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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A guerra contra o Estado Islâmico



Depois dos atentados terroristas em Paris, as potências atacam – mas bombas não serão suficientes para anular o grupo terrorista 

Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

Por mais de sete horas, os moradores de Saint-Denis, um subúrbio ao norte de Paris, viveram na quarta-feira (18) o incômodo de ter o terror por perto. Acharam que seria a reprise em menor escala da terrível noite da sexta-feira, dia 13, quando terroristas do Estado Islâmico atacaram diversos pontos da cidade – inclusive as cercanias do Stade de France, em Saint-Denis. 


Poderia ter sido, mas não foi. Uma megaoperação da polícia francesa no bairro desmantelou uma célula terrorista do Estado Islâmico, disparou mais de 5 mil tiros, prendeu oito suspeitos e deixou dois mortos – entre eles o belga Abdelhamid Abaaoud, apontado como mentor dos atentados. O serviço de inteligência francês chegou a Saint-Denis porque descobriu, pelos celulares dos terroristas mortos na sexta-feira, que o grupo planejava novos ataques a Paris. Havia suspeitas de atentados também na Alemanha. A confirmação de que o Estado Islâmico está por trás dos ataques comprova a mudança de estratégia do grupo. O EI declarou guerra e promete mais ataques ao Ocidente.

Desde a fundação do que chama de califado, em junho de 2014, o grupo jihadista concentrou seus esforços na construção de um Estado de fato, conquistando territórios da Síria e do Iraque. Quando tomou Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, o EI declarou terminadas as fronteiras determinadas pelo acordo de Sykes-Picot, o infame arranjo de 1916 pelo qual Inglaterra e França dividiram previamente o espólio do Império Otomano. O EI é assim. Fala em reconstruir o “califado”, uma entidade do século VII, pratica violência local com padrões cruéis da Antiguidade, como decapitações, crucificações, assassinatos em massa, estupro de mulheresescravidão, comete achaques financeiros. Tem predileção por simbolismos e resgates históricos de uma ignorância atroz, como a destruição de monumentos e patrimônios da humanidade, como a antiga cidade assíria de Nimrod, no Iraque, e Palmira, na Síria.


Até os ataques da semana passada, o EI estava interessado em expandir seu território e demonstrar às populações que domina e aos potenciais recrutas sua capacidade de governar. Agora quer intimidar o Ocidente. Em duas semanas, o EI reivindicou três grandes atentados: a derrubada do voo 9268 da Metrojet no Egito, os ataques suicidas em Beirute, capital do Líbano, e os massacres em Paris. Ao assumir os atentados, em 14 de novembro, o EI declarou que aquele seria “o primeiro de uma tempestade”.  “É uma mudança brutal na estratégia do EI”, escreveu William McCants, diretor do Projeto para Relações dos Estados Unidos com o Mundo Islâmico da Brookings Institution e autor de um livro sobre o Estado Islâmico. “Antes eles estavam interessados apenas em inspirar ataques, atrair jovens para a Síria e o Iraque e depois deixar que eles conduzissem os atentados por conta própria”, diz McCants. “Agora, estão interessados em conduzir operações fora de seu território.”


Por que um grupo que em menos de um ano fundou um “califado” e tomou para si um território de 95.000 quilômetros quadrados (quase o tamanho de Santa Catarina) estaria interessado em ataques suicidas e assassinatos de civis? Assim como tudo no Estado Islâmico, esse ponto de virada ainda está envolto em mistério. Para alguns analistas, o Estado Islâmico acusou o golpe. Os bombardeios da coalizão liderada pelos Estados Unidos teriam provocado danos cruciais à logística do EI, e feito o grupo perder em torno de 10% de seu território. “O Daesh (acrônimo árabe para Estado Islâmico) perdeu território de forma contínua nos últimos dois meses e, por isso, precisou reagir”, afirma Michael Knights, especialista em segurança no Oriente Médio do Washington Institute. “A coalizão conseguiu vitórias, retirando pequenos pedaços de território do EI, mas ferindo gravemente sua logística.”

http://glo.bo/1OTFsEW



 

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