O governo brasileiro, entretanto, não quis correr o risco. Achou que estava sendo mal tratado, especialmente pela Pfizer. Lá pelas tantas, o general Pazuello disse que negociou com a farmacêutica com o propósito de defender a soberania nacional. E que “não somos caloteiros”. Não deu mais detalhes, nem os senadores perguntaram, mas só podia ser uma referência à exigência de pagamento adiantado. [uma das primeiras vacinas a 'aparecer',em meados de 2020 foi a Sputinik V - nada contra os russos, depois que eles desistiram de impor o comunismo no mundo - mas a Sputinik foi recusada pela Anvisa(de forma fundamentada, clara, permanecendo até o presente momento sem contestação os motivos da rejeição); as cláusulas Pfizer eram draconianas, até o pagamento tinha que ser além de adiantado, pago no exterior e se houvesse qualquer prejuízo para o Brasil o contrato não poderia ser contestado.
Agora, imagine se um governo que incomoda a todos os poderosos = brasileiros, inimigos do Brasil e que querem se livrar do Bolsonaro antes que este tenha tempo de governar o Brasil de verdade, da maneira que quase 60.000.000 de eleitores querem, para tanto o elegeram - há um pequeno contratempo: os inimigos do Brasil agora, no primeiro mandato do capitão, foram favorecidos pela pandemia, mas no segundo, com as bênçãos de DEUS, o capitão será a pandemia deles = comprasse vacinas que não fossem aprovadas ou pagasse adiantado por imunizantes e na hora do recebimento fosse preterido por favorecimento a outros países mais endinheirados? (até a poderosa União Europeia foi preterida). O que estariam tentando fazer com o presidente Bolsonaro?]
Ora, os mais de 100 governos que toparam a aposta entenderam melhor: o pagamento adiantado era uma forma de financiar os laboratórios e, pois, de apressar o processo de produção das vacinas. De novo, se tudo desse errado, teriam perdido muito dinheiro. Mas dando certo, como deu, salvariam vidas, como salvaram. O governo brasileiro não economizou dinheiro, porque teve de comprar as vacinas já prontas e provavelmente mais caras, nem defendeu uma suposta soberania. Perdeu centenas de milhares de vidas.
A CPI da pandemia já mostrou pelo menos dois desastres graves. Primeiro, a incapacidade do governo Bolsonaro de entender o drama da doença – não teve compaixão pelo sofrimento das pessoas, nem compreendeu o estrago que a pandemia poderia fazer na vida social e econômica do país. Não entendeu o que o próprio secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, escreveu: a melhor política econômica é a vacina.
Semanas depois desse aviso o Ministério da Saúde agiu com o ridículo pedido de ação contra a empresa. E ainda chegou a dizer que o avião da FAB providenciado para fazer a entrega estava quebrado. Só tinha um? Hoje, as companhias produtoras de vacinas mais modernas estão procurando parceiros pelo mundo. Segundo dados da revista Economist, já são 280 contratos de transferência de tecnologia e/ou de construção de fábricas. A Biontech, por exemplo, inventora da vacina distribuída pela Pfizer, já está preparando uma planta em Cingapura. Coreia do Sul, Japão, República Checa também negociam novas fábricas.
É o resultado de décadas de falta de investimentos públicos e
privados. O governo não investe porque gasta demais com previdência e
benefícios (18,4% do PIB) e pessoal (13,2%). Para comparar: o México
gasta 9,4% do PIB nesses dois itens. E não se pode dizer que o
desempenho do governo brasileiro tenha sido muito mais eficiente no
combate à pandemia.[não podemos olvidar: o governo Bolsonaro só podia agir no combate à pandemia, se suas decisões não contrariassem os estados e municípios - as famosas 'autoridades locais'. Caso contrariasse, por suprema decisão, valia o querer dos prefeitos e governadores.]
O setor privado não investe porque o ambiente de negócios é desfavorável. Acrescente-se um governo negacionista e atrapalhado e temos quase 500 mil mortos.
Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
Coluna publicada em O Globo - Economia 22 de maio de 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário