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sábado, 26 de fevereiro de 2022

A fraqueza ocidental - Revista Oeste

 Rodrigo Constantino

Quando o xerife do mundo livre se mostra pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados

Joe Biden, ao lado de Boris Jonhson, na Conferência do G7 (10/06/2021) | Foto: Wikimedia Commons
Joe Biden, ao lado de Boris Johnson, na Conferência do G7 (10/06/2021) | Foto: Wikimedia Commons

A Rússia invadiu a Ucrânia nesta quinta-feira. Putin avaliou que toda a retórica dos líderes ocidentais não passava disso: pura retórica. O autocrata russo decidiu, então, avançar com seus planos imperialistas, para resgatar parte da configuração territorial que a então União Soviética tinha lembrando que Putin, um ex-agente da KGB, considerou a queda da URSS uma “catástrofe geopolítica”.

Largado à própria sorte pelo Ocidente “progressista”, resta ao povo ucraniano “ucranizar”, como fez contra seu próprio governo e ficou documentado no filme Winter on Fire, e demonstrar algum heroísmo na resistência ao imperialismo russo de Putin. Mas todos sabem que, na prática, os ucranianos, sem uma ajuda concreta ocidental, não possuem nenhuma chance de vitória.

Existem várias causas para essa guerra, mas não podemos descartar como um dos fatores que desencadearam esses eventos a fragilidade cada vez maior do Ocidente. Quando o xerife do mundo livre se mostra pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados. O Ocidente precisa urgentemente de um novo Churchill, que conhecia a natureza humana e estava disposto ao sacrifício para defender a civilização ocidental.

Diante da política de “apaziguamento” com os nazistas, Churchill profetizou: “Entre a desonra e a guerra, eles escolheram a desonra, e terão a guerra”. Churchill sabia que “um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”. Essa percepção se aplica perfeitamente ao caso atual envolvendo a Ucrânia.

Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha assinaram, em 5 de dezembro de 1994 com a Ucrânia, um acordo segundo o qual os três países garantem a unidade territorial desta ex-república soviética, em troca de que a mesma renuncie às armas nucleares. No documento, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos elogiam a adesão da Ucrânia ao tratado de não proliferação de armas nucleares e preveem que aquele país destrua todas as armas que ainda possuir, em troca da garantia de sua integridade territorial. Pelo visto, a política desarmamentista não funcionou muito bem para os ucranianos…

Ben Shapiro foi direto ao ponto: “Os britânicos entregaram o controle de Hong Kong à China em 1997 com a promessa de que a China manteria a autonomia da área. A China mentiu. A Ucrânia entregou suas armas nucleares em 1994, com apoio americano, em troca da promessa da Rússia de não invadir. A Rússia mentiu”. A moral da história é bem simples: “não confie nas promessas de ditadores. E as nações ocidentais que facilitam concessões em troca de promessas de ditadores também não são confiáveis ​​a longo prazo”.

É como achar que cantar Imagine e soltar bolas de sabão em favelas levará a paz ao local

Para Shapiro, “o que a Rússia e a China estão demonstrando é que desafiar uma hegemonia global não exige que você seja particularmente forte. Requer apenas que a hegemonia seja fraca, inchada e obcecada por si mesma”. O que estamos vendo tem relação com mudanças nas placas tectônicas da geopolítica, mas não necessariamente pelo fortalecimento de Rússia e China, e sim pelo enfraquecimento ocidental.

No momento, após a invasão russa, as prefeituras de Berlim e Paris iluminaram monumentos com as cores da Ucrânia. Talvez não exista símbolo melhor para ilustrar a fraqueza ocidental. É como achar que cantar Imagine e soltar bolas de sabão em favelas levará a paz ao local. Essa gente vive no eterno jardim de infância, com uma visão estética e romântica da vida, desconectada da realidade como ela é. Deveriam assistir O Deus da Carnificina”, de Polanski, para entender melhor que o mundo não é o Central Park de Nova Iorque.

Podemos até imaginar a nota que a Otan gostaria de soltar numa hora dessas: “Nosses soldades estão prontes e com moral elevade para ajudar a Ucrânia”. Enquanto isso, Putin sorri aquele sorriso de Mona Lisa, de quem sabe mais. Será que as feministas ucranianas já sentem falta da “masculinidade tóxica” ou ainda esperam que homens como o imitador de focas e Justin Trudeau ofereçam proteção contra os russos? A emasculação no Ocidente vem cobrar seu preço.

Isso sem falar das estranhas prioridades. Podemos vislumbrar a reação das lideranças ocidentais diante de Putin: “Mas que absurdo! O Exército russo tem pouca minoria, nenhum trans, negro ou mulher, sua artilharia não é ecologicamente correta e, pasmem, há soldados não vacinados e sem máscaras nos pelotões. Onde já se viu isso?!”. A ironia aqui serve como válvula de escape para o desespero de quem enxerga essa tendência faz tempo, mas se sente impotente diante dela.

Olavo de Carvalho, em fevereiro de 2021, escreveu: O Putin parece ser o último governante que ainda conhece a realidade: Quem manda é quem tem as armas, não quem tem o computador. Quero ver algum desses fresquinhos do Silicon Valley se meter a besta com ele. Na Hora H, o único poder real que existe não é o poder de mentir. É o poder de matar. O velho Stalin perguntaria: Quantas divisões armadas tem Bill Gates?Olavo tem razão.

Enquanto isso, vejamos a “análise” do correspondente internacional do jornal O Globo, Guga Chacra, quando Joe Biden venceu as eleições suspeitas contra Trump: “O mundo ficará mais suave sem Trump. Acabou o pesadelo da era Trump. Pode-se criticar Biden (e tenham certeza de que criticarei muito quando for necessário). Mas é uma pessoa normal. Trump era mau”. O “adulto na sala” versus o malvadão: eis a “análise” do jornalista. Logo depois veio aquela saída atabalhoada do Afeganistão, que entregou de bandeja o poder aos terroristas do Talibã.

Minha colega de revista Ana Paula Henkel alfinetou essa mídia militante assim que Putin declarou guerra à Ucrânia: “Quando Trump saiu da Casa Branca, um apresentador da CNN norte-americana chorou no ar e disse que o mundo agora viveria tempos de paz. Outro da GloboNews escreveu que ‘o mundo ficará mais suave sem Trump’. Abandonem a imprensa de pompom na mão. Eles não fazem mais análise. E há muito tempo”.

O choro ocidental não vai parar as pretensões imperialistas da Rússia e da China. Homens “fofos” e cada vez mais afeminados não vão enfrentar soldados forjados na Sibéria ou na China rural.  
Se o preço da liberdade é a eterna vigilância, o preço da paz é o poder e a determinação de defendê-la. 
É preciso estar preparado para o pior, ainda que possamos esperar o melhor. Diplomacia sem a sombra da espada não tem força. E cá entre nós: diante dessa fraqueza toda do Ocidente, se sou morador de Taiwan, começo a fazer as malas hoje mesmo…

Leia também “Os limites democráticos”


Rodrigo Constantino,  colunista - Revista Oeste

 


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Visão regressiva - Merval Pereira

O Globo

STF e a religião

Ao afirmar que fez um pacto com seu indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, de que ele abriria toda semana os trabalhos no tribunal com uma oração e de que se encontrariam toda semana para conversar, o presidente Bolsonaro parece querer dificultar ainda mais a aprovação do ex-advogado-geral da União no Senado.

Anunciar que “despachará” semanalmente com um ministro do Supremo é desmerecer o tribunal, embaralhar a separação dos Poderes, rebaixar o Judiciário a um “puxadinho” do Palácio do Planalto.
[por falar em reduzir o Judiciário a um 'puxadinho' do Palácio do Planalto, desmerecer o Supremo e embaralhar a separação dos Poderes, sugerimos ler: "Ações políticas supremas contra Bolsonaro - Gazeta do Povo"; Com a leitura terão a oportunidade e elementos que permitem  deduzir quem embaralha a separação dos Poderes, quem desmerece quem e qual é o Poder que é puxadinho de um outro Poder.

 Não se sabe se o outro ministro indicado por Bolsonaro, Nunes Marques, m esse hábito de “despachar” com o presidente, mas dá para perceber a interferência [sic] dele nos votos, quase sempre favoráveis às posições do governo.

Tanto quanto dá para vislumbrar no procurador-geral da República, Augusto Aras, agora reconduzido, uma postura mais que respeitosa ao presidente da República. Basta ver que Aras, em sua sabatina no Senado, fez questão de dizer que não era o PGR da oposição, mas não fez a ressalva quanto à situação.[a mídia militante quer um PGR da oposição e não terá - não fazer a ressalva quanto à situação é desnecessário - as posições do ATUAL e  FUTURO PGR, deixam claro ser aquela autoridade neutra, imparcial. 
Ressalvas só são necessárias para esclarecer entendimentos, e pretensões, absurdas. 
E, para desespero de muitos, Bolsonaro fará no próximo mandato mais ajustes na composição do STF e mais tribunais - sendo extinta a PEC da Bengala a adequação será maior.]

Quanto às orações semanais no início das sessões do Supremo, André Mendonça prometeu o que não poderá cumprir. Depende do presidente do STF, hoje o ministro Luiz Fux, abrir as sessões. Se alguém tivesse de rezar, seria ele ou outro de seus pares quando presidir as sessões, não um ministro, muito menos o mais novo. Essa questão religiosa já foi enfrentada pelo Judiciário, na teoria e na prática. A escolha religiosa do indicado nunca foi empecilho para nomeação, ser ou não adepto de uma religião não é característica nem favorável nem contrária à nomeação de alguém com “notável saber jurídico”. O que se deve evitar é a subserviência do indicado ao presidente que o indicou

Boa parte dos senadores considera ser esse o caso de André Mendonça. Quando presidente, Lula indicou para uma das vagas do Supremo o ministro do STJ Carlos Alberto Direito, “terrivelmente católico”. Ele morreu no exercício do cargo, tendo sido um ministro austero e competente.

Quando presidiu o Supremo, de 1971 a 1973, Aliomar Baleeiro, que era agnóstico, mandou retirar o crucifixo feito por Alfredo Ceschiatti que ficava na parede de madeira pau-brasil atrás do presidente. Só em 1978 ele voltou à parede, na presidência do ministro Thompson Flores. Muitos tribunais pelo país têm crucifixos, e já houve uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para retirar símbolos religiosos de repartições do Poder Judiciário, mas a decisão foi a favor da tradição, de um país majoritariamente cristão, sem significar uma quebra da separação da Igreja com o Estado, definida na Constituição republicana de 1891.

A influência que Bolsonaro quer ter no plenário do Supremo foi posta à prova recentemente, durante a pandemia. O ministro Nunes Marques, atendendo a uma ação da Associação Nacional de Juristas Evangélicos, permitiu atividades religiosas presenciais, que haviam sido proibidas em alguns estados devido à necessidade de distanciamento social. Para complicar a situação, Nunes Marques deu como razão “por vivermos em momentos tão difíceis, mais se faz necessário reconhecer a essencialidade da atividade religiosa”. Dias depois, em outra ação, o ministro Gilmar Mendes confirmou decisão do governo de São Paulo de proibir reuniões religiosas na fase mais aguda da pandemia. Gilmar se referiu em seu voto à hipocrisia dos que falam em Deus e defendem a morte.

No julgamento em plenário sobre o tema, o então ministro da Advocacia-Geral da União André Mendonça defendeu a reabertura dos templos citando trechos da Bíblia. O advogado do PTB na sustentação oral também citou a Bíblia ao se referir aos ministros que votariam pelo fechamento dos templos: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. O presidente Luiz Fux o repreendeu: “Nossa missão, além de guardar a Constituição Federal, é lutar pela vida e pela esperança. Estamos vigilantes na defesa da vida e da Humanidade”.

A pretexto de defender “valores cristãos”, o que Bolsonaro quer, na verdade, é tentar reverter decisões do Supremo como as a favor da união homoafetiva, a permissão de aborto de feto anencéfalo e outros temas que representam uma evolução moral civilizatória oposta a sua visão regressiva.  [lembramos que os VALORES CRISTÃOS SÃO PERENES, ETERNOS. As TÁBUAS DA LEI e os DEZ MANDAMENTOS NELA INSCRITOS, PERMANECEM VÁLIDOS.
Apenas lamentamos que os defensores de regras religiosas flexíveis, sujeitas a modismos, consideradas passíveis de modificação, só saberão o quanto estavam/estão errados quando receberem a merecida e inapelável punição por suas crenças.
Encerramos citando conhecido jornalista que disse que o fogo do inferno continua sendo alimentado com enxofre  - não foi revitalizado, adaptado é sempre será eterno.]
 
 
Merval Pereira, colunista - O Globo

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A DITADURA DO ÓBVIO



A vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção."
General Antonio Mourão (na ativa), ao comentar a possibilidade de impeachment de Dilma Rousseff

"Ganhamos a eleição com um discurso e depois das eleições fizemos aquilo que a gente dizia que não ia fazer."
Luiz Inácio Lula da Silva
Waldo Luís Viana*

Temos que convir: está tudo aí, na cara do povo brasileiro, de maneira escarada e escarrada. Vemos a corrupção das propinas, a luta insana da aristocracia que tem cabeça no século 19, enquanto a sociedade vive a globalização dos celulares, computadores, tablets e andróides.

É óbvio que querem se manter no poder, utilizando o voto obrigatório (um dever, jamais um direito) e o foro privilegiado (afinal há cidadãos “melhores” que outros). Nesse sentido, Lula acertou, quando disse um dia sobre José Sarney: “obviamente ele não é uma pessoa comum”. 

Pessoas comuns estão, em verdade, à disposição da polícia e do Judiciário, naquele velho princípio dos quatro pês: “prendemos pretos, pobres e prostitutas”. Por isso, muito cuidado com os esfomeados, furtadores de latas de goiabada nos supermercados. É óbvio que serão apanhados pela gola e conduzidos à cadeia. Os ricos, porém, estes têm advogados caros para encontrar brechas nas leis e através de chicanas e de infindáveis recursos protelar a prestação de contas em relação às leis.

Nossos políticos federais que as fazem, cerca de seiscentos, que custam cada um dois milhões de reais por ano, querem que tudo permaneça como está, ou seja, não são pessoas comuns e obedecem àquele velho princípio eleitoral: roubar pra se eleger e se eleger para roubar. É claro que existem honrosas exceções, mas infelizmente existe a regra. Não é o melhor dos mundos?

É óbvio que o PT, que chegou ao poder com promessas éticas e de salvação do país, transformou-se numa máquina de corrupção jamais vista, inclusive ameaçando os que não concordam com o castigo de exércitos alternativos, movimentos sociais e ONGs de discutível procedência.  Vemos tudo transcorrer embaixo de nosso nariz e não conseguimos fazer nada, demonstrando aquele espírito típico do vestíbulo do inferno de Dante: “deixai aqui toda a esperança”.

Nossa aristocracia não quer largar o osso e manterá tudo como está, o que se comprova com os resultados hilariantes da CPI da Petrobras. É óbvio que eles não querem condenar qualquer político e o baixo clero no Congresso irá assegurar o futuro auspicioso do presidente da Câmara. Afinal, ele interpreta exatamente o espírito da maioria dos deputados e sua sanha por cargos e sinecuras. Além do que pode barganhar sua sobrevivência, porque porta sem timidez a caneta do impeachment.

Nada de planos estratégicos para o futuro do país, que isso não interessa. Nada de desinchar o Estado, que deve ser pesadão, caríssimo e ineficiente, enquanto o caos permanece na saúde, educação e segurança.  É óbvio que utilizaram o BNDES para financiar projetos no exterior, à revelia do povo brasileiro e do próprio Congresso. Mas nada disso importa, porque não haverá qualquer retaliação e os poucos protestos de alguns cairão no vazio.

Na verdade, o país ainda não saiu do regime das capitanias hereditárias, em que fatias de poder são distribuídas sem qualquer pudor entre as mesmas caras carimbadas, que sempre dizem que não têm dinheiro secreto no exterior. E todo mundo sabe quem são e eles caminham livres, sorridentes e sem medo, porque nosso Judiciário não passa de um puxadinho mal ajambrado de tais poderes ocultos.

Mas hora direis: e as operações da Polícia Federal e do Ministério Público? Sim, são pobres esperanças do povo brasileiro que está no fundo do poço. Existem realmente alguns quixotes audazes, procurando deter a sangria da corrupção generalizada, dos golpes continuados de um partido para se manter no poder a qualquer preço (“faremos o diabo pra reeleger a Dilma” – lembram-se) e da gulodice continuada de outro partido aliado, que se cala convenientemente em troca de ministérios e de abonos colonizadores no segundo escalão federal.

Podemos nos orgulhar de assistirmos à descoberta de que somos uma nação que pratica os maiores atos de corrupção da história humana, desde os tempos da Suméria e Babilônia. Ninguém ousou a tanto em nenhum lugar, só no Brasil, porque aqui tudo é permitido. É óbvio que aqui também existe o braço da Justiça, mas existem cidadãos mais iguais que outros e eles conseguem protelar as penas, com intermináveis recursos que arquivam processos ou os tornam preclusos com o tempo. Esse é o tal “foro privilegiado” na prática...

É óbvio que a aristocracia argumenta que as eleições são caras e que, para manter o poder, precisa recorrer a financiamentos escusos e fraudulentos, extraídos a fórceps de empreiteiras e estatais. E haverá alguém que acredite que não será mais assim? Óbvio que não...  Somos escravos, nós, o povo em geral, das obviedades e das pizzas. Pão (talvez a falta dele), circo, futebol, novelas e Big Brothers. A maioria nem quer saber de política e se o voto não fosse obrigatório ausentar-se-ia de qualquer pronunciamento. A maioria, no fundo, está exausta e completamente descrente.

É óbvio que se percebe uma insana luta pelo tal ajuste fiscal, mas sabemos que isso não irá resolver o desespero do povo endividado pelos juros mais escorchantes do mundo. E sabemos que isso não vai mudar, apenas surgirão paliativos, obviamente em anos eleitorais.  Sendo assim, navegando entre rombos e dívidas, o país vai entrando em colapso e o povo, assustado e desiludido, sente-se realmente adentrando o inferno de Dante, deixando para trás toda esperança. Afinal, somos um povo vivendo no século 21 dirigido por uma aristocracia cuja cabeça continua no século 19 e com saudades eternas do tempo em que éramos apenas colônia de Portugal e da Inglaterra.

E tal aristocracia, inclusive, está agastada com alguns gatos pingados que a desafia, prometendo punição aos criminosos obviamente descobertos, e tenta por todos os poros deter essa onda de delações premiadas, contrárias a seus planos de permanência. Que ousadia contrariar o velho poder que se propõe ser eterno?

Sobra apenas para nós o gosto amargo de ver esse embate distante, entre aristocracia e povo, uma luta surda e intestina que obviamente não fomos convidados a participar. Resta-nos esperar, ansiosos, a próxima atração...

Por: *Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e não pertence à aristocracia que nos sufoca...
Teresópolis, 30 de outubro de 2015.

Fonte: A Verdade Sufocada