José Casado
Rotina de agitação e insinuações de ruptura incomoda militares
Pujol lidera generais preocupados com os efeitos do discurso e do método Bolsonaro sobre a tropa. Há três décadas o ex-capitão tenta se impor como líder sindical de soldados e suboficiais (260 mil) e de policiais militares (300 mil). [atualização; Por vedação legal os militares - Forças Armadas e Auxiliares - não podem ser sindicalizados.] Na presidência, emoldurou o governo civil em rituais militares e testa limites institucionais. Aos avanços nas investigações sobre os laços do clã Bolsonaro com milicianos, reage na ofensiva contra o Legislativo e o Judiciário, e apelos à agitação.
Fez isso no ano passado, depois das revelações sobre como o ex-PM Fabrício Queiroz administrava os gabinetes parlamentares da família, amparando parentes de milicianos, como o ex-caveira carioca Adriano da Nóbrega —“um herói”, definiu. Caçado e morto dias atrás na Bahia, o miliciano deixou rastros eletrônicos.
O presidente abriu novo conflito contra o Congresso por fatia (0,2%) do Orçamento da União — resultado de acordo feito pelo próprio governo.
Abstraiu o deputado Bolsonaro de 19 anos atrás, que se queixava: “Ninguém libera uma emenda de R$ 50 mil para nós, sem muito sacrifício, e, muitas vezes, temos de propinar. Se não propinarmos, não há recurso.”
José Casado, jornalista - O Globo
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