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sábado, 6 de julho de 2019

Uma nação sob nova bandeira [mas, sobre ela, paira SOBERANA a BANDEIRA NACIONAL, a Bandeira do BRASIL]







O Brasil sempre foi o lugar das grandes promessas, maiores reservas florestais, infindáveis mananciais de rios, lagos e terras cultiváveis. Celeiro do mundo. Cinturão verde da terra. Campeão na produção de carne bovina, suína e de aves. Líder nas commodities que alimentam o planeta — café, soja e milho dentre elas. 

Detentor das principais fontes d’água mineral existentes. Varrido por um solo abundante em ouro e minérios diversos. A Nação abençoada por Deus, onde se plantando tudo dá. Enfim, o País do futuro, a grande potência de riquezas naturais na face da terra. Não faltaram epítetos. Mas como todo celeiro de prosperidade que se preze, o Brasil padecia de atitudes e visões coloniais que o impediam do pleno aproveitamento de tamanhas oportunidades. Na prática e objetivamente, nunca, em tempo algum, soube monetizar adequadamente seus atributos. Fechou acordos míopes e limitados com parceiros vizinhos. Jamais imaginou conquistar firmemente as longínquas e rentáveis praças mais distantes de seu território. Deixou de atuar com a estatura que lhe era devida, digna das reservas que ostentava e ostenta. O Brasil de dimensões geográficas continentais não passava, no plano comercial, de uma gota no oceano das transações globais, com índices de exportação e importação ínfimos, representando uma fração mínima do todo. Com esses números risíveis, insignificantes no comparativo, o mercado a dominar seguia gigantesco, embora parecesse inalcançável. 

Essa realidade está prestes a mudar. No mais promissor e histórico acordo jamais fechado com parceiros do primeiro mundo, o Brasil liderou um entendimento entre os blocos do Mercosul e da União Europeia capaz de rentabilizar em bilhões de dólares, da noite para o dia, indústria, comércio e serviços. É, na prática, a maior conquista do governo Bolsonaro em sua tenra trajetória de seis meses de gestão e se converte também, automaticamente, na sua principal bandeira daqui para frente. O entendimento teve início há 20 anos. Arrastou-se, desandou, foi congelado. O mérito da equipe que desembarcou no Japão para a reunião anual do G-20 e saiu de lá com o contrato assinado debaixo do braço foi o de ter percebido a oportunidade e o senso de diplomacia necessário, com ações na medida adequada, cedendo em exigências diversas, para alcançar o objetivo. A união dessas duas forças continentais, por si só, é extraordinária, eloquente em números nunca antes vistos por essas paragens.

Juntos, os dois blocos colocarão à disposição cerca de 800 milhões de consumidores, que atualmente geram resultados da ordem de US$ 17 trilhões ou 25% do PIB mundial. Numa conta rasteira e superficial, chegou-se à conclusão de que o Brasil diretamente poderá capitalizar mais de US$ 125 bilhões adicionais em exportações diretamente lastreadas no acordo. O PIB, em dez anos, terá um incremento de US$ 87,5 bilhões. Os investimentos, em 15 anos, subirão US$ 113 bilhões, nas estimativas mais conservadoras. Os resultados, em se tratando do bloco em gestação, são todos eloquentes. Ao longo da próxima década as tarifas irão decrescendo até chegarem à zero em diversos produtos da cesta de produção. O impacto de uma notícia como essa do acordo pode ser capaz de produzir um círculo virtuoso de oferta e demanda sem precedentes em prazo quase imediato. Europeus já estão revendo procedimentos e o Brasil, a partir de um entendimento entre Executivo e Legislativo, deveria pensar em fazer o mesmo. 

O quanto antes. Para o cidadão comum, está se falando em vantagens que vão da geração de empregos a uma maior capacidade de compra com a moeda real, passando pela oportunidade de aquisição de bens a preços mais baratos. O Brasil, como Nação com um leque diversificado de mercadorias a ofertar, se credencia ao clube dos desenvolvidos e passa a jogar, de pronto, no tabuleiro dos grandes players internacionais. Não é pouca coisa. O clima de expectativas mais favoráveis atrai investimentos. Empreendedores novos. E consolida um ambiente de confiança no futuro. A competitividade das mercadorias é outra área palpável de ganhos. Empresas terão de enfrentar uma enorme transformação nesse sentido para se adequar. No cômputo geral do que foi trazido daqueles dias de negociações no G-20, a histórica assinatura do acordo é mais do que um passo adiante. Em tempo algum o cenário no plano internacional se mostrou tão promissor.

IstoÉ - Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três


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