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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Relatório da CPMI - Bandidos protegidos, mocinhos perseguidos - Marcel van Hattem

Gazeta do Povo - VOZES
O relatório da CPMI do 8 de janeiro, apresentado pela senadora Eliziane Gama, não surpreendeu: seguiu o script da “narrativa do golpe”
Com tanta coisa acontecendo no mundo, em especial no Oriente Médio, a balbúrdia do início do ano parece coisa de muito tempo atrás. 
E é nisso que devem apostar os governistas ao apresentar um relatório inteiramente descolado dos fatos e que não indicia nem o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) demitido por Lula, G. Dias, cuja inoperância foi tamanha, para dizer o mínimo, que até o PT decidiu rifá-lo; nem o ministro da Justiça, Flávio Dino, que além de não entregar as imagens das câmeras de segurança do prédio que administra, também admitiu que as mesmas foram apagadas.
 
Os “terroristas” do 8 de janeiro, desarmados de pólvora e empunhando bandeiras do Brasil, são para os petistas muito mais nocivos para a sua “democracia” do que os “militantes” degoladores e estupradores do Hamas. Para Lula e seus companheiros, o Hamas não é terrorista. 
Como não seria terrorista, para a esquerda brasileira, o MST, um dos braços armados do PT cuja relação com o Hamas não é coincidência e foi exposta por esta Gazeta do Povo
Ou alguém acredita que o bando que invade terra no Brasil viaja todos os anos a Gaza apenas para colher azeitona?

O relatório incoerente apresentado na CPMI e a posição ultrajante do PT em relação a Israel e ao Hamas são sintomas do mesmo mal: a proteção dos bandidos e a perseguição dos mocinhos, nessa película de filme B que Lula oferece aos brasileiros no dia a dia de seu governo. 

Ou faria sentido que o ministro dos Direitos Humanos de Lula, cuja agenda de encontros bilaterais registra apenas cinco eventos, já tenha se encontrado duas vezes com o embaixador do Irã, país que sabidamente é um dos principais financiadores do Hamas? Da mesma forma: por que o Brasil recepcionou tão facilmente a entrada do Irã nos BRICS?

Felizmente, muitos eleitores e formadores de opinião que “fizeram o L" voltaram a abrir seus olhos em relação à ameaça constante à democracia que representa o PT. 
É preocupante, porém, que a degradação institucional tenha avançado tanto nesse ínterim.
Infelizmente, não é apenas o governo federal que representa o desgaste em nossa jovem democracia. 
O Supremo Tribunal Federal, por exemplo, está na sua pior fase e composição de toda sua história, ultrapassando sua competência de julgar e legislando em claros casos de ativismo judicial.  
Cabe ao Congresso Nacional impor os freios e contrapesos e, à população, auxiliar na pressão para que esse movimento ocorra, de fato.
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos

segunda-feira, 20 de março de 2023

Congresso vai se colocar nas mãos do Supremo de novo? - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Começo com uma notícia excelente que me enche de orgulho como cachoeirense: um azeite de Cachoeira do Sul (RS) está em primeiro lugar entre os 120 melhores azeites do hemisfério sul em um concurso na Itália. Os ganhadores vão sair no guia Lodo de azeites.

Ainda produzimos muito pouco: cerca de 3.500 toneladas de azeite; importamos 106 mil toneladas. Há produtores no Rio Grande do Sul, em municípios como Pinheiro Machado, Rosário do Sul, Viamão, Canguçu, Caçapava do Sul… Há também produtores da Serra da Mantiqueira na lista dos campeões do mundo. É a hora da colheita e, como se sabe, é necessária mão-de-obra, já que a colheita da azeitona é à mão.

Agora comentam de novo que há suspeita de trabalho análogo ao escravo em vinícolas. É um problema sério. Em Bento Gonçalves (RS), um delegado de Polícia Federal (PF) está investigando o tal trabalho escravo, mas diz que não encontrou nada na investigação que vinculasse as três vinícolas – as duas cooperativas e a empresa – a condições análogas ao trabalho escravo. Foi o que disse o delegado Adriano Medeiros do Amaral.

Eu fico boquiaberto porque, meu Deus, o que foi isso, então? Campanha de difamação? Tentativa de extorsão? O que foi que houve? Eu vejo que, talvez, esta empresa de terceirização, a Fênix, esteja envolvida nisso. Mas as três vinícolas fizeram um acordo para pagar R$ 7 milhões, e não vão os R$ 7 milhões para os quase 210 trabalhadores, a maioria baianos; são só R$ 2 milhões que vão ser divididos entre eles.

Por que a vinícola Aurora, por exemplo, fez um pedido de desculpas? Está aqui: "Carta ao povo brasileiro (…) nossas mais sinceras desculpas aos trabalhadores (…) sentimo-nos obrigados a estender essas desculpas ao povo brasileiro (…) Já cometemos erros, mas temos o compromisso de não repeti-los."

Não estou entendendo. Não sei se se assustaram, se se viram tão assediados pela campanha de difamação que resolveram fazer isso
Acho que deveriam reagir contra os difamadores. Mover ação de difamação, pedindo danos morais e mostrando que tem que pagar R$ 7 milhões. Os difamadores que paguem os R$ 7 milhões, então.

A verdade sobre a pandemia continua vindo à tona
Mais uma vez chamo a atenção ao que apareceu sobre a pandemia. Recomendo um livro que por enquanto não foi traduzido para o português: Silent Invasion (2022) – Invasão Silenciosa. É o nome da obra da doutora Deborah Birx.

Ela trabalha junto com Anthony Fauci, e conta no livro que eles inventaram em duas semanas a história da separação e do distanciamento social. Fizeram todo mundo fechar tudo, ficar longe, morrer de medo… Meu Deus do céu! Recomendo a leitura deste livro para que a verdade continue voltando, e a gente fique sabendo o que está acontecendo.

Senadores querem subjugar o Congresso ao Supremo mais uma vez
Há uma briga na Câmara e no Senado. O presidente do Senado quer retomar um sistema anterior à pandemia
Durante a pandemia, decidiram que, para dar mais pressa às medidas provisórias do presidente da República, a tramitação deveria ir direto para o Plenário da Câmara e depois para o Plenário do Senado.
Antes disso, era uma comissão mista de deputados e senadores que decidia a ida a Plenário, e a relatoria era um rodízio entre deputado e senador.
 
Agora, o governo acha que está nas mãos do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) pautar ou não o tema da medida provisória
E o governo está com medo, está apressado. Conhece o resultado das urnas, em que a centro-direita ficou majoritária, com 65% a 70% dos votos.
 
Aí acontece de novo: atropelando o Legislativo, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) foi ao Supremo para evitar que Rodrigo Pacheco se desgastasse fazendo isso. 
Pediu intervenção do Supremo para tratar de um assunto absolutamente interno do Poder Legislativo.
 
Deputados e senadores sendo julgados pelo Supremo é um problema que tem que ser corrigido na Constituição.  
Da forma como está, o Supremo impõe o que quiser, já que os parlamentares são da jurisdição do Supremo. Aí não funciona, não tem como funcionar.
 
Não é a primeira intervenção do Supremo. Ele já interveio quando estava pronto para entrar em discussão o assunto da CPI das ONGs da Amazônia, e entrou a tal CPI da Covid, que só foi prejudicial ao país, à saúde dos brasileiros, à vida dos brasileiros.
E assim vai a dependência. O Congresso Nacional está dependente de outro poder, quando é o primeiro dos poderes. E é o próprio Congresso que se põe em último.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

CPI, a estratégia final - VEJA

Comissão resolveu não pôr azeitona na empada de Queiroga 

Não foi um recuo da CPI da Covid a decisão de cancelar o terceiro depoimento do ministro da Saúde, inicialmente marcado para a próxima terça-feira, véspera da apresentação do relatório final. Foi um lance estratégico. [não foi estratégia, pelo simples fato de que a CPI Covidão pode ter tudo menos estratégia e noção.
Se apavoraram, pois estão desesperados com a aproximação do final da temporada circense no Senado e que não vão produzir nada que convença a ninguém que a CPI descobriu alguma coisa e/ou teve alguma utilidade.
A intenção era prejudicar Bolsonaro, que mais uma vez dá uma banda nos adversários  e sai por cima e mostrando que a CPI não serviu para nada.
A melhor solução é chamar um médico contrário ao governo Bolsonaro e que será mais uma nulidade a NARRAR alguma coisa que aos ouvidos dos 'donos' da CPI pareça capaz de diminuir o descrédito da Covidão.]

O comando da comissão simplesmente resolveu não dar palanque a Marcelo Queiroga, cuja intenção é se candidatar a algum cargo eletivo em 2022, nem permitir que ficasse com ele o papel de protagonista do fecho dos trabalhos iniciados em abril com o depoimento do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

No lugar de Queiroga irá o médico Carlos Carvalho, responsável pela equipe que elabora protocolos para o uso de medicamentos para o enfrentamento da pandemia e francamente contrário ao uso do chamado Kit-Covid.

Em seguida, falarão parentes de vítimas da doença e assim a CPI terá seu “grand-finale” sem que a última palavra fique com um ministro cuja perda de prestígio no cargo foi diretamente proporcional à sua adesão a posições semelhantes às do presidente Jair Bolsonaro.

Dora Kramer - Blog em VEJA


quarta-feira, 12 de agosto de 2020

A tentação populista - Nas entrelinhas

“A tendência do presidente Bolsonaro é forçar a barra para Guedes “furar o teto de gastos”, estabelecendo exceções, como os gastos com o reaparelhamento das Forças Armadas”

O populismo no Brasil, como de resto em toda a América Latina, pode ser caracterizado por um arremedo de Estado de bem-estar social, com uma agenda nacionalista e estatizante, além de uma legislação trabalhista que concedeu representação e muitos direitos aos trabalhadores, mas também exacerbou seu corporativismo e lhes tomou a autonomia. No nosso caso, deixou raízes tão fortes que sobreviveu ao golpe de 1964, serviram de alicerce social para o regime militar por bom período, bem como renasceram das cinzas durante os governos petistas. Agora, em mais uma das reviravoltas que nos promove, ressurge como uma tentação para o presidente Jair Bolsonaro alavancar seu projeto de reeleição em meio à crise causada pela pandemia da covid-19.

Nosso país vem ficando para trás na corrida mundial para reinventar o Estado e modernizar a economia, que sofre o choque de uma crise sanitária sem precedentes e uma brutal recessão econômica. Sob o impacto de aceleradas inovações tecnológicas, que alteram a divisão internacional do trabalho, as relações entre capital e trabalho e também a própria organização do trabalho, a sociedade brasileira se depara com a necessidade de uma agenda econômica e social robusta, inovadora, que enfrente o problema do desenvolvimento econômico com menos desigualdades sociais. Entretanto, nem o governo Bolsonaro nem a oposição são capazes de formular essa agenda, bloqueada por narrativas ideológicas de caráter liberal-conservador ou nacionalista-reacionária, no campo oficial, e social-democrata ou nacional-desenvolvimentista, entre as forças de oposição.

São embarcações à deriva num mar revolto, sem chance de corrigir o rumo. É aí que o pulo do gato de um populismo de direita, que misture corporativismo, paternalismo social, conservadorismo nos costumes e uma recidiva nacional-desenvolvimentista começa a ganhar força no governo Bolsonaro, com apoio dos militares que compõem o eixo principal de sua equipe de governo, o que tem tudo a ver com suas concepções históricas sobre o papel do Estado brasileiro, impregnadas de positivismo e nacionalismo. O sonho do Brasil potência dormia em berço esplêndido; após a posse de Bolsonaro, busca um caminho de volta à cena política.

O ciclo de modernização em curso no Brasil é desigual e socialmente injusto, não se apoia na capacidade própria da nossa economia, mas em fluxos do comércio mundial nos quais nossa vocação natural é produzir commodities de minérios e alimentos, o que tem resultado na progressiva redução de nossa complexidade industrial. Além disso, a nossa baixa inovação tecnológica também resulta dessas demandas, bem como toda a ideologia que fomenta essas inovações. Assim, o moderno e o modernoso se confundem no mundo das narrativas, enquanto a realidade social e econômica continua amarrada por toda uma estrutura de relações institucionais, econômicas e sociais com um pé na economia arcaica e outro no atraso cultural. Esse quadro estressa nosso Estado de direito democrático.

Popularidade
Essa tensão estrutural hoje permeia a vida nacional e tem como epicentro a relação entre a política institucional, cujo desenvolvimento ocorre por meio das instituições da democracia representativa, e as redes sociais, nas quais os diferentes atores se digladiam ao defender suas visões de mundo. Interpretam a realidade de forma distorcida pela perspectiva ideológica, muitas vezes de caráter religioso. Nesse cenário, o projeto ultraliberal de modernização do ministro da Economia, Paulo Guedes, que já tinha contradições com a agenda reacionária de costumes do presidente Bolsonaro, naufragou na pandemia e não tem chance de se restabelecer. Ao mesmo tempo, as medidas de emergência adotadas pelo Congresso para compensar os efeitos sociais e econômicos da pandemia estão chegando ao seu limite.


Por ironia, essas medidas econômicas de caráter heterodoxo tiveram impacto favorável à popularidade do presidente da República, que estava em queda aberta, principalmente no Norte e Nordeste, entre os mais pobres e os mais jovens. Pode-se dizer que o abono emergencial caiu no colo de Bolsonaro e passou a ser um vetor de seu projeto de reeleição, do qual não pretende mais abrir mão. Vem daí sua tentação populista. A oposição, que não pode apostar no “quanto pior, melhor” nem “pôr mais azeitona na empada” de Bolsonaro, está perplexa e paralisada diante da situação, como aquela presa enfeitiçada pela cobra que prepara o bote iminente. [não temos oposição,  que mereça o nome = o que existe no Brasil são alguns ratos molhados, perdidos, sem noção, sem rumo e que apostam no"quanto pior, melhor".]
Entretanto, o governo Bolsonaro está diante de escolhas duras, do tipo, aumentar impostos ou reduzir as despesas. No primeiro caso, não conta com o apoio da maioria dos políticos, mas encontra ressonância nos meios empresariais. No segundo, tem apoio da opinião pública, mas enfrenta resistência feroz das corporações. A tendência de Bolsonaro é forçar a barra para Guedes “furar o teto de gastos”, estabelecendo exceções, como os gastos com o reaparelhamento das Forças Armadas.  [o reaparelhamento das Forças Armadas deve ser tratado como assunto de Segurança Nacional - não sujeito a contingenciamento - por ser pacífico a existência de países que defendem ocupar a Amazônia e precisam ter a certeza que se tentarem ocupar território brasileiro, serão combatidos, entrarão em uma guerra sem fim e eventuais vitórias, implicarão na conquista de  terra arrasada.
Para agravar a necessidade FF AA alertas, preparadas, há os maus brasileiros que são favoráveis, ou estão a serviço, das ONGs vendidas a interesses estrangeiros.]  Quando fala em “desengessar” o Orçamento da União, destinando verbas de despesas obrigatórias — que normalmente não são executadas para reduzir o deficit fiscal — em investimentos em obras públicas, faz concessões incompatíveis com seu próprio projeto. Num momento de grandes mudanças globais, nas quais vamos ficando para trás, estamos enxugando gelo. O Brasil não tem uma agenda moderna, democrática, socialmente mais justa e mobilizadora da sociedade.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense