Em entrevista ao repórter Sérgio Roxo, veiculada no Globo, Marinho declarou: “Do que eu conheço, tem duas pessoas que compraram o sítio [sócios de Fábio Luiz, o Lulinha, filho de Lula] e disponibilizaram para ele usar, com comprovação de fontes pagadoras. Portanto, não tem absolutamente nenhum problema. Rigorosamente, hoje, o sítio não é dele. O sítio é de amigos.”
Marinho soou didático: “Vamos imaginar que eu tenho uma casa na praia e disponibilize para você usar todo final de semana, alguém tem alguma coisa ver com isso? É o caso do sítio.” O repórter quis saber de Marinho se “disponibilizar” o sítio significa dar a chave da propriedade para Lula. Ao responder, Marinho esticou a mão, como se entregasse uma chave: “Toma. Pode mobiliar, é tua. Se um dia você resolver comprar, eu te vendo. Se não, um dia meu filho vai exercer o poder de herança.”
Nessa versão, Lula abancou-se no sítio e, sem pagar um níquel, obteve licença para usá-lo como bem entender, trocando inclusive a mobília. Se um dia lhe der na telha, o morubixaba do PT pode manifestar o desejo de comprar o sítio ocupa de graça. Do contrário, os donos se comprometem a jamais importuná-lo enquanto viverem. Com essa explicação, Marinho dividiu os brasileiros em dois grupos: os cínicos e os azarados, que ainda não encontraram amigos tão generosos, capazes de ceder, por empréstimo perpétuo, um sítio paradisíaco do tamanho de 24 campos de futebol.
Por que alguém faria um favor desses para Lula?, perscrutou o repórter. “Aí você tem que perguntar para as pessoas que fizeram”, desconversou Marinho, antes de espetar os críticos e os investigadores de Lula: “O problema é que não estão atrás da verdade. Estão atrás de encontrar um jeito de mostrar que o Lula está envolvido na Lava-Jato.” Marinho disse desconhecer que empreiteiras tenham bancado a reforma do célebre sítio.
E quanto ao apartamento triplex do Guarujá, reformado pela OAS ao custo de mais de R$ 800 mil. “O que ele [Lula] comprou e declarou foi uma cota”, disse Marinho. “Quando ele foi visitar, disse: ‘eu não quero porque tem três andares com uma escadinha horrorosa. Eu estou ficando idoso’. Ele contou isso para a gente e brincou: ‘Pô, é um muquifo. Não é o que eu sonhava, agora estou numa dúvida cruel, não sei se fico ou não’. E, curiosamente, depois da visita, começaram a pintar [as notícias] e ele decidiu não ficar. Qual o problema?”
O repórter lembrou que a OAS realizou obras no imóvel, da troca do piso à instalação de um elevador. “E cobraria pela obra”, Marinho apressou-se em dizer. “Portanto, não tem nenhum crime aqui.” Novamente, Lula foi abençoado pela generosidade alheia. O amigo Léo Pinheiro, dono da OAS, condenado na Lava Jato a cumprir 16 anos de cadeia, despejou uma grana pesada no triplex-muquifo, Lula deu-lhe uma banana e ficou tudo por isso mesmo.
Se a sensibilidade auditiva fosse transferida para o nariz, o brasileiro, ao ouvir certas desculpas dos assessores e amigos de Lula, sentiria um mau cheiro insuportável.
Fonte: Blog do Josias de Souza
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