Mirian
Dutra, jornalista que se relacionou com o ex-presidente, conta que ele pagou
por abortos que ela praticou. Em tempos de zika, por que não falar sobre gravidez
interrompida sem histeria?
Mirian
Dutra conta que FHC pagou por abortos que ela praticou.
Mirian
Dutra, que foi amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos anos 80 e
90,
concedeu duas entrevistas esta semana, expondo em detalhes um segredo que o
Brasil conhecia, mas que agora veio a público pela voz da própria protagonista.
Mirian, jornalista que vive em
Madri desde 2006, ficou conhecida dos brasileiros duas vezes. Primeiro quando se soube que era a tal amante e
que inclusive tinha um filho do ex-presidente, e depois, quando FHC fez o
teste de DNA que revelou que ele não era, de fato, pai do que se supunha
fruto dessa relação extraconjugal.
Em uma
das entrevistas, concedida à Folha de S.Paulo,
a jornalista contou que Fernando Henrique pagou dois
abortos seus durante o período em que se relacionaram. Questionado pela Folha
sobre o fato, o ex-presidente não negou, apenas dizendo que “questões de natureza íntima, minhas ou de quem sejam, devem se
manter no âmbito privado a que pertencem”.
E ele tem toda razão. É de cunho íntimo, não é da
conta de ninguém se uma mulher (ou um
casal) decide interromper a gravidez, seja porque não se julga preparada
para uma missão dessa natureza, seja porque pode comprometer a sua saúde
física, ou o futuro do rebento que está a caminho. Mas é público e notório que
o aborto é tratado com um ridículo manto de hipocrisia pela sociedade
brasileira quando até um ex-chefe de Estado parece ter recorrido à prática mais
de uma vez.
As mortes
por procedimentos errados também estariam na casa dos milhares. [cada MÃE ASSASSINA que morre durante um aborto é a efetivação de um ato
de justiça e a certeza de que aquela assassina não mais matará.]
A
entrevista de Mirian Dutra, que foi jornalista da Rede Globo, a maior
emissora de televisão do país, está fervendo nas redes sociais, explorada por
seus inimigos políticos. Como mulher, me estarrece saber que uma figura
política de tão grande estatura aparentemente recorreu a uma prática execrada
no Brasil, e por oportunistas de plantão, como o fez em 2015 o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, e seu projeto de lei 5069, que dificulta o acesso de
mulheres à pílula abortiva na rede pública – mesmo que ela tenha sido
estuprada. [o estupro não é motivo para que mães
‘herodíades’ assassinem crianças inocentes e indefesas.]
Fonte: El País
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