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terça-feira, 17 de maio de 2016

Eles querem ser "diferentes" que trabalhem em atividades "diferentes" - deixem as vagas "normais" para os "normais"

Empreendedores do DF ainda têm resistência para empregar transexuais

Das 28 companhias participantes do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, nenhuma é nacional

[a composição do Ministério Temer deixa claro que esse pessoal diferente, diverso, tão prestigiado pelo governo petralha, não vai ter proteção especial  no Governo Ordem e Progresso'.] 

Criar um ambiente de diversidade na empresa ou no serviço público é um dos principais desafios da cultura corporativa brasileira. Como o local de trabalho é um espaço social, nele há reproduções de modelos exigidos e de preconceitos vigentes. Quando a questão é inserir transexuais e travestis, as dificuldades ganham força. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as políticas de inclusão devem agir em quatro eixos: igualdade de formação profissional, inserção no mercado de trabalho, permanência e ascensão. Eixos ainda distantes da realidade no Brasil, como mostra a segunda reportagem da série sobre os desafios para transformar o setor produtivo em um lugar diverso.

Boa parte das companhias ainda se fecha para a entrada de transexuais. Se a nacionalidade empresarial for brasileira, o tema torna-se ainda mais sensível. Prova disso é que, das 28 empresas participantes do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, nenhuma é nacional. Nem mesmo as empresas públicas se interessaram em participar. São multinacionais como Google, IBM, Carrefour e Facebook que pretendem inserir em seus quadros minorias e seguir as determinações das sedes fora do Brasil. A OIT é parceira dessa iniciativa. São, pelo menos, quatro reuniões por ano, em São Paulo. [se essas empresas estrangeiras desejarem levar os 'diferentes' para suas matrizes, agradecemos e apoiamos.]

Segundo o secretário executivo do fórum, Reinaldo Bulgarelli, as empresas estavam interessadas em fazer interlocução e troca de experiências de inclusão no território brasileiro. “O Fórum não é para tomar um café da tarde. Ao fazerem parte desse encontro, as companhias firmam compromissos.” Bulgarelli explica que os trans são prioridade dos encontros. “Gays e lésbicas sofrem discriminação, mas estão no mercado de trabalho — a questão aqui é chegar a cargos de direção. Já as pessoas trans estão totalmente ausentes do ambiente corporativo.”

Bulgarelli explica que, em nome de um valor corporativo, as empresas tendem a ser homogêneas e a “homogeneizar” o quadro. “As nacionais não veem muito valor na diversidade. Mais isso está mergulhado na cultura brasileira, que não lida bem com o tema. Em outros locais, como Estados Unidos, países europeus e asiáticos, eles enxergam a diversidade como tema estratégico para entender melhor os clientes e trazer inovação e criatividade.”

Paulo Pianês, diretor do Departamento de Sustentabilidade de uma rede de supermercados, diz que a multinacional faz parte do fórum e, desde 2010, criou uma série de ações de inclusão. “Não tenha dúvidas de que é uma vantagem econômica estimular a diversidade. Somos empresa de varejo, de relações humanas. Nossos clientes são atendidos por pessoas”, avalia. “Na medida em que fizemos esse investimento com nossos líderes e funcionários, começamos a criar uma semente de mudança.”

Inserção escondida
A dificuldade de inserção da diversidade no Brasil é tamanha que mesmo as empresas que pretendem inserir trans no mercado de trabalho ainda os escondem de postos de atendimento ao público — com exceção de segmentos específicos, como moda e estética, em que são mais aceitos. “Chegou um caso para nós de uma empresa de marketing com projeto de inclusão. As vagas de trans eram para atendimento de call center noturno, de forma que não pudessem ser vistos por ninguém. Isso não é inclusão”, explica Thaís Faria, oficial de programação da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Rita Brum, consultora da Rhaiz Recursos Humanos, explica que a aparência, infelizmente, conta muito nas seleções. Mas ela explica que o trabalho de RH deve ser o de conscientizar o quadro e deixar o ambiente diverso. “Já tivemos caso em Brasília de uma empresa de call center que teve agressão dos funcionários contra um trans homem. Os homens não aceitavam que ele usasse o banheiro masculino e partiram para a agressão física. Por isso, é importante a formação.”
 
Transexual, Ana Paula Benet sempre sentiu o peso do preconceito no ambiente profissional. “Eu tinha duas opções: ou ia para os nichos que aceitam trans ou teria que aguentar as dificuldades do mercado de trabalho. Optei pelo desafio.” Para Ana Paula, o primeiro obstáculo foi conseguir uma vaga. “Não julgavam pelo meu currículo.”

O primeiro emprego foi em um call center. Ela comenta que, depois da dificuldade de conseguir a vaga, vieram outros problemas, como preconceito dos colegas e dificuldade de crescer na carreira. “Era pressionada mais que o normal.  Além disso, eu me sentia sozinha, não tinha outra trans. Mas não me deixava abater.” Atualmente, Ana Paula trabalha como assessora da Coordenação de Promoção de Direitos da Diversidade, no GDF. 

Fonte: Correio Braziliense

 

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