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terça-feira, 28 de março de 2017

INsegurança Pública - troca de comando na Secretaria de Segurança; deem uma chance a Bruna Pinheiro, da Agefis

Novo secretário de Segurança: "Buscaremos sinergia entre PCDF e PM"

Novo secretário, Edval de Oliveira Novaes Júnior não tem filiação política e foi uma escolha pessoal do governador Rodrigo Rollemberg 

Em meio a uma longa crise com a Polícia Civil e ao constante embate da corporação com policiais militares, o governador Rodrigo Rollemberg decidiu mudar o comando da Secretaria de Segurança Pública. O delegado da Polícia Federal Edval de Oliveira Novaes Júnior vai assumir a pasta, com a atribuição de reduzir os índices de criminalidade e buscar uma pacificação entre as duas forças de segurança. Ele substituirá Márcia de Alencar, que foi nomeada secretária-adjunta de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. De acordo com Rollemberg, ela fará um trabalho de articulação com os movimentos sociais na área de segurança pública. 
O governador também anunciou outras duas mudanças no primeiro escalão: Antônio Valdir Oliveira Filho será o novo secretário de Desenvolvimento Econômico. Ele assume o posto do advogado Arthur Bernardes, indicado pelo PSD, que vai migrar para a pasta de Justiça e Cidadania. Rollemberg não descarta outras mudanças no secretariado.

A reforma do primeiro escalão do GDF era aguardada desde o fim do ano passado. No meio político, o governador negociava com aliados e resolveu esperar o desfecho das eleições para a Mesa Diretora da Câmara Legislativa e para a presidência das comissões permanentes da Casa. A escolha do delegado Edval Novaes surpreendeu. Depois de dois secretários com perfil mais acadêmico e de atuação na área de direitos humanos, Rollemberg recorreu à fórmula adotada por governos passados e optou por um representante da Polícia Federal. Diante da crise entre a PM e a Polícia Civil, seria politicamente inviável escolher um nome dessas corporações para comandar a pasta. Os policiais civis brigam pela paridade de reajuste com a Polícia Federal desde 2015, mas o GDF suspendeu as negociações com a categoria. Assim, agentes e delegados fazem operação padrão com frequência, o que compromete o combate à criminalidade. A PM também pleiteia o mesmo reajuste e são recorrentes os episódios de atritos entre representantes das duas corporações.

Durante a apresentação dos novos integrantes do primeiro escalão, Rodrigo Rollemberg disse que a meta do secretário de Segurança é intensificar o combate à criminalidade, com foco em sua experiência com o “binômio tecnologia e inteligência”. Novaes foi braço direito do ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame durante uma década. Entre 2007 e 2016, foi subsecretário de Comando e Controle e de Inteligência da pasta. “Foi o delegado Novaes quem montou o Centro de Comando e Controle do Rio de Janeiro e coordenou essa estrutura ao longo de grandes eventos, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e a Jornada Mundial da Juventude. Ele tem grande experiência administrativa e vem para fortalecer o programa Pacto pela Vida, além de promover uma interação cada vez maior entre as forças de segurança e aumentar a sensação de segurança, reduzindo indicadores como número de homicídios”, explicou Rollemberg. [o fracasso das UPPs no Rio - na verdade 'unidades de perigo aos policiais' - é uma excelente recomendação ao ex-assessor do Beltrame.] No ano passado, o governador convidou Beltrame para assumir a pasta, mas o ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro recusou o convite. Desse contato, surgiu o nome de Edval Novaes, atualmente chefe da área no município fluminense de Duque de Caxias.

Novaes chegou ontem à cidade e falou à imprensa antes mesmo de ser apresentado ao comando da Polícia Militar e ao da Polícia Civil. Por isso, não quis dar detalhes de como será sua atuação na pasta. Mas o delegado da PF afirmou que “os índices de criminalidade em Brasília são extremamente bons perto do contexto nacional”. “Nossa ideia é dar continuidade ao trabalho desenvolvido e identificar onde podemos potencializar os resultados positivos. A interação e a sinergia entre a Polícia Civil e a PM serão buscadas incessantemente, para que a gente possa ter resultados cada vez melhores”. O novo secretário não tem filiação política e foi uma escolha pessoal do governador Rodrigo Rollemberg.

Edval Novaes disse que já enfrentou, no Rio de Janeiro, situações de conflito entre diferentes forças de segurança. Segundo ele, a solução para o problema é “trabalhar dentro da legalidade, fazendo com que cada instituição cumpra seu papel, sempre com bastante diálogo”.

Economia
A escolha de Valdir Oliveira para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico também não faz parte de um rol de indicações políticas e foi uma opção de Rollemberg. Irmão do distrital Chico Leite (Rede), Valdirzinho, como é conhecido, tem relação antiga e muito próxima com o chefe do Executivo. O atual superintendente do Sebrae-DF também tem perfil técnico e atuou em áreas de geração de emprego e renda do Banco do Brasil. “A economia no Brasil está dando sinais de mudança e a retomada do crescimento começa no Distrito Federal”, comentou Valdir Oliveira. Rollemberg não escondia a insatisfação com os resultados da área de desenvolvimento econômico e já estudava uma troca desde 2016. No ano passado, ele tirou da pasta a atribuição de gerir o programa de parcerias público-privadas. “O Valdir tem uma interlocução grande com o setor produtivo e foi um nome construído com entidades representativas do segmento”, destacou o governador.

Apesar de deixar a área de desenvolvimento econômico, Arthur Bernardes permanece no primeiro escalão. Ele assume a Secretaria de Justiça e Cidadania no lugar de Marcelo Lourenço, que havia sido indicado pela deputada distrital Sandra Faraj (SD). A parlamentar contrariou as orientações de Rollemberg ao votar em Joe Valle (PDT) na eleição para a presidência da Câmara Legislativa. Mas o governador negou que a substituição tenha conotação política ou represente uma retaliação à aliada, que hoje é investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal pela acusação de desvio de verba indenizatória. “Não tem nenhuma relação com a questão política”, afirmou o chefe do Buriti. Segundo ele, o objetivo é levar para a área de justiça e cidadania “o sucesso obtido ao agilizar procedimentos para a abertura de empresas”. Arthur Bernardes é o único representante do PSD, partido do vice-governador do DF, Renato Santana, no primeiro escalão. O número dois do governo e Rollemberg tiveram graves problemas de relacionamento nos últimos meses, mas o espaço da sigla foi mantido. “Os laços com o PSD e com o Arthur são bons”, assegurou Rollemberg.

Perfil
Além de Márcia de Alencar, a Secretaria de Segurança Pública já foi comandada pelo sociólogo Arthur Trindade, entre janeiro e novembro de 2015. na gestão de Rollemberg. Ele deixou o governo após desentendimento a respeito de uma operação da Polícia Militar. Ao sair do GDF, disse que o cargo de secretário hoje é uma “rainha da Inglaterra”.
Fonte: Correio Braziliense

 

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