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terça-feira, 19 de julho de 2016

Saudades da mandioca...

A mais recente pesquisa Datafolha descobriu que 58% dos brasileiros querem ver Dilma pelas costas

A presidente afastada Dilma Rousseff comparou a tentativa de golpe da Turquia com o impeachment que ela classifica também como um golpe. Em sua interpretação canhestra das coisas, Dilma, que não sabe o que é “nuvem” fora do céu e que já dissertou sobre engarrafamento de vento, disse que não passa de golpe a tentativa de derrubar um governo eleito.

Inventado há séculos na Inglaterra, o impeachment existe em vários países onde vigora o regime presidencialista. Para não sofrer um, Richard Nixon, presidente dos Estados Unidos, renunciou. Por pouco, Bill Clinton não caiu. Nos países de regime parlamentarista, há o voto de desconfiança capaz de derrubar o primeiro-ministro. Vários já foram derrubados.  As Forças Armadas da Turquia bombardearam a sede do Parlamento e ocuparam ruas de grandes cidades do país e estações de televisão para depor o presidente Recep Tayyip Erdogan. O avião de Erdogan esteve na mira de um dos aviões militares, que preferiu não disparar. Por aqui, a Força Nacional foi às ruas algumas vezes para garantir o caráter pacífico das manifestações pro e contra o impeachment.

A tentativa de golpe na Turquia provocou 265 mortos. Ninguém morreu por aqui ainda, e é improvável que morra. É fato que Dilma e o PT enxergam a Lava-Jato como um dos braços do “golpe”, talvez o mais forte e decisivo. E que não a Lava-Jato, mas a Operação Turbulência, filhote dela, já contabiliza uma morte, a de um cidadão que se suicidou ou foi morto em um motel de Olinda.

Mais de seis mil membros do Exército e da Justiça turcas foram demitidos ou detidos depois do golpe. Cerca de oito mil agentes da polícia foram suspensos por suspeitas de colaboração com os golpistas. O Ministério do Interior exonerou 30 governadores regionais, e o Ministério das Finanças afastou 1500 funcionários atingidos por suspeitas. Por aqui, ninguém foi preso ou demitido.

No contragolpe que aplica com o intuito de governar o país como um autêntico ditador, Erdogan estimula o parlamento acuado a aprovar a introdução no país da pena de morte. O presidente interino Michel Temer, o principal beneficiário do “golpe” por aqui, é contra a pena de morte e governa como se o regime fosse parlamentarista. Consulta o Congresso sobre qualquer coisa e lhe faz as vontades.

Os turcos atenderam ao apelo de Erdogan e saíram às ruas para apoiá-lo. Ainda não as abandonaram. Os brasileiros que foram às ruas contra o impeachment não se comparam em volume aos que foram às ruas exigir a saída de Dilma. A mais recente pesquisa Datafolha descobriu que 58% dos brasileiros querem ver Dilma pelas costas. E que 50% preferem Temer no governo a ela.

Dilma era mais engraçada quando elogiava as qualidades da mandioca.

Fonte: Blog do Noblat 
 

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