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sábado, 22 de maio de 2021

A aposta para salvar vidas - Carlos Alberto Sardenberg

Os governos que compraram vacinas no escuro, quando ainda estavam sendo desenvolvidas pelas farmacêuticas, certamente correram um risco – o risco de perder dinheiro. Era uma aposta boa. Os laboratórios já tinham demonstrado competência em outros medicamentos. Mas continuava sendo uma aposta. Tanto que, hoje, é consenso nos meios científicos que a produção de vacinas tão eficientes em tempo tão curto só se compara à formidável operação que levou o homem à lua. [só que tudo ainda está meio no improviso - é como disse um médico quando falei que iria tomar a vacina chinesa: 'é o que temos' - no inicio do ano, agora tem mais opções.
Não sabemos sequer o prazo da cobertura vacinal - o certo é quem disser que é superior a um ano, está chutando, visto que nenhuma das vacinas tem um ano da primeira aplicação. 
De qualquer forma temos que arriscar na opção vacina, a qual repito: sou sessentão, gozo de excelente saúde (graças a DEUS e as muitas vacinas que tomei na infância) e já tomei,  faz algum tempo, as duas doses da Coronavac e está tudo bem. 
Só me chateia, que não sei até quando estarei protegido - situação que seria a mesma se tivesse tomado a da Pfizer, Astra Zeneca ou qualquer outra. 
Recomendo vacinar, já que vale o dito: 'quem não tem cão'... ]

O governo brasileiro, entretanto, não quis correr o risco. Achou que estava sendo mal tratado, especialmente pela Pfizer. Lá pelas tantas, o general Pazuello disse que negociou com a farmacêutica com o propósito de defender a soberania nacional. E que “não somos caloteiros”. Não deu mais detalhes, nem os senadores perguntaram, mas só podia ser uma referência à exigência de pagamento adiantado. [uma das primeiras vacinas a 'aparecer',em meados de 2020 foi a Sputinik V - nada contra os russos, depois que eles desistiram de impor o comunismo no mundo - mas a Sputinik foi recusada pela Anvisa(de forma fundamentada, clara, permanecendo até o presente momento sem contestação os motivos da rejeição); as cláusulas Pfizer eram draconianas, até o pagamento tinha que ser além de adiantado, pago no exterior e se houvesse qualquer prejuízo para o Brasil o contrato não poderia ser contestado.

Agora, imagine se um governo que incomoda a todos os poderosos = brasileiros, inimigos do Brasil e que querem se livrar do Bolsonaro antes que este tenha tempo de governar o Brasil de verdade, da maneira que quase 60.000.000 de eleitores querem, para tanto o elegeram  - há um pequeno contratempo: os inimigos do Brasil agora, no primeiro mandato do capitão,  foram favorecidos pela pandemia, mas no segundo, com as bênçãos de DEUS, o capitão será a pandemia deles = comprasse vacinas que não fossem aprovadas ou pagasse adiantado por imunizantes e na hora do recebimento fosse preterido por favorecimento a outros países mais endinheirados? (até a poderosa União Europeia foi preterida)O que estariam tentando fazer com o presidente Bolsonaro?]

Ora, os mais de 100 governos que toparam a aposta entenderam melhor: o pagamento adiantado era uma forma de financiar os laboratórios e, pois, de apressar o processo de produção das vacinas. De novo, se tudo desse errado, teriam perdido muito dinheiro. Mas dando certo, como deu, salvariam vidas, como salvaram. O governo brasileiro não economizou dinheiro, porque teve de comprar as vacinas já prontas e provavelmente mais caras, nem defendeu uma suposta soberania. Perdeu centenas de milhares de vidas.

A CPI da pandemia já mostrou pelo menos dois desastres graves. Primeiro, a incapacidade do governo Bolsonaro de entender o drama da doença – não teve compaixão pelo sofrimento das pessoas, nem compreendeu o estrago que a pandemia poderia fazer na vida social e econômica do país. Não entendeu o que o próprio secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, escreveu: a melhor política econômica é a vacina.

Em segundo lugar, os depoimentos na CPI mostraram que, mesmo quando percebeu o problema, o governo agiu de modo desastrado. Caiu por terra tudo o que os próprios militares falavam de sua capacidade de organização. [organização está entre as práticas que só podem ser aplicadas ao que existe... .  
A CPI já começou errada na escolha do seu presidente e do relator. 
Agora mostra seu  real e único objetivo: derrubar o presidente Bolsonaro - felizmente, vão fracassar.] 
Só um caso: no auge da falta de oxigênio em Manaus, um secretário do Ministério da Saúde teve a brilhante ideia de enviar ofício ao Ministério Público, pedindo que entrasse com uma ação contra a White Martins, para obrigar a companhia a providenciar aviões e levar o produto para a cidade.[com todas as vênias ao ilustre articulista, ousamos assegurar que o autor da proeza não é, ou não era,  do Ministério da Saúde ou alguém cuja escolha possa ser imputada ao presidente ou a Pazuello.  
Se assim fosse o nome dele estaria destacado em LETRAS IMENSAS, e com chamada, de maia página, na primeira página do O Globo.  O 'pai da criança' deve ser da secretaria de Saúde do Amazonas.] Tudo errado, como respondeu o Ministério Público. Isso não era obrigação da companhia, mas do governo. A obrigação da empresa no episódio foi cumprida: avisou com antecedência que a demanda por oxigênio era crescente e que os estoques estavam caindo rapidamente.

Semanas depois desse aviso o Ministério da Saúde agiu com o ridículo pedido de ação contra a empresa. E ainda chegou a dizer que o avião da FAB providenciado para fazer a entrega estava quebrado. Só tinha um? Hoje, as companhias produtoras de vacinas mais modernas estão procurando parceiros pelo mundo. Segundo dados da revista Economist, já são 280 contratos de transferência de tecnologia e/ou de construção de fábricas. A Biontech, por exemplo, inventora da vacina distribuída pela Pfizer, já está preparando uma planta em Cingapura. Coreia do Sul, Japão, República Checa também negociam novas fábricas.

No Brasil, os dois institutos produtores de vacinas, Butantan e Manguinhos, não têm capacidade técnica nem financeira para receber as novíssimas tecnologias. [será que não? ou é mais conveniente a certos grupos construir do ZERO? por isso a pressa de se livrar do Bolsonaro;  - afinal, estamos no país que desmonta hospitais de campanha antes do término da pandemia e quando surge outra onde, leva mais temo e gasta mais dinheiro para remontar o que desmontou = alguém e na reconstrução.
Convenhamos que  construir fábricas agora para produzir vacinas, pelo tempo que demanda, só será válida se  produzir vacinas para uso na próxima  pandemia - nos vinte anos iniciais de cada século surge uma.]

É o resultado de décadas de falta de investimentos públicos e privados. O governo não investe porque gasta demais com previdência e benefícios (18,4% do PIB) e pessoal (13,2%). Para comparar: o México gasta 9,4% do PIB nesses dois itens. E não se pode dizer que o desempenho do governo brasileiro tenha sido muito mais eficiente no combate à pandemia.[não podemos olvidar: o governo Bolsonaro só podia agir no combate à pandemia, se suas decisões não contrariassem os estados e municípios - as famosas 'autoridades locais'. Caso contrariasse,  por suprema decisão, valia o querer dos prefeitos e governadores.]

O setor privado não investe porque o ambiente de negócios é desfavorável. Acrescente-se um governo negacionista e atrapalhado e temos quase 500 mil mortos.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo - Economia 22 de maio de 2021


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Um caminho árduo para o oxigênio chegar aos doentes no remoto Brasil - DefesaNet

Com as cobiçadas UTIs cheias, o consumo disparou o consumo de oxigênio, criando um pesadelo logístico

As palavras desesperadas de Thalita Rocha tornaram-se virais, em 14 de janeiro: “Estamos em uma situação deplorável”, disse ela em um vídeo postado no Instagram. “Quem tiver disponibilidade de oxigênio traga aqui na policlínica. Muitas pessoas estão morrendo." A sogra de Rocha, com teste positivo para coronavírus, estava internada em Manaus, a cidade isolada da Amazônia brasileira, quando o suprimento de oxigênio acabou naquele dia. Ao saber da carência, Rocha perguntou quando o hospital receberia mais oxigênio, apenas para ouvir que o Diretor não sabia.

Ela viu alguns pacientes serem ressuscitados nos corredores e outros sufocados até a morte. Ela viu médicos chorarem. Ela caiu de joelhos e orou. “Isto parecia o fim do mundo.” Nos dias 14 e 15 de janeiro, dezenas de brasileiros asfixiados enquanto as autoridades lutavam para levar mais oxigênio para Manaus. A sogra de Rocha era uma delas. “Há um colapso do sistema de saúde em Manaus. A fila para os leitos de UTI hospitalares está crescendo muito ”, disse

Com as UTIs lotadas e o alto consumo de Oxigênio o governo brasileiro inicia um esforço árduo para abastecer Manaus.
 
Ministro da Saúde do Brasil, Eduardo Pazuello, realizou uma transmissão ao vivo, em 14 de janeiro. Nos dias seguintes, o governo começou a transportar pacientes críticos para outros estados. Mas as filas para leitos de UTI hospitalares ainda são longas - há mais de 360 ??pessoas esperando. No ano passado, o consumo de oxigênio no estado do Amazonas, dobrou em 30 dias em abril, quando ocorreu a primeira onda do coronavírus. Mas, a demanda cresceu ainda mais rapidamente no mês passado, quase triplicando em duas semanas. Em meio à descoberta de uma variante do vírus no estado, o Amazonas notificou 66 mil casos em janeiro, mais de um terço do total registrado, em 2020.

Com os hospitais e UTIs lotados, o consumo de oxigênio disparou, criando um pesadelo logístico para as autoridades locais. O Brasil não é o único país com falta de oxigênio. O surto de casos de vírus corona em janeiro desafiou cidades de Lisboa à Cidade do México e Los Angeles. No Egito, os pacientes postaram vídeos de um hospital que parecia estar sem oxigênio, embora o governo negue qualquer escassez. O desafio no Amazonas é agravado pela dificuldade de acesso à sua capital, Manaus, que abriga todas as unidades de terapia intensiva do estado. A cidade de 2,2 milhões de habitantes está isolada do resto do Brasil.

As duas rodovias principais estão intransitáveis ??
por falta de manutenção (Nota DefesaNet A Rodovia BR-319 Porto Velho (RO) a Manaus está proibido de ter melhorias devido a licenças  ambientais). “Você só pode chegar aqui de barco ou de avião. Não existe outro acesso ligando a cidade ao resto do país ”, disse Marcellus Campêlo, secretário estadual de saúde. [preservam o meio ambiente - insuflados por ongueiros traidores da Pátria -  criam mais reservas indígenas, deixam brasileiros morrerem a míngua em hospitais e depois acusam Pazzuelo.]

Nas últimas semanas, o vírus começou a se espalhar rapidamente de Manaus para áreas rurais do estado, preocupando as autoridades sobre a logística de transporte para áreas remotas que só podem ser acessadas por barco. A viagem da capital dura, em alguns casos, dias. Um desafio de transporte O oxigênio é transportado em duas formas: gás, transportado em cilindros, e líquido, transportado em grandes tanques mantidos a menos 300 graus Fahrenheit

Apenas algumas aeronaves estão equipadas com o equipamento necessário para transportar oxigênio. A Força Aérea Brasileira tem usado três aviões para transportar oxigênio de outras capitais para Manaus. O avião de maior capacidade, um KC-390 Millennium, pode transportar apenas cerca de 6.000 metros cúbicos de oxigênio em cilindros ou tanques criogênicos por vez, menos de 7% do consumo diário do Amazonas. O oxigênio também está sendo embarcado para Manaus de barco. Embora isso permita embarques maiores, a viagem de Belém subindo o rio Amazonas leva pelo menos uma semana. Uma remessa de cerca de 90.000 metros cúbicos, aproximadamente o equivalente ao consumo de um dia no Amazonas, chegou a Manaus em 6 de fevereiro, várias semanas depois de deixar o estado de São Paulo.
 
O oxigênio é então transferido para veículos que podem chegar aos hospitais - um processo que leva três dias, segundo a fornecedora local White Martins. Em seguida, o tanque retorna para Belém, onde é reabastecido, e repete a viagem até Manaus. Para expandir a produção local, o governo estadual instalou 20 pequenas usinas de oxigênio em Manaus, que juntas geram cerca de 10,1 mil metros cúbicos de oxigênio por dia.

Outros 44 serão instalados na capital e nas áreas rurais do estado, segundo o governo. Uma doação de $ 300.000 do governo dos EUA será usada para construir mais fábricas de produção de oxigênio em todo o Amazonas. Embora a maioria dos hospitais em Manaus agora tenha oxigênio suficiente, muitos não têm capacidade para admitir novos pacientes.
 
Em 10 de fevereiro, as UTIs de coronavírus estavam 93,5% ocupadas, deixando os pacientes para se tratarem em casa. “Hoje recebi três ligações de pessoas que precisavam de oxigênio e não conseguiam encontrar”, disse Rocha, que se ofereceu para distribuir suprimentos pela cidade, ao The Washington Post. “A situação está longe do normal".

Avisos sobre a escassez de oxigênio , a White Martins, fornecedora local de oxigênio do governo, disse que avisou o governo sobre a escassez no dia 7 de janeiro e pediu à Força Aérea Brasileira para transportar mais oxigênio para Manaus. Em nota, a empresa informou, que também alertou o governo, em julho e setembro, que “o consumo de oxigênio fornecido ao estado não refletia mais o volume contratado”. Campêlo, o secretário estadual de saúde, reconheceu ter recebido a solicitação da empresa em 7 de janeiro, mas disseram que as autoridades não consideram, que o sistema de saúde está prestes a entrar em colapso. O presidente Jair Bolsonaro opinou. “Fizemos o que podíamos para resolver a crise”, disse ele. Mas, o Procurador-Geral da República (PGR) do Brasil, abriu uma investigação autorizada pela suprema corte sobre a resposta do governo federal e do Ministro da Saúde à crise. Ele observou que as autoridades federais não começaram a transportar oxigênio para Manaus até 12 de janeiro.

Bolsonaro negou negligência federal. Ele disse que não é “competência ou responsabilidade do governo enviar oxigênio para Manaus. ”Alex Machado Campos, diretor da agência reguladora de saúde do país, chamou a situação em Manaus de uma tragédia humana.   “É a expressão mais triste e revoltante do fracasso do governo em todos os níveis. Para Rocha, a falta de oxigênio é apenas um pequeno pedaço da crise de saúde em Manaus. “A crise do oxigênio foi a gota d'água, porque os hospitais ainda estão lotados, não tem leito de UTI, nem remédio, nem água em alguns hospitais. O problema é muito maior ”, disse ela. “Estamos lutando para sobreviver
"
 
DefesaNet - Transcrito em 16 fevereiro 2021
 
 

domingo, 24 de janeiro de 2021

Impeachment de Bolsonaro? Temores e dúvidas sobre permanência do presidente - Folha de S. Paulo

Jânio de Freitas

Impeachment de Bolsonaro ganhou mais exposição agora do que em dois anos

O impeachment não apenas como solução, mas sobretudo como necessidade, avançou mais e ganhou mais exposição nos últimos dias do que nos dois anos de Bolsonaro até a tragédia pandêmica em Manaus. Temores e dúvidas esvaneceram em grande escala, pulverizados pela visão imaginada das mortes por asfixia à falta de oxigênio hospitalar, causada por incúria e suspeita indiferença do governo Bolsonaro. E, por horror ou por cautelas tardias, nem foram ainda relatadas, como devido, essas mortes em hospitais, casas, em fila para socorro.
[Que DEUS dê vida longa aos meus inimigos, para que eles assistam de pé a minha vitória! 
Frase, cuja autoria desconhecemos, caso não conste das anotações do capitão, deve ser memorizada e dita ao amanhecer e anoitecer da cada dia.
Esperando um terceiro turno que não ocorreu,um impeachment que não ocorrerá, resta aos inimigos do presidente Bolsonaro, aguardar que conclua seu segundo mandato e, caso não se candidate a um terceiro, saia da política.] 

Bolsonaro combate o avanço do impeachment, de início, com gigantesca atividade de corrupção política. É o velho compra-e-vende de deputados, agora para eleger o futuro presidente da Câmara, em fevereiro. Nessa operação encontram-se, ao lado de velhos embolsadores antes desprezados pelos militares, generais como Luiz Eduardo Ramos, na função de coordenador político e intermediário com os congressistas. Eleger um tipo como Arthur Lira é, para Bolsonaro, a melhor garantia de bloqueio ao impeachment na Câmara, o primeiro estágio. É a permanência comprada com dinheiro público de cargos ou verbas. Além da sempre patriótica caixinha empresarial.

Há, no entanto, destituições que só a custo muito alto, em variados males e mais ainda em vidas, poderiam aguardar o possível impeachment. Um desses é gritante. Seja qual for ainda a permanência do general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, por isso haverá muito mais vidas brasileiras em risco. Senão perdidas. A responsabilidade desse general pela tragédia em Manaus é inequívoca. Seu reconhecimento de que foi prevenido do então próximo esgotamento do oxigênio diz muito, mas não tudo. Além de advertências sobre o problema durante sua estada na cidade, dias antes do colapso hospitalar, a Força Nacional do SUS convocada pelo próprio general informou-o até da data de eclosão da tragédia — o oxigênio a zero.

Levantamento do repórter Vinicius Sassine, na Folha, [temos dificuldades de entender as razões de 'esquecerem' o governador do Amazonas! qual será o motivo???] permite constatar que relatórios e pedidos de providências, quase diários, informaram Pazuello desde ao menos uma semana antes do colapso total.

A fornecedora, White Martins, fez também sua advertência: a necessidade crescia além da capacidade de fornecimento imediato. Apesar disso, o secretário de Atenção Especializada em Saúde (!) do ministério, Luiz Otavio Franco Duarte, claro que um coronel, quis culpar e autuar a fornecedora. Era como se Pazuello e Bolsonaro [e o GOVERNADOR] de nada soubessem. Nenhuma providência em tempo de evitar as mortes terríveis e o desespero inapagável dos médicos, enfermeiros, atendentes.

Os casos de Covid-19 continuam crescentes no Amazonas, agora também no interior, onde não há sequer um leito de UTI. Pior, está previsto o agravamento da crise já nas próximas semanas e ao longo de fevereiro. Mas a precaução adotada por Pazuello é a nomeação de novo superintendente das ações do Ministério da Saúde no estado, Ricardo Loureiro. Coronel, naturalmente. Da infantaria, [a Rainha das Armas.]ordinário marche.

Não é menos comprometedor de Bolsonaro e do general Pazuello a recomendação, no site do ministério, de tratamento da Covid-19 com cloroquina. E seu uso em “tratamento precoce”, portanto, em “tratamento” do que ainda não é doença. Retirar o aplicativo no mesmo dia em que foi notícia de jornais é, claro, o reconhecimento da impropriedade do tratamento recomendado. Os efeitos dessa vigarice criminosa, porém, circulam por aí na companhia dos vírus inatacados. A saída do general Eduardo Pazuello é uma necessidade da vida. E é muito pouco pelo que ele deve em vidas.

A permanência de Pazuello será um desafio a mais de Bolsonaro ao Estado de Direito, às representações institucionais da Constituição e ao que reste de dignidade no país. Mas será também útil contribuição à onda que se forma. A poderosa entrevista do ex-ministro Carlos Ayres Britto à Folha, sendo ele uma das perdas do Supremo muito lastimadas, continua revertendo reservas ao impeachment e liberando vozes e escritos. É o lado ainda vivo do país, nestes tempos de duas epidemias letais.

Janio de Freitas, colunista - Folha de S. Paulo