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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Principais rodovias do país não têm mais bloqueios de caminhoneiros



Exército libera Régis Bittencourt e 'monta corredor de segurança' na Dutra. Ainda há pontos de protesto em 16 estados, mas forças de segurança atuam para desmobilizar concentrações 


As principais rodovias do país não têm mais bloqueios no fim da manhã desta quarta-feira, dez dias depois do início da greve dos caminhoneiros. Pontos de protesto ainda se espalham por pelo menos 16 estados, mas as forças de segurança atuam para desmobilizar as concentrações de manifestantes. O Exército iniciou, às 9h30 desta quarta-feira, uma operação para retirar caminhoneiros da Rodovia Régis Bittencourt. 

Segundo a Autopista Régis Bittencourt, que administra o trecho entre São Paulo e Curitiba, não há mais bloqueios na estrada. Permanecem, no entanto, cinco focos de concentração de caminhoneiros — dois em Embu das Artes (SP), um em Miracatu (SP), um em Jacupiranga (SP) e um em Campina Grande do Sul (PR). Alguns já deixaram o protesto voluntariamente.  A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as Forças Armadas liberaram trechos ocupados por manifestantes em Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso, Paraná, Roraima e São Paulo. Na Rodovia Presidente Dutra, as forças de segurança montaram um "corredor de segurança" para garantir a passagem de caminhões e oferecem escolta para os motoristas que desejam deixar o protesto, mas têm medo de represálias.

Por volta de 11h, embora sem bloqueios, a Dutra ainda tinha motoristas reunidos em trechos de São Paulo e do Rio. Havia protestos em pontos da estrada em Barra Mansa (km 276, 269 e 267), Piraí (km 237) e Seropédica (km 204). No estado paulista, os protestos se concentram na altura de Santa Isabel (km 186 e 166), Jacareí (km 162, 159 e 158), São José dos Campos (km 154), Caçapava (km 130), Pindamonhangaba (km 92) e Lorena (km 51).  Segundo o G1, a cidade de São Paulo vai suspender o estado de emergência nesta quinta-feira diante da volta à normalidade na capital. No Mato Grosso do Sul, um dos principais pontos de mobilização está sendo desmontado, na BR-163 (Cuiabá-Santarém). As tendas dos manifestantes são recolhidas. O mesmo ocorre na Grande Recife, onde caminhoneiros começam a se dispersar na BR-101, altura de Vitarella.

O décimo dia de protestos ainda registra, no entanto, pontos de manifestação e bloqueios intermitentes pelo país. No Pará, manifestantes montaram uma barricada e a incendiaram na BR-316, em Benevides. Um grupo queimou pneus e interditou a rodovia SP-101, em Capivari. No Ceará, não houve estradas bloqueadas, mas há relatos de restrição da passagem de veículos nas vias BRs 226, 220 e 020, além de bloqueios à saída de cargas no Porto do Pecém, segundo o G1.  Um balanço da Polícia Rodoviária Estadual listou 181 pontos de protestos nas estradas estaduais do Paraná, às 8h40. Equipes do Exército foram deslocadas para as rodovias, com o objetivo de garantir a passagem de motoristas e o escoamento das cargas.

O Globo

A prisão da cúpula petista

A coincidência da prisão dos três homens mais importantes do primeiro mandato petista na Presidência dá àquela gestão ares de organização criminosa

Com a volta do deputado cassado José Dirceu à prisão, agora toda a cúpula do primeiro governo de Lula da Silva, exercido de 2003 a 2006, encontra-se na cadeia. Dirceu, Lula e o ex-ministro Antonio Palocci estão condenados por corrupção. Nada há a celebrar nesse desfecho, a não ser o auspicioso fato de que a Justiça, no Brasil, finalmente alcançou gente tão poderosa e com tanta influência política. No mais, é triste que a República tenha sido entregue, por meio de eleições livres, a indivíduos tão acintosamente despreparados para o exercício minimamente ético do poder, gente que agiu à margem da lei de forma sistêmica e profissional, usando como desculpa a fajuta promessa de “justiça social”.

A coincidência chamemos assim da prisão dos três homens mais importantes do primeiro mandato petista na Presidência dá àquela gestão ares de organização criminosa — coisa que, aliás, já havia ficado razoavelmente clara, até para o mais inocente observador, desde que estourou o escândalo do Mensalão, em 2005.
 
Recorde-se que a campanha eleitoral que levou esse pessoal ao poder incluiu ferozes ataques aos políticos governistas de então, comparados, em uma peça publicitária, a ratos que estavam a roer a bandeira do Brasil. A peça, concebida pelo marqueteiro Duda Mendonça, veio acompanhada de um chamamento dramático aos eleitores: “Ou a gente acaba com eles, ou eles acabam com o Brasil. Xô, corrupção. Uma campanha do PT e do povo brasileiro”. Como se sabe, Duda Mendonça confessou mais tarde que o PT pagou por esse e outros serviços com transferências milionárias para contas secretas em paraísos fiscais, coisa típica de quem tem muito a esconder. Era apenas um fiapo do Mensalão, que se revelaria um dos maiores escândalos de corrupção da história só não foi o maior porque, em seguida, viria o Petrolão, que dificilmente será destronado.

O PT nunca admitiu a corrupção de seus próceres. Ao contrário, tratou-os como “guerreiros do povo brasileiro”, como se tudo o que se comprovou a respeito dos crimes por eles cometidos fosse mentira. Segundo os petistas, as evidências colhidas contra Lula, Dirceu, Palocci e tantos outros nada menos que três ex-tesoureiros do partido foram encarcerados integram uma imensa conspiração das elites para impedir que os pobres tenham uma vida decente algo que, conforme o evangelho petista, só é possível com a turma de Lula da Silva no poder.

Se resolvesse seguir à risca seus estatutos, o PT teria de expulsar todos os que foram condenados por receber propinas, casos de Lula da Silva e de seus parceiros. Mas é evidente que essa ameaça não vale o papel em que está escrita. A expulsão está reservada aos que ousam mostrar que o rei Lula está nu, como aconteceu com um dos fundadores do PT, Paulo de Tarso Venceslau, que em 1997 denunciou um esquema de corrupção engendrado por um compadre do demiurgo de Garanhuns em prefeituras administradas por petistas. A Paulo de Tarso foi reservado o estigma dos traidores; já o esquema por ele denunciado revelou-se um aperitivo do que viria a ser o Petrolão.

Do PT não é possível esperar regeneração. Enquanto estiver sob o domínio de Lula da Silva e nada parece capaz de diminuir esse domínio, nem mesmo sua condição de presidiário , o partido será a expressão do cinismo dos que se dizem campeões da “ética na política”, mas exercem o poder como se nenhum limite moral lhes dissesse respeito, ademais de se considerarem proprietários do governo, e não inquilinos temporários. É isso o que explica por que razão Lula da Silva, José Dirceu e Antonio Palocci, esteios do primeiro governo petista, estão presos.

Em um país civilizado, não se admite que um grupo político com esse comportamento tão explicitamente criminoso, que fez da corrupção um método de governo, com o objetivo de permanecer para sempre no poder, escape impune. Ainda há um longo caminho a percorrer para que a influência deletéria dessa turma seja inteiramente neutralizada, mas a prisão da poderosa troica petista é um excelente começo.

Editorial - O Estado de S. Paulo

 

 

Temer fica e os políticos respiram aliviados - O plano B de Lula

Vida que segue à espera do próximo desastre 

Ainda não foi desta vez que Michel Temer renunciou à presidência da República obrigado pelas circunstâncias, ou acabou removido dela por iniciativa de amigos, ex-amigos e adversários inconformados com seus erros. Por mais que muitos o critiquem, insultem e até peçam sua cabeça, todos preferem que ele governe ou desgoverne até o último dos seus dias. Forçá-lo a sair seria investir no imprevisível e contrariar os próprios interesses.

Nenhum partido tem candidato com pinta de vencedor da próxima eleição presidencial. Eleger um presidente tampão seria perda de tempo e de energia a ser concentrada nas eleições gerais de outubro. Que ele fique, portanto.  Temer é conveniente para todos. Para seus aliados que arrancam dele quase tudo o que querem. E para a oposição que precisa de um governo fraco e de um presidente morto-vivo para tentar extrair vantagem nas urnas.

Como Dilma foi um desastre e estava destinada a ser se governasse até o fim, o PT não chorou lágrimas sinceras quando ela foi deposta. Livre do desgaste de sustentá-la, contaria com Lula para voltar ao poder.  Lula não tem mais. Então o PT agarra-se a Temer como meio de salvar-se do buraco. Nem nos seus mais absurdos sonhos o PT imaginou que Temer faria um governo tão acidentado e impopular. Quanto pior, melhor para ele.

Não há possibilidade de que Temer se recupere. Sua companhia tornou-se corrosiva para os que antes o exaltavam. Espancar Temer e atribuir-lhe todos os males do país é o esporte nacional de 10 em cada 10 brasileiros.  E assim será até que ele transfira a faixa ao seu sucessor. Vida que segue.

Josué, filho de José Alencar, pode ser a alternativa a um candidato do PT a presidente 

Antes de ser condenado e preso, algo que custou a acreditar que seria possível acontecer, Lula tinha um plano: repetir com a família Alencar de Minas Gerais a dobradinha que o levou a se eleger e se reeleger presidente. O empresário José Alencar, patriarca da família, foi seu vice em 2002 e 2006. O filho dele, Josué, também empresário e que herdou os negócios do pai, seria seu vice este ano. Ele e Josué conversaram a respeito. E Josué topou a parada.

Aconselhado por Lula, o patriarca filiou-se ao então Partido Liberal (PL) do deputado Valdemar Costa Neto. Aconselhado por Lula, Josué filiou-se ao Partido da República (PR) do ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto. A condenação implodiu o plano original de Lula, mas ele não desistiu de outro que havia guardado para sacar caso fosse impedido de ser candidato: fazer de Josué uma alternativa a um eventual nome do PT para presidente. O plano continua de pé. Ontem, depois se reunir-se com Valdemar e com a bancada de deputados federais do PT, Josué admitiu que para ele seria uma honra disputar a sucessão de Temer. [Josué, excelente candidato, fenomenal mesmo, ideal para perder.]

 

 

Acaba gás em condomínios e consumidores fazem fila para comprar botijões

Até o fim da tarde de ontem, seis condomínios estavam sem gás no Distrito Federal, de acordo com o Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais 

A greve dos caminhoneiros perdeu força, os bloqueios nas estradas diminuíram, mas os danos são muitos, graves e estão longe de serem resolvidos. As filas e os preços altos continuam nos postos dos Distrito Federal. Ainda escasso, o gás de cozinha é o mais disputado e, consequentemente, o mais caro dos combustíveis. Prédios residenciais adotaram medidas de racionamento.  Até o fim da tarde de ontem, seis condomínios estavam sem gás no Distrito Federal, de acordo com o Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais (SindCondomínio-DF). Um deles era o Edifício Reserva, em Taguatinga, com 1.396 apartamentos sem gás na cozinha desde sexta-feira. Segundo o síndico, Bruno Silveira Costa, 32, a empresa responsável pelo abastecimento, a Ultragás, não fez a entrega marcada para 15 de maio, antes do início da greve dos caminhoneiros. “Eles alegaram que tiveram um problema e, depois, com todo o caos, informaram que não podiam realizar porque o material está preso nas rodovias. Erraram e nós estamos sofrendo as consequências”, reclamou. 

Desde então, os moradores estão comendo em restaurantes ou usando panelas elétricas e microondas. “Isso faz com que tenhamos gastos altos e acarreta em uma indignação generalizada”, comentou Bruno. Por meio da central de atendimento, a empresa Ultragás informou que o protocolo de reabastecimento do condomínio foi aberto e repassado para a central de logística, que avaliará a situação da distribuição do produto na região para fornecer o serviço.  O presidente do SindCondomínio, José Geraldo Pimentel, se queixa de uma suposta falta de responsabilidade das empresas fornecedoras de gás. “O problema começou com a falta de compromisso das empresas, que não forneceram o abastecimento antes da greve”, afirmou. Pimentel faz um alerta: “A capacidade dos demais condomínios, em média, está em 40% que deve durar até sábado. Caso não ocorra um novo reabastecimento, poderemos entrar em colapso.”

Fila nas revendas
Filas se formam em frente aos pontos de revenda de gás de cozinha, à espera de um botijão. Ontem e na segunda-feira, alguns estabelecimentos receberam o produto, mas ele acabou rapidamente. Para evitar brigas, Áurea Alves, administradora de uma revenda no Pistão Sul, distribuiu senhas para os consumidores. “Tivemos de limitar a venda de um botijão por pessoa, porque o povo queria levar a mais para poder estocar, o que não seria justo com quem estava na fila”, contou.

O aposentado José Nilton Costa, 64 anos, saiu cedo de casa, no Areal, para comprar o produto na loja de Áurea, por R$ 80. “Estou há quatro dias sem gás em casa, por isso, tenho que comprar comida no Restaurante Comunitário de Samambaia. Assim não gasto tanto, porque não tenho dinheiro para ficar comprando comida em qualquer lugar. Está tudo muito difícil”, lamentou. Ele ficou três horas na fila.

O presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás LP do DF (Sindvargas), Sérgio Costa, culpa os bloqueios nas estradas pela escassez. “Apesar do comboio fornecido pela Polícia Rodoviária Federal e pelo Exército, os motoristas ainda temem pela integridade física deles e do produto, que é um material perigoso”, afirmou.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), disse, ontem, que o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) fez uma blitz em pontos de vendas de botijões e autuou quatro estabelecimentos por causa de preços abusivos. De acordo com o Sindvargas, os valores médios de compra são de R$ 65 a R$ 95 para o botijão e, no caso de um vasilhame novo com o gás, de R$ 200 a R$ 220.
 
Falta soro
A prioridade zero do gabinete de crise do Governo do Distrito Federal ontem era o estoque de soro fisiológico nas unidades públicas de saúde. De acordo com o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, a capital consome, com internações e cirurgias diversas, 2,5 mil frascos de 500ml do medicamento por dia. Ontem, unidades com uma quantidade maior repassaram parte do insumo aos que haviam consumido tudo. A secretaria não informou os hospitais desabastecidos.

Homens do Exército buscaram o estoque de soro em uma fábrica em São Paulo (SP), transportado para Brasília por meio de um avião Hércules da Força Aérea Brasileira. “Deveria ter havido uma entrega esta manhã (ontem), mas a empresa informou que não conseguiu sair de São Paulo por dificuldades de transporte e de contratação de seguro da carga. Estamos abastecidos de todos os produtos necessários, mas a preocupação é que, na continuação da crise, ocorram novos desabastecimentos. Ainda temos uma pequena dificuldade com óleo de caldeira. Temos oxigênio até o fim de semana, mas esperamos conseguir mais para internações e centros cirúrgicos”, explicou Humberto Fonseca.

No primeiro dia após a Secretaria de Saúde (SES/DF) restabelecer o atendimento nas farmácias de alto custo, quem foi atrás de medicamento precisou de paciência para conseguir os remédios. E muita gente voltou para casa sem. Na 102 Sul, faltavam 42 dos 216 medicamentos entregues pela unidade. No local, os usuários começaram a ser atendidos às 8h.  A empregada doméstica Maria da Paixão Marques, 53 anos, chegou às 8h30. Ela saiu de casa, em Planaltina de Goiás, às 5h. Com artrose, a cada dois meses ela precisa buscar medicamentos na farmácia. “Um dos remédios que preciso é intravenoso e, se eu fosse comprar em uma farmácia, gastaria ao menos R$ 3 mil”, disse. Maria conseguiu os insumos após esperar mais de duas horas. “Depois da greve dos caminhoneiros, fiquei preocupada. Pensei que chegaria aqui e não encontraria os remédios. Para quem depende do serviço público, é muito triste essa situação”, desabafou.

A também doméstica Edinalda da Silva, 54, não teve a mesma sorte. Ela saiu do Guará I às 7h e, após esperar quase 30 minutos na fila da senha, recebeu a informação de que sua medicação estava sem estoque. “Disseram que não tem previsão de quando vai chegar. Não sei o que vou fazer, porque não tenho condições de comprar o remédio”, lamentou. Edinalda tem asma e disse que sem o medicamento é difícil controlar crises. 

Correio Braziliense
  

Mesmo com liminar do TST, petroleiros deflagram paralisação hoje

 [Se a multa diária de 500 mil reais,  imposta pelo TST não for cobrada e a FUP compelida a pagar - adotando todas as medidas para executar a dívida decorrente das multas, incluindo penhora de  tudo que pertencer àquela Federação - a Justiça do Trabalho estará desmoralizada.]

A Federação Única dos Petroleiros (FUP)  anunciou hoje (30) que, mesmo com a liminar do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que considerou a greve abusiva, a paralisação da categoria foi iniciada e atinge refinarias, terminais e plataformas da Bacia de Campos. O movimento programou atos e manifestações ao longo do dia.

Pelo balanço da FUP, os trabalhadores cruzaram os braços nas refinarias de Manaus (Reman), Abreu e Lima (Pernambuco), Regap (Minas Gerais), Duque de Caxias (Reduc), Paulínia (Replan), Capuava (Recap), Araucária (Repar), Refap (RS), além da Fábrica de Lubrificantes do Ceará (Lubnor), da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da unidade de xisto do Paraná (SIX).

A FUP informou que não houve troca dos turnos da 0h nos terminais de Suape (PE) e de Paranaguá (PR). Segundo a federação, na Bacia de Campo os trabalhadores também aderiram à paralisação em diversas plataformas.

Reivindicações
Os petroleiros afirmam que o movimento é uma reação à política de preços dos combustíveis, de crítica à gestão na Petrobras e contra os valores cobrados no gás de cozinha e nos combustíveis.  A paralisação dos petroleiros ocorre três dias depois de o presidente Michel Temer e equipe negociarem um acordo com os caminhoneiros. Por mais de uma semana, os caminhoneiros pararam o país, provocando desabastecimento nos postos de gasolina, supermercados e prejuízos à economia.

Agência Brasil

Crise mostra disputa de poder entre ministros do núcleo duro do Planalto



À frente do comitê de emergência, Eliseu Padilha retira holofotes de Moreira Franco

A crise deflagrada pela paralisação dos caminhoneiros evidenciou uma antiga disputa de poder no núcleo duro do presidente Michel Temer. Encarregado de pilotar a reação do Planalto ao levante dos caminhoneiros, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, deixou de fora das negociações o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, que não foi convocado para integrar o comitê de crise. 

Contrariado, Moreira aproveitou a viagem de Temer ao Rio, na quinta-feira, dia em que a crise atingiu o ponto mais agudo, para retornar ao estado. O ministro, um dos mais presentes em todas as atividades do Planalto, só voltou a aparecer em Brasília na tarde de segunda-feira, durante a posse do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Ronaldo Fonseca.  — O Padilha não convocou o Moreira. Há uma guerra entre os dois desde o começo do governo, quando o Padilha virou ministro da Casa Civil e o Moreira ficou sem ministério — diz um auxiliar direto de Temer.

A crise entre a dupla agravou-se quando Padilha, então ministro mais importante do governo, enfrentou problemas de saúde, precisou se afastar e ainda envolveu-se em um embate com o amigo de Temer, o advogado José Yunes, que se disse “mula” do chefe da Casa Civil no episódio da suposta entrega de R$ 1 milhão da Odebrecht em seu escritório, em São Paulo.  Moreira aproveitou a fragilidade de Padilha para ganhar espaço. Depois de tornar-se ministro da Secretaria-Geral da Presidência, avocou para si o controle das verbas do setor de publicidade do Planalto e do programa Avançar a versão de Temer para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) , e ainda acumulou o controle da política de concessões do governo.

DESCONFORTO NO PLANALTO
Poderoso, Moreira passou a circular por Brasília e em agendas oficiais pelo país sempre acompanhado por uma equipe de jornalistas da EBC, a emissora de TV estatal. Padilha recolheu-se aos bastidores. Os dois passaram a alimentar desconfianças mútuas e o convívio tornou-se cada vez mais protocolar.  — Causava muito desconforto no palácio o hábito de Moreira de usar celular nas reuniões e de entrar sem bater no gabinete do Michel. Moreira nem usava gravata no palácio. Isso foi minando o Padilha, que já evitava conversas sigilosas com a presença de Moreira — conta um importante ministro de Temer.

O Globo