Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador governante. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador governante. Mostrar todas as postagens

sábado, 23 de abril de 2022

O caminho de Bolsonaro - Alon Feuerwerker

Análise Política

As pesquisas apontam que se a eleição fosse hoje Luiz Inácio Lula da Silva derrotaria Jair Messias Bolsonaro. Mas a eleição é só daqui a pouco mais de longos cinco meses. Então é preciso olhar para os possíveis caminhos de cada contendor, e aí tentar antecipar os cenários prováveis no desfecho.

A maioria dos hoje inclinados ao ex-presidente petista são eleitores fiéis. Fernando Haddad fez 30% dos votos válidos no primeiro turno de 2018 e chegou a 45% no segundo, no auge do desgaste de Lula e do Partido dos Trabalhadores. Mas Haddad perdeu. Se Lula hoje lidera, é por atrair parte dos eleitores de Bolsonaro quatro anos atrás.

É razoável supor que se a pessoa votou em Jair Bolsonaro em 2018 não há uma barreira intransponível a que repita o voto. E o que está fazendo certo pedaço do eleitorado largar o atual presidente pelo ex? Em especial as dificuldades econômicas e o comportamento de Bolsonaro na pandemia. [as dificuldades econômicas estão sendo superadas passo a passo e o tempo mostra que o comportamento de Bolsonaro na pandemia, resultou neutro - já que suprema decisão deixou tudo por conta das 'autoridades locais'. Por falar nelas, o tal Conass - um conselho de secretários de Saúde - dirigido  por um advogado - já quer adiar os efeitos do decreto do FIM DA EMERGÊNCIA por 90 dias. Será para as 'autoridades locais' que não aproveitaram a temporada de compras sem licitação, compensarem o atraso?]

A rejeição a Bolsonaro é o grande ativo de momento de Lula. Daí que o principal combustível hoje do petista seja também seu principal risco eleitoral. E se ao longo da campanha Bolsonaro reduzir a rejeição entre cinco e dez pontos? Ou aumentar a aprovação esse tanto, o que dá na mesma? Está longe de ser impossível. [lembrando que na campanha  será mencionado o fato das condenações de Lula que o tornaram, e assim permanece, o maior ladrão do Brasil; é pacífico que sua descondenação, não o inocentou.]

Em relatório recente, a consultoria Eurasia cita um levantamento da Ipsos Public Affairs, a partir do resultado de mais de trezentas eleições mundo afora ao longo dos últimos trinta anos. Segundo o estudo, uma aprovação de 35% a seis meses da eleição, o patamar hoje de Bolsonaro, dá ao incumbente 36% de chance de reeleição.

Não se deve confundir “aprovação” com o “ótimo+bom”. Aprovação só pode ser corretamente medida quando se pergunta ao pesquisado se ele aprova ou desaprova a administração ou o governante. Até porque a parte do “regular” que diz aprovar o governo certamente está permeável à possibilidade de votar no situacionismo.

Mas, segundo o mesmo estudo, se a aprovação for de 45% a possibilidade de vitória do incumbente sobe para 78%. Claro, quando o candidato se aproxima da maioria dos votos válidos cresce substancialmente a chance de levar a taça.

Incumbentes costumam ver a aprovação subir ao longo da campanha, e não há motivo para Bolsonaro ser uma exceção, a priori. Mas ele deve enfrentar um obstáculo complicado: a resiliência das dificuldades econômicas. Depois de dois anos de pandemia, veio uma guerra na Europa com repercussões globais.

Que novas medidas econômicas o governo vai adotar para chegar a outubro mais competitivo? 
Ou vai só rezar e torcer? 
E qual será a linha de comunicação para reduzir a rejeição do presidente até lá?  
Uma coisa é certa: se Bolsonaro está em desvantagem, tem, como qualquer governante, instrumentos para aumentar sua competitividade.

Todos os presidentes brasileiros reelegeram-se desde que se pôde reivindicar um segundo mandato. Mas novidades sempre estão à espreita, como o próprio Bolsonaro provou em 2018. O que vai prevalecer?

Publicado na revista Veja de 27 de abril de 2022, edição nº 2.786

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


terça-feira, 14 de maio de 2019

Inventando problemas inúteis

É extemporânea a discussão sobre quem será indicado ao STF. Além de desgastar Sérgio Moro, Bolsonaro deteriora sua própria imagem como governante.

Desde que assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro comentou mais de uma vez sua inadequação para o cargo que ocupa. No mês passado, por exemplo, ele disse: “Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar”. Diante dessa sua percepção, seria muito oportuno que, ao menos, o presidente Bolsonaro se esforçasse para não criar novas dificuldades para o País e para o governo – e, por que não dizer, para si mesmo. No entanto, ele parece indiferente a essa preocupação, fazendo afirmações que geram problemas adicionais e, consequentemente, mais desgastes, novas perdas de energia e necessidade de contínuos esclarecimentos.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes no domingo passado, o presidente Bolsonaro deu a entender que, no momento em que convidou o então juiz de primeira instância Sergio Moro para ser ministro da Justiça, teria feito um acerto a respeito de uma futura indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu fiz um compromisso com o Moro, porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura (para assumir o Ministério). Eu falei ‘a primeira vaga que tiver lá (no Supremo) está à sua disposição’”, disse o presidente Jair Bolsonaro.

É absolutamente extemporânea a discussão sobre quem será o próximo indicado ao STF. A princípio, a próxima vaga estará disponível apenas em novembro de 2020, com a aposentadoria compulsória do ministro Celso de Mello, em razão da idade.  Como se não houvesse outros problemas a serem enfrentados, o presidente Jair Bolsonaro adiantou uma questão que exigirá uma decisão sua apenas daqui a um ano e meio. Além disso, o comentário deixou o ministro Sergio Moro em situação delicada, pois o presidente Bolsonaro deu clara indicação de que houve uma relação de troca com o futuro ministro da Justiça: ele abandonava um capital – inclusive financeiro – de 22 anos em troca de uma futura indicação por vaga no Supremo. Coisas assim foram examinadas, à farta, na Operação Lava Jato.

No dia seguinte à entrevista do presidente Bolsonaro, durante palestra em Curitiba, Sergio Moro falou sobre o convite para o Ministério da Justiça. “Ele (Jair Bolsonaro) foi eleito, fez o convite, fui até a casa dele no Rio de Janeiro. Nós conversamos e nós, mais uma vez publicamente, eu não estabeleci nenhuma condição. Não vou receber convite para ser ministro e estabelecer condições sobre circunstâncias do futuro que não se pode controlar”, disse o ministro da Justiça. E assim, para o bem da República, esperamos que tenha sido.

Sergio Moro ainda declarou: “Quando surgir a vaga (para o STF), isso vai ser discutido, antes não”. Seria muito conveniente para o País que o presidente Bolsonaro tivesse essa mesma disposição de respeitar os tempos de cada decisão, sem adiantar problemas. Como se fosse um assunto a ser debatido na semana que vem, Jair Bolsonaro disse na entrevista de domingo: “Eu vou honrar esse compromisso com ele (Sergio Moro) e, caso ele queira ir para lá, será um grande aliado, não do governo, mas dos interesses do nosso Brasil dentro do STF”.

Quando age assim, o presidente Bolsonaro não prestigia o ministro Sergio Moro e tampouco o fortalece no cargo. A rigor, ele desgasta um importante integrante do primeiro escalão do seu governo, dando a entender que, com o convite, havia também a promessa de um benefício futuro. Há menos de um mês, o ministro Sergio Moro declarou que “ir para o STF seria como ganhar na loteria”. [o ministro Sérgio Moro afeito ao 'juridiquês', em que o conteúdo de uma decisão é sempre 'explicado' - as aspas são amparadas devido  na maioria das vezes a explicação,  por ser um  palavrório, nada explica - precisa aprender que na política o dito é sempre interpretado pelo lado mais desfavorável a quem diz, já que a interpretação é feita de acordo com os interesses do intérprete;


ganhar na loteria tem vários sentidos, sendo um deles o financeiro, e é para esse que o dito pelo ministro foi dirigido, quando interpretado.]   Além de desgastar o ministro Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro deteriora sua própria imagem como governante. Com urgentes problemas a serem enfrentados – a reforma da Previdência, sendo o mais importante e decisivo agora, é apenas um destes desafios –, o presidente Jair Bolsonaro revela ter frágil percepção das prioridades do País. Quem tem visão clara das metas da administração pública e sabe das dificuldades que terá de enfrentar para realizá-las não inventa extemporaneamente problemas que consumirão suas já escassas energias.

A fala de Jair Bolsonaro ainda alimenta inquietações no restante de sua equipe, que certamente subtrairão muito da já pequena eficácia de seu governo: se o presidente Bolsonaro trata assim, gratuitamente, o seu “superministro” Sergio Moro, o que será capaz de fazer com os outros?


Editorial - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O candidato e o governante

O capitão não pode ficar preso a discursos de campanha, exige-se dele coragem de decidir

[importante ter presente que o combate ao PT e a toda a esquerda tem que estar sempre presente, visto que o partido perda total e  a esquerda representam o mal que tem que ser combatido sempre, sempre.]

O discurso do presidente Jair Bolsonaro em sua posse foi coerente com suas posturas de candidato. Retomou suas teses centrais, formuladas no calor da disputa eleitoral, como se, agora, pudessem simplesmente servir como orientações de governo. Uma coisa é a campanha, com suas necessidades retóricas, voltadas para o convencimento do cidadão, outra, muito diferente, reside nas ideias concretas de governar.
O candidato conseguiu articular em torno de si tanto sentimentos difusos e setoriais da sociedade quanto posturas focadas em dizer não ao petismo e ao politicamente correto, identificado com concepções de esquerda. O combate ao PT foi a sua grande bandeira, fazendo ver à opinião pública a sua responsabilidade pelo descalabro fiscal, pelo desemprego, pela ideologização da educação, pela criminalidade desenfreada e pela corrupção generalizada. Foi, nesse sentido, imensamente favorecido pela escolha eleitoral petista, que preferiu, ao arrepio da verdade, tornar Lula um perseguido político, quando não passa de um criminoso já julgado e condenado em várias instâncias. Em vez de reconhecer a corrupção em seus governos, optou por se esconder, não assumindo a própria culpa. Poderia ter-se aberto um novo caminho!
Tampouco foi de valia permanecer no discurso inverossímil do “golpe”, quando a Constituição foi fielmente obedecida, até mesmo com o beneplácito de ministros do Supremo que haviam sido escolhidos pelos ex-presidentes Lula e Dilma. A corroborar sua ausência de visão, deu-se ao luxo de não comparecer à posse do novo presidente, numa atitude de não reconhecimento do resultado das eleições e das regras mesmas do jogo democrático. Pode-se dizer que o PT facilitou a vida do candidato Bolsonaro. Este, certamente, agradece!
Acontece que o antipetismo, ao aglutinar diferentes formas de oposição e de descontentamento, terminou por agrupar interesses os mais diversos, alguns abertamente contraditórios entre si. De modo geral, pode-se falar de conservadores e liberais, defensores da ordem e da segurança, partidários da livre-iniciativa e de uma economia concorrencial de mercado, e assim por diante. Conservadores nos costumes e na educação, por exemplo, sinalizam para os valores da família, da religião e da pátria, podendo ou não ser favoráveis a uma economia de livre mercado. Liberais na economia podem ser radicalmente avessos aos conservadores, advogando por uma liberdade generalizada.
A base eleitoral do agora presidente Bolsonaro conseguiu reunir essas diferentes posições, o que fez seu discurso de posse procurar dar satisfação a todas. Em certo sentido, pode-se dizer que o caráter abstrato e genérico de suas formulações foi consoante com os diferentes interesses que abriga em seu seio. Ao procurar atender todos, pouco foi dito sobre o modo concreto desse atendimento, o que certamente agradará a alguns e desagradará a outros. A sociedade brasileira reconhece-se em seu novo governante, cuja vitória não deixa margem nenhuma a dúvidas. Cansou-se do palavreado político em geral, sobretudo quando constata, em seu cotidiano, uma criminalidade galopante. Pessoas querem simplesmente caminhar tranquilas pelas ruas, sem ser assaltadas ou assassinadas. Para elas, bandidos devem estar na prisão e as leis devem ser implacavelmente aplicadas. 
O reconhecimento nacional da Lava Jato é uma prova disso. 
Não tolera o desemprego, fruto de uma economia emperrada e atravessada por interesses corporativistas, embora a reversão da curva já tenha sido empreendida pelo governo Temer.
O povo quer um Estado que funcione, atendendo os mais carentes e a classe média em geral com serviços de saúde e educação consoantes com os impostos arrecadados. Muito se paga ao Estado e pouco se recebe dele em retribuição. Em troca, assiste ao deplorável espetáculo de estamentos estatais usufruindo privilégios e advogando em causa própria por aumentos salariais, quando outros, na base, nada recebem. Pode-se dizer que a sociedade se cansou dos privilégios usufruídos por uma minoria que desconhece o interesse geral.

Bolsonaro soube muito bem capitalizar para si esse sentimento generalizado. Contudo a fase da expressão política popular dá agora lugar à de governar, fazer opções, desagradar e realizar a necessária transformação do País. Governar não é agir numa reunião aleatória de interesses divergentes, mas ver além deles em benefício de um todo mais abrangente, o Brasil. O atendimento de diferentes interesses particulares não significa resolver os problemas prementes do País. As virtudes de um candidato não coincidem necessariamente com as virtudes de um governante ou de um estadista.
As últimas décadas foram, sobretudo, marcadas por um forte viés distributivista, como se a função do Estado fosse simplesmente redistribuir a riqueza segundo os anseios particulares dos governantes de plantão. A questão da produção de riquezas foi, em boa medida, relegada, salvo, nestes últimos anos, na política de responsabilidade fiscal do governo Temer.  O novo presidente, por sua vez, deverá contrapor-se a essa tendência distributivista da sociedade brasileira, o que certamente terminará por acarretar o descontentamento dos que se sentirem prejudicados. Deverá ver o Brasil do amanhã, e não somente o das urgências do dia presente. Dele será exigida a coragem de decidir, de mudar o Brasil.

Para tanto não poderá ficar preso a seus discursos de campanha. Valores religiosos não são de valia para a condução da economia, por mais que tenham validade em outras esferas da vida humana. O País exige o que o próprio presidente chamou de “reformas estruturantes”, dentre as quais a mais importante é a reforma da Previdência. Sem ela o Brasil soçobrará. Com ela a Bandeira Nacional não voltará a ser vermelha!
Denis Lerrer Rosenfield - Professor de filosofia na UFRGS

sábado, 12 de setembro de 2015

Mentiras da Dilma arrasam o Brasil

O amargo preço das mentiras de Dilma

Rebaixamento do País intensifica pressão pelo afastamento da presidente da República. Diante da catástrofe econômica e da falta de perspectiva, o que a maioria dos brasileiros se pergunta hoje é: o que Dilma ainda faz no poder?

Ao retirar do Brasil o selo de bom pagador na quarta-feira 9, a Standard & Poor’s, principal agência de classificação de risco, escancarou o que já era um sentimento nos meios políticos, jurídico e empresarial: a crise político-econômica tem nome e sobrenome. Atende por Dilma Rousseff. O rebaixamento para grau especulativo, o que significa maior risco de calote, foi atribuído pela S&P à incapacidade da gestão Dilma de equilibrar as contas públicas, às constantes revisões das metas de superávit fiscal e às divergências profundas de integrantes do governo em torno do tema. No final da última semana, a pergunta que se impunha no País era como Dilma ainda poderia seguir na cadeira de presidente da República. Entre os próprios petistas, a avaliação é de que a falência completa da gestão, agravada com a perda do grau de investimento, implodiu as derradeiras pontes construídas - a muito custo - pelo governo com setores do empresariado no início de agosto. E arrebentou o último fiapo que ainda unia o governo às classes C e D – agora desesperadas com a certeza do aumento do desemprego e da recessão.

Produziu-se um consenso de que o País possui fôlego curto para suportar a crise atual. E a saída do atoleiro passa pelo afastamento da presidente – seja por renúncia ou impeachment, processo que voltou a ganhar força nos últimos dias. Poucas vezes, empresários verbalizaram essa posição com tanta eloquência. Até ministros próximos de Dilma vislumbram um cenário provável de impeachment até o final do ano. “Já há um distanciamento da classe política. Agora, a pressão dos empresários vai ser insuportável. Acho que Dilma vai ter de ir embora, vai ter que renunciar. É o capítulo final”, prevê o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que até semana passada adotava um discurso mais moderado.


A preocupação é geral e genuína e já não se pode mais atribuir a postura crítica ao governo ao já surrado discurso do Fla-Flu político. Os temores sobre o futuro do País são reais. Hoje, o Brasil encontra-se à beira de um precipício e sem perspectivas de reversão de rumo. (leia mais sobre as consequências do downgrade às págs 36 e 37). Em abril de 2008, em um evento em Teresina, Piauí, o então presidente Lula, o mesmo que agora diz sem corar a face que o rebaixamento do País não significa nada, comemorou efusivamente, quando a mesma S&P concedeu o grau de investimento ao Brasil. “Se fôssemos traduzir para uma linguagem que todos os brasileiros entendam, pode-se dizer que o Brasil foi declarado um País sério, que tem políticas sérias, que cuida de suas finanças com seriedade”, afirmou Lula em 2008. Sete anos depois, Lula adota uma nova retórica política. Diz o que precisa ser dito, não o que realmente pensa. Se o governo fosse outro e ele se encontrasse na trincheira da oposição, Lula diria que hoje o País - e sua governante - perderam totalmente a credibilidade.
NO REINO DOS PIXULECOS
No Sete de Setembro, manifestantes exibiram uma Dilma inflável,
com nariz avantajado, em alusão ao personagem Pinóquio, de Gepeto, um
notório mentiroso. Ao lado, o já famoso boneco de Lula, com trajes de presidiário
A julgar pelas pesquisas de popularidade, poucos discordam que o quadro de terra arrasada foi produzido pela própria presidente Dilma. O rosário de mentiras desfiadas durante a campanha eleitoral fizeram com que a população a caracterizasse no 7 de setembro como um boneco inflável – nos moldes do confeccionado para fustigar Lula, com trajes de presidiário – em uma declarada alusão ao personagem Pinóquio, pelo nariz comprido. Não à toa. Não bastassem as sucessivas contradições com o País das maravilhas exibido no horário eleitoral, na última semana Dilma conseguiu romper definitivamente com os mais caros compromissos assumidos na campanha. Para tentar sair da crise e salvar a própria pele, agora ela ministra o mais amargo dos remédios: o corte de programas sociais e o aumento de impostos. Em jantar com jornalistas, em maio de 2014, a presidente rechaçou qualquer possibilidade de lançar mão da elevação de tributos como solução para disciplinar as contas públicas. “Não vai ter aumento de imposto. Não tem nada em perspectiva”, afirmou.

No evento, a então candidata à reeleição, que também descartou a intenção de passar a tesoura nos programas sociais, foi além. Vaticinou que a saúde econômica do Brasil assemelhava-se a de um jovem, com coração forte e pulmão de atleta. “O Brasil é um país sólido, com estabilidade econômica, uma indústria sofisticada, altamente atraente para o capital internacional. O Brasil vai bombar”. Como todos já sabem, hoje a bomba é outra e precisa ser desarmada com urgência sob pena de o País ser condenado a conviver com a recessão por quase uma década, o que exigiria sacrifícios mais pesados do que aqueles que já estão sendo feitos atualmente pela população. Agora, sem planejamento e demonstrando desespero, o governo se perde nas duas agendas que sempre renegou: o aumento de imposto e o corte de gastos – inclusive no social.

Sobre os integrantes da equipe presidencial que discutem aumento de tributos existe uma forte pressão para que a Cide, o imposto sobre a comercialização da gasolina e do óleo diesel, volte a ser cobrada do consumidor. O principal obstáculo para esta solução é o impacto exercido sobre a medição da alta dos preços, podendo gerar um aumento de 0,8% na inflação. Outra possibilidade para gerar receita seria a criação de uma nova taxa sobre as operações de crédito, que não entrasse na conta da inflação, mas que tivesse uma abrangência nacional e de arrecadação imediata. Algo como a CPMF, mas batizado com um outro nome mais palatável à população, como se isso fosse possível na atual conjuntura.

























 HORROR SEM FIM
Mentiras de Dilma e má gestão agravam a crise. Nos meios político
e empresarial, já há quem defenda a "solução Michel Temer"
Uma iniciativa como esta só poderia ser pior se combinada com cortes nos programas sociais. É o que o Planalto já está fazendo, a despeito de contrariar outra promessa de campanha. Na última semana, Dilma abortou o lançamento da terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida. O governo classifica a decisão como “adiamento”, para que se possa primeiro honrar as dívidas contraídas para executar estágios anteriores do programa. Mas, na prática, trata-se de uma puxada no freio de mão. Os empenhos dos valores do Minha Casa Minha Vida 1 e 2, conforme apurou ISTOÉ, já caíram pela metade: de R$ 10,3 bilhões para R$ 5 bilhões.

As decisões administrativas equivocadas, que aprofundam a crise econômica, somadas à fragilidade política da presidente, conferiram velocidade, força e materialidade a um novo pedido de impeachment preparado por setores da oposição e até da situação. O grupo pró-impeachment composto por integrantes do PSDB, DEM, PPS, SD, PSC, PTB, PSD e PMDB oficializou na quinta-feira 10 o lançamento de um site com petição pública para recolher assinaturas e incentivar no Congresso a abertura de um processo de afastamento de Dilma. O movimento já contabiliza 280 votos, o suficiente para aprovar a admissibilidade para o início de um processo em plenário. A página na internet traz a íntegra do pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo, fundador do PT. “Acho Dilma incapaz de ser presidente. Ela não tem nenhuma capacidade mental para dirigir o País. Não falta acontecer mais nada para que ela sofra o impeachment. Os crimes já se consumaram. 

Existem crimes praticados contra a administração pública”, disse Bicudo à ISTOÉ. Na quarta-feira 9, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, decretou o fim do governo. “Infelizmente, a perda do grau de investimento do Brasil e a perspectiva de revisão negativa nos próximos doze meses mostram que o governo da presidente Dilma acabou”. O coro pela saída de Dilma é engrossado no meio empresarial. “Com o impeachment, a agonia seria curta”, prega Flávio Rocha, dono da Riachuelo. Rocha sintetiza o discurso de pesos pesados do PIB para os quais Dilma se perdeu nas próprias mentiras e arrastou o País para o caos econômico.


A crise da semana, que culminou com a perda do selo de bom pagador do Brasil, começou com uma sucessão de trapalhadas presidenciais. Primeiro foi a ideia natimorta de ressuscitar a CPMF. O imposto do cheque foi discutido no Palácio do Planalto, provocando um racha no núcleo duro do governo, com direito a gritaria e dedo em riste. De um lado, o time que defendia a volta de um imposto rejeitado até no governo Lula, quando ele ostentava um alto índice de aprovação. Do outro, o grupo que antevia a catástrofe anunciada que representaria essa proposta. Assim que a notícia foi vazada para a imprensa, a fim de testar a reação do público, Dilma assistiu a respostas tão violentas quanto inesperadas e, três dias depois, recuou da decisão. E assim, a chance de recriar a CPMF voltou para a gaveta, de onde, ainda acreditam interlocutores do governo, pode ser sacada a qualquer momento.


sábado, 2 de maio de 2015

É lamentável que a polícia do Paraná tenha se excedido no uso da força - mas, mais ainda é que professores, formadores de jovens, tenham provocado e atentado contra a ORDEM PÚBLICA

O que ensina a pancadaria promovida pela polícia de Beto Richa 

Os policiais militares destacados, ontem, para garantir o funcionamento da Assembleia Legislativa do Paraná agiram em legítima defesa de suas vidas, disse o governador Beto Richa (PSDB).  E quem agiu em defesa da vida de quase 20 mil manifestantes, a maioria deles professores, que protestavam contra um projeto do governo que mudou as regras da previdência social dos servidores públicos?


É tarefa ou não da polícia garantir a liberdade de expressão dos cidadãos e reagir com moderação quando provocada por uma minoria? Sim, porque a se acreditar no próprio Richa, foi uma minoria que provocou a polícia. [a liberdade de expressão que a polícia tem obrigação de garantir, não pode ser usada para depredar o patrimônio público; infelizmente, a PM usou de energia excessiva, mas, os professores também esqueceram a  responsabilidade que tem como educadores e formadores dos homens de amanhã.]
 
Richa falou da ação de black blocs. Culpou-os pela violência que atingiu, pelo menos, 213 pessoas, segundo a prefeitura de Curitiba. Mas na hora do vamos ver, comentou que a polícia prendeu sete black blocs. Não se referiu a mais do que sete. Se havia mais por que a polícia só prendeu sete? Ela foi capaz de ferir 213 pessoas, oito delas gravemente, mas só prendeu sete vândalos. Ora, que polícia é essa?

Usou cachorros para que mordessem manifestantes; balas de borracha, já descartadas por outros governos estaduais; e bombas de gás lacrimogêneo atiradas, inclusive, de helicóptero. Por que repressão tão descabida? Tão desproporcional? Para conter a sanha de sete black blocs? De jovens desarmados e de gente idosa? De pessoas que até se locomoviam em cadeiras de roda? [convenhamos; qual o interesse de um cadeirante participar de uma manifestação que mesmo não sendo violenta oferece sérios riscos a pessoas com dificuldade de locomoção.
Até mesmo uma procissão - evento rigorosamente pacífico - oferece riscos a um cadeirante: um descuido, a cadeira pode tombar e o PME sofrer lesões.]

Ao manifestar sua solidariedade aos policiais autores de violência tão estúpida, Richa se revelou um líder político, no mínimo, estúpido. Durante entrevista de 14 minutos, tentou justificar o injustificável. Só conseguiu ser repetitivo. Confuso. Contraditório. Muito aquém das exigências do cargo que ocupa. Admitiu, por exemplo, que a violência produziu “cenas chocantes, indefensáveis”. Para encaixar de imediato:  - A PM reagiu para preservar sua integridade.

Claramente na defensiva, afirmou tolamente que pôs em risco sua popularidade para defender a ordem pública, “obrigação de qualquer governante”. E daí?  A essa altura, quem, além dele, está interessado no risco que sua popularidade correu? Ou ainda corre?
O que houve em Curitiba reforça a suspeita de que governadores do PSDB parecem ter uma especial dificuldade para lidar com manifestações de rua. Foi assim também em São Paulo quando da inauguração da jornada de junho de 2013.

 Fonte: O Globo - Blog do Noblat
 

 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Brasília: Capital da Desordem



Quando se observa a crise que ora acontece na área de Saúde do Distrito Federal, não se consegue entender o porquê de tantos ladrões dos cofres públicos cometerem de forma permanente sempre os mesmos assaltos e desvios à luz do dia, mantendo-se à margem da lei. O governador petista Agnelo Queiroz (2011-15) roubou de forma aberta e escancarada, entregou o cargo a seu sucessor, Rodrigo Rollemberg (PSB) e viajou tranquilamente para gozar férias em Miami, EUA.

Diariamente, os que moram em Brasília têm sido obrigados a conviver não apenas com o drama da Saúde, mas com manifestações grevistas que paralisam as principais avenidas da Capital Federal. Elas impedem a livre circulação de veículos e expõem situação que se ramifica de cima para baixo, baseada em exemplos dos mais vergonhosos por parte de nossas “autoridades”.  Os salários dos servidores se atrasam há meses, as empresas de ônibus estão quase à falência por falta de repasse de recursos públicos e nada funciona! Quem consegue enxergar um palmo adiante do nariz tem de fazer muito exercício mental para não entrar em pânico porque o inevitável desastre que se avizinha pode se instalar a qualquer instante com violência incontrolável. No país comandado por marqueteiros, a fantasia da propaganda eleitoral mascara o horror do dia a dia.

A “administração” Agnelo Queiroz foi tão desastrosa que mesmo com toda a força do cargo que ocupava ele não conseguiu chegar ao segundo turno. Na campanha eleitoral, as peças publicitárias louvavam o modelo ímpar de sua gestão, mostrando hospitais impecáveis, semelhantes aos melhores classificados no primeiro mundo. Hoje, os médicos e professores estão em greve, por conta de salários atrasados e a realidade é diametralmente oposta à que se propagou na disputa.

O Brasil tem sido assim desde a sua fundação. O novo governante que assume, invariavelmente, é sempre muito pior do que o que sai. Cobra-se empenho, fala-se em “dedicação”, mas nada surge de positivo. Os homens públicos brasileiros se deliciam na prática política de “terra arrasada”. Os únicos a lucrarem são os que se locupletam nos altos cargos. Chame-se qualquer um para ocupar qualquer Ministério e ele irá correndo atender, sem hesitar. Busca-se apenas o enriquecimento rápido na prática de ilícitos.

A maioria dos homens públicos brasileiros não presta atenção a nada que sirva de lição e se repete em velhos desmandos, convencida de que jamais será punida. Cria-se espécie de corporativismo onde o acordo tácito é o de cuidar dos interesses de cada qual, estabelecendo-se cumplicidade que se baseia na defesa de interesses comuns. Veja-se a formação de um tribunal como o STF, com os seus membros indicados pelo presidente da República.  Depois que os mensaleiros foram condenados, aposentaram-se dois ministros: Cezar Peluso e Ayres Britto. Ao ser sabatinado pelo Senado, o novo indicado para o STF, Luís Roberto Barroso, disse logo aos senadores que a condenação dos mensaleiros havia sido “um ponto fora da curva”. Deu a senha desejada, garantindo que tal não teria acontecido com ele. Depois, nomeou-se Teori Zawascki, mudando-se radicalmente a composição do Supremo. O ministro Joaquim Barbosa não aguentou e caiu fora.

O problema é que a população parece estar chegando ao limite. Algumas manifestações de populares linchando criminosos e quebrando fóruns (como, recentemente, em Buriti, MA), deixam bem claro que já existe considerável número pretendendo fazer Justiça com as próprias mãos. Imagine-se quando a crise se agravar: sem água, sem energia e com quebra na produção de alimentos, com milhões de pessoas brigando por água e comida. Com os dirigentes que possuímos, o desastre será absoluto!


Por: Márcio Accioly, Jornalista.