Ao que tudo
indica, a arte ganhou uma aura mágica e irracional de proteção social.
Fazer crianças assistirem e tocarem em adultos nus? Arte. Sexo ou nudez
pública? Arte! Mutilação ou atentado contra a propriedade pública? Arte
de novo…
Subir em um orelhão no meio da avenida e chorar quando um
guarda o tira à força do lugar que qualquer imbecil consegue perceber
que não foi feito para subidas? Arte!
Com arte,
você pode fazer tudo. Você pode exigir tudo. Dou um exemplo: verba para
um filme de 16h feito com cenas monótonas dentro de uma ruela? [ou para ofender Jesus Cristo e milhões e milhões de cristãos - tem um anormal que já 'produziu' - melhor dizendo "expeliu" no sentido não teológico de escatológico - várias 'artes' blasfemas.] Se não
der para o artista… ele chora e nos chama fascista.
Pelo visto,
através do prisma da arte, você perde o direito de ser ofendido – o que é
irônico, vindo de progressistas… –, pois a arte, pelo visto, foi
resumida ao papel de chocar. O choque feito pela classe artística atual,
claro, serve majoritariamente para impressionar sujeitos do século XIX.
Gordas na praia, travestis, homossexuais, mulheres feias, gritos sem
nexo… tudo perfeitamente encaixado para escandalizar a rainha
Vitória… se não fosse pela parte que ainda nos choca.
Seja em público ou
em um evento aberto a este, uma miríade de performances, na busca
desesperada para o único norte que lhes restou, tenta a todo custo
ofender a população, seus costumes, crenças e valores. Se você passar
por alguma rua e notar um “ato artístico” onde uma mulher fique com os
seios à mostra, errado é você se por acaso se sentiu ofendido
ou se achou o ato errado.
Isso mesmo:
também possuem o elemento mágico de escolherem os culpados.
Se vocês
forem contra suas performances, serão contra a arte em si. Aprendam
isso, leitores!
Perderam o direito de discernir logicamente a parte do
todo: um desempenho vexatório se torna (através de uma força
inexplicável, como um milagre intercedido pelo próprio Moisés, contudo,
sem ter o sentido de ser feito pelo Criador da matéria) a própria
Arte quando você questiona se aquilo deveria existir ou se deveria ser
exibido ao ar livre; as coisas, evidentemente, também não param por
aí. Perdem o direito de se expressarem, leitores. Se incomodar o
artista… você é um fascista!
Mas
“fascismo” é uma palavra interessante. O artista não o xinga de
sindicalista, nacionalista, antiliberal, corporativista… nada do que
realmente compõe o fascismo, a não ser uma única coisa: autoritário.
Como alguém pode ousar ser contra a arte do artista questionador?
Como
podemos cogitar questionar a autoridade do questionador? Seria um
disparate!
Devemos, claro,
no máximo não nos importar, pois sempre temos que abaixar nossas
cabeças para a autoridade que nos salvaguarda dos autoritarismos, uma
tão alta, tão inquestionável, límpida, perfeita, pura, que impera sobre
todos nós… porque caso contrário… seremos fascistas.
Ó, o terrível
infortúnio contra o artista atual! Quando escuta, do alto de sua torre
subjetivista, a opinião de alguém que não entende, acredita ou receia
que sua obra, ou a corrente à qual está relacionado, “não é arte”, o
artífice do subjetivismo não se aguenta!
Dos fortes do Relativo, ele
estoura bombas axiológicas contra a opinião da plebe que, como é óbvio,
“não sabe o que é arte”. Então, com o bastião de sua relativa opinião,
explica ao seu adversário que arte não tem definição, que ela não pode
ser contida em nada, mas ainda assim, através de seus parâmetros, mostra
que o reles campônio cultural está… errado. A arte moderna encaixa a
todos para todos não encaixarem ninguém – são os guardiões das
definições!
A arte atual,
claro, sem forma ou coesão, é um grito contra o sistema. Todos os
arquitetos medievais, os escultores gregos, os poetas romanos, os
pintores renascentistas e os romancistas românticos… se não perceberam
isso, é porque, claro, não sabiam o que era arte e para que esta
realmente servia.
Replicavam apenas os discursos de poder e os lugares
de fala das elites aristocráticas, burguesas e religiosas de seus
tempos!
Depois de seis mil anos de Civilização, depois de oitenta
mil anos de cultura e de duzentos mil anos de humanidade,
apenas agora os críticos sociais descobriram o que é arte!
Do
seu domínio e poder nada sai, nada foge de seus relativismos
absolutos, nada pode os perturbar e ninguém ouse os questionar… Pois se
irritar o artista… você só pode ser um fascista.
Publicado originalmente em 26/11/2019 no site do Instituto Liberal.
Graduado e Mestrando em História pela Universidade Federal Fluminense.