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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Cotas raciais: prefeitura de Curitiba vai selecionar servidores pela cor da pele - Gazeta do Povo

Vozes - Cristina Graeml

Cotas raciais são sempre assunto polêmico, porque quem ousa questionar essa política de cessão de espaço a pessoas com base em cor de pele, etnia ou raça é logo acusado de preconceituoso ou racista, antes mesmo que consiga expor seus argumentos.

Quando se permite o debate de ideias, porém, vê-se quase sempre a preocupação dos questionadores justamente com o respeito à dignidade humana e uma tentativa genuína de evitar segregação de pessoas por critérios raciais.

Foi o que aconteceu na Câmara de Vereadores de Curitiba nesta terça (30), quando os vereadores aprovaram o projeto de lei que estabelece cotas raciais para servidores municipais, obrigando a prefeitura a reservar 20% das vagas em concursos públicos para negros e índios.

A proposta da vereadora Carol Dartora (PT) foi aprovada, mas só depois de 8 horas de muito debate. E não passou por unanimidade, apesar de ninguém ter negado o problema de maior dificuldade de acesso de negros ou índios ao mercado de trabalho.

Cotas sociais em vez de cotas raciais
O longo debate foi provocado pela proposta de outra vereadora, Amália Tortato (NOVO), que apresentou um substitutivo ao projeto de lei original, sugerindo critérios objetivos para dar acesso aos cargos públicos a pessoas carentes, que tenham estudado em escola pública ou tenham sido bolsistas em escola particular, por exemplo.

A vereadora acredita que a proposta de cotas sociais
, em substituição às cotas raciais, poderia inserir negros ou índios pobres no mercado de trabalho de forma mais justa e igualitária, sem discriminar pobres de outras etnias ou cor de pele.

Convicção Gazeta do Povo: A dignidade da pessoa humana

Outro importante argumento,
comprovado em pesquisas, é que há menos questionamento quanto à capacidade dos servidores contratados por cotas, quando os critérios utilizados não são a mera aparência, ou seja, cotas sociais não geram um efeito bumerangue de discriminação.

Isto é empatia legítima, algo tão propalado pelos supostos defensores de minorias, mas normalmente conquistado por aqueles que se opõem ao sequestro de causas e ao monopólio das virtudes e que se sujeitam a ser saco de pancadas, mas furam a bolha da falta de diálogo e obrigam todos a pensar e discutir ideias.

Entrevista: Perigo das cotas raciais no serviço público

 
Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Desespero na “resistência democrática” com alta na popularidade de Bolsonaro

Por Rodrigo Constantino


Bolsonaro é pop. E quem diz isso é o DataFolha! Sua aprovação subiu e sua rejeição despencou. A notícia é desesperadora para quem tem investido tanto contra o presidente e o governo. Tentaram de tudo: usaram a pandemia como palanque para acusar Bolsonaro de "genocida", contaram com Sergio Moro e Mandetta "lacradores" disparando contra o ex-chefe, usaram o tempo nobre da imprensa para pintar o homem como pior do que o vírus chinês. Deu tudo errado!

Mas não pensem que a "resistência democrática ao fascismo" vai rever sua estratégia - ou checar suas premissas. Não há chance de isso acontecer. Vão é dobrar a aposta, o que será o principal fator de reeleição de Bolsonaro. Seu melhor cabo eleitoral é justamente essa patota apavorada e expondo cada vez mais a própria hipocrisia.A narrativa da turma é que tudo se deve ao coronavoucher, ou seja, Bolsonaro é o novo Lula e ponto final. O discurso tangencia de leve a verdade, mas está longe de ser toda ela. O que esse pessoal não quer enxergar é que o maior cabo eleitoral de Bolsonaro é e sempre foi a mídia, a hipocrisia escancarada de quem tenta de tudo para detonar o governo lançando mão de um duplo padrão podre.

Com esses adversários, tudo que Bolsonaro precisa fazer é se manter razoavelmente calado e deixar que seus detratores se enforquem. O desespero está batendo forte, e com isso eles apelam ainda mais, o que os afunda mais ainda e ajuda Bolsonaro.
Eis, por exemplo, o método MBL de "raciocínio": 
1. vire um antibolsonarista histérico que considera até Paulo Guedes pior do que o PT; 
2. Passe o dia destilando ódio a quem vê virtudes no governo, acusando de "vendido" quem não for igualmente fanático contra o governo; 
3. Apoie até a esquerda radical e a mídia para isso; 
4. Quando der "ruim", culpe o povo "idiota" e o compare a porcos.


Em seguida, basta Bolsonaro mostrar quem são os "democratas" que se unem para combater seu "fascismo":

Enquanto isso, deixe a imprensa, em pânico, convocar um youtuber idiota que imita focas como um ícone da "resistência", dando holofote a ele em tudo que é veículo "importante", inclusive internacional. Eis o efeito prático:

O que mais Bolsonaro precisa fazer? Ah sim: poderia entender que seu silêncio, às vezes, vale ouro. Aquelas saidinhas no "cercadinho" eram um fiasco. O deputado Paulo Eduardo Martins tem um bom conselho a dar:

Diante disso tudo, até a turma da Globo terá de admitir, com bastante constrangimento, a realidade inegável:

Os inimigos do governo foram com muita sede ao pote, escancararam demais da conta seu oportunismo canalha nessa pandemia. Claro que isso teria um efeito bumerangue! Só quem ainda não entendeu nada do fenômeno que levou Trump, Bolsonaro e outros ao poder, e resultou no Brexit, poderia achar que tanta canalhice do establishment ficaria impune.

E claro, não podemos fechar sem o melhor cabo eleitoral de Bolsonaro: o  STF! Quem precisa de defensores quando aquele ministro que considera o presidente um "genocida" e um "nazista" resolve fazer uma "live" com ninguém menos do que o líder do MST, um movimento criminoso, invasor de propriedades, que atacou inclusive a propriedade de uma ministra do próprio Supremo?!

Comentei rápido sobre o caso no 3em1 desta quinta, para fechar o programa:
Sim, o Brasil cansa, não é sério, e o STF menos ainda. Com esse establishment, com esses adversários, Bolsonaro é reeleito se basicamente ficar imóvel. É uma turminha totalmente sem noção da realidade!

Rodrigo Constantino, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes


terça-feira, 3 de março de 2020

ABC da crise - Nas entrelinhas

”Como acontece em todos os momentos de disputa entre o Executivo e o Legislativo, sempre há a turma da barganha, os pescadores de águas turvas e o pessoal que joga o tempo todo para a arquibancada”

Como dizia a propaganda de uma transportadora de antigamente, o mundo gira e a Lusitana roda. O Congresso deve se reunir hoje para apreciar o veto 52 do presidente Jair Bolsonaro às emendas impositivas do Orçamento da União, no valor de R$ 31 bilhões, o pivô da crise entre o Executivo e o parlamento. É também o motivo da manifestação convocada para o próximo dia 15 de março, pelos setores de extrema direita que apóiam Bolsonaro, com objetivos claramente golpistas: um ultimato ao Legislativo e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O envolvimento direto de Bolsonaro com a convocação da manifestação, por meio de sua rede “privada” de WhatsApp (na internet, o privado é muito relativo) gerou uma crise de relacionamento entre os Poderes com ares de antessala de golpe de Estado.

Desde ontem, porém, o Palácio do Planalto e os líderes do Congresso negociam uma saída honrosa. Ou seja, houve a retomada das negociações interrompidas na semana anterior ao carnaval, para a derrubada parcial do veto, de maneira que uma parte do valor das emendas impositivas seja devolvida ao Executivo, algo entre R$ 11 bilhões e R$ 15 bilhões. Como acontece em todos os momentos de disputa entre o Executivo e o Legislativo, sempre há a turma da barganha, os pescadores de águas turvas e o pessoal que joga o tempo todo para a arquibancada. O problema é quando o presidente da República resolve jogar para a arquibancada e pescar em águas turvas. Foi mais ou menos o que aconteceu na semana do carnaval.

A aprovaçao das emendas impositivas pelo Congresso foi uma articulação política da oposição durante o governo de Dilma Rousseff, cujo grande artífice foi o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que hoje está preso. Àquela época, contou com o entusiasmado apoio do então deputado Jair Bolsonaro. No ano passado, no rastro da “nova política”, o Congresso aprovou também que o governo não poderia contingenciar essas emendas — elas teriam que ser executadas, o que acabou engessando ainda mais o Orçamento da União. Essa decisão foi a contrapartida do fim do “governo de coalizão”, anunciado com pompa e circunstância por Bolsonaro, que proclamou o fim do “toma lá dá cá”. O que não estava no programa foi o aumento do valor das emendas impositivas, com a criação de emendas do relator e das comissões, além das emendas individuais e de bancada, que já existiam e somam em torno de R$ 14,5 bilhões, de um orçamento de R$ 3,3 trilhões.

Bumerangue
Nesse processo, o então ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o secretário de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, o ministro responsável pela articulação política com o Congresso, aceitaram as emendas. Houve reação do ministro da Economia, Paulo Guedes, que exigiu os vetos de Bolsonaro. O episódio provocou a substituição de Onyx pelo general Braga Netto, o novo ministro da Casa Civil. Diante disso, Ramos e Guedes negociaram um novo acordo, no qual o veto seria derrubado parcialmente, com a devolução de R$ 11 bilhões ao governo. Na sessão do Congresso, que sacramentaria a proposta, na semana que antecedeu o carnaval, porém, uma parte da base do governo se opôs à aprovação, e também setores da oposição. Nessa altura do campeonato, o general Augusto Heleno já havia falado em chantagem do Congresso e o ato de 15 de março já estava sendo convocado.


Bolsonaro viu no ato uma alternativa para emparedar o Congresso, com a narrativa de seus aliados nas redes sociais de que haveria uma conspiração no Congresso para inviabilizar o governo e aprovar o impeachment do presidente da República. A alternativa, diante disso, seria o fechamento do Congresso e do Supremo. [Versão criada no Congresso, por parlamentares que não aceitam que o povo, patrão dos parlamentares, possa manifestar seu repúdio ao Congresso.
Em nenhum momento, os instrumentos que convocam os manifestantes para o próximo dia 15, mencionam o Congresso ou o STF.
O Congresso sabe que o boicote implacável ao governo Bolsonaro não pode ser divulgado para o Povo, nem criticado pelos eleitores.] Nas redes sociais, essa cantilena continua, enquanto Bolsonaro faz uma espécie de jogo duplo: não se opõe à manifestação, mas negocia com o Congresso. Criou-se uma situação na qual o Congresso se vê diante da necessidade de negociar um acordo para não pôr mais lenha na fogueira, enquanto o presidente da República espera a mobilização para avaliar melhor suas forças. Os bombeiros de um lado e de um outro trabalham para que o acordo saia nesta semana e seja um fator desmobilizador do apoio popular ao ato de 15 de março.

Objetivamente, essa é a primeira crise de Bolsonaro com o Congresso diretamente relacionada às suas condições de governabilidade. O presidente da República faz um governo de minoria e nunca se preocupou com a formação de uma base parlamentar robusta, nem mesmo para aprovar as reformas que podem garantir o êxito de sua gestão. No primeiro ano de mandato, administrou o Orçamento que herdou do governo Michel Temer, um exímio articulador político. Agora, descobriu que precisa do Congresso para aprovar o seu próprio orçamento, ou seja, seu “governo de colisão” virou um bumerangue. A Constituição de 1988 é clara: aprovar o Orçamento da União é uma prerrogativa do Legislativo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense


sábado, 21 de setembro de 2019

A LAVA JATO VIROU BUMERANGUE - Sérgio Alves de Oliveira



É quase uma unanimidade  a previsão de que em outubro próximo o Lula será solto pelo STF, juntamente com outros milhares de bandidos, em vista da nova  “orientação” que  provavelmente dará a Suprema Corte, acabando  com a prisão  de condenados em Segunda Instância., usada como “pretexto” para favorecer o ex-Presidente.    Na “carona” de Lula, serão libertados  uma infinidade de  condenados que não tiveram suas condenações  transitadas em julgado ,ou seja, todos aqueles que  conseguiram  pagar  advogados para adiar  o julgamento final,  mantendo  sempre as suas condenações de recursos.


Por isso os presidiários “chinelõesque não conseguiram pagar advogados e tiveram as suas condenações definitiva  transitadas em julgado, sem mais possibilidade de novos recursos, ao contrários dos “outros”, serão  os únicos que permanecerão presos. Sem dúvida é a força do “poder econômico” agindo também no meio do crime,”comprando” até a Justiça. Desde o início da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia e pelo Ministério Público Federal, a partir de março de 2014, a Câmara, o Senado  e os  Tribunais Superiores competentes, sempre ”advogaram” os interesses dos envolvidos em  crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.


Considerando as eleições presidenciais que seriam realizadas em outubro de 2018, as forças políticas que apoiavam  o candidato Jair Bolsonaro ergueram como principal bandeira da  sua campanha  o combate à corrupção, apoiando  a Operação Lava Jato deflagrada  em 2014.  ato, Ora, é sabido que tanto o dinheiro, quanto a corrupção, não têm fronteiras. E desde o momento em que a Operação Lava Jato começou a “respingar” os seus efeitos sobre gente de uma forma ou outra “ligada” ao novo Governo, “coincidentemente” a dita operação começou a receber restrições governamentais,  que  inclusive começou a nomear para cargos estratégicos  de combate ao crime, vinculados ao Poder Executivo, pessoas  manifesta e declaradamente  hostís à Lava Jato. Portanto a sentença de “morte” da Lava Jato foi assinada pelos Três Poderes.


Tudo indica , pois, que acabou havendo um “acordão” entre as cúpulas dos Três Poderes Federais. E pelo que se observa,  a “sonhada” INTERVENÇÃO, claramente repelida pelo atual Chefe do Poder Executivo, apesar de tanto ter apanhado na  “cara”, da mesma forma que o era por Lula, Dilma, Temer, e também os “outros”, terá que ser feita à sua revelia, apesar da sua condição  de “Comandante em Chefe das Forças Armadas” ,e  que por essa simples  razão deixaria de ser SUJEITO da intervenção ,e passaria a ser um dos seus OBJETOS, ao lado do Congresso, do Supremo, e de todos os outros “comparsas”,  mesmo porque, para fins de DEFESA DA PÁTRIA  e  dos  PODERES CONSTITUCIONAIS, a legitimidade intervencionista  é privativa, exclusiva, e única, do PODER MILITAR, e de mais ninguém.


Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e sociólogo


terça-feira, 12 de março de 2019

O inimigo mora ao lado

Se até o vice é ‘vermelho’, a intenção é criar inimigos para viver guerreando nas redes

A melhor frase de todos os dias carnavalescos e de todas essas inacreditáveis confusões que o governo cria contra ele mesmo partiu do cada vez mais bem-humorado vice Hamilton Mourão: “O Olavo de Carvalho agora acha que sou comunista. Paciência...”. O poder dos “olavetes” vem exatamente daí, da criação de inimigos imaginários: comunistas, esquerdopatas, vermelhos, petistas e lulistas. Quanto mais inimigos, mais eles justificam sua influência no governo de Jair Bolsonaro e mais atiçam suas tropas nas redes sociais.
Assim, somos todos vermelhos, o vice-presidente, os oito ministros militares, as TVs, os rádios, os jornais, as revistas e os jornalistas. Não conseguimos sequer entender o governo cutucando a China para agradar a Donald Trump e o chanceler Ernesto Araújo voltando no tempo para atacar a “China Maoista” que ameaça o Ocidente. O mais incrível, porém, é como essa besteirada consome a energia e o tempo do presidente da República, tendo de arbitrar ora em favor de Olavo de Carvalho e seus seguidores, que vivem criando tumultos desnecessários e falsas crises, ora em favor de Mourão e os ministros militares, que não criam confusão e ainda têm de consertar o tempo todo as confusões geradas pelos “olavetes” e pelo próprio Bolsonaro.

Muitos perguntam de onde vem todo esse poder de Olavo de Carvalho e o que ele é de fato. Filósofo, astrólogo, agitador, mentor, líder ou guru? Sabe-se lá, mas uma coisa é certa: ele manda muito no governo. Por quê? Porque tem forte influência sobre os três filhos de Bolsonaro, o 01, o 02 e o 03. Graças a essa aproximação, foi Olavo de Carvalho quem, morando no distante Estado da Virgínia, nos EUA, conseguiu alçar o embaixador júnior Ernesto Araújo a chanceler e o teólogo Ricardo Vélez Rodríguez a ministro da Educação. São duas áreas superestratégicas, importantíssimas, e viraram foco de problemas, críticas e fofocas.Talvez por isso o “comunista” Hamilton Mourão tenha sido chamado para escorar Araújo. Vai ver o vice está doido para trazer de volta o petista Celso Amorim! Aliás, o vice e os ministros Augusto Heleno, Santos Cruz, quem sabe o porta-voz, Otávio do Rêgo Barros? A turma vermelha...
Na Educação, a coisa está pegando fogo, depois que o Planalto mandou rebaixar os “olavetes” para postos acessórios e o mentor, líder, guru ou o que seja não gostou e mandou todo mundo cair fora. Em pleno domingo, o presidente chamou Vélez Rodríguez ao Palácio da Alvorada e mandou exonerar o coronel da FAB Wagner Roquetti da Direção de Programas da Secretaria Executiva do MEC. Soou assim: se afastaram os outros, afaste-se também o opositor deles. Zero a zero. E a Educação?!
Pelo Twitter, vício do governo, Vélez agradeceu a Roquetti “pelo seu desempenho” e pelo “decidido apoio à gestão e preservação da lisura na administração dos recursos públicos”. Ficou a dúvida: se é assim tão bom, por que então foi exonerado? Enquanto o pau quebra entre Olavo de Carvalho e Hamilton Mourão e entre “olavetes” e militares, os filhos do presidente e o próprio presidente continuam fingindo que não há nada errado no governo, guerreando pela internet e atirando contra a mídia e os jornalistas.
O caso da colega Constança Rezende é exemplar: foi uma armação com efeito bumerangue. Um “estudante” pede ajuda para um trabalho; um “jornalista” publica o texto no exterior deturpando o que foi dito; um site bolsonarista reproduz a versão farsesca no Brasil; o presidente repercute pelas redes sociais. Presidente, seu problema não é a imprensa nem os jornalistas, que apenas publicam os problemas que o senhor e seu entorno criam e amplificam. O inimigo mora ao lado.
 
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Derrotas judiciais aprisionam Lula em sua fábula



Inelegível, Lula frequenta as manchetes há 32 dias como um corrupto preso. Nesta quarta-feira, consolidou-se no julgamento virtual da Segunda Turma do Supremo a maioria pela rejeição do mais recente pedido de liberdade formulado por seus advogados.

Desde que foi condenado por Sergio Moro no caso do tríplex, Lula coleciona meia dúzia de derrotas judiciais: duas no TRF-4, duas no STJ e duas no STF. Já não amarga apenas o isolamento da cela especial da Polícia Federal. Tornou-se prisioneiro de sua própria fábula.

O personagem vivia a ilusão de que comandaria uma ofensiva política. Hoje, verifica-se que seus ataques ao Judiciário surtiram o efeito de um bumerangue. As multidões solidárias revelaram-se inexistentes. Não há vestígio de agitação nas ruas. Os aliados da esquerda cuidam de suas próprias candidaturas. Os companheiros do PT dividem-se entre a fidelidade canina e o flerte com Ciro Gomes, visto como espécie de bote salva-vidas.

Diante da perspectiva de uma cana longeva, o petismo, já com água pelo nariz, confunde jacaré com tronco. Agarrou-se nos subterrâneos à tese do indulto. Longe dos refletores, tenta-se costurar um indulto para Lula. Deseja-se que o próximo presidente, seja quem for, comprometa-se a editar um decreto perdoando Lula dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula precisa decidir que personagem deseja ser. Ou é inocente e não precisa de indulto ou é um culpado à procura de clemência. Ou acredita na seriedade do Judiciário ou organiza uma revolução. Ou exerce o sacrossanto direito de defesa ou pega em armas contra o Estado que o persegue. Ou cai na real ou continua aprisionado em sua ficção.

Blog Josias de Souza