Novo secretário de Segurança: "Buscaremos sinergia entre PCDF e PM"
Novo secretário, Edval de Oliveira Novaes Júnior não tem filiação política e foi uma escolha pessoal do governador Rodrigo Rollemberg
Em meio a uma longa crise com a Polícia Civil e ao constante embate
da corporação com policiais militares, o governador Rodrigo Rollemberg
decidiu mudar o comando da Secretaria de Segurança Pública. O delegado
da Polícia Federal Edval de Oliveira Novaes Júnior vai assumir a pasta,
com a atribuição de reduzir os índices de criminalidade e buscar uma
pacificação entre as duas forças de segurança. Ele substituirá Márcia de
Alencar, que foi nomeada secretária-adjunta de Mulheres, Igualdade
Racial e Direitos Humanos. De acordo com Rollemberg, ela fará um
trabalho de articulação com os movimentos sociais na área de segurança
pública.
O governador também anunciou outras duas mudanças no primeiro
escalão: Antônio Valdir Oliveira Filho será o novo secretário de
Desenvolvimento Econômico. Ele assume o posto do advogado Arthur
Bernardes, indicado pelo PSD, que vai migrar para a pasta de Justiça e
Cidadania. Rollemberg não descarta outras mudanças no secretariado.
Edval
Novaes disse que já enfrentou, no Rio de Janeiro, situações de conflito
entre diferentes forças de segurança. Segundo ele, a solução para o
problema é “trabalhar dentro da legalidade, fazendo com que cada
instituição cumpra seu papel, sempre com bastante diálogo”.
A
reforma do primeiro escalão do GDF era aguardada desde o fim do ano
passado. No meio político, o governador negociava com aliados e resolveu
esperar o desfecho das eleições para a Mesa Diretora da Câmara
Legislativa e para a presidência das comissões permanentes da Casa. A
escolha do delegado Edval Novaes surpreendeu. Depois de dois secretários
com perfil mais acadêmico e de atuação na área de direitos humanos,
Rollemberg recorreu à fórmula adotada por governos passados e optou por
um representante da Polícia Federal. Diante da crise entre a PM e a
Polícia Civil, seria politicamente inviável escolher um nome dessas
corporações para comandar a pasta. Os policiais civis brigam pela
paridade de reajuste com a Polícia Federal desde 2015, mas o GDF
suspendeu as negociações com a categoria. Assim, agentes e delegados
fazem operação padrão com frequência, o que compromete o combate à
criminalidade. A PM também pleiteia o mesmo reajuste e são recorrentes
os episódios de atritos entre representantes das duas corporações.
Durante
a apresentação dos novos integrantes do primeiro escalão, Rodrigo
Rollemberg disse que a meta do secretário de Segurança é intensificar o
combate à criminalidade, com foco em sua experiência com o “binômio
tecnologia e inteligência”. Novaes foi braço direito do ex-secretário de
Segurança Pública do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame durante uma
década. Entre 2007 e 2016, foi subsecretário de Comando e Controle e de
Inteligência da pasta. “Foi o delegado Novaes quem montou o Centro de
Comando e Controle do Rio de Janeiro e coordenou essa estrutura ao longo
de grandes eventos, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e a Jornada
Mundial da Juventude. Ele tem grande experiência administrativa e vem
para fortalecer o programa Pacto pela Vida, além de promover uma
interação cada vez maior entre as forças de segurança e aumentar a
sensação de segurança, reduzindo indicadores como número de homicídios”,
explicou Rollemberg. [o fracasso das UPPs no Rio - na verdade 'unidades de perigo aos policiais' - é uma excelente recomendação ao ex-assessor do Beltrame.] No ano passado, o governador convidou Beltrame
para assumir a pasta, mas o ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro
recusou o convite. Desse contato, surgiu o nome de Edval Novaes,
atualmente chefe da área no município fluminense de Duque de Caxias.
Novaes
chegou ontem à cidade e falou à imprensa antes mesmo de ser apresentado
ao comando da Polícia Militar e ao da Polícia Civil. Por isso, não quis
dar detalhes de como será sua atuação na pasta. Mas o delegado da PF
afirmou que “os índices de criminalidade em Brasília são extremamente
bons perto do contexto nacional”. “Nossa ideia é dar continuidade ao
trabalho desenvolvido e identificar onde podemos potencializar os
resultados positivos. A interação e a sinergia entre a Polícia Civil e a
PM serão buscadas incessantemente, para que a gente possa ter
resultados cada vez melhores”. O novo secretário não tem filiação
política e foi uma escolha pessoal do governador Rodrigo Rollemberg.
Economia
A
escolha de Valdir Oliveira para a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico também não faz parte de um rol de indicações políticas e foi
uma opção de Rollemberg. Irmão do distrital Chico Leite (Rede),
Valdirzinho, como é conhecido, tem relação antiga e muito próxima com o
chefe do Executivo. O atual superintendente do Sebrae-DF também tem
perfil técnico e atuou em áreas de geração de emprego e renda do Banco
do Brasil. “A economia no Brasil está dando sinais de mudança e a
retomada do crescimento começa no Distrito Federal”, comentou Valdir
Oliveira. Rollemberg não escondia a insatisfação com os resultados da
área de desenvolvimento econômico e já estudava uma troca desde 2016. No
ano passado, ele tirou da pasta a atribuição de gerir o programa de
parcerias público-privadas. “O Valdir tem uma interlocução grande com o
setor produtivo e foi um nome construído com entidades representativas
do segmento”, destacou o governador.
Apesar de
deixar a área de desenvolvimento econômico, Arthur Bernardes permanece
no primeiro escalão. Ele assume a Secretaria de Justiça e Cidadania no
lugar de Marcelo Lourenço, que havia sido indicado pela deputada
distrital Sandra Faraj (SD). A parlamentar contrariou as orientações de
Rollemberg ao votar em Joe Valle (PDT) na eleição para a presidência da
Câmara Legislativa. Mas o governador negou que a substituição tenha
conotação política ou represente uma retaliação à aliada, que hoje é
investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal pela acusação de
desvio de verba indenizatória. “Não tem nenhuma relação com a questão
política”, afirmou o chefe do Buriti. Segundo ele, o objetivo é levar
para a área de justiça e cidadania “o sucesso obtido ao agilizar
procedimentos para a abertura de empresas”. Arthur Bernardes é o único
representante do PSD, partido do vice-governador do DF, Renato Santana,
no primeiro escalão. O número dois do governo e Rollemberg tiveram
graves problemas de relacionamento nos últimos meses, mas o espaço da
sigla foi mantido. “Os laços com o PSD e com o Arthur são bons”,
assegurou Rollemberg.
Perfil
Além
de Márcia de Alencar, a Secretaria de Segurança Pública já foi comandada
pelo sociólogo Arthur Trindade, entre janeiro e novembro de 2015. na
gestão de Rollemberg. Ele deixou o governo após desentendimento a
respeito de uma operação da Polícia Militar. Ao sair do GDF, disse que o
cargo de secretário hoje é uma “rainha da Inglaterra”.
Fonte: Correio Braziliense
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