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domingo, 7 de fevereiro de 2021

Paus para toda obra - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Amigos e ministros são paus, pedras e vitrines para pandemia, vacinas, Manaus, combustíveis...

[curioso é que a fila de pretendentes a 'paus para toda obra' está sempre crescendo. Tem sempre candidatos aumentando a fila.
A causa é nobre e favorece o Brasil.]

Nada melhor, e às vezes bem fácil, do que sair do alvo terceirizando culpas e responsabilidades, dando voltas, avançando e recuando, desqualificando os que denunciam, [desqualificar os desqualificados e confirmar a desonra dos  indignos é um processo automático, necessário, patriótico  e prazeroso.] atiçando os cães de guarda, rindo dos indignados e enganando os trouxas. O presidente Jair Bolsonaro é craque nisso, mas ele só acerta porque há quem faça o jogo dele.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, diz que abriu nove “investigações preliminares” sobre a ação, ou inação, de Bolsonaro na pandemia. Motivos não faltam, culminando com o atraso das vacinas, [o presidente Bolsonaro e o general Pauzuello serão denunciados do TPI-Haia, devido ao atraso das vacinas na União Europeia - os denunciados são considerados corresponsáveis.] mas as investigações nunca saem das preliminares e quem está objetivamente na mira é o general Eduardo Pazuello. Ele bate no peito para dizer que negocia vacinas em várias frentes, sem se penitenciar por fazer em fevereiro de 2021 o que 50 países sérios fazem desde meados de 2020. Além de submisso e atrasado, ele é atrapalhado.

Em ofícios de julho, agosto e outubro de 2020, revelados pela revista Piauí, o Butantan tentou acordar Pazuello para a corrida das vacinas. Ele não deu bola, como não deu para o oxigênio de Manaus, milhões de testes que perderam a validade, a falta de seringas e agulhas, mais a MP que destinava R$ 37 milhões para a pandemia. Um espanto! Mas ele foi posto na Saúde para isso, para deixar para lá. “E daí?

Agora, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, pressionam o ministro Paulo Guedes para reavivar o auxílio emergencial, enquanto Bolsonaro fica de espectador, falando o que o mercado quer ouvir, agradando os dois lados e pronto para capitalizar no final, como na primeira vez. O Congresso impôs, ele ficou com os louros.[Congresso impôs? sim, parcialmente; o deputado que presidia a Câmara queria R$ 400,00 e o Presidente da República Federativa do Brasil bateu o martelo em R$ 600,00.]

Bolsonaro também foi rápido no gatilho ao dar uma “solução” para os preços dos combustíveis: mexer no ICMS, que é... estadual.[chega dos governadores ficarem com o bônus e a União com o ônus.
A propósito, em esclarecedora entrevista concedida a O Estado de S. Paulo, o presidente do STF deixou claro o alcance da decisão do STF sobre o protagonismo de prefeitos e governadores no combate à covid-19. Vejam:
"Bolsonaro repete que não pode fazer nada para enfrentar a pandemia porque foi impedido pelo STF. Não é um equívoco?
O que o STF disse foi o seguinte: todas as Unidades da Federação têm responsabilidade em relação à pandemia. É uma gestão compartilhada, mas tem um aspecto maior, porque a Constituição atribui à União uma competência de coordenação nos casos de calamidade pública. O STF nunca eximiu o governo federal, absolutamente. Ninguém exonerou ninguém de responsabilidade."  
Apesar da menção a "Unidades de Federação" complicar o que deveria explicar (permite várias interpretações)  fica claro  que a União tem a competência constitucional de coordenação nos casos de calamidade pública, só que decisões anteriores e posteriores à decisão do STF, de abril/2020, atropelaram o entendimento expresso na resposta do ministro Fux - por retirar do Poder Executivo da União competência de executar ações de coordenação.] Assim, lava as mãos e empurra a culpa, e a conta, para os governadores, que ficam cara a cara com caminhoneiros em pé de guerra e com a classe média estupefata diante dos R$ 5,15 da gasolina comum nos postos. Alguém tem que dizer não.

Bolsonaro também acusou a “vacina chinesa do Doria” de “mortes e invalidez”, cancelou a compra de 46 milhões de doses, não negociou nada e anunciou que não vai se vacinar, ponto final. Mas, dessa vez, pegou mal. Até seus seguidores acharam um pouco demais. Qual a saída de Bolsonaro? Consertar o discurso, repetindo o tempo todo que sempre quis comprar vacinas, desde que a Anvisa autorizasse. Então, de quem é a culpa pelo descaso e atraso? O Centrão diz que é da... Anvisa.

Na manhã de quinta, o líder do governo, Ricardo Barros, disse ao Estadão que a Anvisa “não está nem aí para a pandemia” e iria “enquadrá-la”. À noite, o Senado aprovou MP dizendo que a agência “concederá” autorização de vacinas em cinco dias. [a MP que o Senado  converteu em Lei, deixa claro que aprovação em cinco dias é exclusiva para imunizantes já aprovados em  agências reguladoras dos países que cita - entre eles, Reino Unido, Estados Unidos, etc. Será mais uma ação de ratificação.

Temos que convir que o validado pelo FDA,vale para o Brasil. Discordamos apenas da inclusão da China, já que esta só liberou a CoronaVac para uso geral em seu território, após a mesma ser testada pelos brasileiros!!!.] Logo, ela deixa de analisar e passa a só carimbar os pedidos. É obrigada a autorizar, mas, se houver reações adversas graves depois, é ela que responde. 

O líder do governo poria a faca no pescoço do contra-almirante Barra Torres, amigo de Bolsonaro, sem avisar ao presidente? E foi coincidência Bolsonaro incluir Barra Torres na sua live, horas depois da ameaça do líder e da aprovação da MP, para dizer que não interfere na Anvisa? Logo, Congresso e Anvisa se engalfinham, Bolsonaro finge que não é com ele e a falta de vacinas é culpa da... Anvisa.

Amigos são paus para toda obra, mas os de Bolsonaro são paus, pedras e vidraças. Que o digam Pazuello, Barra Torres, Ricardo Barros, Ernesto Araújo, Guedes, os novos presidentes do Congresso e, dizem as más línguas, Augusto Aras. Perguntei a ele sobre a versões de que as investigações são só “preliminares” para não dar em nada. Ele reagiu: “Segundo meus adversários...” Soou como “eu não estou aqui para brincadeira”. A conferir.

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Na balança os números e os fatos - Míriam Leitão


O Globo

O aliado preferencial escolhido pelo governo é também um competidor

O comércio exterior é aquele ponto no qual a ideologia se dissolve, e o pragmatismo é meio inevitável. A balança comercial do ano passado foi ruim porque a Argentina entrou em crise, a China e os Estados Unidos passaram o ano em guerra comercial, e o Brasil cresceu menos do que se esperava. Uma Argentina em crise é um mau negócio para o Brasil, seja de que tendência for o seu governo. A guerra entre Estados Unidos e China foi ruim, mas a paz pode trazer também perda para o Brasil porque um dos compromissos que os chineses assumirão no próximo dia 15 será comprar mais dos agricultores americanos, e isso pode significar menos exportações brasileiras.

O Brasil teve um grande saldo, de US$ 46 bilhões, mas foi o menor desde 2015. Ser menor não significa em si uma má notícia. O problema é que a corrente de comércio caiu também 5,7%. Ou seja, o Brasil vendeu menos e comprou menos. Só a crise argentina tirou do saldo brasileiro US$ 5,2 bilhões.  Enquanto o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, continua no seu delírio, a vida real exige atenção. Ele escreveu na mensagem de fim de ano que é preciso em 2020 “continuar lutando contra o mecanismo esquerdista” e alertou: “não basta fazê-lo dentro do Brasil.” Explicou que “a esquerda é sempre transnacional” e por isso “há que combater na frente externa”.

O mundo cada vez mais complexo, e o Brasil com um chanceler caça-fantasmas. “O lulopetismo+isentoleft são expressão de um projeto de poder global e globalista”, diz Araújo. A Argentina, como se sabe, recolocou a esquerda no poder. Se o novo governo conseguir atenuar a crise, ou superá-la, será uma excelente notícia para a indústria brasileira, até porque ela não tem mercados alternativos. A baixa competitividade dos manufaturados brasileiros faz com que o mercado argentino seja muito importante.  A China, que também deve ser parte desse “mecanismo esquerdista” que o ministro acha que tem que combater, no ano passado comprou US$ 65,4 bilhões do Brasil, mais do que o dobro dos US$ 29,5 bi dos Estados Unidos. [a China é um caso a parte, visto usar o comunismo, as regras da esquerda para o campo político, quanto ao seu comportamento no campo comercial é mais capitalistas que os Estados Unidos.]
 
A análise da balança comercial precisa ir além do olhar sobre o saldo comercial e até das exportações. As importações, por exemplo, revelam bastante sobre o nível de atividade e a recuperação da economia. Nesse ponto, há números que chamam atenção sobre o mês de dezembro. As importações caíram 7,4% sobre o mesmo mês de 2018, com queda dos bens de capital e forte aumento, de 12%, dos bens de consumo. Ou seja, por um lado, há menos gastos para investimentos e, por outro, consumo maior de bens que poderiam estar sendo vendidos pela indústria brasileira. No acumulado de janeiro a dezembro, as importações recuaram 3,3%.

Outro dado que chama atenção é o peso da importação de combustíveis e lubrificantes. Embora tenha ocorrido queda de 7,3% em 2019 com a compra desses produtos, o país ainda gastou US$ 20 bilhões nesses itens, o que significa 11% de tudo o que importamos. Em dezembro, os combustíveis foram o principal item da pauta importadora, acima dos eletrônicos e dos equipamentos mecânicos.

As exportações de carne bovina in natura aumentaram 48% em dezembro, sobre o mesmo mês de 2018, enquanto as vendas de carne suína subiram 72% e as de frango, 6,3%. São os efeitos da peste suína na China, que matou 40% da população de porcos do país. As empresas brasileiras do complexo de carne estão direcionando as vendas para a China e isso explica por que o preço da carne subiu tanto no país nos últimos meses. Por outro lado, com a devastação do rebanho suíno chinês, houve menor importação de soja. O Brasil vendeu mais carne e menos soja.

Na guerra comercial dos Estados Unidos e China no ano passado houve um impacto forte no comércio mundial, que afetou o mundo inteiro e alimentou o temor de uma recessão global. As negociações terminaram num acordo cuja primeira fase será assinada no dia 15 de janeiro, e a segunda fase, se tudo der certo, em março. O problema é que a paz entre eles está sendo selada com o compromisso de a China comprar mais grãos e cereais dos produtores americanos. O aliado preferencial escolhido pelo governo Bolsonaro é também um competidor nosso. Pobre Brasil que num mundo cheio de complexidades tem no comando da diplomacia alguém que acha que sua missão é combater “a esquerda na frente externa”. [temos que reconhecer que o 'grego' que está ministro do Exterior complica;
mas, vamos ser sinceros e reconhecer que em toda a movimentação no comércio exterior, apresentada nesta matéria, não ocorreu influência do chanceler, - se alguma houve foi ínfima.
Os fatos expostos ocorreriam, fosse chanceler o Barão do Rio Branco, Saraiva Guerreiro ou qualquer outro.]


Blog da Míriam Leitão, jornalista  - Com Alvaro Gribel,  São Paulo - O Globo

 

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

CMN tabela juros e distribui a conta = governo liberal tabela juros - Míriam Leitão





Os juros do cheque especial serão tabelados, por um governo liberal, e a conta será passada a todos os clientes. [o que importa é que os bancos não percam, eles sempre ganham.] Com essa ideia de cobrar tarifa de todos os correntistas que tenham limite no cheque especial, e ao mesmo tempo estabelecer um limite máximo de juros que podem ser cobrados, o governo consegue atacar a ideologia que diz defender, e também preservar, e talvez aumentar, os lucros dos bancos.

[Não somos economistas, nada contra os mesmos, nos falta o conhecimento;
Agora que essa de tabelar os juros do cheque especial e cobrar dos que não usam,  justifica afirmar:


Triunvirato CMN =  ministro da Fazenda + presidente do  Banco Central + secretário da Fazenda FAZ BESTEIRA.

- essa de agora é pior que a mancada do Temer de permitir diferenciação de preços para o consumidor que paga com cartão de crédito e o que paga em dinheiro.

O resultado foi pífio, quem já negociava nesse estilo continuou fazendo e dependendo do valor da compra, obtém um desconto razoável.
Mas, no geral, o resultado da medida foi reduzir em alguns postos de combustíveis, o valor da gasolina paga em dinheiro uns R$0,04 (quatro centavos por litro.) 

A maior parte dos consumidores não foram beneficiados = para obter um desconto inferior ao preço de um litro de gasolina, tem que abastecer em torno de 50 litros = quem abastece 50 litros não se preocupa em desconto de meio litro de combustível.

A mesma regra vale para supermercados - as grandes redes, concedem descontos e prazos generosos, desde que pague com cartão de crédito da loja.

- Essa bobagem do triunvirato CMN =  ministro da Fazenda + presidente do  Banco Central + secretário da Fazenda vai resultar em mais lucros para os bancos.]

Apenas uma parcela dos clientes usa o cheque especial. A maioria mantém limites mas evita usar exatamente pelas taxas de juros proibitivas. Há um grupo de alta renda que tem limites elevados propostos pelos próprios bancos. A ideia agora é que, como os bancos dizem ter um custo para garantir esse limite aos correntistas, todos passarão a pagar mais uma tarifa bancária.
O mercado ficou doidinho, o governo liberal tabelando juros de cheque especial. Imagina se isso fosse feito no governo Dilma? — disse um economista de banco.

Isso derruba numa tacada os juros do cheque especial à metade, mas as taxas ainda assim permanecem altíssimas, afinal o limite é 150% ao ano num tempo em que a Selic está em 5%, e a inflação, em 3%. A decisão foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que hoje se resume a três pessoas, o ministro Paulo Guedes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues.

Os três se reuniram e decidiram que o máximo que os bancos podem cobrar de juros será 8% ao mês. Em contrapartida, poderão cobrar de todos os clientes uma tarifa de 0,25% sobre o valor do crédito que estiver disponível no cheque especial e que exceder R$ 500. Ou seja, se o correntista tiver um limite de R$ 10 mil, pagará a tarifa sobre R$ 9.500, algo em torno de R$ 23,75 ao mês, mesmo que não utilize essa linha de crédito. Os clientes poderão ir aos bancos e solicitar a redução do limite para R$ 500, e assim ficar livre da tarifa. O Banco Central defendeu a medida, dizendo que esse tipo de limite nos juros está presente em “regulamentação de economias avançadas e emergentes”.

- CARLOS ALBERTO SARDENBERG: É o Guedes
- Gasolina já aumentou 28% neste ano, e diesel, 19%
- Dólar alto e carne mais cara pressionam inflação

O governo está também numa situação complicada com o câmbio. Houve problemas locais que influenciaram na alta do dólar, do patamar de R$ 3,70 para o de R$ 4,20 em apenas quatro meses. Ontem, no mercado, se dizia que o dólar está “desancorado” depois da fala do ministro Paulo Guedes em Nova York. Há três dias o dólar sobe e bate recordes com o mercado testando os limites. Qualquer declaração de ministro da Economia prevendo alta do câmbio eleva o dólar. Foi isso que se viu nos últimos dois dias. O Banco Central teve que intervir duas vezes na terça-feira e mais uma vez ontem.

O ministro Guedes acabou fazendo um strike na sua entrevista em Nova York. Em uma única coletiva, provocou uma onda de repúdio na política, pela sua declaração sobre AI-5, alimentou a interpretação no exterior de que a América do Sul é uma só, e que a convulsão das ruas chilenas está para se repetir no país, e provocou volatilidade no mercado cambial com sua declaração sobre o valor do dólar. A decisão de tabelar os juros do empréstimo de emergência não vai resolver o problema do superpreço dessa linha de crédito. Por outro lado, a alta do câmbio afetará o orçamento das famílias. O Banco Central tem um volume alto de reservas para enfrentar esse estresse com o mercado. O problema é o reflexo nos preços de alguns produtos que têm mais visibilidade.

Haverá agora uma dissonância entre o que os economistas dizem a partir dos seus indicadores e o que as empresas e famílias sentem. Quando há alta do dólar e, depois, um período de volatilidade, a percepção de inflação é mais forte. Alguns preços de referência são impactados imediatamente, como os combustíveis. Ontem mesmo a gasolina subiu 4%. A alta do dólar afeta também medicamentos, um grupo muito sensível no orçamento das famílias. Nos índices, contudo, está tudo bem, e a inflação está abaixo da meta.

O problema é que a economia não é apenas uma lista de gráficos e indicadores e de tendências na margem. É também a expectativa dos agentes econômicos e dos investidores, e o sentimento dos consumidores. A alta de preços como os combustíveis passa a sensação de desconforto e de inflação subindo, ainda que ela esteja abaixo da meta.

Blog da Míriam Leitão, colunista O Globo 
 
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Inflação em queda - menor taxa para um mês de agosto, desde 1998

IPCA tem deflação de 0,09% em agosto puxada por alimentos e transportes

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação acumula uma alta de 4,19%, dentro da meta de 4,5% prevista pelo governo para 2018 

A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve deflação de 0,09% em agosto, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Foi a menor taxa para um mês de agosto desde 1998, quando o IPCA ficou negativo em 0,51%   No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação acumula uma alta de 4,19%, dentro da meta prevista pelo governo para 2018, de 4,5%. Em igual período de 2017, o IPCA acumulava alta de 4,48%.

A deflação de agosto foi influenciada, principalmente, pela queda nos preços dos grupos alimentação e bebidas (-0,34%) e transportes (-1,22%).  No caso do grupo alimentação, foi o segundo mês consecutivo de deflação. Os preços dos alimentos para consumo no domicílio teve deflação de 0,72% em agosto, a segunda seguida. De acordo com o IBGE, diversos itens importantes no consumo das famílias apresentaram queda nos preços de um mês para o outro.

O custo da alimentação fora de casa desacelerou de julho para agosto, passando de 0,72% para agosto 0,32%. A queda do grupo transportes foi a que teve maior impacto negativo para a deflação, com deflação de 1,22%. O destaque foi a queda do preço das passagens aéreas, que após alta de 44,51% na alta temporada de julho, teve deflação de 26,12% em agosto. Os combustíveis também tiveram deflação: etanol (-4,69%) e gasolina (-1,45%).

Revista VEJA
 

 

 

domingo, 10 de junho de 2018

Os avestruzes

Vários candidatos à Presidência têm ajudado a alimentar a ilusão de que os recursos à disposição do Estado são ilimitados

A maioria absoluta dos eleitores brasileiros (61%) não votaria em candidatos a presidente que propusessem a privatização da Petrobrás, mostra pesquisa da Ipsos veiculada pelo jornal Valor. O porcentual de rejeição chega a 62% quando a pergunta é sobre a privatização do Banco do Brasil. Também é bastante significativo – 57% – o índice dos que descartam votar em quem defende a reforma da Previdência.  Os resultados não diferem de algumas outras enquetes feitas a propósito dos mesmos temas – todas apontaram uma considerável objeção às privatizações e à reforma do sistema previdenciário. Esta última pesquisa explicita esse componente da intenção de voto do entrevistado – e, com isso, aponta a dificuldade que candidatos de centro podem ter para sustentar a bandeira da redução do tamanho do Estado.

No entanto, paradoxalmente, a mesma pesquisa indica que 68% dos entrevistados dizem que pretendem apoiar candidatos que prometerem reduzir os gastos públicos. Trata-se de uma evidente contradição, pois é justamente a manutenção de gigantescas estatais, cuja simples existência distorce as relações de mercado, que contribui substancialmente para estropiar as contas públicas. A contradição fica ainda mais gritante quando se compara esse apoio ao corte de gastos com a rejeição a candidatos que defenderem a reforma da Previdência – crucial para amainar a crise fiscal no País. Não se pode querer uma coisa sem levar em conta a outra.

Contudo, ao que parece, essa pesquisa, como todas as demais do mesmo gênero, não apresentou aos entrevistados a questão na forma de trade-off. Afinal, toda decisão tem um custo. Como os recursos são sempre limitados, toda decisão econômica pressupõe alguma perda. Se o tomador da decisão desconhece essa perda, ele não terá condições de fazer sua escolha de modo consciente, seja no orçamento doméstico, seja no Orçamento do País.  Aparentemente, o eleitor entrevistado nessas pesquisas não estava ciente das possíveis consequências de suas escolhas. Por exemplo: é provável que, ao decidir rechaçar candidatos que defendem a reforma da Previdência, o entrevistado não tivesse consciência de que o rombo do sistema previdenciário inviabiliza os investimentos em áreas importantes e compromete as contas públicas, com efeitos nefastos para o País. Nessas condições, o eleitor entrevistado não tinha condições de ponderar de modo mais realista – e menos ideológico – a sua resposta.

Essa mesma incapacidade de discutir as consequências das decisões econômicas é amplamente disseminada entre os candidatos à Presidência. Ao que parece, ninguém está realmente disposto a assumir o ônus de revelar aos eleitores que os recursos do Estado são finitos e que, por isso, é necessário estabelecer prioridades. É preciso discutir, por exemplo, se o mais importante é gastar bilhões subsidiando combustíveis ou se o Estado deveria usar esse dinheiro para melhorar o ensino básicoque ano após ano despeja no País estudantes que mal sabem fazer contas e entender o que leem. É preciso saber se vale a pena bancar um crescente déficit de um sistema previdenciário que hoje sustenta privilegiados e que em pouco tempo se tornará inviável, enquanto, por outro lado, faltam recursos para tornar a saúde pública minimamente decente. Os exemplos de trade-offs são abundantes.

Trata-se de questões que pressupõem um mínimo de respeito pela realidade e pela inteligência do eleitor. Até aqui, porém, vários candidatos à Presidência têm ajudado a alimentar a ilusão de que os recursos à disposição do Estado são ilimitados. Gente bem posicionada nas pesquisas tem até mencionado a possibilidade de revogar o teto dos gastos públicos, uma das maiores contribuições do atual governo à racionalidade econômica. Age como se fosse capaz de, por mero ato de vontade, anular os trade-offs. Essa cultura do dinheiro público sem fim, infelizmente, vem se consolidando, estimulada por demagogos que incitam os eleitores a agir como avestruzes – que enfiam a cabeça na terra para não ter que pesar o impacto econômico de suas escolhas.


Editorial - O Estado de S. Paulo

 

domingo, 27 de maio de 2018

Petroleiros decidem entrar em greve de 72 horas já na 4ªfeira - Temer tem que começar jogando duro ou governo vai ter que se ajoelhar



Entidade pede a saída imediata do atual presidente da Petrobras e diminuição de preços do gás de cozinha e dos combustíveis

[é uma greve política e se governo não jogar duro vai ter problemas sérios - o Brasil não aguenta, cabendo ao governo cortar o mal pela raiz]

Petroleiros decidem entrar em greve por 72 horas a partir da próxima quarta-feira

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante de empregados da Petrobras, decidiu entrar em greve a partir de 0h da próxima quarta-feira. A paralisação nacional deve durar 72 horas. A lista de reivindicações inclui a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis e a saída imediata do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente. O movimento também é contrário a uma possível privatização da empresa. "A greve de advertência é mais uma etapa das mobilizações que os petroleiros vêm fazendo na construção de uma greve por tempo indeterminado, que foi aprovada nacionalmente pela categoria. Os eixos principais do movimento são a redução dos preços dos combustíveis, a manutenção dos empregos, a retomada da produção das refinarias, o fim das importações de derivados de petróleo, não às privatizações e ao desmonte da Petrobras e pela demissão de Pedro Parente da presidência da empresa", diz o comunicado divulgado pela entidade neste sábado. [reivindicações deixam claro o caráter político da greve e que busca prejudicar o Brasil - antes da pauta trabalhista os petroleiros pretendem estabelecer o CAOS no Brasil.]

[leia também: petroleiros querem obrigar o governo a bancar na íntegra o rombo do fundo de pensão dos empregados da Petrobras - Petros.]

A federação também critica a presença das Forças Armadas nas refinarias, o que classifica como "grave ataque ao Estado Democrático de Direito", e exige a saída das tropas militares das instalações da Petrobras. Neste domingo, segundo a FUP, as trocas de turnos serão atrasadas em quatro refinarias e fábricas de fertilizantes que estão em processo de venda: Rlam (BA), Abreu e Lima (PE), Repar (PR), Refap (RS), Araucária Nitrogenados (PR) e Fafen Bahia. Na segunda-feira, também serão realizados atos públicos e mobilizações na Petrobras.

Neste sábado, trabalhadores da Refinaria da Petrobras Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, no Rio Grande do Sul, decidiram não fazer a troca do turno das 7h em solidariedade ao movimento de greve dos caminhoneiros. Não houve também a troca do turno que seria às 16h. A refinaria, contudo, continuou operando normalmente com as equipes que não foram rendidas em seus respectivos turnos. 

O Globo