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quinta-feira, 27 de julho de 2023

Pochmann foi ‘escolha pessoal’ de Lula e será bem-vindo no IBGE, diz Tebet [minista 'estepe' amarelou

A ministra do Planejamento afirmou que não havia sido avisada sobre a indicação antes do anúncio de Paulo Pimenta, mas que acataria qualquer nome

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comentou há pouco a escolha do economista Marcio Pochmann, do PT, para ser o novo presidente do IBGE, anunciada na noite desta quarta pelo ministro Paulo Pimenta. Ela disse que Lula fez uma “escolha pessoal”, que não havia sido avisada sobre a indicação do petista antes do anúncio do chefe da Secom, mas que “acataria” qualquer nome. [para a 'estepe', o que interessa é estar ministra,vale qualquer coisa para não perder a 'boquinha'.]

Sem responder a perguntas, Simone afirmou a jornalistas que o próximo passo será marcar uma reunião com o futuro presidente do IBGE na semana que vem, “quando a agenda permitir”, [lógico que a agenda do indicade que, agora que sabe o nome dele, terá “o maior prazer de atender, portanto, o pedido do presidente Lula”. Disse ainda que não faz pré-julgamentos e que vai ouvi-lo primeiro, sabendo que há “um lado” falando bem do economista e outro que tem feito “questionamentos”.

“Eu não quero saber do passado, eu quero saber do presente. A conversa será técnica e ele será tratado como técnico e será muito bem-vindo à nossa equipe. E continuará no IBGE enquanto estiver atendendo aos interesses da sociedade brasileira”, comentou.

A ministra também fez questão de dizer que o atual chefe interino do instituto, Cimar Azeredo, “foi um presidente técnico e cumpriu uma missão exemplar, sem nenhum ruído, conseguindo fazer de um limão uma grande limonada ao trazer e apresentar pro Brasil o Censo”. E citou o “diagnóstico preciso que o IBGE enquanto instituto sério e responsável costuma fazer”.

Ao se manifestar sobre o assunto, ela declarou que já havia um consenso dentro do seu ministério e do Palácio do Planalto de que “nós faríamos, no momento oportuno, a troca do presidente do IBGE”.

“Também fui avisada, já não é de agora, de alguns dias, que o presidente da República teria um nome e gostaria de fazer uma escolha pessoal em relação à presidência do IBGE. Naquele momento, não perguntei por nomes e muito menos o faria, porque acho mais do que justo esse pedido. E digo por quê. Eu quero deixar muito claro pra vocês o seguinte: o presidente não me fez um pedido até hoje. Nenhum pedido, dentro do ministério ou fora. Aliás, ele não me pediu sequer pra apoiá-lo no segundo turno. Vocês se lembram que eu fiz uma declaração de apoio antes mesmo de conversar com o presidente Lula. Diante disso, nada mais justo, óbvio, que atender o presidente Lula, independentemente do nome que ele apresentaria, que ele ainda não havia me apresentado”, afirmou a ministra.[alguém precisa informar que a ministra no papel de aceita qualquer coisa - pelo menos o apedeuta presidente ao alcunhá-la de 'estepe', deixou claro sua faceta de 'aceita tudo' -  não ode esquecer que ocupa um cargo de livre nomeação/exoneração = demissível 'ad nutum' = e que o presidente,  ainda que  o atual, não necessita pedir nada a nenhum ministro, apenas determina - se o ministro não gostar, é só sair.]

“Então, diante disso, como o ministro (Paulo) Pimenta, não sabendo que na reunião que tivemos com o presidente não havíamos citado o nome, anunciou preliminarmente, e já está colocado, o nome será oficializado no momento certo, depois da conversa que teremos na semana que vem com o presidente Lula”, complementou.

Na sequência, ela falou dos próximos passos após a decisão do chefe: “Acataremos qualquer nome que venha. O nome já tá posto? Já está posto. Será esse? Confirmei com a Casa Civil, confirmei com o ministro Padilha se era o nome que eles estavam mencionando. Eles confirmaram que sim e agora o próximo passo é na semana que vem marcar uma reunião, quando a agenda permitir, com o economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann, que agora eu sei o nome dele e terei o maior prazer de atender, portanto, o pedido do presidente Lula. Quero antecipar que não faço pré-julgamentos, portanto aqui não vou atender a nenhum questionamento que me façam, que eu sei a ordem, de que ordem virá, porque já fui muito pré-julgada na minha vida profissional e política. Eu vou ouvi-lo primeiro, né?”

Radar - Revista VEJA

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Bia do Bradesco: inteligência artificial capenga importa mais que as clientes

Entre mudar com crédito a vida de mulheres reais e atender às demandas autoritárias da lacração, ficou-se com a segunda opção. Uma pena.

Desde que o ESG virou ativo valioso para as empresas tem gente tentando fazer versões mequetrefes. Hoje, no mercado corporativo, se dá uma importância enorme aos 3 eixos de governança: corporativa, social e ambiental. Environmental, Social and Corporate Governance, a tal da ESG, custa muito caro e dá um trabalho danado porque a gigantesca maioria das empresas não nasceu assim.

O legado empresarial hoje engloba também o tipo de interferência da empresa na sociedade e como a modifica para as próximas gerações. Esse é o problema do ESG, não tem como faturar no marketing no curto prazo. Por isso, no Brasil, já está na moda o que eu batizei de "ESG de Taubaté". Em vez de gastar uma fortuna promovendo governança social e ambiental, você bota uma grana numa propaganda lacradora e finge que é a mesma coisa. Bia do Bradesco, sabe?

O banco diz que está promovendo uma campanha contra o assédio e usa como carro-chefe do marketing a inteligência artificial criada para atender os clientes. Trata-se de um produto capenga devido ao estado de evolução dessa tecnologia e à realidade da interface com o usuário. Você já usou assistência da Bia do Bradesco? Tente. Não dá certo. Quer dizer, dá super certo se o seu objetivo for passar nervoso.

Inteligência artificial precisa ser treinada na interface com cada usuário. A tente também precisa aprender como fazer isso. E, vamos confessar, a maioria não sabe, não tem tempo nem paciência. É o meu caso. É indecente e misógino comparar o assédio sofrido por mulheres reais, com todas as suas consequências, à reação de alguém gritando com uma máquina que não funciona direito.

A tentativa de transformar um limão em limonada por meio de publicidade da lacração é um desrespeito com as mulheres. O problema da Bia é que o próprio Bradesco havia programado respostas misóginas, comparando estupro com namoro, por exemplo. Agora mudou para respostas igualmente misóginas, que equiparam dores reais de mulheres em situações graves a alguém dizendo, "que b*sta de chat" diante da frustração com o funcionamento dele. Desde quando isso é luta contra assédio?

Claro que a internet não perdoa. Geral já sabia que a tal da Bia não acha as coisas que a gente pede nem com corrente de oração. É mais rápido ir até a agência, pegar a fila do covidário e falar com o gerente do que conseguir fazer o que você quer pedindo à inteligência artificial. Quando mudaram as respostas, a interface continuou igualzinha. Vocês sabem que a única indústria em franca ascensão no Brasil é a da zueira. Ela entrou em ação mostrando que a Bia do Bradesco continua com os mesmos problemas.

Segundo a propaganda lacradora, "inspirados pelo movimento "Hey, atualize minha voz", da UNESCO, mudamos as respostas da BIA para que ela reaja de forma justa e firme contra o assédio. Sem meias palavras. Sem submissão. Porque, se queremos construir um futuro com mais respeito, precisamos dar o exemplo AGORA". O banco gastou uma fortuna com a campanha da lacração e nem assim a inteligência artificial parou de elogiar machismo e confundir estupro com amor.

A diferença prática é que agora aparece lição de moral quando, por exemplo, a Bia não entende o nome do cliente. Com o novo conjunto de respostas pré-programadas, a assistente virtual elogia nazismo e fetos enlatados, mas compara ir à missa a estupro. Não me parece que a campanha da UNESCO recomende essas práticas. Eu não entendo nada de banco, mas talvez tivesse sido melhor gastar o dinheiro da campanha lacradora em desenvolvimento de inteligência artificial.

O Bradesco propagandeia como se fossem iniciativas contra o assédio outras ações de marketing. Por exemplo, entrou na Aliança sem Estereótipo, "movimento que visa conscientizar anunciantes, agências e a indústria da propaganda, em geral, sobre a importância de eliminar os estereótipos nas campanhas publicitárias". Como diria o grande João Kleber, "para, para, para, para". Vão desativar a Bia? Não tem estereótipo mais gongado na área de inteligência artificial do que toda assistente ser mulher. Por que não é homem? Por que não é uma voz robótica, neutra, sei lá?

Madeleine Lacsko, jornalista - VOZES - Gazeta do Povo

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O imposto da reeleição - Nas entrelinhas

Guedes voltou a defender a reforma tributária. Agora, pretende aumentar o peso do Estado na economia e não o contrário, como anunciou nos tempos áureos de Posto Ipiranga

Há quase um consenso no Ministério da Economia de que a antecipação do projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, em meio à pandemia, tornou-se o maior complicador da política econômica. Muito do comportamento errático do ministro Paulo Guedes decorre dessa contingência política, que não tem nada a ver com as necessidades dos agentes econômicos. Ontem, ao afirmar que indexadores não resolvem os problemas, que a solução dos mesmos é sempre política, citando as medidas de “economia de guerra” adotadas pelo Congresso, Guedes jogou a tolha: já não lidera a política econômica do governo, rendeu-se ao“dispositivo parlamentar” montado por Bolsonaro e os generais que hoje mandam na Esplanada dos Ministérios.
[o presidente Bolsonaro tem uma certa dificuldade em entender que muitas prioridades exigem sua atenção e a reeleição ocorrem daqui a dois anos e está em suas mãos - desde que certos problemas, especialmente da economia, sejam resolvidos = com o país em recuperação, sua popularidade em alta, será bem mais fácil ratificar sua reeleição em 2022.
Para o que resta de 2020 e os primeiros meses de 2021, o que importa  é neutralizar os inimigos do Brasil - que também são os seus - e também os 'quinta coluna' que atuam (muitas vezes com boas intenções, das quais o inferno está cheio) prejudicando o seu governo.
Felizmente, seus filhos se adaptaram a ideia de que o Brasil não é uma monarquia e eles não são os herdeiros do trono - reduziram em muito as interferências, os palpites, que tanto atrapalhavam o governo - e o guru de Virginia também está sob controle.
Presidente, o mais urgente agora é demitir sumariamente o Paulo Guedes - ele ficando o Brasil fica no prejuízo, fica no buraco, e sua reeleição vai para o espaço.
A escolha é do senhor, assim como colher os  bônus que dela decorram.]

Os líderes do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR); no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE); e no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), são raposas políticas experientes, operam em conexão direta com os ministros da secretaria de Governo, general Luiz Ramos; da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas; e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, para viabilizar desde já o projeto de reeleição de Bolsonaro, em troca de apoio nas eleições municipais para os candidatos ligados ao Centrão, o bloco político que ancora o governo no Congresso. Guedes foi engolido por esse grupo.

A política, em última instância, é a economia concentrada, mas a experiência mostra que a blindagem da política econômica é que garantiu o sucesso do Plano Real, no governo Fernando Henrique Cardoso, com o economista Pedro Malan no Ministério da Fazenda, e do governo Lula da Silva, com Guido Mantega comandando a economia. Em ambos casos, porém, o projeto de reeleição teve um custo muito alto. No governo Bolsonaro, a equipe econômica, em vez de ser blindada, está sendo implodida pelo próprio presidente da República.

Ontem, por exemplo, o “dispositivo parlamentar” — como não lembrar, com sinal trocado, do “dispositivo militar” do presidente João Goulart, que não impediu sua deposição —, anunciou junto a Guedes que o governo desistiu de manter o veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia intensivos em mão de obra. A decisão foi tomada porque o governo concluiu que já estava derrotado no Congresso. Guedes, que orientou o veto presidencial, é o grande perdedor. Agora, o Palácio do Planalto quer fazer do limão uma limonada. Como? Usando a derrubada do veto como justificativa para criar um novo imposto sobre operações financeiras. Ou seja, o governo pretende aumentar a carga tributária, com um imposto com efeito cascata.

Investimentos
O objetivo é gerar uma sobra de caixa para a implantação do programa Renda Brasil, a transferência de R$ 300 para a população de baixa renda hoje atendida pelo Bolsa Família e o abono emergencial. Concebido para ser o carro chefe da campanha de reeleição de Bolsonaro, o programa ainda não tem viabilidade, por falta de recursos no Orçamento. Para pôr de pé a proposta, Guedes voltou a defender a reforma tributária. Agora, pretende aumentar o peso do Estado na economia e não o contrário, como anunciou nos tempos áureos de Posto Ipiranga.

O resultado da movimentação errática do governo na economia está sendo a volta da inflação, a queda da Bolsa e a alta do dólar, como mostram os indicadores anunciados ontem. O pior ainda está por vir: a taxa recorde de desemprego, que deve chegar a 18% da população economicamente ativa, considerando-se apenas os que procuram emprego, o critério adotado pelo IBGE. Nesse rumo, logo o Banco Central (BC) terá que aumentar a taxa de juros, hoje em 2%, o que é muito bom diante da recessão causada pela pandemia, mas começa a ser pressionada pelos juros nas operações de venda de títulos públicos, por perda de confiança dos investidores.

O Banco Central anunciou, ontem, uma queda de 26,6% nos investimentos diretos, que somaram US$ 22,8 bilhões no primeiro semestre, contra US$ 31,1 bilhões no mesmo período do ano passado. Neste ano, ao contrário do que o presidente Bolsonaro disse em seu discurso na ONU, os investidores já retiraram R$ 88,9 bilhões da Bovespa, o dobro do volume registrado no ano passado: R$ 44,5 bilhões. É o pior desempenho em 11 anos. A pandemia e a recessão mundial têm culpa nesse cartório, assim como é compreensível que o ministro Guedes tente vender otimismo e anuncie uma recuperação em V da economia brasileira, mas não está sendo convincente. Ainda não caiu a ficha de que a falta de confiança dos investidores é resultado do comportamento errático do governo na economia, das crises criadas pelo próprio presidente Bolsonaro e de uma política ambiental desastrosa. Criar um imposto para garantir a reeleição do presidente da República não resolve o problema.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quarta-feira, 8 de julho de 2020

Aposta na hidroxicloroquina - Nas entrelinhas


“Com covid-19, Bolsonaro tenta fazer do limão uma limonada, pois se iguala aos brasileiros que contraíram a doença; antes, era visto por eles como vilão da pandemia”


O presidente Jair Bolsonaro testou positivo para covid-19. Sentiu-se mal no domingo, teve febre e dores musculares na segunda-feira e, ontem, ele próprio confirmou o diagnóstico. Aproveitou a oportunidade para anunciar que está se tratando com hidroxicloroquina, desde a segunda-feira. Chegou, inclusive, a divulgar um vídeo no qual toma a terceira dose e incentiva a população a recorrer ao medicamento para se tratar da doença. Com um sorriso irônico, disse que está se sentindo muito bem. O exemplo do presidente da República não deve ser subestimado, para o cidadão comum é como se sua aparente melhora fosse a prova dos nove em relação à eficiência do medicamento, que, até agora, não tem nenhuma comprovação científica. O que têm comprovação são seus efeitos colaterais.


Bolsonaro divulga vídeo tomando cloroquina


A hidroxicloroquina é um remédio muito utilizado na Região Norte do país, por causa da malária
nas demais regiões, em tratamentos para afecções reumáticas e dermatológicas; artrite reumatoide e lúpus. 
Seus efeitos colaterais mais comuns são: anorexia, porfiaria, labilidade emocional, cefaleia, visão borrada, arritmia, enjoo, dor abdominal, diarreia e vômito, erupção cutânea e prurido
Deve ser utilizado com muita precaução em pacientes que estejam recebendo medicamentos antiarrítmicos, antidepressivos, antipsicóticos e alguns anti-infecciosos, devido ao aumento do risco de arritmia ventricular. Drogas antiepilépticas podem ser prejudicadas pela hidroxicloroquina.

Como um jogador compulsivo, Bolsonaro se expôs permanentemente ao risco de contaminação, desobedecendo de todas as formas as recomendações de distanciamento social, até contrair a doença. Demitiu dois ministros da Saúde e nomeou um general da ativa para o cargo, Eduardo Pazuello, por causa da não-adoção do medicamento como política de governo. Ordenou ao Exército produzir em seus laboratórios uma quantidade imensa do medicamento, com um estoque suficiente para combater a malária por 18 anos. O Ministério da Saúde passou a distribuir o medicamento em grande escala, para tratamento precoce, recomendado por médicos que adotam esse procedimento. A maioria dos estudos científicos realizados sob patrocínio da OMS não comprovou a eficácia do medicamento, mas apontou os riscos de seus efeitos colaterais. Mesmo assim a polêmica continuou; muita gente acha que se curou graças à hidroxicloroquina, associada a outros medicamentos. Agora, a polêmica foi novamente intensificada pelo presidente da República.

Limonada
Bolsonaro defende a “imunização de rebanho”, menospreza o isolamento social, critica governadores e prefeitos que adotaram a quarentena e naturaliza as mortes por covid-19, que já comparou a uma “gripezinha”. Ontem, disse que a pandemia é como uma chuva, todo mundo vai se molhar. Estava perdendo a batalha das narrativas sobre a doença na opinião pública, com seu prestígio em baixa nas pesquisas, mas começou uma lenta recuperação de imagem graças ao auxílio emergencial de R$ 600 distribuídos à população de baixa renda, principalmente no Nordeste.

Agora, acometido da covid-19, tenta fazer do limão uma limonada, pois se iguala a todos os brasileiros que contraíram a doença, quando antes era visto como uma espécie de vilão da pandemia. Já se apresenta como pioneiro na defesa do uso de hidroxicloroquina como medicamento eficaz no tratamento precoce. É uma aposta de alto risco, que depende mais de suas condições físicas e resistência ao vírus do que da eficácia do remédio. Se a hidroxicloroquina fosse realmente a solução para evitar os casos graves, não haveria tanta letalidade na pandemia e ela já teria sido adotada em todo o mundo, inclusive, nos Estados Unidos, onde seu uso foi defendido pelo presidente Donald Trump, mas não pelas autoridades médicas.

Bolsonaro pretende despachar por videoconferência na residência oficial do Palácio da Alvorada e, talvez, receba auxiliares para assinar documentos. Cancelou as viagens que faria a Bahia e Minas Gerais. No Palácio do Planalto, todos os ministros e funcionários com quem teve contato estão sob observação, mas até agora ninguém testou positivo. Ao todo, 62 pessoas estão sendo monitoradas e rastreadas. Oito governadores e alguns prefeitos já contraíram a doença; nenhum havia se exposto tanto quanto Bolsonaro.

No momento, o caso mais grave é o do prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio Netto, que está internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Bolsonaro foi atendido no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, e é acompanhado pelos médicos da Presidência da República. Pelo protocolo do Ministério da Saúde, o paciente que utiliza hidroxicloroquina precisa autorizar seu médico a adotar a prescrição e correr os riscos dos efeitos colaterais por sua própria conta. Ontem, o Brasil registrou mais de 66 mil mortes por coronavírus, com 1, 643 milhão de casos.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sábado, 14 de março de 2020

Direita internacional está usando a crise do novo coronavírus - Merval Pereira

O Globo

Distorções sobre o coronavirus - Realidades distintas

O presidente Bolsonaro aproveitou até mesmo a desmobilização de seus seguidores para cutucar os congressistas, que dias antes haviam dado um troco a seu governo ao derrubar irresponsavelmente um veto seu, criando uma despesa nova de R$ 20 bilhões sem saber de onde esse dinheiro viria. Diante da crise do Covid-19, o presidente foi obrigado a aconselhar seus seguidores a não fazerem as manifestações programadas para amanhã, mas fez do limão uma limonada.

Criticou indiretamente o Congresso de todas as maneiras que pôde, comemorando um supostorecado das ruas” contra os políticos. Não aproveitou a ocasião para pacificar os ânimos, ao contrário. A direita internacional está usando a crise do novo coronavírus para reforçar a tese nacionalista de que fechar as fronteiras é a melhor resposta à globalização, que estaria sendo confrontada pela realidade. O presidente dos Estados Unidos Donald Trump tentou inicialmente minimizar as conseqüências da crise de saúde pública mundial, mas teve  que se curvar aos fatos. Aproveitou para jogar sobre a União Européia a culpa da disseminação do vírus, e fechou os aeroportos aos europeus, com exceção dos ingleses, como se o brexit fosse uma fronteira intransponível para o Covid-19. Os extremistas americanos atribuem a situação a uma manobra política da esquerda para derrotar Trump. 

Outros acham que é uma jogada da China, que sairia fortalecida política e economicamente sendo o primeiro país a controlar a crise. Até mesmo os grandes laboratórios farmacêuticos estariam por trás da crise, em busca de lucros no capitalismo selvagem. 

 A mesma postura regressiva foi utilizada aqui por Bolsonaro, que tentou mascarar a verdade atribuindo a pandemia a uma ação conjunta da “grande mídia internacional”, que estaria fantasiando a realidade, não se sabe com que intenções. Talvez impedir a “decolagem” da economia brasileira, que, na visão do ministro da Economia Paulo Guedes, estava prestes a acontecer.  Como não temos fronteiras a fechar por aqui, [sic] nem somos vítimas de conspirações internacionais, Bolsonaro não conseguiu criar um ambiente irresponsável, embora tenha adiado ao máximo a admissão de que a situação era grave. A realidade crua destrói essas teorias conspiratórias, como no caso brasileiro, que obrigou Bolsonaro e seus assessores diretos a usarem máscaras depois que o chefe da Secretaria de Comunicação, que o acompanhou na recente viagem aos Estados Unidos, foi identificado com o Covid-19.

Um caso exemplar de teoria da conspiração aconteceu com um dos filhos do presidente, aquele que sonhava ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos e que nunca ouviu falar em Henry Kissinger. O deputado Eduardo Bolsonaro também não sabe o que é coronavírus, e, por ignorância, gerou uma desinformação importante nos Estados Unidos. Entrevistado pela Fox News, emissora direitista que apóia Trump, ele, ao responder a uma pergunta da âncora do programa, comentou que o pai havia testado negativo para coronavírus “que nos Estados Unidos chamam de Covid-19”, como se fossem a mesma coisa.Tomou uma aula ao vivo da jornalista, que explicou que diversos tipos de coronavirus existem há muitas décadas, e que Covid-19 é um novo tipo da família viral. Talvez por ignorância, e não má-fé, Eduardo tinha passado anteriormente a informação para a mesma Fox de que o presidente Bolsonaro testou positivo para coronavírus.

O que quer dizer que não poderia ter o Covid-19, mas provavelmente ele misturou tudo. O jornalista John Roberts revelou em um tuíte que fora Eduardo quem lhe dera a informação. Para não fugir à lógica própria dos Bolsonaro, o deputado atribuiu o mal-entendido à má-fé do jornalista, que estaria divulgando fake newsA existência dessas versões amalucadas demonstra, porém, que a politicagem vulgar não é uma característica brasileira do momento, mas do populismo que toma conta do mundo, agora de teor direitista.

Merval Pereira, jornalista - O Globo