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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Vacina contra covid-19: Os primeiros efeitos colaterais: ‘Atropelada por um caminhão’, diz repórter voluntária

Após receber a dose no estudo clínico, a dúvida: tomei vacina ou placebo?

17 de novembro, 19h43: Saí da clínica há menos de uma hora. A
cabeça lateja.
Será que já era o primeiro dano colateral?
Será que efeitos adversos surgem assim tão imediatamente?
Faço um retrospecto do dia em que tomei a vacina e percebo que almocei meio omelete quase dez horas antes. É fome.

Pouco antes, fiquei 15 minutos sentada dentro da clínica onde realizo os testes, o Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica (IBPClin), sendo monitorada. Os médicos queriam saber se eu desenvolveria uma reação alérgica ou um efeito adverso qualquer logo após ter recebido a dose com o princípio ativo (ou placebo). Nada. Até o minuto em que o relógio marcou 19h43.

(.........)

18 de novembro, 00h03: Estou convencida de que tomei um placebo. Nada acontece, não tenho febre, dor, cansaço, náusea. Nada. O local de aplicação da dose é imperceptível. Três horas antes, minha temperatura corporal era de 35,5ºC. Placebo, certeza.

Vou dormir com uma certa carga de frustração. Deito virada para o lado esquerdo, o mesmo que recebeu a aplicação, com o braço onde ministraram a potencial vacina prensado no colchão. Se isso significar alguma coisa vou descobrir em breve.

9h36: A cabeça parece que vai explodir. Uma dor forte na base da nuca, nos braços, antebraços, coxas. O braço direito, que não foi onde tomei a dose da vacina, dói tanto ou mais do que o esquerdo, local da aplicação. A lateral direita da cintura dói de um jeito estranho (nem sabia que poderia existir dor naquela região). Placebo que nada. Eu tomei a vacina!

(.............)

Depois das primeiras reações colaterais posso jurar que dentro de mim foi injetada uma solução com adenovírus 26 e um pedaço da proteína do espinho do coronavírus, a vacina real que busca induzir meu corpo a produzir anticorpos. Se vacina ou placebo só saberei mesmo dentro de 25 meses, quando os pesquisadores abrem os dados confidenciais dos estudos e informam os voluntários se eles receberam doses com princípio ativo ou uma substância sem nenhuma eficácia clínica.

(...........)

Acordo e levanto devagar com medo de os efeitos terem piorado. 

No Blog Diário da Vacina - VEJA - MATÉRIA COMPLETA

 

 

Efeitos colaterais - Nas Entrelinhas

Lucena (duas vezes), ACM (duas), Sarney (quatro) e Renan (quatro) presidiram o Senado mais de uma vez, mas nunca foram reeleitos na mesma legislatura; existe, porém, precedentes na Câmara

O primeiro impacto das eleições municipais na política nacional se dará nas disputas pelas Mesas do Congresso, principalmente a da Câmara. Do ponto de vista da composição das duas Casas, não houve grande mudança na correlação de forças, apesar dos suplentes que deverão assumir, porém, o desempenho dos partidos na eleição de prefeitos e vereadores, que estão na base da reprodução e renovação dos mandatos dos deputados, influencia — e muito — os humores dos congressistas. As articulações para o comando do Senado e da Câmara ganharam nova dinâmica já a partir desta semana.

A premissa a se resolver é a questão da reeleição na mesma legislatura, que a Constituição de 1988 proíbe. Um parecer da consultoria jurídica do Senado diz que o assunto é regimental e que, portanto, dependeria apenas de decisão dos senadores. [desde quando consultores jurídicos do Senado possuem poder para mudar a Constituição?  - interpretações criativas do texto constitucional,  para satisfazer conveniências, interesses e vaidades, são tão nocivas aos princípios democráticos, quanto é  o Supremo legislar, ação que  ofende o principio de harmonia e independência dos poderes = cada Poder  no seu quadrado.] Essa questão, porém, será dirimida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As articulações para que os ministros do Supremo lavem as mãos, como Pilatos, seguem o percurso que todos conhecem: as relações entre senadores e ministros, tecidas ao longo do tempo. Entretanto, não dá para apostar que o Supremo aceitará a mudança das regras de jogo, pelo precedente que abre.

Na hipótese de que a reeleição seja permitida, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está com quase tudo dominado. Já se acertou com as bancadas do MDB e do PT. O seu problema é o grupo Muda Senado, que originalmente foi um esteio de sua vitória contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é contra a reeleição, caso isso seja permitido, não terá adversários capazes de derrotá-lo. Essa possibilidade lhe cairia no colo, pois quem trabalha abertamente para a reeleição é Alcolumbre.

No período republicano, foram poucos os presidentes da Câmara que se reelegeram na mesma legislatura: Sabino Barroso (1909-1914), Arnolfo Rodrigues de Azevedo (1921-1926) e Ranielli Mazzini (1958-1965), que, por duas vezes, assumiu a Presidência da República em situação de crise institucional. A primeira, na renúncia de Jânio, em 1961; a segunda, na deposição do presidente João Goulart, em 1964, mas acabou tendo de entregar o cargo para o marechal Castelo Branco. No Senado, nunca houve esse precedente. Embora Humberto Lucena (duas vezes), Antonio Carlos Magalhães (duas), José Sarney (quatro) e Renan Calheiros (quatro) tenham presidido a Casa mais de uma vez, nunca foram reeleitos na mesma legislatura.

Bolsonaro
Caso não seja mesmo permitida a reeleição na mesma legislatura, no Senado, o candidato mais forte à sucessão de Alcolumbre é o senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder do governo na Casa. O circo pega fogo, porém, na Câmara, onde está instalada a disputa entre o líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), e o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP). O primeiro, é o candidato apoiado pelo Palácio do Planalto, com objetivo de domar a Câmara, controlando a sua pauta. O fortalecimento do PP nas eleições municipais, nas quais saltou de 495 para 682 prefeituras, foi resultado da estratégia de aproximação com Bolsonaro desenvolvida pelo senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, e Arthur Lira, que, por isso mesmo, aumentou o seu cacife na disputa da Câmara junto ao Palácio do Planalto.

Do outro lado do balcão, Baleia Rossi, que também é presidente do MDB, candidato apoiado por Rodrigo Maia, amarga a perda de 261 prefeituras (caiu de 1.035 para 774). Entretanto, o MDB continua sendo o partido mais forte do país em termos de prefeitos, vereadores e número de votos. Além disso, para Baleia, o apoio do DEM foi robustecido pelo desempenho eleitoral dessa legenda, que aumentou o número de prefeituras de 266 para 459 (193 a mais). Seu problema é a resistência da esquerda, o que faz de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), mesmo com candidato avulso, um azarão. É óbvio que essa matemática não se reflete automaticamente na eleição da Câmara, mas mexe com os ânimos dos deputados, que se envolvem diretamente nas eleições municipais e captam os humores do eleitorado.

É aí que a derrota dos candidatos apoiados por Bolsonaro no primeiro turno pesa na balança. Fragiliza sua relação com os partidos do Centrão, entre os quais o PSD de Gilberto Kassab. Se tivesse mais senso estratégico, Bolsonaro não teria se envolvido, como se envolveu, no primeiro turno. Nada garante que não repita o erro no segundo turno, correndo risco de ter o apoio rejeitado pelos candidatos com quem tem afinidade. Mesmo no caso de Crivella, no Rio, seu apoio pode ser desastroso, pois as primeiras pesquisas mostram que o eleitorado de esquerda e centro-esquerda já desembarcou na candidatura de Eduardo Paes (DEM), e a eleição está praticamente perdida. Além disso, envolver-se diretamente na disputa pelo comando da Câmara é um jogo perigoso. Por exemplo, custou muito caro para a ex-presidente Dilma Rousseff, que foi derrotada por Eduardo Cunha (MDB-RJ), de quem era inimiga figadal. Ele abriu o processo de impeachment da ex-presidente da República, antes de ser afastado do cargo e preso por causa do Petrolão.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sexta-feira, 27 de março de 2020

Contradições paralisantes - Merval Pereira

O Globo



Governo é lento nas decisões

Há contradições internas no governo Bolsonaro que emperram a tomada de decisões. Além dessas, há ainda disputas ideológicas que levam a decisões políticas nada baseadas em fatos comprováveis. O voucher previsto para os trabalhadores em situação vulnerável, como os que trabalham por conta própria, ainda não saiu do papel, mas já está sendo alvo de disputa politica.

[sugerimos às emissoras de TV que veiculam vídeos dos panelaços, mostrarem prédios diferentes - sempre os mesmos locais fica estranho.
Os panelaços são inúteis e mostrando locais repetidos ...] 


O primeiro intuito do governo era distribuir R$ 200, a oposição propôs R$ 300 e o presidente da Câmara elevou a proposta para R$ 500. Ontem à tarde, o presidente Bolsonaro revelou que pensa em distribuir R$ 600 para cada vulnerável. Não há conta feita, apenas disputa política. Ainda bem que essa disputa favoreceu os mais pobres.
A injeção de dinheiro para as empresas continuarem abertas, garantindo empregos na transição do confinamento para a tentativa gradual de volta à normalidade, também continua empacada. Dias atrás o empresario Abilio Diniz anunciou em um fórum de debates que o ministro da Economia Paulo Guedes havia lhe garantido que injetaria R$ 600 bilhões com o intuito de preservar empresas e empregos, mas até agora não se tem uma decisão.

As medidas esbarram muito na concepção econômica da equipe, que quer a volta às atividades normais até o dia 7 de abril. Um sinal de que o desencontro dentro do governo é grande e uma disputa entre as equipes técnicas da Saúde e a da Economia. A decisão de usar a cloroquina ou hidroxicloriquina apenas em casos graves de Covid-19 foi considerada equivocada pela equipe econômica, que teme que o tratamento dos infectados se prolongue mais do que o necessário.

O próprio presidente Bolsonaro levou à reunião do G-20 a discussão sobre esse medicamento, que ele ordenou ser fabricado pelo Exército para aumentar a produção. Apesar dos resultados positivos já alcançados, no mundo e aqui, não há ainda indicações seguras sobre se seu uso nos casos de Covid-19 pode provocar efeitos colaterais.  A permissão para suspender os contratos de trabalho por quatro meses sem pagamento de salário é outro exemplo de preocupação econômica acima da humanitária. A desculpa é que se tratou de um erro de digitação, mas na verdade houve a supressão da compensação financeira que seria dada a esses demitidos, e a exigência de garantia de emprego na volta.  

Agora o governo pensa em nova medida, mas apenas por dois meses, e com todas as garantias. Assim como está difícil a equipe econômica virar  a chave para se tornar pelo menos temporariamente keynesiana, com o Estado assumindo um papel mais decisivo na preservação dos empregos e dos investimentos, também será difícil aos técnicos da saúde mudarem o posicionamento caso o ministro Luiz Henrique Mandetta decida aderir formalmente ao pensamento do presidente Jair Bolsonaro.

Trocar a equipe com a mudança do ministro em meio à crise será uma perigosa manobra. Mas mudar as diretrizes sob as ordens do mesmo ministro também provocara uma reação interna na equipe de Saúde. O presidente da República não tem como obrigar Estados e Municípios a  aderirem a uma proposta dele fora de uma negociação política. A inclusão dos templos religiosos e das loterias nas atividades essenciais é uma decisão que certamente será contestada na Justiça.  [Este parágrafo e o anterior mostram as razões pelas quais a China conteve o coronavírus e  a Covid-19, enquanto Itália,Espanha e outros não consegue = "panelas que muitos mexem, ou sai insossa ou salgada" = é um provérbio sempre atual, mais ainda nos tempos da Covid-19.]

Também no caso das escolas, governadores e prefeitos é que têm a prerrogativa legal de abrir e fechá-las. Também no transporte público, o presidente precisa negociar. O discurso de Bolsonaro, que vai na contra mão do mundo inteiro, inclusive dos Estados Unidos - que são o espelho dele - por enquanto é só isso, discurso político, sem norma jurídica, e não muda decisão nenhuma.

As orientações do ministério da Saúde é que vão prevalecer, e estamos diante de um impasse. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que até outro dia merecia os aplausos da população, tenta se equilibrar diante de um presidente que tem um discurso contrário às orientações dadas até o momento. Se conseguir retardar as posições de Bolsonaro, convencê-lo de que é possível uma saída programada, que minimize os problemas do cidadão, estaremos num bom caminho. Evidente que não se pode ficar trancado em casa por três, quatro meses. Mas é preciso um prazo para ver a linha de comportamento do coronavírus, e fazer análise estatística para basear as decisões.

Merval Pereira, jornalista - O Globo


segunda-feira, 15 de julho de 2019

Auto engano 2 - Marcos Lisboa

Imposto sobre transações  financeiras tem efeitos colaterais indesejáveis

Folha de S. Paulo

Na semana passada, empresários voltaram a defender a adoção de um imposto sobre transações financeiras.  O nosso sistema tributário certamente tornou-se disfuncional e deve ser reformado. Essa proposta, porém, tem efeitos colaterais indesejáveis.  Nos países desenvolvidos, a principal fonte pagadora de tributos é a geração de renda.  No Brasil, caso a proposta seja aprovada, vai ser diferente. Tributos serão pagos mesmo em transações que não resultem em aumento da renda, como a venda de bens com perda de capital. Um carro comprado por R$ 40 mil e vendido por R$ 30 mil pagará o tributo.
O aumento do número de operações sobre as quais incide a tributação permitirá desonerar a produção, o que sugere que o resultado será o aumento dos lucros. Recomenda-se calma com o andor.  A desoneração da produção será integralmente compensada pela maior tributação dos consumidores, reduzindo a sua renda. O resultado será a menor demanda por bens e serviços, que implica queda dos preços ou das quantidades vendidas e, portanto, das margens de lucro.  Há mais. Como esse tributo é cumulativo, os bens com cadeias longas de produção, como a indústria, ou os setores com menor margem de lucro, como o varejo, passarão a pagar mais tributos do que as demais atividades. O preço de uma geladeira vai aumentar em comparação ao custo de contratar um decorador.

Os problemas não param. As empresas com frequência precisam tomar empréstimos por alguns dias. Para cada R$ 100 emprestados são cobrados poucas dezenas de centavos.  Caso o tributo sobre movimentações financeiras seja de 2,5%, uma empresa que necessite de R$ 100 terá que tomar emprestado R$ 102,56. Para que o banco receba o que emprestou, a empresa terá que pagar mais de R$ 105.
A taxa de juros irá aumentar cerca de cem vezes para um empréstimo de poucos dias. Vamos ter saudade dos juros do cartão de crédito.
Pode-se isentar a cobrança do imposto nas operações de crédito, mas esse é só um exemplo dos muitos casos que deverão ser excepcionados para evitar a degradação do ambiente de negócios.  Os defensores da proposta argumentam que os informais passarão a pagar tributos, reduzindo a carga sobre o setor formal. No entanto, as transações informais pouco passam pelo sistema financeiro, que tem instrumentos para prevenir a lavagem de dinheiro. O novo tributo vai incentivar a adoção de mecanismos para minimizar a transferência formal de recursos, como o aumento das transações em dinheiro e os contratos de gaveta.

Como dizia Santa Teresa D’Avila: há mais lágrimas derramadas pelas preces atendidas do que pelas não atendidas.

Marcos Lisboa - doutor em economia e presidente do Insper 

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Um cara colostomizado não pode ir a debate, diz coordenador da campanha de Bolsonaro

Onyx afirmou que esse tipo de evento não decide eleição

O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), coordenador de campanha de Jair Bolsonaro (PSL), culpou os efeitos colaterais das cirurgias realizadas após o atentado sofrido mês passado pela provável ausência do presidenciável nos debates eleitores do segundo turno. Diante das perguntas relativas ao fato de Bolsonaro ter realizado algumas agendas de campanha enquanto evita debates, Onyx respondeu:  

Quer que eu fale em bom português? Um cara colostomizado peida, fede. No meio de um debate político, acha adequado isso? — questionou Onyx.
Ele afirmou que os embates entre adversários na televisão perderam a importância para o resultado da eleição.
Vamos olhar no Google e ver o que é um paciente colostomizado. Qual é o custo orgânico que isso tem? Qual custo emocional que isso tem? Está todo mundo aqui fazendo uma conversa no sentido de que desumanamente um cidadão que escapou da morte, já fez dois procedimentos cirúrgicos tem que ir a um debate televisivo que não resolve nada. Acabou! o jeito normal de se fazer política no Brasil, televisão, partido, palanque estadual, dinheiro e debate televisivo, acabou, não resolve mais eleição — avaliou Onyx.

Onyx afirmou que Bolsonaro tem feito participações curtas em eventos e que não deverá sair do Rio de Janeiro até o dia do segundo turno da eleição. Minimizou ainda críticas sobre a falta de um embate direto com Fernando Haddad (PT).
— Alguém (Bolsonaro) que está há 3 anos e meio dizendo suas ideias, suas propostas, caminhando pelo Brasil, indo em lugares que vocês não vão, mas ele foi. Conquistou tudo que conquistou, tem que dizer mais o que? — afirmou o coordenador da campanha.
Ele reafirmou que a base parlamentar de um eventual governo será construída "sem toma lá, dá cá". Onyx destacou a renovação de mais de 50% da Câmara e disse ser possível formar maioria sem negociar cargos na administração. 

O Globo
 


domingo, 30 de julho de 2017

Efeitos colaterais do ‘campeão nacional’ JBS

Política do BNDES de concentração de poder de mercado em poucos grupos não deve ser avaliada apenas pelo aspecto da rentabilidade financeira

O grupo JBS chegou a ser o maior produtor de proteína animal do planeta, orgulho da política desenhada em pranchetas lulopetistas para converter empresários brasileiros em “campeões”, vitaminados por dinheiro público. O grupo, de origem numa família dona de açougue em Anápolis, Goiás, não é o primeiro a ter ascensão rápida e queda equivalente.

Na década de 70, na ditadura militar, havia fixação no modelos dos “chaebols”, da Coreia do Sul, gigantes edificados em torno de famílias, bancos e governo. Na “crise asiática”, na década de 90, alguns se liquefizeram, com o desmonte de esquemas de dívida externa assentados na garantia de um câmbio fixo ou quase. O câmbio teve de flutuar e muita coisa veio a baixo. Mas a estrutura coreana, já colhendo os frutos dos investimentos em educação e tecnologia, aguentou o tranco.

No Brasil, o sonho de fortes empresas nacionais turbinadas pelo Estado também virou pesadelo em vários casos. Kalium, Decred, Coroa-Bastel são grupos que viriam a renascer bem mais à frente com outros nomes. O JBS é o exemplo mais recente e, como no passado, foi incentivado a partir de uma plataforma ideológica — existente à direita e à esquerda — que preza empresas com músculos anabolizados por bilhões manejados pelo inquilino de turno no Planalto.

JBS é típico. Com dinheiro do BNDES, no lulopetismo, se capitalizou com a venda de debêntures para o banco e obteve empréstimos subsidiados, sob a prestimosa vigilância do então ministro da Fazenda Guido Mantega, também zeloso na cobrança de contribuições do grupo a campanhas eleitorais petistas. Toma lá dá cá.  A implosão do JBS no vácuo da delação premiada de Joesley Batista deflagrou efeito sísmico no Brasil decorrente da política de concentração intencional de poder na mão de poucos empresários amigos: um choque no mercado interno de carne, porque os frigoríficos aglutinados no grupo, sob as bênçãos financeiras do Planalto, se transformaram em importantes compradores de rebanhos no interior do país, quase que única opção dos pecuaristas em regiões-chave, como no Centro-Oeste.

As ondas de choque sobre o grupo deflagradas pela repercussão da delação de Joesley Batista sobre o presidente Temer retraíram o crédito ao JBShouve até suspeita de retaliação por bancos públicos —, este parou de pagar à vista pelos rebanhos, o que levou à retração de pecuaristas. Preços desabaram. Pois o JBS, é claro, concentrava a sua maior capacidade de abate nos estados em que se encontra a maior parte do rebanho: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No primeiro, 50% do total de seus abates; no segundo, 40%.
Este é outro alerta sobre políticas governamentais que promovem concentração em mercados, a partir de conceitos derivados de concepções contrárias à livre concorrência. Em algum momento a casa pode cair. Como costuma acontecer nessas situações, paga o preço a dupla contribuinte-consumidor.

Por isso, é equivocado fazer o balanço da política de “campeões nacionais” do BNDES lulopetista apenas pelo ângulo estreito dos lucros e perdas do banco no programa. Mesmo que o banco obtivesse boa rentabilidade com o JBS, ele teria colocado em risco parte ponderável da pecuária nacional, ao criar um único e forte comprador de carne. E também grande financiador de campanhas políticas, não por acaso.


Fonte: Editorial - O Globo