Já se tornou marca
registrada de Luiz Inácio Lula da Silva recorrer a bravatas populistas sempre
que se encontra acuado. Foi assim durante o tempo em que ocupou o Palácio do Planalto. Diante de
qualquer turbulência, lá ia o presidente aos palanques declarar que “nunca antes na história desse País...”.
Com o Mensalão não foi diferente. Bastava um
companheiro se ver atingido pelo escândalo e Lula entoava o discurso de pai dos
carentes, vítima de uma armação das elites.
Agora, com
o Petrolão, o ex-presidente recorre aos mesmos métodos. Define-se como
alvo de uma ação orquestrada e se autoproclama
portador da alma mais honesta entre os cidadãos brasileiros. O problema é
que os fatos vêm
repetidamente insistindo em desmentir aquilo que Lula apregoa, o que
ao longo do tempo parece comprometer sua capacidade de iludir.
Do
estouro do Mensalão até aqui, o ex-presidente conseguiu se esconder atrás do
discurso do “eu não sabia”, “eu não vi”. Agora, com
o avanço das investigações sobre o propinoduto da Petrobras, as bravatas de Lula
ficam cada vez mais insustentáveis e até militantes do PT começam a questionar o líder até então
inviolável. Procuradores da República e membros do Ministério Público de
São Paulo, depois de analisarem centenas de documentos, ouvirem testemunhas e
delatores premiados e cruzarem dados bancários e fiscais, concluíram que
apartamentos do edifício no Guarujá, onde está uma
cobertura tríplex reservada a Lula, serviram como propinas, pagas aos
agentes que favoreceram o caminho da OAS pelos contratos superfaturados da
Petrobras.
Nunca o ex-presidente esteve
tão vulnerável como agora. Pode ser que a cobertura de frente para o mar
tenha para Lula um significado próximo ao da reforma dos jardins da Casa da
Dinda para o ex-presidente Fernando Collor.
Uma
leitura um pouco mais atenta sobre os mais recentes escândalos envolvendo
políticos brasileiros mostra que a popularidade e o carisma dos envolvidos sofrem fortes
abalos quando as investigações conseguem
chegar a uma relação direta entre os mecanismos da corrupção e o patrimônio da
autoridade. Diante das novas descobertas da Lava Jato, Lula precisará
muito mais que frases de efeito ou discursos inflamados para fazer com que os
brasileiros endossem a tese de que o ex-líder sindical passou pelo poder sem se
envolver com os esquemas subterrâneos que tanto maculam a imagem e as finanças
do País.
Fonte: Editorial Isto É, Mário Simas Filho, diretor de redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário