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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Dentro do alçapão - William Waack

O Estado de S.Paulo

A crise tripla que Bolsonaro enfrenta é inédita e não permite dizer o que vai acontecer

Com a vivência de 28 anos de política em Brasília, provavelmente Jair Bolsonaro sabe ou pelo menos intui que está, agora, nas mãos de profissionais. Os do Centrão e os do STF. Na linguagem militar, trata-se de um formidável movimento de pinça, do qual o presidente tem poucos recursos para escapar.

O alçapão armou, Bolsonaro está dentro dele e ali ficará debatendo-se em limites muito estreitos, salvo o imponderável (o número de mortos da crise de saúde pública e um impeachment são hoje os imponderáveis). Mantida a situação atual de precário equilíbrio, suas opções são reduzidas.

Ele criou a armadilha para si mesmo agindo por medo e com muita pressa. Bolsonaro é um personagem político autêntico e de extraordinária transparência. Faz questão de reiterar publicamente que se sente sempre o alvo de uma grande conspiração, integrada por membros da velha política, imprensa, juízes e ministros do STF, comunistas, ministros com alta popularidade, governadores – a lista é longa.

Por algum tempo o “cerco” urdido por conspiradores era apenas uma distorcida percepção da realidade. Hoje, de fato, o presidente está cercado. Pelos profissionais do Centrão, que dispõem de tempo e de circunstâncias inesperadamente favoráveis para extrair do presidente o preço máximo em troca de apoio político.

E pelos profissionais do Judiciário, sobre os quais Bolsonaro tem pouco ou nenhum tipo de controle. A judicialização da política na era Bolsonaro assumiu contornos muito semelhantes aos da era Dilma, quando uma liminar proferida por um integrante do STF a impediu de nomear Lula como ministro. Desvio de finalidade – o mesmo tipo de figura jurídica da liminar que bloqueou a nomeação por Bolsonaro de um novo diretor-geral da Polícia Federal.

Os perigos para Bolsonaro estão hoje no STF – uma instituição contra a qual seus apoiadores foram mobilizados com a ferocidade e irresponsabilidade típicas de redes sociais nas quais o presidente acredita residir seu maior capital político. A figura do presidente já seria lateralmente atingida por investigações em curso nas quais se pretende apurar quem e como organizou e financiou campanhas contra o Judiciário, mas, agora, está no centro do inquérito que o procurador-geral da República requereu “sem apontar A ou B”. O STF apontou para o B de Bolsonaro.

Salvo imponderáveis, o Centrão não tem o apetite para tocar adiante um processo de impeachment. Os parlamentares não enxergam nenhuma vantagem prática em derrubar o presidente neste momento, e se consideram bem situados do ponto de vista político em assegurar “governabilidade” que, nestes dias de enorme crise de saúde pública, significa sobretudo abrir os cofres públicos para ver como é que fica depois. O movimento para moer Bolsonaro está vindo do STF.

A preciosa intuição que Bolsonaro exibiu na campanha eleitoral faltou-lhe agora. Sem que nenhum de seus opositores precisasse se esforçar, ele mesmo acabou solapando os pilares da sua imagem e está perdendo rapidamente o apoio em camadas de eleitores que não são tão numerosos, mas têm peso na propagação e formação de opinião. E, em vez de evitar comoções, Bolsonaro se esmera em criá-las constantemente. Seu jeito “autêntico” de ser (como ao dizer “E daí? Que quer que eu faça?” diante de um recorde de mortos pelo coronavírus) é visto com repulsa em círculos cada vez mais amplos. [Infelizmente sinceridade não combina com o maldito politicamente correto.]

Como tudo na atualidade, a situação que Bolsonaro enfrenta também é inédita. Dilma tinha de lidar com uma dupla crise, econômica e política. A situação de Bolsonaro é de uma tripla crise: a terceira é a pandemia. Mas não há parâmetros históricos para dizer o que vai acontecer. [Bolsonaro vai virar o jogo - doa a quem doer;não haverá terceiro turno; estupidamente, muitos ainda esperam.]

 William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo


domingo, 27 de agosto de 2017

Raul Jungmann: "Não acabaremos com o crime da noite para o dia no Rio"

[Concordamos; mas, é preciso ter em conta que já se passou um mês e - apenas para usar só um exemplo, por ser o mais importante: acabar com 'a caçada a policiais militares' - e o único efeito das tropas federais foi reduzir a média de PMs assassinados nos sete primeiros meses do ano (treze policiais por mês) para nove em agosto - número que, infelizmente, pode ser alterado já que agosto não acabou.
Fustigar só não resolve. Enquanto o ministro defende fustigar o crime,  os bandidos matam policiais.
Ministro: CERCO, ASFIXIA e ATAQUE = fim da criminalidade.]


Ele já foi comunista de carteirinha (membro do PCB, o famoso “partidão”) e adversário ferrenho dos militares que deram um golpe em 1964 exatamente para conter o avanço dos comunistas. Hoje, Raul Jungmann, de 65 anos, é o ministro da Defesa, que comanda os militares das três forças (Marinha, Exército e Aeronáutica). E lidera as casernas com o aval dos chefes do Estado Maior. “Eu cheguei ao cargo por sugestão dos militares, acatada pelo presidente Temer”. E é com esse respaldo que o pernambucano Jungmann, deputado federal por três mandatos pelo PPS e que foi ministro do Desenvolvimento Agrário de Fernando Henrique Cardoso, está à frente da Operação Rio, com o uso ostensivo de tropas das Forças Armadas para o combate ao crime organizado que tomou conta da rotina dos moradores da cidade. “Não vamos acabar com o crime da noite para o dia, mas vamos fustigá-lo. Não haverá trégua”, disse o ministro em entrevista à ISTOÉ. Para ele, o crime está incrustado no Rio e o tráfico já domina 850 comunidades cariocas.


"Antes, os tanques nas ruas equivaliam a dar férias aos bandidos: tão logo deixavam a cidade, os criminosos reapareciam. Agora, a ação é continuada"


Qual o balanço que o senhor faz da atuação das Forças Armadas no Rio? Com as tropas do Exército nas ruas a violência diminuiu?
As Forças Armadas estão no Rio para apoio às forças de segurança estadual. Não participam diretamente do confronto e nem ocupam comunidades. Dão apoio na área de inteligência e logística. Não se concebeu acabar com o crime da noite para o dia, mas fustigá-lo de forma contínua até atingir a sua capacidade de operação. Não haverá trégua. 

As operações irão até o final deste governo por decisão do presidente Temer.

Não é a primeira vez que tropas federais precisam socorrer o Rio. O senhor acha que a cidade precisa de forças do Exército permanentes?
Definitivamente, não. Por isso mudamos em relação às operações anteriores que se limitavam ao poder dissuasório com as tropas federais nas ruas. Equivalia a dar férias aos bandidos: tão logo as Forças Armadas deixavam as ruas, eles reapareciam e retomavam as atividades. Dessa vez a ação é continuada, sempre com o fator surpresa e a partir de um trabalho de inteligência.

Apesar dos tanques nas ruas, os criminosos continuam agindo. Os senhor acha que os traficantes perderam o medo das forças militares?
Como já disse, tanques e tropas nas ruas, crime de férias, o que dá uma sensação passageira de segurança. Portanto, não se trata de o crime perder o medo das Forças Armadas ou não. O crime organizado com base no tráfico de armas, drogas – e até de pessoas – ganhou dimensão transnacional. Quando chega nesse estágio, ele desafia o Estado. É disso que se trata no Brasil, de forma mais aguda no Rio, porque lá o conjunto da obra produziu um quadro de falência fiscal, com o crime incrustado no Estado, capturando instituições. É o estado paralelo. Demarcaram territórios. São quase 850 comunidades sob o controle do tráfico.


Parece que o problema é uma deficiência na legislação que não permite que o Exército suba morros e prenda traficantes. O senhor acha que o Exército precisa ter papel de polícia?
Não. As Forças Armadas não podem, nem devem substituir as polícias. Seria um desastre. [muitas vezes uma ação que dá a impressão que será um desastre, se bem coordenada, resulta em êxito total. 
Graças a atuação das FF AA fora da sua função primeira,  é que o 'partidão' não se tornou o partido único no Brasil. ]  Elas não são formadas nem treinadas para uma atuação policial. Agem com base na Garantia da Ordem e da Lei, no plano interno, sempre por convocação de um estado da federação, como determina a Constituição. Para dizer a verdade, fazem por submissão constitucional, mas não se sentem confortáveis nessa função, e eu concordo inteiramente com elas. A dificuldade jurídica maior é a desproteção do soldado submetido à justiça comum em caso de incidentes que o tornem suspeito de erro. Pretendemos que ele seja submetido à justiça militar. Na justiça comum ele pode levar até uma década para ter seu julgamento. A justiça militar é mais ágil.

Que a polícia carioca é corrupta todos sabem, mas como o senhor vê o papel de soldados do Exército vazando informações sobre operações aos traficantes?
...

MATÉRIA NA ÍNTEGRA, em ISTO É




 

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Lições para o Rio de uma década de presença militar nas ruas do México

Usando trajes camuflados em diferentes tons de verde, os homens do Exército desembarcam nas ruas de cidades marcadas pela violência e pelo tráfico de drogas. 

A descrição lembra as imagens vistas no Rio de Janeiro na última semana, quando 8,5 mil militares das Forças Armadas passaram a reforçar a segurança da região metropolitana, mas a cena na verdade aconteceu em 2006, no México.

Lá como aqui, a participação de militares em ações diretas de segurança pública foi pensada como uma estratégia pontual e temporária para o problema crônico de violência dos cartéis de drogas. No entanto, no México, o Exército já está nas ruas há mais de uma década, em diferentes Estados, com resultados controversos e sem previsão para voltar aos quartéis.

A adoção das Forças Armadas em atividades como operações policiais e patrulhamento foi decidida pelo então recém-empossado presidente Felipe Calderón e logo ganhou o nome de guerra ao narcotráfico - a estratégia casava com a tentativa dele de melhorar sua situação política, já fragilizada.

No Brasil, tanto o presidente Michel Temer quanto o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, ambos do PMDB, enfrentam crises de popularidade que poderiam ser amenizadas caso a operação com as Forças Armadas fosse bem-sucedida. A história mexicana, no entanto, sugere que o desfecho pode não ser dos melhores.

A partir de 2007, houve uma escalada na participação de militares em ações conjuntas de segurança pública no México - chegando a mais de 52 mil agentes em 2011. Ao mesmo tempo, cresceram também as denúncias de tortura por parte dos agentes. Entre dezembro de 2012 e julho de 2014, foram 1.148 queixas registradas pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos do México (CNDH). 

Por outro lado, a violência que o Exército pretendia combater não deu trégua. Dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México (Inegi) mostram um crescimento constante no número de homicídios de 2007 (8.867 mortes) a 2011 (27.213) no país.
E se, entre 2000 e 2008, a cifra anual de assassinatos não ultrapassou os 10 mil, depois de 2010 ela sempre ficou acima de 20 mil. A título de comparação, no Estado do Rio o Exército enfrentará uma situação de 6.262 mortes apenas em 2016 - a maior taxa desde 2010. [no México a principal atuação das FF AA foi no patrulhamento ostensivo - por óbvio, o patrulhamento ostensivo dirige a ação dos bandidos para áreas sem patrulhamento.
NO Rio, se espera que as autoridades tenham aprendido as lições de intervenções anteriores e usem a tática: cerco, varredura e asfixia.
O patrulhamento ostensivo só funciona em períodos curtos - algo como uma ou duas semanas.]

MATÉRIA COMPLETA, BBC Brasil


 

sábado, 5 de agosto de 2017

Tropas nas ruas - Ação das Forças Armadas ocupa Complexo do Lins e fecha Grajaú-Jacarepaguá

Militares e policiais estão em três comunidades para reprimir o roubo de cargas 

Até às  9h20m, um homem havia sido preso no Lins; e outro morreu após ser baleado no Morro São João, no Engenho Novo

Homens do Exército na segunda fase da operação de segurança no Rio - Gabriel de Paiva / Agência O Globo

A segunda fase da operação de segurança Federal no Rio começou na madrugada deste sábado. O objetivo da ação, batizada de Onerat, é combater o roubo de cargas em comunidades das zonas Norte e Oeste da cidade. Desde cedo, equipes das polícias Militar e Civil, com o apoio do Comando Militar do Leste, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, estão espalhadas nos complexos do Lins e Camarista Méier, na Zona Norte; no Morro São João, no Engenho Novo, também na Zona Norte; e Covanca, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. 
As equipes tentam cumprir 40 mandados de prisão contra suspeitos de tráfico e roubo de cargas. Até às 9h20m, um homem havia sido preso no Lins; e outro morreu após ser baleado no Morro São João, no Engenho Novo. Os policiais civis e militares contam com apoio de 3.600 homens das Forças Armadas. Há também agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. [as Forças Armadas começam ações de quem tenta acertar; o combate aos criminosos tem que ser efetivo e demorado - ações relâmpago mas com permanência demorada das tropas;
se valendo do grande efetivo disponível as FF AA devem cercar dois ou três complexos - que tal, simultaneamente, o do Alemão, do Lins e da Maré?  - cerco pente fino mesmo, nada nem ninguém entra ou sai sem ser revistado; é uma operação lenta mas impede que armas e drogas entrem ou saiam (também impede que caminhões, conforme aconteceu ontem com um dos Correios, sejam roubados e levados para as favelas) e também bandidos.
Após uns três dias de pente fino, começa a varredura, de fora para dentro das favelas, casa a casa, reduzindo o perímetro  - com isso mantendo ainda o cerco + varredura = asfixia nos três complexos e partindo para um quarto.
Com certeza drogas e armas serão apreendidas em grande quantidade, bandidos presou ou abatidos.
Assim funciona. Repetimos: Batalha de Argel, filme de Gillo Pontecorvo, ensina tudo - apesar da tática sugerida, e até outras melhores, ser do conhecimento das nossas Forças Armadas, que vão e resolvem.]

Segundo a Secretaria estadual de Segurança, as Forças Armadas atuam fazendo cerco em alguns pontos estratégicos. O espaço aéreo está sendo controlado por aeronaves da Polícia Civil. O trabalho é acompanhado por representantes das corporações do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).


Além disso, há interdições de vias nesses pontos. Entre elas, a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá foi uma das vias expressas que foi interditada nos dois sentidos. Equipes da PM Polícia Rodoviária Federal estavam no acesso para a via expressa pela Zona Norte. Agentes da CET-Rio orientam o trânsito.  No Engenho Novo, também na Zona Norte, o efetivo das Forças Armadas era bastante grande na esquina das ruas Cabuçu e Berna de Magalhães, próximo ao acesso para o Complexo do Lins. Nesse ponto, pessoas são revistadas, assim como motoristas de veículos e também de ônibus. Um helicóptero das equipes de segurança sobrevoa o local. 

Funcionária de uma padaria do bairro, a caixa Erismar Mesquita, de 35 anos, conta que a cena chamou a atenção. Ela espera que, com essas ações, a violência diminua.  — Moro perto daqui. Quando desci a rua me pediram a identidade. Tudo chama a atenção é claro. Mas já vi que tinha algo acontecendo quando acordei e eu vi o barulho de helicóptero — disse ela, que acrescenta. — Vejo de maneira positiva. Que a nossa segurança melhore. Aqui acontecem muitos assaltos.
Outro morador, que pediu para não ser identificado, é mais reticente. Para ele, a ação teria quer ser permanente para que o problema da violência seja resolvido.


— O Rio como um todo está perigoso. É uma pena que isso não vai ficar por aqui o tempo todo. Deveria ser uma ação permanente. O medo volta quando eles vão embora — disse Ele, que trabalha em uma loja de material de construção e mora na região há 30 anos.
O vigilante Edson Antunes, de 56 anos, era um dos que observava a cena, em frente a uma banca de jornal na Rua Berna de Magalhães:  —Acordei às 5h, liguei a TV e vi que estava acontecendo. E era tudo pertinho de casa. Escutei que o Complexo do Lins tinha sido ocupado, mas não senti medo. Eu quero mesmo é segurança. Que aqui volte a ter a tranquilidade como há muitos anos- disse Ele, que mora há 49 anos no Engenho Novo.

Fonte: O Globo