O Estado de S.Paulo
Católicos e evangélicos são sugados para a polarização entre Bolsonaro e Lula
O ex-presidente Lula adiou seu depoimento à Justiça no dia 11 para se
encontrar com o papa Francisco no Vaticano. [qual a fundamentação legal para um conhecido criminoso, com duas condenações confirmadas, adiar um depoimento?
a iniciativa do adiamento foi dele?] O presidente Jair Bolsonaro deu lugar de destaque no palanque e na foto do 7 de Setembro ao bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. E é assim que as religiões vão sendo sugadas para o centro da polarização política no Brasil. A Igreja Católica (ou parcela expressiva dela) se aliou a Lula e aos movimentos sociais na resistência à ditadura militar e esteve por trás da fundação do PT em 1980, ao lado de sindicatos, universidades e escolas. A aliança atravessou a Lava Jato sob silêncio e constrangimento.
a iniciativa do adiamento foi dele?] O presidente Jair Bolsonaro deu lugar de destaque no palanque e na foto do 7 de Setembro ao bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. E é assim que as religiões vão sendo sugadas para o centro da polarização política no Brasil. A Igreja Católica (ou parcela expressiva dela) se aliou a Lula e aos movimentos sociais na resistência à ditadura militar e esteve por trás da fundação do PT em 1980, ao lado de sindicatos, universidades e escolas. A aliança atravessou a Lava Jato sob silêncio e constrangimento.
As igrejas evangélicas, tradicionais e neopentecostais, estão há muitas
eleições na base de Bolsonaro, seus filhos e ex-mulheres no Rio e
compõem a “bancada da Bíblia”, mais forte e organizada no Congresso do
que partidos. O resultado é que o embate direto entre Lula e Bolsonaro e entre
esquerda e direita ameaça se transformar num teste de forças também
entre a estagnada Igreja Católica e as emergentes igrejas evangélicas. A
tentativa de articular uma fusão desses grupos numa frente única no
Congresso até existe, mas é duvidosa.
O que falar de uma foto de Lula com Francisco? Terá uma força política
considerável, fazendo o link entre a imagem do papa mais popular e mais
humanista em décadas com o discurso histórico do PT (atenção: sem entrar
no mérito do que é real e do que não é). O uso político e partidário no
Brasil será inevitável, em ano eleitoral. Já a foto de Bolsonaro com Macedo causou espanto, pelo hábito da
Universal de recolher o “dízimo” de seus fiéis e de, não raramente,
estimular ingênuos, ignorantes e/ou desesperados a entregarem casas,
carros e bens para a igreja, em troca do “reino de Deus”.
[uma foto do Papa Francisco com o multicondenado petista não terá nenhuma força política, exceto entre idiotas que se tornaram devotos de uma encarnação do diabo em Lula,que está morto politicamente.
Apenas como lembrete confirmatório, vejam o vídeo abaixo, no qual Cid Gomes - que não é nenhum modelo de correção, mas, disse uma verdade: - "O Lula tá preso, babaca".
É só adaptar esta frase, substituindo o preso por 'morto' - politicamente, para se expor a verdade cristalina que Lula acabou, já era.
Ele está sendo recebido pelo Papa Francisco em um ato de Caridade cristã do Sumo Pontífice.
E tentar criar um conflito entre a Igreja Católica Apostólica Romana e os evangélicos, é tão inútil quanto criar inimizada entre o Presidente Bolsonaro e seu ministro Sérgio Moro.
Os católicos tem alguns desencontros contra os evangélicos, mas, nada que leva a uma polarização. Afinal, antes de entrar em conflito com os católicos romanos os evangélicos precisam resolver qual das diversas denominações de igrejas evangélicas é a certa.]
Essa prática, sob as nossas barbas e com a leniência dos poderes
constituídos, começa a chegar à Justiça, com devolução de valores e
indenização de vítimas. Mas é tão consolidada que é difícil combater e
já extrapolou fronteiras para diferentes continentes. E Lula já age para
disputar as graças (e os votos) dos evangélicos.
No Brasil, os governos não veem, ouvem nem falam sobre esse avanço que
levou os “donos” de igrejas (uma filhote da outra, com sutis diferenças
de designações) a figurar nas listas das grandes fortunas brasileiras.
Nenhum político, ninguém que disputa eleições quer bater de frente com
essa máquina de manipulação de almas, que pode trazer ou tirar votos. Com Lula já era assim e com Bolsonaro tornou-se mais audacioso. Já não
há dúvida do uso de cultos evangélicos na coleta de assinaturas para o
partido do presidente, que prestigia evangélicos na composição do
Ministério e já acenou com um nome “terrivelmente evangélico” para o STF
e integra uma tal Aliança pela Liberdade Religiosa com EUA, Polônia e
Hungria.
Uma curiosidade: apesar dos vínculos de Bolsonaro e de sua mulher,
Michelle, com evangélicos, os militares são tradicionalmente católicos –
e praticantes. Uma exceção é o ministro e general da ativa Luiz Eduardo
Ramos, da Igreja Batista. A disputa de Bolsonaro e Lula pelas igrejas tem efeito maléfico,
inclusive para elas. Seus “podres” tendem a ganhar visibilidade. Na
Igreja Católica, os templos ricos, o gosto pelas elites, até a
pedofilia. Nas neopentecostais, os espaços espartanos em centros
estratégicos das cidades para atrair e lucrar com o corre-corre de
trabalhadores.
O direito à liberdade e à manifestação religiosa é reconhecido em todas
as democracias e não se trata aqui de discutir religião, teologia,
crenças e dogmas e, sim, alertar para o uso político e eleitoral das
igrejas e da fé. Pode ser considerado ilegítimo e, de certa forma,
imoral.
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo
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