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terça-feira, 5 de julho de 2016

A urgência do emprego


A expressão mais dolorosa da recessão que se abateu no país pode ser vista no rosto dos brasileiros. Uma legião de 11 milhões de cidadãos está atingida pelo desemprego, e os prognósticos indicam que a taxa de desocupação deve se manter ascendente até 2018. A geração de vagas no mercado de trabalho depende diretamente da recuperação econômica, e o país ainda está longe de restabelecer as condições que retirem o setor produtivo do estado de paralisia. Neste momento crítico, o governo tem um papel fundamental, pois precisa emitir sinais convincentes para resgatar a confiança de investidores e do setor privado. Mas o governo Temer entendeu que existem outras prioridades, como chancelar o aumento salarial aos servidores públicos, que já têm uma renda garantida e não correm o risco de se juntar às fileiras do desemprego. 

Aguardam-se ainda medidas mais consistentes que demonstrem de forma clara e inequívoca ao maior contingente de trabalhadores do país, e não apenas a uma parcela do funcionalismo público. Pelo comportamento do presidente interino, presume-se que decisões de maior impacto estejam previstas para depois de agosto, quando estará definido o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Se existe um timing político a ser considerado, é também justo que se peça a superação exígua do impasse, respeitando os ditames estabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal. Brasília precisa definir o caminho do país, pois o brasileiro não aguenta mais. Há meses passa pela provação de ver a carestia destruir seu poder de compra, amargar um quilo de feijão valer mais do que R$ 10, observar um aumento de 30% no litro de leite em seis meses.

Está claro, pois, que o governo precisa envidar esforços e investimentos em iniciativas que promovam a criação de empregos. O compromisso de manter um teto para os gastos públicos e a negociação para reforma da Previdência são essenciais para evitar a calamidade na máquina pública. Também merece registro o entendimento entre a União e os estados para evitar o colapso em algumas unidades da Federação estranguladas pela desordem fiscal. Mas não basta sanear as despesas públicas. É preciso encontrar soluções que estanquem o violento processo de degradação nos setores da indústria e dos serviços. Ontem, a indústria automobilística registrou, no primeiro semestre de 2016, as piores vendas dos últimos 10 anos. Queda na produção significa menos empregos, não há outra conta a fazer.

Recuperar empregos consiste, pois, a meta a ser seguida de forma obstinada. Ressalte-se que a missão do governo é criar um ambiente de crescimento econômico, sem intervenções paternalistas ou dificuldades para a realização de negócios. A visão de que o Estado deve ser o principal motor da economia, aliada a métodos de privatização que impedem a real participação da iniciativa privada, é um dos equívocos - sem mencionar a corrupção - cometido pelas últimas administrações em Brasília. Michel Temer tem a missão de corrigir a rota.


Fonte: Correio Braziliense - Editorial

 

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