Bancada
da Câmara quer legenda à frente desse debate, mas Senado é contra; cúpula da
sigla não tomou posição
Principal
partido de oposição, o PSDB rachou sobre a proposta de
entrar formalmente com um pedido de impeachment da presidente Dilma
Rousseff.
Enquanto a bancada da Câmara dos Deputados defende que a legenda tome
a frente desse debate, a do
Senado é contra levantar essa bandeira. A ideia também divide a Executiva
nacional da legenda. O tema foi
levantado ontem em uma reunião da bancada de deputados com o presidente
nacional da sigla, senador Aécio Neves (MG). No final do encontro, Aécio pediu para que deputados que
defendiam a proposta se manifestassem. Praticamente todos os presentes levantaram a mão a favor.
O principal defensor da ideia na Câmara é o líder da minoria, Bruno Araújo (PE), que conta com
o apoio do líder da bancada, Carlos Sampaio (SP). Segundo um integrante
da Executiva do partido, os deputados estão “radicalizando”
por sentirem mais a pressão das ruas e temerem que outro partido de oposição
assuma o protagonismo desse movimento.
Pesa nesta iniciativa o fato de o
PSDB tentar se aproximar dos movimentos
que organizaram as últimas manifestações, que reuniram milhares de pessoas
em todo o Brasil, Senador Aécio Neves presidente do PSDB, com o senador
José Serra e o lider do partido na Câmara, deputado Carlos Sampaio durante
reunião da sigla.
Horas antes da reunião com a
bancada da Câmara, o assunto foi
discutido entre os senadores tucanos num almoço. A avaliação da maioria é
que ainda não há um fato concreto para pedir o afastamento da presidente Dilma.
Também pesa o argumento jurídico de que a petista não poderia perder o mandato
por ter cometido um crime antes de ter sido eleita.
Aécio tem
atuado para mediar as duas vontades. Nesta terça, ele afirmou que o PSDB ainda
não tomou uma decisão, mas estuda a possibilidade de entrar com um pedido. “Nós estamos discutindo absolutamente
todas as alternativas. Mas não existe uma posição, até este momento pelo menos,
de o PSDB de protocolar institucionalmente o pedido de afastamento da
presidente”, disse.
Parecer. Ele confirmou que o partido pediu
ao ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior que avaliasse as denúncias que já
surgiram contra Dilma para verificar se há elementos concretos para a abertura
de um processo nessa direção. “O doutor
Miguel Reale está avaliando todas essas denúncias que se sucedem, uma mais
grave que a outra, para ver se há caracterizado neste momento um crime de
responsabilidade.”
Ao Estado, Reale Júnior disse
que o seu parecer não se refere, na prática, ao impeachment, mas sim à
avaliação se houve um crime comum para a solicitação de uma eventual ação penal. “O ponto nuclear é a análise das
‘pedaladas fiscais’ detectadas no TCU”, disse. O pedido dos tucanos foi
revelado pelo jornal Folha de
S.Paulo.
O jurista se refere a um relatório do Tribunal de
Contas da União que diz
que o governo descumpriu a lei de
responsabilidade fiscal ao adiar repasses para os programas sociais, como o
Bolsa Família, que ficaram a cargo da Caixa Econômica Federal.
Fonte: Estadao
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