onde estão os defensores dos direitos humanos que não têm coragem de lutar ao lado da Damares, na briga gigantesca que ela encarou?  

Alerta Total - Jorge Serrão, Editor-chefe


domingo, 12 de julho de 2020

O novo ministro do Supremo - Joaquim Falcão


O Globo

Fidelidade a posteriori não é garantida. Nem aqui, nem em democracia alguma


A dúvida básica quanto à escolha de um novo ministro do Supremo é sobre sua fidelidade. 
Ele ou ela será fiel ao partido, à ideologia, à própria pessoa do presidente da República que lhe indicou? 
E aos senadores que aprovaram? 
Ou lhes será independente? 
[o ideal é a imparcialidade, a independência, julgar conforme as leis e a sua consciência, cuidando de que em nome da independência e imparcialidade porém não se deixe levar pelos 'auditores' - mídia, opositores, invejosos, etc - e esteja sempre contra o presidente. A vitaliciedade precisa acabar - os que tem votos não são vitalícios,  - não podem nem devem ser, é sem sentido que  os indicados muitas vezes por uma função que exerceram de forma conveniente ao presidente indicador - testados em uma sabatina formal, apenas para cumprir tabela sejam vitalícios.
Com um detalhe: mandato de dez anos, sem direito a recondução, ou até completar 70 anos.
Os 75 anos como teto tem complicado bastante.]



Na nossa situação atual, acredito ser esta dúvida quase ultrapassada. Desatualizada. Parece que está havendo uma inversão. O candidato, e são muitos, tem que se mostrar fiel ao presidente e aos senadores antes da indicação. Tem que merecer ir ao Supremo por serviços já prestados. E não por serviços a prestar. Vivemos situação muito peculiar. São muitos os processos judicializados e as investigações em curso que tocam à presidência, sua família, alguns dos senadores e seus familiares também. A nomeação de um ministro que já tenha prestado serviços é mais segura do que a de um que ainda poderá vir a prestá-los. Ou não.

Hoje a Presidência e alguns senadores precisam, por exemplo, de um ministro da Justiça litigante a seu favor, inclusive nos autos. O Supremo será decisivo. O que é pouco usual. Precisam que a Procuradoria-Geral da República acate suas teses. Precisam parar forças-tarefas contra a corrupção. Precisam parar ou adiar processos onde são investigados os denunciados. Precisam libertar testemunhas incômodas e atualmente na cadeia. Precisam de órgãos de controle que controlem sem lhes causar danos. Ou que controlem apenas seletiva e vagarosamente. Precisam dificultar e submeter a Polícia Federal. Precisam lhe trocar a pauta. Que investiguem e prendam outros. Mas não os seus.

Precisam de congressistas para reforçar sua base evangélica, por exemplo. Precisam mais da fidelidade agora, ex-ante. Do que depois, ex-post. Mesmo porque a fidelidade a posteriori não é garantida. Nem aqui, nem em democracia alguma. A independência do cargo pode ter mais peso do que a fidelidade pessoal. Às vezes demora. Mas presidentes passam, e ministros permanecem.  PT que o diga, diante da independência de Joaquim Barbosa, Ayres Britto, Cezar Peluso e outros durante o mensalão. O regime militar que o diga, diante do desassombro de Adaucto Lúcio Cardoso, conforme narra Felipe Recondo em seu livro “Tanques e togas: O STF e a ditadura militar”. Dilma Rousseff que o diga, diante do atuante Luís Roberto Barroso.

Agora mesmo, o presidente da Suprema Corte americana, John Roberts, e o justice Neil Gorsuch, indicados por sua sintonia com os ideais republicanos, de George Bush e do próprio Donald Trump, votaram a favor dos direitos das populações LGBTQ. O que mereceu o seguinte tuíte de Donald Trump, em 18 de junho: Estas horríveis decisões politicamente carregadas que estão vindo na Suprema Corte são tiros que estouram na cara das pessoas orgulhosas de serem chamadas de republicanas e conservadoras” (tradução livre).

Pesquisa recente sobre indicação de membros para nosso Supremo, no livro “Supremo interesse”, do professor Álvaro Jorge, indica, sintomaticamente, que muito tem crescido o número de ministros cuja origem tenha sido em proximidades ou em cargos federais. Cerca de 60% entre 1988 e hoje. Já foi dito que se queres controlar uma pessoa, não controle seu presente. Controle seu futuro. Controle sua ambição. Seu desejo. Controle a vaidade de seu futuro. O poder às vezes é como o amor. Quanto mais desejo, maior o vínculo da entrega.
Possivelmente, o presidente da República controlará a ambição dos candidatos até o dia que forem aceitos. São muitas as ambições.
O sucesso desta estratégia de indicação será fazê-los competir agora. Por palavras, atos ou omissões.

Joaquim Falcão, professor titular da FGV/RJ - O Globo


quarta-feira, 29 de abril de 2020

O fator Moro - Coluna de Alexandre Garcia

Correio Braziliense


''Moro deixa a esquerda no dilema de ter de elogiar o juiz que condenou Lula e os tesoureiros do PT. Pode ser instrumento de quem se alia até ao coronavírus para enfraquecer o presidente''

Foi uma grande perda para o governo, a saída do ex-juiz Sergio Moro, símbolo do combate à corrupção e um dos ícones do ministério. Ainda ministro, fez denúncias contra seu chefe, segundo as quais Bolsonaro queria ter “relações impróprias com a Polícia Federal”. Despediu-se oferecendo-se “à disposição do país”. Quando Mandetta estava no auge, um veterano prócer político do Paraná me disse que iria lançá-lo como imbatível candidato à Presidência da República. Alertei-o de que se tratava de um cometa. Brilhou e passou. Moro tem mais luz própria, está mais para astro e pode gravitar na política.

Perda para o governo, sim, mas sua saída pode atrapalhar a oposição, se não ficar restrita à sua perda de uma carreira de juiz e de uma cadeira no Supremo. Pode ser candidato antiBolsonaro. E aí o sonho de Moro vira pesadelo para aspirantes que se expuseram à chuva antes do tempo. Moro deixa a esquerda no dilema de ter de elogiar o juiz que condenou Lula e os tesoureiros do PT. Pode ser instrumento de quem se alia até ao coronavírus para enfraquecer o presidente. Mas, como ele disse, tem a biografia.  Que ficou arranhada com a divulgação dos prints de pessoas que nele confiaram, seu chefe e sua afilhada de casamento.

O ministro-relator Celso de Mello concedeu a abertura de investigação sobre as denúncias de Moro para apurar os interesses do presidente na PF, mas também para saber se houve denunciação caluniosa e crimes contra a honra por parte de Moro. No Supremo, Gilmar, Lewandowski e Toffoli são críticos do juiz Moro. O mesmo acontece com Rodrigo Maia, com a esquerda magoada e com investigados do Centrão, na Câmara.

Rodrigo Maia acaba de repetir que não é tempo de impeachment. Ele sabe que não há votos para isso. Só as bancadas ruralista, evangélica e da segurança já garantem que não passa. Além do que, a esquerda há de se perguntar se não seria melhor ficar desgastando Bolsonaro a ter na Presidência um duro como Mourão. O mais decisivo é que não há impeachment sem povo. 

Goulart foi derrubado porque antes o povo ocupou as ruas; 
Jânio não conseguiu voltar atrás na renúncia porque o povo não saiu por ele; 
Collor pediu o povo a seu favor, e o povo veio contra; 
e Dilma foi o que vimos. 
Moro saiu, e o presidente aproveitou para vitaminar Guedes e Tereza Cristina, encerrando incertezas do mercado e do agro. E Bolsonaro põe na polícia e no ministério gente de confiança. André Mendonça é um premiado no combate à corrupção. Ramagem fez a segurança do candidato Bolsonaro. A mudança deixa mais tranquilo o presidente. Mas, para a oposição, o fator Moro “à disposição do país” pode ser motivo de intranquilidade.

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense



quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Culpa na judicialização das relações políticas - Valor Econômico

Fernando Exman 


Culpa na judicialização das relações políticas .... e econômicos repelindo abusos ou comportamentos excessivos de agentes do Estado.
Estudo coloca em xeque críticas de ativismo judicial

O Supremo Tribunal Federal encerra 2019 em lugar de destaque no noticiário e no imaginário popular. Quando o cidadão comum lembra com mais facilidade o nome dos 11 ministros da Corte Suprema do que a escalação de muitos times de futebol, contudo, há que se debruçar sobre as razões desse fenômeno.  Para integrantes da cúpula do STF, o Judiciário exerceu papel fundamental para serenar as crises institucionais que insistiram em rondar a Praça dos Três Poderes. Na opinião de dirigentes partidários, julgamentos e decisões foram muitas vezes, respectivamente, cenários e protagonistas de episódios da conflagrada guerra política com a qual o país convive há anos.

Mas uma tese dificilmente pode ser refutada por lideranças partidárias: são os partidos alguns dos principais responsáveis pelo chamado processo de judicialização da política que tanto criticam. Ainda mais quando as legendas estão na oposição. [existe dois partidos nanicos, um tal de Rede e um Psol, que por falta de votos, tentam atrair atenção judicializando as mais ínfimas questões - muitas vezes contestando o Poder Executivo que está apenas exercendo sua competência constitucional.
Até aquela candidata padrão - evangélica favorável ao aborto e sempre escalada para perder - ousa contestar o presidente da República,]

Em muitos casos, o Supremo se tornou a única opção de quem é minoria na Câmara e no Senado. Sobretudo diante da constatação de que distintos governos têm transformado o Palácio do Planalto em uma espécie de fábrica de editar medidas provisórias e decretos.  O uso parcimonioso das ações judiciais é legítimo e deve ser visto como um ato do jogo, uma vez que está previsto na Constituição. Mas a judicialização da política acabou virando uma prática do dia a dia de alguns partidos.

Há diversos instrumentos, nos regimentos do Parlamento, para se tentar modificar ou obstruir o avanço das propostas originadas no Planalto. Mesmo assim, não raro os partidos de oposição têm dificuldades de atuar em conjunto.  É mais fácil - e midiático - ir direto ao Supremo e tentar anular muito do que vem pela frente. Legislar dá trabalho e não garante vitória. Judicializar dá trabalho, mas mais ao STF do que às siglas. Também não garante vitória, embora pelo menos seja mais fácil de marcar posição e assegurar um discurso para o eleitor em desalento.

Um estudo feito pela área técnica do STF é elucidativo. O levantamento abrange o chamado controle concentrado de constitucionalidade, que se refere a processos específicos que só podem ser julgados pelo Supremo. Por exemplo: as ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), as ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs), as ações diretas de inconstitucionalidade por omissão (ADOs) e as arguições de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs).  Segundo o estudo, de um total de 5.734 processos de controle concentrado propostos entre 1995 e 2019, houve atuação partidária em aproximadamente 20%. Ou seja, 1.145 ações. As demandas apresentadas individualmente por deputados e senadores não foram objeto da pesquisa da área técnica do STF. As restantes 4.589 ações foram propostas por confederações sindicais, pelos presidentes da República, do Senado e da Câmara, além de assembleias legislativas, governadores, OAB e PGR.

As ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) são as preferidas dos políticos. Elas são as classes processuais mais utilizadas, totalizando 83% das ações. Têm como alvo leis ou atos normativos federais ou estaduais. Nesses casos, o STF faz uma análise em abstrato da norma impugnada, sem avaliar sua aplicação a um caso concreto.  A partir de 2015, no entanto, aumentou consideravelmente o número de arguições de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs) propostas no Supremo pelos partidos. Em 2014, elas representavam 3%. Já são 26% do total neste ano.

Vinculantes e abstratas, as ADPFs têm alcance amplo. Visam reparar ou evitar dano a algum preceito fundamental da Constituição eventualmente provocado por algum ato do poder público. Podem ter como alvo lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal - incluídos os anteriores à Constituição de 1988. A descrição é o suficiente para entender o motivo do crescente interesse do meio político por esse instrumento.  Das 1.145 ações apresentadas por partidos no período estudado, 77% foram apreciadas pelo Supremo. Destas, 84% foram rejeitadas. Um índice que merece ser analisado com atenção, diante do risco de banalização desse tipo de demanda.

Restam pendentes 266 ações, das quais aproximadamente 60% foram propostas nos últimos cinco anos. Estão prontas para inclusão em pauta 59. Vinte aguardam parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) ou manifestação da Advogacia-Geral da União (AGU), segundo o levantamento do STF. O plenário do STF iniciou o julgamento de 13. Assim, o quantitativo de processos “efetivamente pendentes” totaliza 174, o que representa em torno de 15% das demandas apresentadas pelos partidos políticos entre 1995 e este ano.  Na média, foram apresentadas 46 ações por ano pelos partidos. Os períodos mais intensos foram 2000 e 2001 - ápice do número de ações de controle concentrado de autoria das legendas. Ocorreu uma queda digna de registro de 2011 a 2013, mas elas voltaram crescer novamente a partir de 2014.

Em 2019, os advogados do Rede e do PDT foram os que mais frequentaram o protocolo do STF. O PDT também encabeça o ranking em outros anos, assim como o Psol, o Solidariedade e o PT. Quando oposição, DEM e PSDB fizeram o mesmo.  Neste ano, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli sinalizou a intenção de ter como referência o mandamento constitucional de trabalhar pelo respeito entre os Poderes, com prudência. Para ele, a Corte deve moderar os conflitos políticos, sociais e econômicos repelindo abusos ou comportamentos excessivos de agentes do Estado. É justamente o que consta da Lei.

Ao fazer seu trabalho e interpretá-la, é natural que o STF e seus integrantes fiquem expostos a críticas e a elogios. O estudo do STF, contudo, dá argumentos para quem tenta afastar do Supremo as imputações de prática de “ativismo judicial”. É cada vez mais necessária uma análise sobre a responsabilidade dos partidos, sobretudo em meio à crescente deterioração da imagem da política e dos políticos.

Fernando Exman, colunista - Valor Econômico


sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Bolsonaro já mira a reeleição - Nas entrelinhas

“A criação do Aliança pelo Brasil sinaliza uma reorganização do quadro partidário, ainda que num primeiro momento à custa de mais fragmentação, pois nasce de um racha no PSL”


O presidente Jair Bolsonaro já tem um partido para chamar de seu, o Aliança pelo Brasil, cujas principais bandeiras são a livre iniciativa, a posse de armas, o combate ao comunismo e ao globalismo e a defesa da família e da infância, segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga, principal estrategista da criação da legenda. Na presidência de sua comissão provisória, Bolsonaro conta com o apoio dos filhos Flávio, Eduardo e Carlos para cumprir as exigências da legislação eleitoral, entre as quais a coleta do mínimo de 491.967 assinaturas, em nove unidades da Federação, até março, para poder participar das eleições municipais.

Entretanto, se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não autorizar a coleta de assinaturas eletrônicas, ou seja, pela internet, Bolsonaro não pretende participar das eleições municipais do próximo ano.Trocando em miúdos, Bolsonaro lançou um partido com objetivo de com ele disputar a reeleição à Presidência. [atualização, clique aqui] Essa é a missão principal do Aliança pelo Brasil, que busca unificar a extrema direita brasileira, tendo como núcleo central os parlamentares das bancadas evangélica, ruralista e da bala. Há um ideário político por trás dessa definição, sem dúvida, mas também há um cálculo eleitoral estratégico: com o governo federal nas mãos e um partido que represente os setores mais conservadores da sociedade, Bolsonaro acredita que estará no segundo turno das eleições, na pior das hipóteses.

Esse cálculo parte do princípio de que a estratégia de polarização da sociedade entre direita versus esquerda é o melhor caminho para preservação do poder, ainda que não o seja para realizar um bom governo. Faz todo sentido, desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continue esticando o outro lado da corda, à frente do PT e seus aliados de esquerda, sem nenhuma intenção de moderar o confronto com Bolsonaro. Nessa perspectiva, os demais candidatos que se apresentarem no processo — o ex-ministro Ciro Gomes (PDT); o governador paulista, João Doria (PSDB); o governador fluminense, Wilson Witzel (PSC); e o apresentador Luciano Huck, que está costeando o alambrado, como diria Leonel Brizola, e talvez seja candidato pelo Cidadania — seriam protagonistas da pulverização dos votos à margem do bolsonarismo e do lulismo.

Fulanização”
É óbvio que esse raciocínio nem sempre se reproduz no processo eleitoral. A rigor, essa polarização extrema somente ocorreu nas eleições de 1989, com a vitória de Collor de Mello (PRN ), e agora, em 2018, com a de Bolsonaro. Mesmo assim, há que se dar um desconto, porque a candidatura de Collor de Mello centrou fogo nas lideranças políticas tradicionais, mas cavalgou a esperança despertada pela redemocratização do país. Nas eleições passadas, Bolsonaro fez uma campanha antissistema, aproveitando-se do desgaste da democracia, que centrou fogo nas instituições políticas, nos direitos humanos e nas pautas identitárias, ao contrário de Haddad. O centro político foi esmagado e até hoje não conseguiu se recompor.

Os esforços nessa direção ainda não ganharam a força necessária para que se forme um bloco político como alternativa de poder. A “fulanizaçao” dessas forças de centro, como gosta de dizer o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda está por acontecer. O que predomina são as tendências centrífugas das disputas locais, em razão das eleições municipais, as quais Bolsonaro está esnobando, porque detém o poder mais concentrado do país, o da União. Em contrapartida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que protagonizou todas as disputas eleitorais desde 1989, aposta nas eleições municipais para resgatar o PT do gueto político no qual está confinado em razão do “mensalão” e da Operação Lava-Jato. É pagar pra ver.

De certa forma, a criação do Aliança pelo Brasil sinaliza uma reorganização do quadro partidário, ainda que num primeiro momento à custa de mais fragmentação, pois nasce de um racha no PSL. As candidaturas de Ciro, Doria, Witzel e, eventualmente, Huck apontam para a mesma direção, sendo que esse processo ainda comporta muitas surpresas. Bolsonaro e Witzel, em tese, disputam o mesmo espaço; igualmente, Doria e Huck. Ciro é um caso à parte, pois queimou os navios com Lula e o PT, não pode abduzir Haddad nem vice-versa, embora a prudência não recomende tal afirmação tão categórica.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Mudança da Embaixada para Jerusalém

Consulado-geral na cidade poderia evitar mudança dramática na nossa política externa

[o volume de negócios do Brasil com Israel,  não justifica a pressa em mudar a sede da embaixada brasileira - foi uma promessa feita por afogadilho do nosso presidente e, que, felizmente, teve seu cumprimento adiado 'sine die';

as prioridades com alguns países precisam ser fundamentadas nos interesses economicos e certamente desagradar dezenas de países árabes não está entre as mais adequadas.]

Durante a campanha eleitoral, o candidato Jair Bolsonaro disse que, se eleito, iria transferir a Embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém: “Israel é um Estado soberano, que decide qual é sua capital, e nós vamos segui-lo”. A promessa respondia à reivindicação da comunidade evangélica, que apoiava fortemente o candidato. Depois de eleito, o presidente decidiu dar prioridade às relações com Israel e se comprometeu a concretizar a transferência a ninguém menos que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que em entrevista disse que a “questão não é se, mas quando”. Posteriormente, Bolsonaro recuou ao afirmar que “essa não é uma questão de honra” e “por ora” não haveria transferência, o que deve ter estimulado o vice-presidente Hamilton Mourão a receber duas delegações árabes e observar publicamente que “não haverá mudança da embaixada para Jerusalém”. O chanceler Ernesto Araújo qualificou declarações anteriores e notou que a decisão seria “parte de um processo de elevação do patamar da relação com Israel, isso, sim, uma determinação, independente da mudança ou não da embaixada”. A comunidade evangélica reagiu e deixou saber que vai cobrar a decisão presidencial para concretizar a transferência.
Como era previsível, a ideia causou reação em diversas frentes. Na área diplomática, porque representaria uma guinada radical na política externa brasileira, que desde 1947 se mantém coerente com o apoio da política de uma solução negociada para o conflito Israel-Palestina, com a implementação da política de dois Estados, com a criação também do Estado Palestino. Caso venha a concretizar-se, o Brasil ficará em Jerusalém ao lado apenas da Guatemala, que se alinhou automaticamente aos EUA. Por outro lado, a Liga Árabe e a União das Câmaras Árabes de comércio manifestaram preocupação com essa eventual decisão e uma comitiva ministerial brasileira teve visita ao Egito cancelada.

Na área econômica houve reação mais explícita, com menção à perspectiva de as exportações brasileiras de frango e carne bovina poderem vir a ser suspensas. O Ministério da Agricultura e associações de produtores manifestaram apreensão quanto às consequências negativas para as exportações brasileiras e a balança comercial. Nas prioridades para os primeiros cem dias de governo, o Itamaraty incluiu a visita presidencial a Israel e o interesse em ampliar a colaboração nas áreas de defesa, segurança e tecnologia. E em pronunciamento recente nas Nações Unidas, o representante alterno brasileiro reafirmou a política do Itamaraty de dois Estados, indicando que nada havia mudado.
O governo brasileiro tem assim nas mãos uma questão delicada a resolver, procurando evitar ao mesmo tempo um desgaste desnecessário com Israel e uma perda significativa para o agronegócio. Qualquer que seja a decisão do governo, não está em questão o interesse em elevar o nível do relacionamento bilateral com Israel, mantendo a posição tradicional de excelente relação bilateral. Nesse contexto, cabe mencionar um antecedente histórico que poderia ajudar na busca de uma solução de compromisso para essa questão. O Brasil tem uma relação histórica com Israel, desde que o então presidente da Assembleia-Geral da ONU, Oswaldo Aranha, coordenou pessoalmente a aprovação da resolução de 1947 que determinou a criação dos Estados e Israel e da Palestina. 
[Oswaldo Aranha foi presidente temporário da ONU e nesta condição presidiu a Assembleia citada;
na realidade ele sequer era o representante oficial do Brasil na ONU - o então representante faleceu e seu lugar foi ocupado, interinamente, por Oswaldo Aranha e a interinidade coincidiu com a realização da Assembleia-Geral que determinou a criação dos Estados de Israel e Palestina, resultando na criação dos dois Estados, sendo a Palestina o primeiro Estado a ser criado sem território geográfico.]
No governo de Juscelino Kubitschek, com Macedo Soares como chanceler, foi instalada a representação diplomática com a criação da legação do Brasil na capital, Tel-Aviv. Em 27 de março de 1958, a legação foi elevada ao status de embaixada. Como medida de rotina diplomática, e a fim de evitar contrariar a política dos dois Estados, por decreto de 22 de abril do mesmo ano o governo brasileiro decidiu criar um consulado-geral em Jerusalém. Em 1993, com Itamar Franco e Celso Amorim, o decreto foi revogado. O posto, assim, nunca chegou a ser efetivamente aberto.

A exposição de motivos que justificava a criação do consulado-geral, publicada nos jornais na época, causou controvérsia por imprecisões diplomáticas sobre as peculiaridades da disputa regional. Na consulta realizada ao governo de Tel-Aviv sobre a abertura do consulado foi afirmado que não seria objetada a criação de “uma seção consular” da embaixada, o que contrariava a decisão anunciada pelo governo de Juscelino Kubitschek, que talvez tenha motivado a não designação de pessoal para o posto. Indagado sobre as razões que levaram o governo brasileiro a abrir o consulado-geral em Jerusalém, Macedo Soares disse que foi “por razões espirituais, políticas e diplomáticas”. Mencionou também que “a existência de uma repartição consular brasileira” significava “a presença de milhões de católicos brasileiros na Cidade Santa”, que “a principal missão dos consulados é a defesa e o amparo de brasileiros que se acham no exterior” e, no caso de Israel, “de peregrinos que se encontravam naquela cidade”.
A recriação do consulado-geral em Jerusalém poderia ser uma solução para evitar uma mudança dramática de diretriz de política externa de mais de 60 anos. Essa solução - amparada em precedente histórico - seria até melhor, do ponto de vista brasileiro, do que outras soluções, como a criação de um escritório comercial em Jerusalém, a exemplo do que fez a Austrália. Ao anunciar o estabelecimento do escritório, o primeiro-ministro australiano manteve a coerência de sua administração e confirmou sua posição favorável à política de dois Estados. Apresentada de maneira apropriada, o governo israelense e a comunidade evangélica entenderiam a decisão do Brasil, coerente com sua tradicional atitude, compreendendo as dificuldades internas para alterar uma política tão consolidada e evitar o isolamento internacional.
 

Rubens Barbosa é presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio exterior -  O Estado de S. Paulo
 

domingo, 23 de dezembro de 2018

Damares Alves vê ministério como 'chamado divino'

Escolhida por Bolsonaro, futura titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos é conhecida por defender ‘direito à vida’ e políticas conservadoras

Na manhã do dia 6 de dezembro, Damares Alves, como de costume, auxiliava seu então chefe, o senador Magno Malta (PR-ES), na condução da CPI dos Maus Tratos no Senado. A comissão investiga crimes contra crianças e adolescentes, assunto caro à evangélica Damares. Ela, no entanto, deixou a sala antes do fim da reunião. Quando Malta encerrou as discussões, voltou ao gabinete, e encontrou sua assessora dando entrevistas como futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. [os temas que dão nome ao ministério,  que será ocupado por Damares, não justificam mais uma pasta - os três assuntos poderiam ser tratados pelo Ministério da Cidadania, apesar de haver dúvidas se há necessidade de uma pasta para cuidar da 'cidadania'.
É também um tema que ficar muito bem cuidado com o status de Secretaria e vinculado a um ministério, digamos, tradicional.]

Segundo amigos próximos, Damares foi surpreendida pelo convite de Jair Bolsonaro e decidiu aceitá-lo porque entendeu que se tratava de um “chamado divino”. A decisão foi previamente discutida em seus grupos de WhatsApp. Malta sabia do interesse do presidente eleito pela sua assessora, mas levou um susto com o anúncio. A história acabou estremecendo a relação entre os dois. [o senador 
esnobou convite do presidente eleito, para ser seu vice e, obviamente, a recusa deixou a impressão de desinteresse em fazer parte do futuro governo - apesar de ter participado com grande empenho da campanha do capitão.]


Assim que seu nome foi anunciado, internautas resgataram vídeos de palestras em igrejas, em que Damares contava que viu Jesus em um pé de goiaba. A história, colocada fora de contexto, levou a uma onda de memes que irritaram o presidente eleito. No Twitter, Bolsonaro disse ser “extremamente vergonhoso debocharem do relato”. A futura ministra acabou esclarecendo que a aparição havia se dado durante um quase suicídio, após sofrer sucessivos estupros quando criança, cometidos por pastores. Para o grande público, tudo foi uma grande e chocante novidade, mas o assunto fazia parte de suas pregações pelo País.

Em vídeos no YouTube, é possível ver uma futura ministra que brada contra a discussão de temas relacionados a gênero nas escolas e diz que a educação sexual precisa ser autorizada pelos pais. Mas também que afirma que “os cristãos sempre acolheram os gays”. A retórica é simpática, eloquente e emocional.  Damares faz apresentações didáticas, com uso de slides. Um deles mostra um material feito pelo Ministério da Saúde sobre prevenção do HIV, com cenas de sexo. A evangélica afirma que ele foi mandado para escolas, “para crianças de 10 anos”. “Vocês não estão prestando atenção ao que está acontecendo com seus filhos nas escolas brasileiras”, dizia aos fiéis, anos antes de livros contra a homofobia, apelidados de “kit gay”, se tornarem tema das eleições. Procurado, o Ministério da Saúde informou que o material é para adultos e “nunca foi distribuído às escolas”. 

Aborto e gays.
“Se a gravidez é um problema que dura só nove meses, o aborto é um problema que caminha a vida inteira com a mulher”, disse Damares, para indignação das feministas, em uma das suas primeiras declarações como futura ministra da Mulher. E, mais ainda, vai apoiar um projeto que dá direitos ao feto e restringe o acesso ao aborto legal. A proposta foi vista como uma espécie de “bolsa-estupro” para mulheres que decidirem não abortar.
O amigo e deputado federal Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ) conta que Damares é admirada no meio evangélico pela “dedicação para valorizar a vida, os direitos humanos e conservadores”. E é isso que a maioria do povo brasileiro quer, acredita ele. “Ela tem competência técnica e experiência para ser uma ministra em plena sintonia com Bolsonaro.”
 
Damares Regina Alves, de 54 anos, nasceu em Paranaguá, no Paraná, mas se mudou cedo para Sergipe. “Me autodeclaro sergipana por ser o lugar mais lindo do mundo”, disse ela, em mensagem de WhatsApp ao Estado. Morou ainda na Bahia e São Paulo, acompanhando o pai pastor. Formou-se professora e advogada. “Não esquece de colocar na matéria que, segundo pesquisas, sou a pastora mais bonita do Brasil, corintiana feliz e convicta.”  Em 1999, mudou-se para Brasília para trabalhar no gabinete do tio, o deputado e pastor Josué Bengtson (PTB-PA). Três anos depois de deixar a assessoria, em 2006, o parlamentar foi alvo da Operação Sanguessuga, acusado de desviar recursos para compra de ambulâncias. As ações prescreveram. Até 2015, quando começou a trabalhar com Malta, foi ainda secretária parlamentar de cinco deputados da bancada conservadora. 

Índios
Damares é divorciada, adotou uma menina indígena, hoje com 20 anos, e quer adotar mais duas crianças. O abuso na infância a teria impedido de ter filhos. A garota foi salva do que ela chama de “infanticídio indígena” e que se tornou uma de suas principais causas. Ao conhecer mães que haviam fugido de aldeias porque discordavam da cultura de matar crianças com deficiências ou doenças graves, ela resolveu fundar uma ONG sobre o assunto. “A batalha dela é pela vida. Já recebeu famílias indígenas em casa porque não tinham onde ficar”, conta a advogada Maíra Barreto Miranda, cofundadora da ONG Atini. As duas lutaram na Câmara pela aprovação de uma lei para proteger as crianças indígenas. Mas um filme sobre o tema, coproduzido pela Atini, foi proibido de ser divulgado pelo Ministério Público Federal. O órgão entendeu que ele leva à discriminação do índio.

Ao Estado, Damares contou também que já está pensando em programas para prevenção da automutilação e do suicídio infantil. “Esse tema não teve o olhar dos gestores públicos. Os pais estão desesperados.” Os casos de suicídios no Brasil têm crescido na faixa etária de 15 a 19 anos, segundo o Ministério da Saúde. Entre crianças, os números são baixos, com exceção das indígenas.

Segundo o assessor Luiz Carlos Bassuma, que trabalhou com Damares, pesou na decisão dela a transferência da Funai para a pasta que vai comandar. “Eu disse a ela: ‘você não buscou isso, não pleiteou, não pode negar’. É um chamado de natureza espiritual, para cumprir uma missão na nação.”
Pela falta de missionários evangélicos no Nordeste, Damares se tornou pastora muito jovem. Atuou primeiro na Igreja Quadrangular, da qual seu pai foi fundador, e hoje está na Igreja Batista da Lagoinha. Ambas são neopentecostais. “A igreja evangélica cresceu demais, amém, mas o que de fato está fazendo para mudar a sociedade?”, perguntava numa palestrava em 2013. Ela mesma dava a resposta. “Deus está nos preparando para uma nova fase, que é a transformação da sociedade.”

O Estado de S. Paulo

 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Não tem pra ninguém: Lula venceu os debates



Fenômeno popular, o ficha-suja preso que não pode ser — mas é — candidato cresce em preferência popular. Longe das câmeras. E das pessoas [também longe das urnas e dos votos.] 

[Bolsonaro pode ignorar os debates e quando decidir ir a um, escolher com quem vai debater;  - ele tem voto e está crescendo; a evangélica pró-aborto Marina em 2014 chegou a cusar a impressão (falsa) que iria triturar o 'poste' Dilma.; Resultado: foi tratorada.]

Na eleição surreal, o candidato que sobe é o que não faz campanha, não vai aos debates, está preso e é ficha suja. Lula, sem dúvida, foi o grande vencedor dos dois primeiros debates entre candidatos à Presidência, aos quais ele não pôde comparecer.  É o que diz, com absoluta clareza e sem deixar margem a erro de interpretação, a primeira pesquisa tabulada depois dos shows televisivos da Bandeirantes (no dia 9 deste mês) e da RedeTV!, na sexta (17). [vamos supor que as pesquisas que dão 110% de votos ao presidiário Lula não sejam FAKES; 
o que vale é voto válido na urna - pesquisa está mais para enganar eleitor babaca.]
As opiniões foram coletadas entre quarta (15) e ontem (19).
Sem ele, o eleitor, salvo as exceções de sempre, parece perdido.
É o eleitor perdido e indeciso que vai dizer quem presidirá o Brasil até 2022. [cada país tem o presidente que merece; 
um país, tipo Brasil, que depende de eleitores que ficam perdidos quando não tem um criminoso condenado e encarcerado para orientá-los, merece ficar em situação pior que a atual.]  
 

Valentia de perna curta

Bastou um peteleco de Marina para Bolsonaro recorrer ao abrigo da omissão

A valentia de Jair Bolsonaro tem limite curto. Bastou levar uma invertida de Marina Silva na RedeTV! semana passada, para cancelar sua participação nos debates de candidatos à Presidência. Foi um peteleco, nada de muito grave. A oponente apenas o confrontou com as próprias palavras: cobrou a indiferença em relação à desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho e cobrou-lhe atitudes de incitação à violência. [debater com uma candidata estilo Marina é perder tempo por isso, Bolsonaro, sabiamente, alijou Marina dos debates.;
vejam só pessoal: qualquer evangélico que se preze, ou mesmo aspirante a ser um, não aceita o aborto e é contra o uso da maconha;
a candidata Marina, em um ato que demonstrou a total falta de noção disse que seria favorável ao aborto de o mesmo fosse aprovado em um plebiscito;
os evangélicos de verdade, fiéis e tementes a Deus, respeitam a Bíblia e sabem que o QUINTO MANDAMENTO PROÍBE MATAR ALGUÉM; 
também são sabedores que um amontoado de homens não tem poderes pare REVOGAR um MANDAMENTO DIVINO.

Só com isso Marina se acabou. Passou a ser a evangélica favorável ao aborto e ao consumo de maconha.]  
 
Para um candidato que sustenta seu discurso na base da ousadia e da coragem, digamos que tenha produzido o mais eloquente contrassenso na expectativa do respectivo eleitorado. Correu da raia ao primeiro confronto. Justamente com uma mulher e, ademais, tida como frágil. Bolsonaro fragilizou-se duplamente ao mostrar que não é o macho-alfa que seus pretensos eleitores imaginam. Se foge das cobranças de Marina, lícito concluir que fugiria também das agruras a serem enfrentadas na Presidência da República. Afinal, o que é a voz da fadinha diante da garganta larga e profunda do fisiologismo parlamentar? Isso para citar apenas um dos inúmeros desafios de um chefe dessa nossa disfuncional Nação.
Bolsonaro é dono do direito e ir e vir aonde quiser. Mas, ao decidir não ir aos debates perdeu a prerrogativa de dizer que é um homem de coragem. [o destacado em itálico expressa o mais profundo ódio - ou será medo - ao candidato Bolsonaro.
Só que Bolsonaro será eleito no primeiro turno.
Sua posições podem parecer radicais, mas, são coerentes, sensatas e mais importante: exequíveis.]

[o comentário abaixo foi enviado por um leitor revoltado com o boicote inútil e burro que tentam fazer ao deputado Jair Bolsonaro.
Esquecem que Bolsonaro tem votos - a imprensa opina, informa, mas o eleitor é quem sabe onde dói e qual o candidato que tem o remédio para curar seus males.]
        
Bolsonaro enfrentou os agressivos e ideológicos jornalistas no Roda Viva e venceu. Foi ao covil da Globo, humilhou os renomados jornalistas dentro da emissora, deixou Míriam Leitão em vergonhosa situação e ainda vocês falam que ele é covarde? Covarde são aqueles da imprensa que produzem incessantes “fake news”, jogando o diploma de jornalista no lixo. De qua adianta ir aos debates, onde os candidatos criaram uma “panelinha”, evitando que Bolsonaro expresse suas ideais. Criam regras de debate, a fim de que o mesmo seja atacado e não possa retrucar. Nós já sabemos quem é o bem, quem é o mal dessa história. Não são os debates que vão dizer isso, mas todo um histórico político, com ideais, idoneidade, moralidade, defesa da família e da sociedade contra a implantação de ideologias de esquerda. 

Isso já sabemos há anos. Só o Bolsonaro tem. Melhor Jair se acostumando.