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terça-feira, 22 de março de 2022

Suspensão do Telegram no Brasil é uma vergonha pública - Gazeta do Povo

J. R. Guzzo

Para fugir de “censura” das Big Techs, influenciadores de direita utilizam cada vez mais o Telegram

Foi mais um passo, na escalada permanente de repressão ao direito de livre expressão que o ministro Alexandre Moraes conduz no STF com o seu inquérito perpétuo contra “atos antidemocráticos”. Num dia, o ministro mandou “suspender” o funcionamento no Brasil da plataforma de comunicação Telegram. No outro, mandou retirar a suspensão. No meio tempo, os responsáveis pelo Telegram, que não tem representantes no Brasil, comunicaram que estavam satisfazendo as instruções dadas pelo ministro – basicamente, retirar postagens das quais ele não gosta.

O caso do Telegram é uma vergonha mais uma, na sucessão inevitável de vergonhas públicas trazidas por esse inquérito ilegal, abusivo e típico de ditaduras subdesenvolvidas. Diante de um Congresso Nacional que se ajoelha, e dos grandes faróis da “sociedade civil” que preferem ficar apagados, o ministro Moraes viola abertamente a Constituição a cada um dos seus despachos. Não há nada de certo na sua guerra santa para “defender a democracia”, mas poucas coisas são tão agressivamente contra a lei como sua perseguição a jornalistas de direita, ou “bolsonaristas”, ou que desagradam a ele e ao STF.

O ministro Alexandre de Moraes baniu por alguns dias o aplicativo de mensagens Telegram do Brasil, unindo-se aos exemplos autoritários que já censuraram o aplicativo como China, Cuba, Irã e Rússia.

Nem o STF pode bloquear sua liberdade de expressão

O caso mais gritante é o de Allan dos Santos, banido das redes sociais pelo ministro, e que se utilizava do Telegram para escrever a seus leitores. Allan tem sido, desde o início dessa aberração toda, a besta negra de Moraes. Está sendo processado, mas não é informado que crime teria cometido. 
Não dizem qual artigo do Código Penal, ou de qualquer outra lei brasileira, ele teria desrespeitado. 
Seus advogados não têm acesso aos autos do inquérito – e o próprio Allan não consegue informar a ninguém do que, exatamente, está sendo acusado. A única coisa clara é que virou uma ideia fixa para o ministro.
 
Moraes está intensamente frustrado porque não consegue prender o jornalista. Ele está nos Estados Unidos – e nem a Interpol, nem as autoridades americanas, tomaram conhecimento dos pedidos oficiais de “extradição” feitos pelo ministro. É uma humilhação: 
a polícia internacional ignora uma ordem da Suprema Corte brasileira porque nos países democráticos onde opera não se admite a prisão de cidadãos que não cometeram crime definido em lei.
 
É, além disso, um dos piores momentos para quem, no Brasil, vive angustiado com ameaças à democracia, mas se cala diante da perseguição contra Allan dos Santos. 
Como o jornalista é uma figura detestada pela esquerda, considera-se que no seu caso a lei não se aplica; 
não vale, para ele, o direito constitucional à livre expressão, nem o princípio de que nenhum cidadão pode ser acusado de algo que não está previsto em lei.

O que não vale para um hoje pode não valer para outro amanhã. Ao silenciar diante do abuso serial às liberdades individuais feito pelo STF, a classe política brasileira está rifando a segurança que a democracia deveria oferecer a todos.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 9 de fevereiro de 2020

Guerra Santa - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Católicos e evangélicos são sugados para a polarização entre Bolsonaro e Lula

O ex-presidente Lula adiou seu depoimento à Justiça no dia 11 para se encontrar com o papa Francisco no Vaticano. [qual a fundamentação legal para um conhecido criminoso, com duas condenações confirmadas, adiar um depoimento? 
a iniciativa do adiamento foi dele?] O presidente Jair Bolsonaro deu lugar de destaque no palanque e na foto do 7 de Setembro ao bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. E é assim que as religiões vão sendo sugadas para o centro da polarização política no Brasil. A Igreja Católica (ou parcela expressiva dela) se aliou a Lula e aos movimentos sociais na resistência à ditadura militar e esteve por trás da fundação do PT em 1980, ao lado de sindicatos, universidades e escolas. A aliança atravessou a Lava Jato sob silêncio e constrangimento.

As igrejas evangélicas, tradicionais e neopentecostais, estão há muitas eleições na base de Bolsonaro, seus filhos e ex-mulheres no Rio e compõem a “bancada da Bíblia”, mais forte e organizada no Congresso do que partidos. O resultado é que o embate direto entre Lula e Bolsonaro e entre esquerda e direita ameaça se transformar num teste de forças também entre a estagnada Igreja Católica e as emergentes igrejas evangélicas. A tentativa de articular uma fusão desses grupos numa frente única no Congresso até existe, mas é duvidosa.


O que falar de uma foto de Lula com Francisco? Terá uma força política considerável, fazendo o link entre a imagem do papa mais popular e mais humanista em décadas com o discurso histórico do PT (atenção: sem entrar no mérito do que é real e do que não é). O uso político e partidário no Brasil será inevitável, em ano eleitoral. Já a foto de Bolsonaro com Macedo causou espanto, pelo hábito da Universal de recolher o “dízimo” de seus fiéis e de, não raramente, estimular ingênuos, ignorantes e/ou desesperados a entregarem casas, carros e bens para a igreja, em troca do “reino de Deus”.

[uma foto do Papa Francisco com o multicondenado petista não terá nenhuma força política, exceto entre idiotas que se tornaram devotos de uma encarnação do diabo em Lula,que está morto politicamente.
Apenas como lembrete confirmatório, vejam o vídeo abaixo, no qual Cid Gomes - que não é nenhum modelo de correção, mas, disse uma verdade: - "O Lula tá preso, babaca".
É só adaptar esta frase, substituindo o preso por 'morto' - politicamente, para se expor a verdade  cristalina que Lula acabou, já era.
Ele está sendo recebido pelo Papa Francisco em um ato de Caridade cristã do Sumo Pontífice. 
E tentar criar um conflito entre a Igreja Católica Apostólica Romana e os evangélicos, é tão inútil quanto criar inimizada entre o Presidente Bolsonaro e seu ministro Sérgio Moro.
Os católicos tem alguns desencontros contra os evangélicos, mas, nada que leva a uma polarização. Afinal, antes de entrar em conflito com os católicos romanos os evangélicos precisam resolver qual das diversas denominações de igrejas evangélicas é a certa.]
Essa prática, sob as nossas barbas e com a leniência dos poderes constituídos, começa a chegar à Justiça, com devolução de valores e indenização de vítimas. Mas é tão consolidada que é difícil combater e já extrapolou fronteiras para diferentes continentes. E Lula já age para disputar as graças (e os votos) dos evangélicos.

No Brasil, os governos não veem, ouvem nem falam sobre esse avanço que levou os “donos” de igrejas (uma filhote da outra, com sutis diferenças de designações) a figurar nas listas das grandes fortunas brasileiras. Nenhum político, ninguém que disputa eleições quer bater de frente com essa máquina de manipulação de almas, que pode trazer ou tirar votos. Com Lula já era assim e com Bolsonaro tornou-se mais audacioso. Já não há dúvida do uso de cultos evangélicos na coleta de assinaturas para o partido do presidente, que prestigia evangélicos na composição do Ministério e já acenou com um nome “terrivelmente evangélico” para o STF e integra uma tal Aliança pela Liberdade Religiosa com EUA, Polônia e Hungria.

Uma curiosidade: apesar dos vínculos de Bolsonaro e de sua mulher, Michelle, com evangélicos, os militares são tradicionalmente católicos – e praticantes. Uma exceção é o ministro e general da ativa Luiz Eduardo Ramos, da Igreja Batista. A disputa de Bolsonaro e Lula pelas igrejas tem efeito maléfico, inclusive para elas. Seus “podres” tendem a ganhar visibilidade. Na Igreja Católica, os templos ricos, o gosto pelas elites, até a pedofilia. Nas neopentecostais, os espaços espartanos em centros estratégicos das cidades para atrair e lucrar com o corre-corre de trabalhadores.

O direito à liberdade e à manifestação religiosa é reconhecido em todas as democracias e não se trata aqui de discutir religião, teologia, crenças e dogmas e, sim, alertar para o uso político e eleitoral das igrejas e da fé. Pode ser considerado ilegítimo e, de certa forma, imoral.
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo

sábado, 13 de outubro de 2018

Ruína ideológica torna 2018 parecido com 1989

Recomeçou o horário eleitoral, agora em ritmo de mata-mata, com tempo de propaganda igual para os dois presidenciáveis. Num ponto, a disputa atual lembra a sucessão de 1989. A exemplo do que fizeram Collor e Lula na primeira eleição direta depois da ditadura militar, Bolsonaro e Haddad insultam-se em rede nacional, ocultando dos eleitores as fragilidades de suas propostas para um país em crise.

Há sobre a mesa do próximo presidente da República uma turbulência fiscal, uma crise moral e um Congresso fragmentado. O resultado das urnas não fará desaparecer os problemas. O que pode desaparecer é a legitimidade de um presidente eleito que tenha vendido na campanha soluções simplistas para encrencas complicadas.

Há 29 anos, Collor achincalhava Lula, acusando-o de planejar “luta armada”, inspirado em “Hitler e Khomeini”. Lula afrontava Collor, tachando-o de filho de uma família que “mata trabalhador rural”. Hoje, Bolsonaro trata Haddad como doutrinado do Foro de São Paulo, que fará do Brasil uma Cuba ou uma Venezuela.[tão certo quanto Lula está preso é que Haddad, se eleito transformará o Brasil em uma Venezuela piorada = uma Cuba; a transformação será tanto no aspecto político - seguindo os ditames do bolivarianismo, via Foro de S. Paulo - quanto no aspecto economico = implantando no Brasil a política economica do Chavez?Maduro que f ... com a vida dos venezuelanos;
para fechar com chave de ouro a latrina na qual Haddad transformará o Brasil, Haddad destruirá a legítima representação popular transformando nossa Pátria em uma república plebiscitária.]

E Haddad insinua que Bolsonaro mergulhará o país na barbárie. O Brasil não será comunista. [ao contrário,  será um País que seguirá em conjunto e harmonia o lema da Bandeira Nacional = ORDEM e PROGRESSO - a propósito o comunismo é tão preferido no Brasil, que, graças a DEUS, nessa eleição o povo decretou a extinção (não atendimento das exigências da 'cláusula de barreira') dos dois partidos que tem em seus nomes a maldita palavra = comunista.]  Também não há sinal de guerra civil. Mas as ruínas ideológicas de 2018 revelam que aquele horizonte bonito que viria junto com a democracia continua sendo uma utopia irrealizável.

Blog do Josias de Souza]



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