O que não passou pela goela dos juízes e de membros do Ministério Público foi a decisão de criar uma comissão para identificar os supersalários
[a prova incontestável do acerto do título deste POST é que o primeiro processo contra Renan tramitou no Supremo por NOVE anos.
Agora não será surpresa de Renan for alvo de um decreto de um dos ministros do SUPREMO suspendendo o seu mandato de senador e de presidente do Senado - vida caso Cunha.]
O senador
Renan Calheiros (PMDB-AL) é quem é. E é quem é faz tempo, não de agora.
Devem ser dez os inquéritos contra ele relacionados à Lava Jato. Rodrigo
Janot, o procurador-geral da República, não ofereceu, por enquanto,
denúncia contra ele. Há uma semana, Renan e Rodrigo Maia (DEM-RJ),
presidente da Câmara, concederam uma entrevista coletiva, ao lado do
presidente da República, assegurando que não haveria anistia de nenhuma
forma. A propósito: sempre disse aqui que não. Mesmo assim, os dois
parlamentares foram os alvos principais dos protestos desde domingo. E
por que foram?
Maia porque
preside a Câmara, que, segundo a versão que se tornou dominante,
“desfigurou” o projeto contra a corrupção. De verdade, vamos ser claros,
o que pesou ali foi a possibilidade de juízes e membros do Ministério
Público serem processados por crime de responsabilidade. Curiosamente,
magistrados e procuradores chamam isso de “criminalização”. Eles se
esquecem de que, para que punisse um juiz ou um membro do MP, a denúncia
teria de ser oferecida por um membro do MP e julgada por um… juiz. Mas
que fique claro: eu me opus a esse aspecto do texto. Achei que iria
gerar isso que gerou.
E Renan? Por
que a pauleira? Para todos os efeitos, porque tentou votar a toque de
caixa o texto aprovado na Câmara — e foi malsucedido — e porque, como
dizem, “desengavetou” o projeto que muda a lei que pune abuso de
autoridade. Aliás, esse texto hoje foi tratado em muitos discursos como
sinônimo daquele da Câmara. Bem, meus
caros, a verdade liberta. Renan não virou a Geni das manifestações
porque agora é réu (ainda que os membros do Supremo o tenham colocado
nessa condição sem muita convicção), porque pôs para votar o tal projeto
ou porque tentou aprovar a proposta da Câmara a toque de caixa.
Ele entrou
na mira um pouco antes. O que não passou pela goela dos juízes e de
membros do Ministério Público foi a decisão de criar uma comissão para
identificar os supersalários. Infelizmente, como se sabe, o maior número
de casos está justamente no Judiciário. E também o MP abriga uma
infinidade de pagamentos anômalos.
Sim, Renan é
quem é, e há tempos eu pergunto por que Janot não oferece denúncia
contra ele. Suponho que não disponha ainda dos elementos necessários
para que a dita-cuja seja aceita pelo Supremo, ou, entendo, o
procurador-geral já o teria feito. Mas me
parece muito pouco saudável que se transforme no alvo principal de uma
manifestação porque duas categorias estão insatisfeitas com o fato de
que uma comissão pretende submeter os salários ao mandamento
constitucional. Infelizmente,
juízes e membros do MP chamam isso de retaliação, desatentos ao fato de
que tal afirmação só pode ser feita se o pagamento acima no teto for
quase uma regra no Judiciário e no MP…
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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