Por: Carlos José Marques, diretor editorial - IstoÉ
Dilma está refém de Cunha. Dilma está refém de Renan. Dilma está refém
de Levy. Dilma está refém de Lula. Do próprio partido, PT. E da oposição
em geral. Experimenta sonoras derrotas no Congresso e vê encurtar, dia a
dia, sua margem de manobra para governar. Não há sinais de trégua. Ao
contrário. Tudo indica que o movimento tende a se acentuar.
A presidente
caiu na armadilha que ela própria criou. Imaginou que poderia fazer o
que bem entendesse no segundo mandato, sem dar satisfações, disparando
determinações e esbanjando autossuficiência, uma vez que não precisaria
mais de votos de apoio. Nem do eleitor que a colocou lá. Ledo engano.
Nos últimos dias, desmontou-se por completo o chamado governo de
coalizão. Sem contar a rejeição nas ruas que cresce geometricamente. A
base aliada registrou rebeliões de tradicionais simpatizantes.
Ministros
foram caindo em sequência por equívocos primários. Críticas e reversões
de suas decisões são feitas, de maneira aberta, por parlamentares que
parecem confrontar o presidencialismo, exigindo uma nova ordem. Os erros
de Dilma provocaram o quadro de ingovernabilidade. Ela quis, de novo,
sabotar o PMDB endossando a criação do partido PL, de seu ministro
Kassab. Levou o troco. A Câmara, comandada pelo PMDB, aprovou a mudança
na indexação das dívidas de Estados e Municípios, ferindo brutalmente o
escopo do ajuste fiscal, enquanto o Senado (também sob o tacape do PMDB)
estabeleceu prazo para que ela apresente alternativas. Na queda de
braço, perde o País e a economia.
Não dá para esquecer que foi a própria
Dilma quem incitou a ideia de renegociação dessas dívidas no ano
passado, em mais um ímpeto populista. Agora volta atrás. Foi alertada
sobre o tamanho do buraco que estava criando. Calcula-se um rombo de ao
menos R$ 3 bilhões por ano na brincadeira. De onde tirar tamanha
dinheirama para cobrir as contas, se os parlamentares fincarem o pé? A
presidente resiste em cortar na própria carne, enxugando a pesada
máquina do Estado que conta com 39 ministérios, milhares de servidores e
um gasto anual que ultrapassa os R$ 400 bilhões em custeio.
Sem
alternativa terá que, finalmente, ceder nesse campo. Mesmo a
contragosto. Está cada vez mais claro que ela não tem como medir forças
com os adversários. Dilma reina, o Congresso comanda. Houve um
reequilíbrio de forças e no novo arranjo o Governo não sabe para onde
ir. Nem como ir.
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