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sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Nunca subestime a política - Alon Feuerwerker

Análise Política

Pergunte a qualquer especialista digno do nome se a pandemia acabou. E se chegou a hora do liberou geral.  
Duvido que algum responda “sim” e “sim”. 
E por que não se nota uma grita generalizada contra a reabertura ampla, geral e irrestrita das atividades? 
Pois o patamar de mortes/dia por Covid-19 ainda bate as centenas.

A explicação está mais no âmbito da ciência política que da infectologia, da imunologia ou da epidemiologia. O liberou geral decorre da crescente péssima relação custo/benefício, para os políticos, de continuar tentando impor as antes celebradas medidas de distanciamento social para redução da circulação do SARS-CoV-2.

A real é que o pessoal se cansou e decidiu virar a página. E os políticos, de olho nas urnas do ano que vem, resolveram que não é o caso de dar murro em ponta de faca. Fim. Poderiam, pelo menos, reforçar a necessidade do uso de máscaras quando a circulação volta ao normal. Mas nem isso. 
É verdade que chegamos a bons níveis de vacinação e estamos batendo no número mágico de 60% de vacinados com duas doses, ou única
Mas outros países bem vacinados vêm assistindo a repiques de casos e mortes por novas variantes, e o conceito de “completamente vacinado” sofre mutações em velocidade viral.

A aplicação de doses de reforço espalha-se pelo planeta. Ou melhor, pela parte rica do planeta. Os países pobres continuam comendo poeira. Não chega a ser novidade. Sim, não parece, mas o Brasil ainda convive com milhares de casos e centenas de mortes no registro diário. Uma atenuante, dirão, é os números estarem declinando já faz algum tempo. Eles vêm caindo desde março/abril, quando a taxa de vacinados ainda era pequena. Eis outro “por quê?” à espera de resposta.

E outra: se estamos abrindo agora porque os números estão caindo, por que não abrimos antes?  Uma boa hipótese para o declínio de casos e mortes desde março/abril é a variante Gama (“de Manaus”) ter “vacinado” em massa a população brasileira, mas isso ainda aguarda comprovação. [comprovação que jamais será reconhecida - reconhecer que a variante Gama - "vacinou"  em massa a população brasileira é reconhecer a imunidade de rebanho = admitir que o presidente Bolsonaro sempre esteve certo.l 
É muita coisa para os inimigos do Brasil admitirem.]

Outra hipótese a pesquisar é se vacinas de vírus inativado não seriam mesmo mais eficazes contra variantes. Mas não tem sido elegante tocar nessa possibilidade em certos círculos, dado que a CoronaVac é chinesa.

Mudando de assunto, os Estados Unidos reabrem o turismo a vacinados, inclusive com as vacinas chinesas da Sinovac (nossa CoronaVac) e Sinopharm. E Israel, pioneiro na vacinação em massa, aceita, além dessas, também a russa Sputnik V, apesar de o imunizante não estar chancelado pela Organização Mundial da Saúde.

E no Brasil? Por que a CoronaVac ainda não tem aqui o registro definitivo e a Sputnik V continua bloqueada?  As respostas deveriam estar sendo cobradas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas esta corre em raia mais ou menos livre desde que conseguiu transmitir a impressão de não estar alinhada a Jair Messias Bolsonaro. Parece ter recebido, por causa disso, um amplo passe livre.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

Publicado na revista Veja de 27 de outubro de 2023, edição nº 2.763


sábado, 6 de fevereiro de 2021

China aprova uso geral da CoronaVac no país

Com a autorização, o imunizante poderá ser aplicado em toda a população chinesa, não apenas nos grupos prioritários

 As autoridades sanitárias da China aprovaram neste sábado, 6, o uso geral da vacina CoronaVac no país. O imunizante contra a Covid-19 produzido pelo laboratório Sinovac já tinha sido autorizado de forma emergencial em julho. A vacina é a segunda que recebe o aval para uso geral na China, depois da autorização concedida ao antígeno da farmacêutica Sinopharm no fim de dezembro.
[Sabedoria milenar chinesa: primeiro testa nos brasileiros e em outros países de espertos - após aplicação de alguns milhões de doses, sem notícias de intercorrência grave, libera para uso na China.]

Com o uso geral aprovado, a CoronaVac poderá ser aplicada em toda a população do país, não apenas nos grupos prioritários. A CoronaVac é uma das duas vacinas utilizadas atualmente no Brasil. A outra é a de Oxford-AstraZeneca. Ambas foram aprovadas no fim de janeiro pela Anvisa para uso emergencial. No Brasil, a CoronaVac é fabricada em parceria com o Instituto Butantan.

O imunizante da Sinovac também é utilizado emergencialmente na Turquia, Indonésia e Chile. Nos ensaios no Brasil, a vacina teve eficácia geral de 50,38% e de 78% para casos leves. A Sinovac ainda não divulgou os resultados finais dos testes com o imunizante no mundo.

Saúde - VEJA Online


domingo, 3 de janeiro de 2021

O que leva as pessoas a terem medo da vacina chinesa? Diário da Vacina

Laryssa Borges - VEJA

Tudo vem da China

“Aceito tomar a vacina de Oxford, mas não a vacina chinesa”, me diz um familiar no almoço de Ano Novo.

 3 de janeiro, 9h21: O que faz as pessoas espalharem temer o uso de vacinas chinesas durante a pandemia de Covid-19? Nas reuniões de fim de ano com familiares, a chegada dos imunizantes ao Brasil foram assunto obrigatório, mas a resistência em aceitar receber o antígeno se ele tiver sido desenvolvido na China permanece. “Aceito tomar a vacina de Oxford, mas não a vacina chinesa”, me diz um familiar no almoço de Ano Novo. Meu estômago embrulha.

Como voluntária de um estudo clínico em busca de um imunizante contra a doença que já matou mais de 1,8 milhão de pessoas em todo o mundo, sinto-me impotente diante do negacionismo e da força de movimentos criminosos anti-vacina. Mas voltemos aos chineses. A CoronaVac será desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan, e a Sinopharm, o mais novo antígeno da China, já é ministrada nos Emirados Árabes durante esta pandemia e tem taxa de eficiência de 79%, segundo o fabricante, e agora teve aprovação para uso emergencial no Egito.

 E a vacina de Oxford? Também tem insumos chineses. A fábrica da AstraZeneca, por exemplo, recentemente visitada pela Anvisa para atestar qualidade na linha de produção, fica na China. Mais especificamente, no distrito de Wuhan, o primeiro epicentro da pandemia do novo coronavírus, e um grande pólo industrial no país.

Para tentar agilizar a vacinação de brasileiros, a Anvisa anunciou ontem que aprovou um pedido de importação excepcional de dois milhões de doses da vacina de Oxford, enquanto a Fiocruz desenvolve as 100 milhões de doses previstas no acordo com a farmacêutica AstraZeneca. Só para que fique registrado: o insumo farmacêutico ativo, conhecido como IFA, que será usado para produzir a vacina de Oxford no Brasil, também vem da China.

Parem de espalhar teorias conspiratórias. Tudo vem da China.[aí é que mora o perigo. A procedência dos fármacos e as inconsistências na não divulgação dos testes da vacina chinesa,  se somam a uma má fama (que já foi maior) dos produtos chineses.]

Diário da Vacina - Laryssa Borges, VEJA