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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Argumentos para pedaladas



Para Lula, Bolsa Família e Minha Casa justificam pedaladas de Dilma em 2014
Ex-presidente diz que governo deve usar programas sociais como argumento para explicar à população manobra fiscal rejeitada pelo TCU [Dilma vai ter que se explicar não para a população e sim no processo de ‘impeachment’ e não será surpresa se novas violações legais vierem à tona e levar a presidente a ter que se explica, depois de apeada do cargo, para a polícia.]

O  ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 13, que a presidente Dilma Rousseff fez as pedaladas fiscais para pagar dois dos maiores programas sociais de sua gestão, o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Ele argumentou que o governo deveria utilizar esta justificativa para explicar à população a adoção das pedaladas, mesmo que tenha admitido não conhecer bem o assunto. A declaração de Lula foi dada na abertura oficial do 1.º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo do Campo.

"Estou vendo a Dilma ser atacada por conta de umas pedaladas. Eu não conheço o processo, mas uma coisa, Patrus (Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário, que estava no evento), que vocês têm que falar é que talvez a Dilma, em algum momento, tenha deixado de repassar o Orçamento para a Caixa, porque tinha que pagar coisas que não tinha dinheiro. Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família, ela fez as pedaladas para pagar o Minha Casa Minha Vida", disse Lula num discurso de cerca de meia hora.

O ex-presidente disse que "todo mundo sabe" que o Minha Casa Minha Vida subsidia trabalhadores que ganham até três salários mínimos. "Tem um forte subsídio do governo, o dado concreto é que custa caro ao governo, é investimento que o governo faz". E continuou: "Se o governo não subsidiar, não acontece." E fez um paralelo com a crise de 2008, dizendo que ela já consumiu mais de US$ 10 trilhões para salvar o sistema financeiro. "Imagina se isso fosse colocado nas fábricas para ajudar os trabalhadores e se fosse colocado para combater a fome no mundo?"

Ao ser chamado para compor o palco, ao lado de dirigentes sindicais, representantes de movimentos sociais e de políticos, como o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e o ex-senador e atual secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy, entre outros, Lula foi recebido em pé sob aplausos e palavras de ordem dos participantes do congresso.  O I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) ocorre até o dia 16 e reúne 4 mil camponeses de 20 Estados brasileiros, no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, com o tema "Plano camponês, aliança camponesa e operária por soberania alimentar".

Marinho
O prefeito de São Bernardo do Campo disse, em rápida saudação às lideranças camponesas presentes ao evento, que as elites desejam "com a tentativa de golpe" derrubar o governo Dilma e atingir Lula, maior liderança de seu partido.  "Sei o momento político que estamos enfrentando no nosso País e sei das dificuldades do governo da presidente Dilma Rousseff e das críticas que recebemos, mas sei que ninguém deseja um golpe contra a presidente. O que a elite deseja é um golpe contra os trabalhadores e inviabilizar a liderança de Lula", disse Marinho.  O prefeito citou ainda que nos estúdios da Vera Cruz, local em que foram gravados os filmes de Mazzaropi e onde está sendo realizado o congresso do MPA, ocorreu também o primeiro congresso do PT e a fundação da CUT.

Em breve discurso, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Paulo Cayres, o Paulão, conclamou os presentes a defenderem o legado do ex-presidente Lula, pedindo que todos se levantassem e cerrassem os punhos, com os mesmos braços que plantam nos campos, em defesa do petista.

Patrus Ananias voltou a dizer que o Brasil não está à beira do precipício e que a atual crise está sendo inflada. "Vemos no nosso País os resultados positivos das políticas do governo (petista, de Lula e de Dilma)", emendou. Mas reconheceu que ainda há muito a fazer. "Temos de fazer os acertos econômicos, mas não vamos perder o rumo", exemplificou.

O presidente da Federação Única dos Petroleiros, José Maria, disse no evento que a luta em defesa da Petrobras não é corporativa. "Este congresso e o da CUT tem que mandar um recado a quem quer dar um golpe no País. Vamos lutar para que a democracia no País continue em pé, só estamos há 13 anos no poder e tem uma longa estrada pela frente."

Fonte: Estadão 

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