Estamos perdendo a noção do ridículo. Só pode ser isso.
Estamos tratando como normais certas situações - na política, na
economia, no judiciário - que são simplesmente ridículas. Querem começar pelo judiciário? Serve. Observem esta
ementa do Superior Tribunal de Justiça, emitida em 20 de junho de 2012.
Depois de repetir que se tratava da análise de embargos de declaração,
um sobre o outro, conclui negando o último deles, "embargo de declaração
no agravo regimental no recurso especial". Não é gozação.
Tratava-se de um caso simples. Um servidor aposentado do
governo de Goiás que pretendia voltar ao trabalho na mesma administração
estadual. O primeiro recurso chegou ao STJ em abril de 2008, negando a
volta ao emprego. Seguiram-se oito embargos de declaração e três
recursos e agravos, todos negados por unanimidade nas turmas. Mas a
coisa só terminou em agosto de 2012. Ocupou tempo de magistrados, a burocracia dos tribunais, para repetir a mesma decisão 11 vezes. Esqueçam os termos jurídicos, o formalismo. É simplesmente ridículo.
Vamos para a política? É até difícil escolher, mas
considerem o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira. Na
terça, a Polícia Federal deu uma batida no gabinete, na casa e nos
escritórios do parlamentar. Entre outras coisas, encontrou 200 mil reais
em dinheiro vivo. [que convenhamos, desde que não seja provado origem ilicita, não é crime.] O senador tem três inquéritos no âmbito da Lava Jato e
é acusado de ter ameaçado uma testemunha, um ex-assessor. O partido, o antigo PP, é o principal freguês da Lava
Jato. Lembram-se do Paulo Roberto Costa, o primeiro diretor da Petrobras
a ser apanhado no petrolão? Pois então, era indicação do PP.
Joesley Batista diz ter a gravação de uma conversa em que combina entregar uma mala de 500 mil para o senador. [se tratando do bandido Batista, sua afirmação deve ser vista com ressalva; o açougueiro Batista é um bandido que debocha em gravações das acusações que fez/faz, confessa mais de 200 crimes e permanece solto e o pior, com credibilidade.
Ciro Nogueira tem contra ele várias acusações, não merece ser favorecido com a presunção de inocência, mas não é justo que seja condenado exatamente com base em acusações do aludido açougueiro.] E sabem o que aconteceu com o PP nesse tempo todo? Mudou o
nome para Progressistas e, no troca-troca partidário, recebeu o maior
número de deputados federais. Chegou a 50.
Ocorre que o partido controla três ministérios, mais a
Caixa Econômica. Ou seja, vagas e verbas. O senador Ciro Nogueira ainda
distribuirá o dinheiro do fundo partidário que vai financiar as
campanhas eleitorais. Progressistas? Ridículo, não é mesmo? Pode um partido assim e um senador assim continuar no controle de boa parte do governo? [quanto ao partido é beneficiário dos favores da lei e não pode ser penalizado por ter alguns membros cuja honestidade é duvidosa;
mas o senador deveria, por iniciativa própria se afastar, ou ser afastado pelo partido de tudo que diga respeito a recursos públicos.] Dizem: qual o problema? No dia das batidas, o senador, acompanhado da esposa,
estava em "missão oficial" no exterior, o que significa pago com o seu
dinheiro, caro leitor. E sabe o que ele mandou dizer ao advogado? Fica
tranquilo. [usar mal o nosso dinheiro é algo rotineiro no Brasil; um exemplo: quase que diariamente parte de Brasília para Curitiba caravana de deputados para visitar o criminoso condenado por QUINZE JUÍZES, Lula da Silva e todas as despesas correm por conta do contribuinte.
E ainda tem ministro do Supremo que nos horários de expediente - também pago por nós - tenta encontrar formas de libertar o condenado citado.
De inicio, protelavam a prisão, por medo, temendo que prender o sentenciado provocasse uma revolta da povo;
preso, viram que o reeducando não despertou mais do que a atenção de algumas centenas de companheiros e com isso perderam o medo.
Mas continuam tentando encontrar fórmula de libertar o reeducando sem provocar a ira da população, motivada pelo repúdio do povo brasileiro a impunidade - sentimento este que é compartilhado pelo Exército brasileiro. ]
Aí já não é mais ridículo, é gozação com a gente. Mas certamente foi ridícula a decisão de três ministros da
Suprema Corte - Suprema! - ao determinar que as delações da Odebrecht a
respeito da compra do prédio do Instituto Lula e da reforma do sítio
de Atibaia sejam retiradas dos processos que correm em Curitiba sobre o
que? O prédio e o sítio. [o mais irônico é que para ser ministro do Supremo Tribunal Federal - STF, não é necessário ser advogado, sequer bacharel em direito.
Mas a composição atual do STF é toda formada por advogados - tem um ministro que não conseguiu passar em provas para juiz de primeira instância (o que suscita dúvidas sobre seu notório saber jurídico - exigência constitucional para ser supremo ministro) mas é advogado, inclusive foi funcionário do PT, sob o comando do quase futuro presidiário Zé Dirceu.
Nos parece ser oportuno que a OAB, tão ciosa do valor do Exame de Ordem e tão rápida em defender bandidos, criticando a ação das forças de intervenção federal no Rio, encontrasse uma forma de aferir o notório saber jurídico de alguns membros da nossa Suprema Corte.
Poderia tal checagem reduzir o faz hoje, desfaz amanhã, que tem caracterizado pretensões de alguns supremos ministros.]
Dizem os ministros Gilmar Mendes, Lewandowski e Dias
Toffoli que essas delações não têm nada a ver com a corrupção na
Petrobras, caso que está na corte do juiz Moro. Logo, as delações devem
ir para a Justiça Federal de São Paulo, onde não corre nenhum processo a
respeito. Reparem: na delação, o pessoal da Odebrecht afirma ter
participado do petrolão e que os recursos ilícitos ali gerados eram
distribuídos, entre outras pessoas, a Lula, propina materializada no
prédio e no sítio. Os dois casos foram apurados pela Lava Jato de
Curitiba, processados na Justiça Federal de lá, depoimentos tomados,
provas colhidas - e aí vêm os três magistrados dizer que os processos
ficam lá, mas não as delações que tratam exatamente daquela corrupção. Tentam recuperar um formalismo jurídico cuja função é
simplesmente anular processos. Assim: a prova existe, todo mundo sabe,
mas a justiça não pode considerar. [é conveniente que essas supremas excelências tenham em conta que o mais estúpido, o mais boçal ser humano (que são encontrados com abundância entre os eleitores petistas) é capaz de perceber que essa 'descoberta' tem um único objetivo: soltar Lula da Silva = impunidade e o povo brasileiro não mais aceita a impunidade, repudia veementemente que criminosos fiquem impunes e este repúdio não é só à impunidade mas a todos que de alguma forma colaborem para que a mesma aconteça.]
Na delação, Emílio Odebrecht diz que preparou o sítio para
Lula, que estava na conta da propina. Nada a ver, decidem os três
juízes. Esqueçam o Direito. É simplesmente ridículo. Querem uma na economia? Temos. O cadastro positivo, a
relação dos bons pagadores, cuja função, provada em outros países, é
aumentar as garantias na concessão de crédito. E, pois, reduzir os juros
ao tomador final. Tem um projeto tramitando no Congresso, há anos.
Opositores dizem que o cadastro é contra os pobres, as pessoas mais
simples, que ficarão excluídas. [o cadastro positivo só prejudica os maus pagadores; e os maus pagadores, sejam pessoas mais ou menos simples, não podem ser incluído entre os que tem direito ao crédito mais barato.]
De onde tiram que "gente simples" é caloteira? O cadastro,
onde existe, exclui, principalmente, os ricos caloteiros, os que dão
grandes calotes. Mas estão dizendo que o cadastro positivo é coisa da
direita neoliberal. O Congresso está nisso há anos. E ainda esgoelam
contra os juros altos. Ridículo.