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sábado, 24 de junho de 2023

Bolsonaro ficará inelegível simplesmente porque o consórcio Lula-STF assim deseja - J. R.Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo 

 Foto: Antonio Augusto/TSE

O processo para tornar inelegível o ex-presidente Jair Bolsonaro e, mais precisamente, proibir os eleitores brasileiros de votaram nele em qualquer eleição que apareça pela frente, é uma imensa impostura. Nunca houve nada, em todo este episódio, que tivesse qualquer relação com o que deve ser um processo judicial num regime democrático. 
Do começo ao fim, foi um ato político dos que estão mandando hoje no Brasil a execução pela força de alguém que foi declarado inimigo e que poderia, talvez, causar problemas se deixarem o eleitorado continuar com a opção de votar nele.  
Bolsonaro está condenado desde o primeiro minuto do processo, ou desde que o consórcio Lula-STF, através de sua polícia eleitoral, resolveu expulsá-lo da vida política brasileira. 
Tanto faz o que os seus advogados argumentam, ou a flagrante inexistência de provas materiais das acusações, ou as exigências das leis em vigor no país. 
Tanto faz o “Estado de Direito” que o consórcio alega existir no Brasil. 
A única coisa que vale é a vontade dos que controlam a máquina estatal – e que substituíram o sistema de justiça brasileiro por um comitê central de militantes onde se faz política, e só política.

    Nunca houve nada, em todo este episódio, que tivesse qualquer relação com o que deve ser um processo judicial num regime democrático

Não existe nada de certo, ou de legal, ou sequer de coerente no processo contra Bolsonaro – mas o seu maior despropósito, talvez, esteja no coração da própria denúncia feita pelos acusadores. O ex-presidente, para resumir a ópera toda, é acusado de usar o cargo para interferir a seu próprio favor no resultado das eleições de 2022. 
É uma das coisas mais sem pé e sem cabeça que jamais se ouviu na história da justiça deste país. 
Se Bolsonaro abusou ilegalmente do poder para ganhar a eleição, então por que raios ele perdeu? 
Não existe, na experiência humana, nenhum caso de governante que tenha usado a máquina do governo para perder – e ir embora para casa no fim do seu mandato. No julgamento aberto na quinta-feira, dia 22 de junho, e a ser retomado na terça dia 27, o procurador a serviço da milícia de vigilantes do TSE reconhece que não houve interferência no resultado; nem eles mesmos são capazes de dizer que houve. 
 
Mas, segundo o procurador, Bolsonaro criou “desconfiança” em relação ao sistema eleitoral ao atacar o sistema de urnas eletrônicas numa reunião com embaixadores estrangeiros no Brasil. 
Só isso - “desconfiança”? Mais nada?  
Proibir os eleitores de votar numa pessoa que teve quase 50% dos votos na última eleição deveria exigir a prática de delitos graves e indiscutíveis; não é uma miudeza qualquer. Mas é assim que resolveram. O ex-presidente está sendo eliminado da política nacional por praticar o crime de desconfiança.
 
Não faz nexo. Milhões de eleitores não confiam nas urnas do consórcio, que nenhuma democracia séria do mundo utiliza. O sistema, na verdade, foi atacado aos gritos, durante semanas a fio, no próprio plenário do Congresso Nacional.  
Chegou-se, até, muito perto de uma lei para mudar o sistema – foi preciso que um ministro do STF fosse pessoalmente à Câmara para pressionar os deputados a mudarem de ideia - e num ambiente no qual meio mundo está enrolado com a justiça penal, esse tipo de conversa sempre funciona. 
 
Se isso não é criar desconfiança pública em relação às urnas do TSE, o que seria? Mas, no caso de Bolsonaro, é infração gravíssima. 
É um novo crime: “intenção de dar golpe”, ou criar “a impressão de golpe”, ou coisa parecida. 
Ficamos assim, portanto: ocupa a presidência da República, no momento, um cidadão que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias da justiça e por nove magistrados diferentes. 
Seu maior rival político, que não foi condenado por nada e por ninguém, a não ser pelos vigilantes do TSE, não poderá ser votado por nenhum eleitor brasileiro.

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J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 9 de junho de 2021

Na CPI da Covid, submundo policial do Senado grita o que é ‘ciência boa’ e o que é 'ciência ruim' - O Estado de S. Paulo

J.R. Guzzo

A política da ciência

Um dos efeitos mais notáveis da covid, e não só no Brasil, foi ter criado um tipo até então desconhecido de ciência - a ciência estática, na qual um bloco de cientistas tem certeza absoluta de que todo o conhecimento humano existente na área de medicina, por exemplo, chegou ao seu ponto máximo e não pode mais ser ampliado, nem modificado
Não poderia haver uma abordagem diferente para uma questão médica, sobretudo se ela nunca se apresentou antes? Não, não poderia. 
A verdade científica, por esta visão do mundo, esgota-se naquilo que o professor Pedro ou o pesquisador Paulo sabem - ou, mais precisamente, naquilo que acham que está certo, ou de que gostam. Resultado: é proibido discutir, segundo a ciência estática, qualquer afirmação, constatação ou hipótese que não seja aprovada pelos gestores do que se tornou hoje o universo “cientificamente correto”.
Outra maneira, menos paciente, de descrever isso tudo é dizer logo de uma vez que a política, na onda da covid, entrou com as quatro patas na ciência. Nada demonstra essa perversão tão bem quanto a “CPI” da covid, na qual o submundo policial do Senado grita todos os dias o que é “ciência boa” e o que é “ciência ruim”
A primeira é qualquer coisa que sirva aos seus interesses políticos. 
A segunda são os fatos que querem abolir. Todo mundo vê: semianalfabetos que não saberiam dizer que horas são, mas têm uma carteirinha de senador, interrogando médicos e outras pessoas de bem como se fossem um soldado da PM diante de algum vagabundo numa delegacia de polícia. É um “ambiente tóxico”, disse o presidente do Conselho Federal de Medicina. E é isso, na sua forma mais grosseira, o “cientificamente correto”.

Que gente com o nível de um senador de CPI faça isso, quando se pensa cinco segundos no assunto, é bem aquilo que se poderia mesmo esperar. Menos compreensível é a atuação, cada vez mais excitada, agressiva e repressora, dos médicos, pesquisadores e cientistas que praticam o “cientificamente correto” e se tornaram militantes de uma causa: a de que a covid só pode ser tratada de uma forma, a sua, e que qualquer ideia diferente tem de ser denunciada como uma ameaça à saúde pública. Assumiram o papel de vigilantes. Na vertente mais lamentável da sua conduta, querem punição, inclusive penal, para colegas que estiverem em desacordo com eles.

A política e a ideologia já interferem de maneira cada vez mais rancorosa nas disciplinas da ciência ligadas ao meio ambiente, na biologia humana, na gramática - fala-se, até, de uma “matemática negra”. Por que a medicina seria poupada dessas deformações? Mas é especialmente perturbador que a contaminação política vá tornando cada vez menor, junto à população brasileira, a credibilidade da medicina e dos médicos. Talvez nada comprove isso de maneira tão clara quanto a guerra aberta ao tratamento precoce da covid - ou as tentativas de se fazer alguma coisa pelo paciente antes que a sua situação se agrave a ponto de precisar de uma UTI.

O Conselho Federal de Medicina se coloca, claramente, a favor do direito dos médicos de darem o tratamento que julgarem mais indicado para quem lhes pede socorro, dentro de sua relação pessoal e intransferível com os clientes. É assim em todas as doenças - por que não na covid? Negar a liberdade do médico, aí, é tornar ilegal o livre exercício da medicina no Brasil. 
O CFM tem a atribuição constitucional de supervisionar a prática da medicina no País; não é um botequim onde se dá palpite sobre remédio. Não faz nenhum sentido, como acontece na CPI e nos grupos onde se trata a covid como questão política, jogar suas recomendações na lata de lixo.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 5 de março de 2018

Bandidos explodem carro forte e atiram com armas de alto calibre na BR-040

Os assaltantes levaram malotes de dinheiro, além de duas carabinas .12 dos funcionários, quatro revólveres e coletes à prova de balas. Tudo aconteceu entre 16h08 e 16h38 desta segunda-feira (5/2)

Fortemente armados, quatro criminosos assaltaram um carro-forte na tarde desta segunda-feira (5/2) na BR-040, em Cristalina (GO), distante 152 quilômetros do Distrito Federal. Para parar o veículo, os ladrões explodiram uma granada e atiraram com armas de .50 e 762 contra o veículo. Quatro pessoas que estavam no carro-forte foram rendidos. Os bandidos levaram malotes de dinheiro, além de duas carabinas .12 dos funcionários, quatro revólveres e coletes à prova de balas. Tudo aconteceu entre 16h08 e 16h38.
Assalto aconteceu na BR-040, em Cristalina (GO) (foto: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação)
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os assaltantes estavam em um veículo Toyota Hilux SW4 e tiveram a cobertura de um Renault/Duster para cometer o roubo. O segundo veículo fechou a rodovia para que nenhum outro motorista interrompesse a ação. Assim que viram o carro-forte, os criminosos atiraram. Eles abordaram o automóvel em um trecho de subida. 

O carro-forte seguia de Paracatu (MG) para Cristalina (GO).  Ainda não há informação dos valores levados pelo grupo, mas, segundo a corporação, os vigilantes contaram que não havia muito dinheiro dentro dos malotes. O motorista do carro-forte ficou levemente ferido no rosto por causa dos estilhaços de vidro. Depois da ação, os assaltantes abandonaram a Toyota Hilux SW4 e fugiram no outro veículo. Policiais rodoviários federais estiveram na Delegacia de Polícia Civil de Cristalina para registrar ocorrência. Até a última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso.
 
Correio Braziliense

 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Um jato de água fria - Ombudsman da Folha confessa o conluio criminoso entre Janot e mídia golpista

Quem vigia os vigilantes?  Como diria o Lenio Streck, isso é incrível, ou melhor, crível.
Pindorama se tornou uma espécie de faroeste sem lei, onde tudo é possível.

A lei de delação premiada já é, por si mesma, uma farsa. Importaram uma lei dos Estados Unidos, esquecendo que, lá, procurador é nomeado e demitido pelo governo.
Entretanto, para cúmulo do absurdo, o Ministério Público e o Judiciário não respeitam a própria Lei da delação premiada, que é torcida e retorcida a seu bel prazer.  E agora mais essa: o procurador geral da república, que deveria ser o modelo de todo o Ministério Público, deu entrevista “em off” para a imprensa golpista e tucana, vazando a sua Listinha
.
Foi tudo uma armação entre delinquentes, para controlar a narrativa. E deu certo. A ombusdman da Folha observa que, no dia seguinte ao vazamento, os jornalões vieram todos com a mesma manchete. Ela esqueceu de dizer que isso não é novidade. É o modus operandi da mídia desde que se iniciaram as conspirações midiático-judiciais, lá no mensalão. 

A imprensa brasileira é a verdadeira organização criminosa que corrói a democracia brasileira. Reproduzo abaixo um post do Tijolaço que resume bem o assunto.
***
Ombudsman reconhece que PGR faz coletiva “em off” para quebrar sigilo
Por Fernando Brito, no Tijolaço

Antes tarde do que nunca.
A ombudswoman da Folha, Paula Cesarino Costa, informa aos leitores que a Procuradoria Geral da Repíblica organizou uma espécie de “coletiva off the records” para fornecer alguns dos nomes brindados com pedidos de investigação feitos ao Supremo Tribunal Federal após as delações da Odebrecht.

Como a lei e a decisão que homologou as delações determinam que elas corram em sigilo até que virem um processo, está-se diante de um “crime oficial” de violação de sigilo profissional, previsto no artigo 154 do Código Penal.
Art. 154 – Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único – Somente se procede mediante representação.

Portanto, espera-se que os senhores que reclamam de terem seus nomes divulgados sem motivos usem a confissão da Folha e representem, de imediato, ao Dr. Rodrigo Janot, para que este proceda criminalmente contra seus colegas. Ou, quem sabe, contra si mesmo.  Veja parte do que Paula diz em sua coluna dominical:
Na terça (14), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal 83 pedidos de abertura de inquérito.
Oficialmente, por meio de nota, a Procuradoria-Geral informou: “Não é possível divulgar detalhes sobre os termos de depoimentos, inquéritos e demais peças enviadas ao STF por estarem em segredo de Justiça”. Rodrigo Janot pediu ao relator do caso no STF, ministro Edson Fachin, a retirada do sigilo de parte desse material, considerando a necessidade “de promover transparência e garantir o interesse público”. Fachin ainda decidirá sobre tal pedido.

A surpresa foi a constatação de que a cobertura dos principais órgãos de comunicação _ impressos, televisivos e eletrônicos_ trazia versões inacreditavelmente harmoniosas umas com as outras. Um jato de água fria em quem acredita na independência da imprensa.
Das dezenas de envolvidos na investigação, vazaram para os jornalistas os mesmos 16 nomes de políticos _ cinco ministros do atual governo, os presidentes da Câmara e do Senado, cinco senadores, dois ex-presidentes e dois ex-ministros. Eles estavam nas manchetes dos telejornais, das rádios, dos portais de internet e nas páginas da Folha e dos seus concorrentes _”O Estado de S. Paulo”, “O Globo” e “Valor”.

Por que tanta coincidência? A ombudswoman apurou que a divulgação da chamada segunda lista de Janot se deu por meio do que, no mundo jornalístico, se convencionou chamar de “entrevista coletiva em off”.  Em geral, a informação em “off”, aquela que determinada fonte passa ao jornalista com o gravador desligado e com proteção de anonimato, não se coaduna com a formalidade de uma entrevista coletiva  - para a qual os jornalistas são convocados protocolarmente a ouvir determinada autoridade.

Após receberem a garantia de que não seriam identificados, representantes do Ministério Público Federal se reuniram com jornalistas, em conjunto, para passar informações sobre os pedidos de inquérito, sob segredo, baseados nas delações de executivos da Odebrecht.  A lei que regula a delação premiada prevê sigilo do seu conteúdo até a apresentação da denúncia.

No dia seguinte, a corrida jornalística por notícia voltou ao normal, com vários veículos obtendo informações exclusivas de partes não divulgadas dos inquéritos sob sigilo. Foi publicado que mais um ministro, quatro senadores e cinco deputados estão entre os que tiveram pedidos de inquérito apresentados pelo procurador e não haviam sido antes mencionados. Depois se soube que pelo menos dez governadores, cinco deles identificados, são mencionados no processo.

Qual o sentido de se deixar conhecer só alguns dos envolvidos? Qual a estratégia dos procuradores, parte interessada do processo, ao divulgar uns e omitir outros? Por que não liberar, por exemplo, os que estão nos pedidos de arquivamento?  Para o leitor, resulta em história contada pela metade. Informação passada a conta-gotas tira o entendimento do todo e levanta a desconfiança de manipulação.

O resultado desse tipo de acordo subterrâneo é que o jornalista se submete a critérios não claros da fonte, que fornecerá as informações que tiver, quiser ou puder. O repórter concorda em parar de fazer perguntas em determinado momento.  Não foi a primeira vez, porém, que tal procedimento ocorreu. A prática já se repetiu no Palácio do Planalto, no Congresso e até no STF.

Tudo isso resulta numa desconfortável uniformidade de narrativa jornalística, que exala tom oficial.

Fonte: Transcrito do "O Cafezinho"