Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Salve-se quem puder. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Salve-se quem puder. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Salve-se quem puder! - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino


O advogado de Daniel Silveira, Dr. Paulo Faria, expôs na cara dos inquisidores a quantidade enorme de ilegalidades no processo contra o deputado.  
Não é preciso ser da área de Direito para compreender o absurdo do julgamento político comandado pela Corte. 
Quem escolhe compactuar com esse tribunal de exceção, só porque odeia o bolsonarismo, está flertando com um regime totalitário como o soviético.
 
Mas foi tudo em vão, como esperado. Os "argumentos" apresentados pelos ministros supremos carecem de embasamento jurídico, e cada fala exalava o forte cheiro de política - ou melhor, politicagem.  
Até o risinho da vice-procuradora, ao mencionar um dos apelidos colocados em Alexandre de Moraes pelo deputado, revela a farsa: a "terrível ameaça" foi recebida com deboche pelo próprio alvo, que sorriu de volta!

Alvo das "ameaças", não custa lembrar, que portanto é vítima, investigador e juiz de si mesmo, tudo acumulado numa única pessoa, o "xerife", segundo um de seus antigos pares, que comanda um "inquérito do fim do mundo", ainda segundo o mesmo ministro agora aposentado. Mas o "xerife" mostrou sua força: como relator do processo, determinou uma pena de quase dez anos de prisão ao deputado, pelo "crime" de opinião!

Alexandre falou muito, criou leis novas de sua cabeça, distorceu outras, só não mostrou um único crime concreto cometido pelo deputado. A lei agora pode retroagir, o flagrante pode ser perpétuo por meio de vídeo, nada mais é garantido.  
Trataram Daniel Silveira como se ele fosse uma espécie de Cesare Battisti, como se comandasse células terroristas clandestinas que, de fato, colocassem em risco a integridade física dos ministros supremos.

Liberdade de expressão tem que ter responsabilidade, sem discurso de ódio ou "ataques" à ordem democrática, disse Alexandre de Moraes, sem apontar onde consta essa definição em nossa Constituição

Resta explicar como defensores da ditadura do proletariado seguem soltos e até mesmo pregando o comunismo no Parlamento...

Moraes ignora questionamentos sobre violação de prerrogativas e OAB entrará no caso 

Rússia diz que tomou Mariupol, mas admite resistência ucraniana em siderúrgica
   
Alexandre de Moraes ficou revoltado com as ofensas do deputado, o seu "discurso de ódio", e por isso lançou mão até de Einstein para chamar Daniel Silveira de "estúpido". A lição do dia foi muito clara: manda quem tem poder, e dane-se a lei. Salve-se quem puder! Pois sem um critério objetivo, estão todos à mercê da subjetividade de poucos ministros, quase todos indicados pela quadrilha petista.

"Calúnia é crime em qualquer lugar do mundo", disse aquele ministro que pretende "empurrar a história" e que se enxerga como o Bem encarnado, a própria voz da democracia.  
Mas para isso há o devido processo legal, e não o arbítrio supremo!  
Sejamos sucintos para resumir o quadro: Daniel pegou pena de quase uma década e está inelegível, enquanto Lula está solto e fazendo campanha, costurando acordos com notórios corruptos nos bastidores. O Brasil acabou.
 
Como tudo pode piorar, a cada voto vinha novo absurdo. Na hora de Dias Toffoli, que celebrou seus quase 13 anos de STF - número sugestivo - vimos o ex-advogado de Dirceu se colocar como o porta-voz da democracia mundial. "Um julgamento muito além de um indivíduo ou um parlamentar", disse Toffoli, o eterno advogado do PT. Ou seja, o homem admite usar o deputado para dar um recado. Não se trata de julgar o caso em si, mas sim a "ameaça à democracia global". 
Quem precisa de uma Constituição Nacional nesse contexto?

Melhor forrar o canil dos cachorros com a Constituição Federal do Brasil, uma vez que o livrinho não serve para absolutamente mais nada, não fornece qualquer critério objetivo para compreender decisões supremas, dos supostos "guardiões da Constituição". Melhor colocar em seu lugar uma folha em branco, que pode ser preenchida de acordo com a vontade desses ministros.Vale notar que a grande esperança era o ministro André Mendonça, aquele "terrivelmente evangélico"

Mas Mendonça, em vez de pedir vistas, atendeu o telefone no meio do seu voto, e votou acompanhando o relator. Mendonça, não custa lembrar, já lançou livro com Alexandre de Moraes em homenagem a Toffoli. 
É o "sistema" contra o povo, companheiro.[Rodrigo!PARABÉNS PELA MATÉRIA. Só não era necessário que xingasse seus leitores, ao nos chamar de companheiros. Encerrastes um artigo magnifico com uma palavra que é a preferida  do maior ladrão do Brasil.] Apague a luz o último que sair...
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

A difícil empregabilidade dos jovens - Percival Puggina

Há de parecer um contrassenso. Há algumas décadas, temia-se pela empregabilidade dos mais idosos. Dizia-se que eles seriam rapidamente superados e, muito provavelmente, substituídos pela juventude que se preparava para entrar no mercado de trabalho. Em reportagens sobre o assunto, li que indústrias japonesas tinham uma sala de estar e de convivência onde seus velhinhos podiam se sentir úteis, convidados a opinar perante certas situações específicas. Cortesias orientais para antigos ocupantes de um mundo que rejuvenescia. Não sei se tais locais ainda existem.

A vida, porém, furou a bola de cristal, ao menos no Brasil. No país do futuro, o Estadão do dia 14 deste mês publicou matéria que merece ser lida, da qual extraí pequeno trecho: “... Ou seja, de cada dez trabalhadores com até 24 anos de idade, quase oito trabalham em situação vulnerável, segundo levantamento da consultoria IDados. Em números absolutos, isso significa perto de 7,7 milhões de pessoas. Na faixa etária entre 25 e 64 anos, o porcentual é de 39,6% e, acima de 65 anos, de 27,4%.” O inteiro teor da matéria pode e deve ser lido aqui.

A constatação não surpreende se recordarmos o minucioso relatório da UNESCO intitulado "Perfil dos professores brasileiros" (2004) – sem dúvida o mais alentado e minucioso que já li – constatou (tab. nº 55, pag. 108) que 72% dos nossos “trabalhadores em educação” assumiam como sua principal função "formar cidadãos conscientes". Apenas 9% priorizavam "proporcionar conhecimentos básicos" e não mais de 8% sublinhavam a importância de "formar para o trabalho". Noutro item da mesma pesquisa (tab. nº 64, pag. 127) 64,5% dos professores tinha consciência, em grau alto e muito alto, de exercer um "papel político". Infelizmente, não se requer nova investigação para saber que de lá para cá, ao longo dos últimos 16 anos, também nisso a situação só se agravou.

É só lembrar: o aparelhamento e a ação política dos sindicatos da categoria;
a partidarização das universidades públicas;
a ocultação de autores conservadores e liberais; 
a orquestração depreciativa contra o projeto Escola Sem Partido; atos de formatura que se assiste por aí. 
Nada de estranhar num país que cultua Paulo Freire, que assume atitude religiosa perante a obra mais descaradamente política que já li sobre educação e continua a influir em tantos no comando da barra de giz ou do ponteiro laser.

O PISA de 2018, divulgado em dezembro de 2019, continha apenas uma notícia boa para o Brasil: a convicção de que assim como está não dá para continuar. Lembre-se, porém, que, em nosso país, tudo precisa mudar, contanto que, para cada um, tudo fique como está. Resultado: num rol de 79 países, conseguimos as posições entre 58º e 60º em leitura, entre 66º e 68º em ciências e entre 72º e 74º em matemática. A variação decorre da margem de erro adotada pela pesquisa.

O resultado dessas posições de vanguarda, da formação de jovens de pouco estudo e nenhum livro, entregues a seus “criativos e não reprimidos impulsos”, está custando muito caro àqueles em quem se investiu de modo tão equivocado. Outro dia, deu-me dó de uma atendente de caixa quando a vi, disfarçadamente, contando nos dedos para calcular um troco de R$ 12 reais. Sem sucesso, apelou para a calculadora.

Sempre que alguém se apresentar como trabalhador em educação, lhe falar em educação para a cidadania, se disser freireano, saia correndo, chame a mulher e as crianças e grite por socorro, SOS, Mayday, salve-se quem puder! Em seguida seus filhos estariam falando em alternativos, fascistas, neoliberais, negacionistas, golpistas, excluídos, oprimidos, bem como em utopia, problematizar e por aí afora.
 
 
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.
 
 

terça-feira, 17 de março de 2020

Salve-se quem puder! - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

O mundo em guerra contra o coronavírus, mas Bolsonaro mira seus inimigos particulares

[PARABÉNS !!!
Mais uma vez, a articulista foi extremamente feliz na escolha da denominação de sua crônica = Salve-se quem puder!.
Convenhamos que quem está matando (inclusive no Brasil) é o Covid-19 = novo coronavírus. O Presidente Bolsonaro não está matando, não matou e certamente não pretende matar.
Assim, cada um deve deixar de espancar o presidente JAIR BOLSONARO e cuidar de se salvar do que realmente mata e cuja erradicação interessa a todos. 
Com a grande vantagem de que cada medida tomada por alguém para se manter livre da contaminação,  ainda que individualmente, contribui para livrar terceiros.]


Já que o presidente Jair Bolsonaro vive sua realidade paralela, os três Poderes declaram trégua e traçam ações comuns contra os efeitos do novo coronavírus apesar dele. Com isolamento médico ou não, Bolsonaro está se isolando dos demais Poderes e ontem não participou de uma videoconferência de presidentes da América do Sul sobre a doença e a crise econômica. Enquanto isso, o vírus vai se multiplicando dentro e fora do Brasil.

Presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo se reuniram com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para ouvi-lo, traçar planos de ação e contornar a fogueira política diante do problema maior. Foi Rodrigo Maia, aliás, quem primeiro estendeu a bandeira branca, apesar de ter sido o principal alvo do presidente e dos bolsonaristas no domingo. [Causa estranheza a reunião conjunta do Chefe do Poder Judiciário, dos presidentes da Câmara, do Senado e o ministro da Saúde,  Luiz Henrique Mandetta.
Com a devida exceção do ministro da Saúde,  as demais autoridades não tem competência legal para cuidar de assuntos do Poder Executivo, representando além de uma intervenção indevida (e desnecessária, visto que nenhum das autoridades citadas tem conhecimentos técnicos para tal intromissão, que também representa, constrangimento do próprio ministro Mandetta) sem contar um complicador: confunde tudo, na hora de eventual decisão dos 'interventores' foi de um colaborador do ministro Bolsonaro ou do Chefe do Poder Judiciário ou dos chefes de uma Casa do Congresso Nacional.] 

Bolsonaro já disse que a crise é uma “fantasia”, uma “histeria”, e considerou que tudo é “superdimensionado”, ora por “interesses econômicos”, ora pela “luta pelo poder”. Das palavras aos atos, tirou a máscara, deu de ombros para o Ministério da Saúde, abandonou o monitoramento, não esperou o segundo teste e foi confraternizar com manifestantes em frente ao Planalto.

“Se eu me contaminei, ninguém tem nada a ver com isso”, disse ontem, mas não é bem assim. O problema não é apenas ele se contaminar, é o risco de ter contaminado as 272 pessoas com quem teve contato, de acordo com levantamento do Estado. E, depois, todo mundo tem muito a ver, sim, com a saúde do presidente da República. Ele não é uma pessoa privada, é a autoridade pública número um.

O próprio ministro da Saúde classificou protestos e eventos culturais neste momento como “completamente equivocados”. O governador Ronaldo Caiado, um dos raros a apoiar Bolsonaro, foi vaiado por manifestantes em Goiás ao lembrar, como médico, que “não se mostra apoio a governo colocando em risco sua população”. Se eles queriam pôr a própria saúde em risco, problema deles, mas sem o direito de pôr a dos outros. Cada contaminado tem poder de multiplicação do vírus.

A reação de Bolsonaro à contaminação da saúde e da economia tem sido errática, de quem não está entendendo nada nem parece muito interessado. Na terça-feira passada, declarou que era “fantasia da grande mídia”. Dois dias depois, deixou de ser fantasia e ele fez o primeiro teste e uma live com máscara. Mais dois, tirou de novo a máscara e lá se foi, sorridente, cumprimentar manifestantes contra o Supremo e o Congresso. Os contaminados da sua comitiva aos EUA já chegavam a 12.

Diante da perplexidade de Rodrigo Maia e do senador Davi Alcolumbre, abandonou de vez o vírus, a disseminação, a crise do mercado, a previsão do PIB esfarelando para bater boca pela TV com os presidentes da Câmara e do Senado. “Está em jogo uma disputa política por parte desses caras”, disse, resumindo tudo isso a uma “luta pelo poder”. Vocês sabem quem são “esses caras”.

Irritado, Bolsonaro disse que está “há 15 meses calado, apanhando”, e vai passar a revidar. O curioso foi ele dizer que passou todo o mandato calado, o que, absolutamente, não é verdade. E o mais intrigante foi ele anunciar que vai atacar e antecipou os alvos: “Grande parte da mídia, chefes do Legislativo e alguns governadores”. O mundo está em guerra contra o novo coronavírus, mas o presidente brasileiro abre uma guerra particular contra instituições e críticos.

Com o autoisolamento do presidente, são os ministros Mandetta e Paulo Guedes, além de Maia, Alcolumbre e Dias Toffoli, do STF, que vão ter de segurar a onda, ou o tsunami. Mandetta sobrevive bem, mas o conceito de Guedes já foi melhor e o dos demais vem sendo sistematicamente atingido pelo presidente, seu entorno e a tropa bolsonarista. Logo, salve-se quem puder!

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo