No início deste ano, o órgão
responsável por concluir o inventário da antiga Rede Ferroviária Federal
S.A. (RFFSA) desde 2007 pediu nova extensão de prazo. Setor já custou
aos cofres públicos mais de R$ 150 milhões
[a regra em todo o mundo, especialmente nos países desenvolvidos, é ampliar o transporte ferroviário. Aumentando a quilometragem da malha ferroviária, o número de cidades servidas por ferrovias, interligando países, modernizando vagões e locomotivas.
É um transporte mais barato, com maior capacidade, mais seguro.
No Brasil, ao contrário, destruíram as ferrovias para priorizar o transporte rodoviário - que é mais caro, mais poluente, menor capacidade, mais perigoso.
Razão de opção tão danosa: a construção de uma ferrovia dificulta a roubalheira, já que os aditivos (a grande fonte de corrupção em obras públicas) se tornam mais visíveis, portanto, mais fácil a descoberta das maracutaias.
As obras ferroviárias pelo seu gigantismo torna as fraudes mais difíceis, as possibilidade de corrupção - melhor dizendo, 'atividades partidárias, segundo as palavras do presidente do PT - são maiores em construção de rodovias, mais fácil partir em trechos.
Tanto que tentaram o trem bala, mas a Dilma concluiu que seria mais complicado roubar e optou por sepultar o projeto, apesar de ainda existir uma estatal criada em função do extinto projeto e que agora continua funcionando, com mais de 100 empregado sendo destinada a ???.]
A extinção da antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), em 2007,
deixou de herança para o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) uma coleção de locomotivas e vagões que se contam aos
milhares. Boa parte desse patrimônio ficou abandonada nos pátios de
estações ferroviárias do país e viram sucata sem possibilidade de
reaproveitamento. O Dnit já recebeu da extinta RFFSA 1.150 vagões e 224
locomotivas não operacionais, mas ainda há pelo menos mais 7,4 mil
vagões em fim de vida útil virando entulho. O número total, porém, bem
como o estado de conservação de cada peça, ainda não é conhecido. As
informações só estarão disponíveis quando for finalmente concluído o
inventário da RFFSA. Depois de vários adiamentos, a nova previsão é para
dezembro deste ano.
Instituída em 2007, a Inventariança da Extinta RFFSA, órgão
vinculado ao Ministério dos Transportes, é responsável por concluir a
lista. Com sede no Rio de Janeiro e representações em 13 unidades da
Federação, a estrutura tem a maior parte do quadro composta por
ex-funcionários da Rede que foram transferidos para a Valec —
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Desde que foi criada, a
Inventariança já custou aos cofres públicos R$ 151,6 milhões, uma média
de R$ 16,8 milhões por ano, segundo dados do Portal da Transparência.
Diante de mais um pedido de extensão de prazo, um grupo de trabalho foi
constituído para definir um cronograma e adotar ações para garantir a
conclusão das tarefas — prorrogada até 31 dezembro de 2016, por meio da
portaria n.º 19, de 14 de janeiro.
O chefe de gabinete da
inventariança, Flávio Rabello, afirma que 95% do inventário está
concluído e os 5% restantes devem ficar prontos neste ano. Entretanto,
Rabello detalha que toda a parte de bens móveis, operacionais ou não, já
foi repassada ao Dnit. O que que falta diz respeito à organização e ao
tratamento do acervo documental, alguns bens imóveis da Ferrovia
Paulista S.A e deveres financeiros. Em relação ao estado de depredação
das peças, Rabello é conciso: “Não temos gestão sobre isso”.
Para
o engenheiro civil José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Frente
Nacional pela Volta das Ferrovias (Ferrofrente), é um absurdo a maioria
dos equipamentos ferroviários e os binários desativados estarem
destruídos, à espera de uma destinação. Gonçalves lembra que eles
representam riscos à população, pois mantêm-se minimamente acessíveis
por encontrarem-se — apesar de jogados, enferrujados e tombados —, quase
sempre nas redondezas das cidades. “Faltam ações práticas por parte dos
governantes, dos de ontem e de hoje. Há muito tempo não se decide nada a
esse respeito. Quem não sabe fazer ferrovias, não sabe operá-las. Não
se sabe o que fazer com os antigos vagões e as velhas locomotivas, mesmo
as de inquestionável valor histórico. Esse descaso representa, na
verdade, uma síntese de tudo o que foi e está sendo feito com as nossas
ferrovias e, muitas vezes, com o país. É triste a realidade ferroviária
do Brasil.”
Abandono
Aposentado pela RFFSA, o
engenheiro Mário Picanço, 74 anos, lamenta que o fechamento da empresa
tenha sido feito sem planejamento e cuidado. Picanço conta que, na época
em que a Rede operava, as unidades tinham um pátio para onde eram
levados vagões e locomotivas danificados. Lá, era feita uma triagem e as
peças vendidas ou reaproveitadas. “Naquela época, isso era uma
preocupação. Tinha uma política de aproveitamento. Cada peça tem um
valor e deixar isso se deteriorar é um desperdício. Quando a Rede
acabou, não pensaram nisso. Não houve esse cuidado. Eles permitiram o
abandono”, comenta.
Fonte: Correio Braziliense