Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
VEJA teve acesso às quatro mil páginas da apuração em torno de um personagem que guardava segredos valiosos e foi abatido numa ação ainda cercada de dúvidas
MISTÉRIOS - Adriano: detalhes intrigantes, eventos estranhos e perguntas ainda sem resposta sobre o crime (Cristiano Mariz;/Reprodução)
O ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega ganhou notoriedade nacional depois que se descobriu que ele chefiava o chamado Escritório do Crime — um grupo de matadores de aluguel que atuava no Rio de Janeiro a serviço de bicheiros e milicianos.
Ficou mais famoso ainda quando se soube que ele também tinha uma estreita ligação com a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por anos, a mãe, a mulher e um dos melhores amigos do policial, o também ex-PM Fabrício Queiroz, foram assessores do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2019, acusado de homicídio e com a prisão decretada pela Justiça, Adriano fugiu. Um ano depois, foi morto.
Esse é o ponto de partida do capítulo final de uma história que reúne ingredientes de um thriller de ação.
Havia gente importante entre os “clientes” do Escritório do Crime que torcia para que o ex-capitão nunca mais aparecesse.
Havia gente influente ligada às vítimas que queria localizá-lo a qualquer custo.
E havia gente poderosa que temia a revelação de segredos capazes de fulminar biografias e destruir certas carreiras — políticos, inclusive.
O destino de alguém com um perfil tão singular assim era previsível.
Adriano foi localizado no interior da Bahia. A polícia realizou uma gigantesca operação para capturá-lo, usando drones, aeronaves, equipamentos de geolocalização e armamento pesado.
No dia 9 de fevereiro de 2020, o ex-capitão foi cercado no município de Esplanada, a 165 quilômetros de Salvador.
Estava sozinho e, segundo a versão oficial, armado.
Ao perceber a chegada dos policiais, reagiu e foi abatido com dois tiros.
A família afirma que foi uma execução sumária, uma queima de arquivo planejada para evitar que ele comprometesse aquela gente importante, influente e poderosa, incluindo políticos.
A suspeita se sustentava diante de fatos que ocorreram antes, durante e depois do suposto confronto.
Quatro anos depois, o Ministério Público finalmente concluiu a investigação sobre o caso. VEJA teve acesso às mais de 4 000 páginas de documentos, perícias, depoimentos, fotografias e relatos de testemunhas que ajudaram a reconstituir os últimos instantes de vida do ex-capitão.
O trabalho, porém, não foi capaz de elucidar definitivamente o mistério. Ainda há muitos detalhes intrigantes e perguntas que ficaram sem respostas.
A OPERAÇÃO ESPLANADA
Depois de fugir do Rio de Janeiro, Adriano perambulou durante meses por fazendas no interior do Nordeste.
A polícia passou a monitorar os passos dele através de seus familiares e amigos.
Em janeiro de 2020, após receber uma visita da esposa, o ex-capitão foi cercado pela primeira vez na Costa do Sauípe (BA), mas conseguiu escapar. A sorte o abandonaria poucos dias depois. Escondido na chácara de um amigo na área rural de Esplanada, o miliciano sabia que os policiais estavam em seu encalço e tinha tudo pronto para deixar o país.
O plano de fuga elaborado contava com um resgate de helicóptero patrocinado por um grupo ligado à contravenção do Rio.
Não deu tempo. A polícia interceptou a viúva em uma blitz, e o motorista dela deu pistas sobre a localização do novo esconderijo. A Secretaria de Segurança da Bahia preparou então uma das maiores ações de captura já realizadas pela polícia baiana. Foram mobilizados setenta homens, além de um drone, um helicóptero, veículos táticos e armamentos pesados.
Para evitar vazamentos, os policiais convocados para a missão só souberam a identidade do alvo às 23 horas da véspera, quando também foram advertidos sobre a destreza do ex-capitão: ele havia sido o primeiro colocado em treinamentos de tiro e sobrevivência na mata, tinha amplo conhecimento operacional e dificilmente se entregaria, disseram os comandantes.
EXECUÇÃO OU CONFRONTO?
(...)
A CENA DO CRIME
Um dos procedimentos elementares que qualquer policial aprende na academia é sobre a necessidade de preservar a cena do crime. Os PMs que alvejaram o miliciano admitiram em depoimentos que não houve essa preocupação.
Os projéteis, por exemplo, são provas importantes para determinar se realmente houve troca de tiros, o tipo de armamento envolvido, o trajeto e a distância dos disparos.
Um dos laudos elaborados pela Polícia Federal destaca que foram encontradas apenas três cápsulas da pistola que teria sido usada por Adriano, apesar de ele ter supostamente disparado sete tiros.
Os peritos levantaram a hipótese de uma mesma bala ter ricocheteado, mas, ainda assim, a conta não fechou.
Seria esperado, segundo eles, que fossem encontradas de cinco a sete cápsulas detonadas.
A ausência delas, porém, não prova que o confronto não existiu, já que elas podem simplesmente ter sido subtraídas por alguém que entrou na casa após o crime — e muita gente entrou. Aliás, as cápsulas das balas usadas pelos PM também não foram localizadas.
(...)
Ao longo da investigação, o Ministério Público solicitou sucessivas vezes que a Polícia Federal prestasse apoio técnico para novas perícias. Além da reconstituição e da exumação, os promotores solicitaram uma “missão exploratória” para sanar dúvidas técnicas que os peritos baianos e fluminenses não conseguiram.
Por considerar que a cena do crime já havia sido completamente devassada, a PF nunca atendeu ao pedido.
Em resposta a um dos ofícios, os federais ainda destacam um fato grave que impedia o trabalho: a arma supostamente utilizada por Adriano — uma pistola Glock, calibre 9 mm — havia desaparecido. Soube-se que ela fora recolhida pela PM baiana após o confronto, tendo reaparecido tempos depois em posse da Polícia Civil do estado.
(...)
Em Esplanada, a situação se inverteu. Adriano era o bandido. O tenente e os dois soldados que localizaram o miliciano garantem que o objetivo era prendê-lo, mas ele resistiu e provocou o confronto.
Adriano era um exímio atirador, mas errou todos os tiros, mesmo estando a uma distância de menos de 5 metros dos alvos.
Em poucos segundos, o temido chefe do Escritório do Crime caiu morto.
O registro da pistola que teria sido usada por Adriano, a que sumiu e reapareceu tempos depois, estava parcialmente raspado.
Policiais disseram que o ex-capitão estava de bermuda e calção quando o Bope entrou na casa. Os médicos, por sua vez, relatam que ele chegou seminu ao hospital.
A estranha queimadura no peito, um indício de tortura, também vai continuar sem explicação. Segundo um dos peritos, ela pode ter sido produzida “por um instrumento de bordas circulares, aquecido” — o cano de uma arma, por exemplo. Mas essa é apenas uma hipótese sem nenhuma comprovação. Adriano morreu da mesma maneira que matava. Caso encerrado.
O vírus do bolsonarismo despertou os instintos mais primitivos dos brasileiros e não há sinais de que haverá vacina contra ele
[a democracia brasileira, aos olhos dos inimigos do Brasil, é de uma fragilidade espantosa, seu destino está sempre em jogo; para eles, no momento em que serve aos interesses do Brasil e dos brasileiros, a nossa democracia passa a correr o risco de ser extinta.]
País onde padre chama homossexuais de
veadinhos,rapaz vai às compras com uma suástica no antebraço,senador defende
governo fascista desde que tenha “as mãos limpas” e casal branco suspeita denegro inocente no comando de uma bicicleta elétrica, por que um país como esse
daria as costas ao presidente que tem?
Não será fácil derrotá-lo na eleição do ano
que vem,é o que começam a admitir aos sussurros ou abertamente seus mais
ferrenhos adversários. Não é para dissipar o clima do já ganhou que toma conta
da parte desavisada da oposição que eles dizem isso, é porque de fato
reconhecem que não será fácil mesmo. O bolsonarismo era um vírus adormecido nas
entranhas de uma parcela expressiva dos brasileiros de todas as classes sociais
e de todos os pontos do país. O vírus despertou ao ouvir o discurso do
ex-capitão indisciplinado que antes só falava às paredes do Congresso e a áreas
do Estado que o alimentava com votos.
[a Homilia foi proferida dentro de uma Igreja Católica Apostólica Romana, durante uma missa, por um sacerdote, portanto, se trata de assunto religioso, catequese, não constituindo crime - além do que a posição da Igreja Católica Apostólica Romana contra o homossexualismo e outras perversões é milenar, tendo em vista que São Paulo na Epístola aos Romanos, emRm 1, 26-27-32
"
26.
Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres
mudaram as relações naturais em relações contra a natureza.
27.
Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher,
arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a
torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario.
32.
Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de
morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como
também aplaudem os que as cometem."
"9.
Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não
vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem
os efeminados, nem os devassos,"
Quanto ao jovem que foi acusado de usar símbolo nazista, vejam e respondam?
COMUNISMO = FLAGELO DA HUMANIDADE
A FOICE E O MARTELO SÍMBOLOS DO PIOR FLAGELO DA HUMANIDADE.
REPRESENTAM
A OPRESSÃO A TORTURA E MORTE DE BILHÕES DE SERES HUMANOS AINDA HOJE E
NO BRASIL EXISTEM HORDAS DE COMUNISTAS TRAMANDO PELA QUEDA DA NOSSA
DEMOCRACIA EM PROL DESTA TIRANIA ASSASSINA E MENTIROSA.
Proibição injusta
O NAZISMO MATOU 6 MILHÕES DE PESSOAS, O COMUNISMO MATOU 100 MILHÕES E CONTINUA MATANDO... PORQUE A SUÁSTICA ESTA PROÍBIDA E A FOICE E O MARTELO CONTINUAM LIVRES???
A rendição à pandemia que veio de fora pode
ter enfraquecido o dono do discurso que perdeu apoio com a morte de quase 500
mil pessoas em pouco mais de um ano, sem falar dos mais de 17 milhões de
infectados. Mas o discurso em si continua forte, sem que tenha diminuído o
número dos que se sentem atraídos por ele. [o fracasso da CPI Covidão - o relator Calheiros em surto histérico abandonou a sessão da Covidão no qual médicos favoráveis ao tratamento com cloroquina, ivermectina, fundamentarias suas razões;
o relator alagoano além de enrolado com a Justiça, se junta ao presidente da CPI, ao senador drácula e ao senador Barbalho (senador pioneiro no uso de algemas) - na condição de indignos de participarem de uma CPI. - mostrará o quanto é estúpida e infundada a tentativa criminosa de associar o presidente Bolsonaro às mortes e contaminações pela covid-19 - culpados, que certamente existem, devem ser procurados entre as 'autoridades locais'. ]
À medida que a eleição se aproxima, embora
ainda falte um ano e quatro meses para a abertura das urnas, revela-se o
tamanho do estrago provocado pelo vírus do bolsonarismo. Nenhum partido está
imune aos seus efeitos malignos, nenhuma instituição, nenhum credo, nenhum
segmento social ou econômico.
Vírus não morre. A maioria aparece e volta
às matas de onde saiu, como o Ebola, por exemplo. Contra alguns, descobrem-se
vacinas capazes de erradicá-los para sempre. Mas, devido à falta de cuidados,
nada impede seu retorno. A história é feita de ciclos, e está provado que eles
demoram a se esgotar. O futuro da democracia brasileira estará em
jogo em 2022. E ele nunca pareceu tão incerto.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - Metrópoles
[hoje estamos contaminados pelo DAÍ - é a quarta vez que usado o termo. Não podemos considerar fora do tema, já que cuida de responder a um apoio que os inimigos do Brasil = inimigos do presidente Bolsonaro = adeptos do 'quanto pior, melhor', que querem seu impeachment receberam. Fato noticiado por Camila Turtelli, em O Estado de S. Paulo, confira: Executiva nacional do Cidadania aprova defesa de impeachment de Bolsonaro. Diante de notícia tão importante, só nos resta perguntar: E, DAÍ? ]
E o governo federal faz de conta que mortes por falta de oxigênio no Norte do país é problema dos governos estaduais, que culpam os municipais, que devolvem a responsabilidade aos estaduais, que suplicam em vão por socorro ao federal. Segue o baile.[o presidente Bolsonaro certamente espera ser questionado por quem de direito, para apontar o principal culpado e municípios e estados como coautores.
O dedo acusado estará acompanhado de fatos e fatos não podem ser mudados, já que passariam a ser mentiras; já interpretações e versões podem ser adaptadas, mudadas.]
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, reuniu-se com o embaixador da China no Brasil. Pediu pressa na remessa de insumos para a fabricação da vacina chinesa Coronavac. Foi desautorizado em nota pelo governo federal. Diz a nota que é atribuição do governo federal, e só dele, defender os interesses do país em conversas com representantes de outros governos. Tanto mais em meio a uma pandemia que matou quase 213 mil pessoas até ontem, das quais 1.381 nas últimas 24 horas.
Governo esquisito, este. O presidente Jair Bolsonaro vive dizendo que o Supremo Tribunal Federal impediu-o de combater a Covid-19, o que é uma mentira. Mas quando um membro de outro poder da República combate e tenta ajudá-lo, ele repele. [tenta ajudá-lo; nem o Eremildo - o idiota dos posts do Elio Gaspari - acredita nisso.
Bolsonaro tentou combater a covid-19 sem apelar para o tranca tudo, total, governadores e prefeitos sentiram que o combate atrairia holofotes, que eles precisavam muito (tanto que quando querem holofotes e faltam formas de atraí-los, convocam uma entrevista e dão uma declaração acusando o capitão de algo errado = holofotes na certa).
Se articularam com uns partidecos que precisam de votos, programa, noção e acionaram o Supremo. Que decidiu que o protagonismo das ações de combate ficaria com os entes municipais e estaduais - na prática a União Federal, especialmente o Poder Executivo, ficaria como é costume com o ônus.
A coisa complicou, prefeitos e governadores deram com a cara no chão e começam a perceber que a hora das explicações se aproxima. ]
Vidas não importam a Bolsonaro, somente política, e logo ele que se apresentou aos brasileiros há dois anos como o antipolítico por excelência, embora deputado federal de sete mandatos. O Brasil nunca esteve em pior situação e, o presidente, idem. Como é incapaz de admitir erros, Bolsonaro reuniu seus ministros e cobrou-lhes duas coisas em termos duros – o que significa uma explosão de palavrões onde “porra” é o mais leve. A primeira: que defendam o governo. A segunda, que trabalhem melhor.
A cobrança por um trabalho melhor foi dirigida, principalmente, ao general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde. Ora, Pazuello não é médico, não sabia o que era SUS e não se ofereceu para ser ministro. Bolsonaro foi quem o convocou e lhe deu a tarefa. Como na caserna missão dada é para ser cumprida, Pazuello perfilou-se, bateu continência ao chefe das Forças Armadas e encarou o desafio. Afinal, logística militar é sua especialidade. E uma pandemia se enfrenta também com logística, certo? Pois.
Cadê o cargueiro da Força Aérea Brasileira que poderia estar voando para abastecer o Norte do país com cilindros de oxigênio suficientes para que ninguém morresse? Foi despachado para uma manobra militar junto com a Força Aérea dos Estados Unidos. Cadê o avião da Força Aérea americana que o governo federal disse que pediria aos Estados Unidos uma vez que o avião da Força Aérea Brasileira está indisponível? Trump, o amigo de Bolsonaro, deixou a Casa Branca e não mandou.
O presidente empossado Joe Biden seria mais sensível a um pedido dessa natureza. [será? afinal quer boicotar o Brasil e todos sabem que um boicote produz muitas mortes - só que silenciosas.] Por que Bolsonaro não pede a ele? Só por que torceu abertamente por sua derrota?
Só por que foi o último chefe de Estado a cumprimentá-lo pela vitória?
Só por que foi o único chefe de Estado a justificar a invasão do Capitólio por hordas que Biden batizou de terroristas domésticos?
Biden haverá de entender que, no passado, Bolsonaro planejou jogar bombas em quartéis. Perdeu a farda. [ sic! Bolsonaro foi acusado, porém inocentado pela Justiça Militar da União; inocentado = sem punição = não constituiu motivo para ser considerado indigno do oficialato = não perdeu a farda.]
Foi um momento de fraqueza de Bolsonaro. Faltou-lhe coragem para lançar as bombas. Contra todas as provas, negou em depoimentos, negou por escrito, negou pelo mais sagrado que tivesse planejado atos terroristas. O Exército não acreditou.
Mudou Bolsonaro ou mudou o Exército que agora confia 100% nele a ponto de um general da ativa fazer parte do governo? Os gabinetes mais importantes do Palácio do Planalto são ocupados por generais da reserva. O governo emprega 3 mil militares. Bolsonaro aposta na farda para completar o mandato e conquistar outro. Faltam menos de 88 semanas para a eleição do ano que vem. Que passem rápido, com oxigênio hospitalar para quem precisa.
Pode estar em curso uma troca de base popular na qual se ancora o presidente
Logo após a derrota para Collor no segundo turno das eleições de 1989,
Lula fez a seguinte avaliação sobre o resultado das urnas: “A verdade
nua e crua é que quem nos derrotou, além dos meios de comunicação, foram
os setores menos esclarecidos e mais desfavorecidos da sociedade. Nós
temos amplos setores da classe média com a gente, mas a minha briga é
sempre esta: atingir o segmento da sociedade que ganha salário mínimo.
Nós temos que ir para a periferia, onde estão milhões de pessoas que se
deixam seduzir pela promessa fácil de casa e comida”.
De outro, o escândalo do mensalão afastou do PT parte de seu eleitorado
cativo na classe média, decepcionada pelo partido ter rasgado a bandeira
da ética - num processo que acabou se aprofundando alguns anos depois,
com a operação Lava Jato. A reeleição de Lula em 2006 evidencia essa guinada nas preferências por
Lula: segundo os cálculos do Datafolha, na parcela do eleitorado que
ganhava até 2 salários mínimos, o petista batia seu rival Geraldo
Alckmin (PSDB) de lavada (por 64% a 25%), enquanto entre os mais ricos
(com renda familiar mensal superior a 10 SM), o tucano aparecia à frente
nas pesquisas com 54% a 36%. “No lulismo a polarização se dá entre
ricos e pobres, e não entre esquerda e direita”, de acordo com Singer.
Daí em diante, esse padrão foi mantido em todas as eleições
presidenciais.
Na última sexta-feira, a pesquisa XP/Ipespe atestou que, mesmo após a
saída de Sergio Moro e o acúmulo de mortos pela pandemia, Bolsonaro
conseguiu, pelo menos por ora, estancar a sangria da sua popularidade.
Analisando os dados desagregados, é possível identificar um expressivo
crescimento na avaliação positiva do presidente nos segmentos mais
vulneráveis da população, como jovens, indivíduos com baixa e média
escolaridade, desempregados, com renda de até 2 salários mínimos e
localizados no Nordeste e em cidades pequenas.
A melhoria da imagem de Bolsonaro perante um eleitorado que nunca foi
prioritariamente seu pode ser atribuída, entre outros fatores, à
concessão do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia. E a
mensagem foi captada pelo presidente e sua equipe, a ponto de Paulo
Guedes ter anunciado, na última reunião ministerial, a intenção de
lançar o programa Renda Brasil.
É verdade que, em tempos de covid-19, com arrecadação em queda e dívida
crescente, há pouco espaço fiscal para algo muito revolucionário. Mas,
por mais paradoxal que possa parecer, a própria pandemia pode ajudar a
viabilizar um amplo programa bolsonarista voltado para os mais pobres,
pois uniu economistas e políticos de diversos matizes no apoio a
iniciativas de renda mínima. Pode surgir daí, portanto, um clima
propício para uma remodelação de políticas sociais esparsas e mal
focalizadas, a serem concentradas num único “Bolsa Família turbinado”
que pode dar a Bolsonaro um grande capital político com vistas a 2022.
Nas últimas semanas o presidente tem alternado movimentos de defesa e
ataque buscando não apenas manter seu eleitorado cativo mobilizado, mas
também ampliar seu capital político para, assim, sobreviver à tempestade
em que, de certa forma, ele próprio se colocou. Numa frente de batalha,
fustiga os demais Poderes e investe com a Polícia Federal em
investigações que tendem a enfraquecer os governadores, enquanto na
retaguarda coopta o Centrão e acena com benefícios à parcela mais pobre
do eleitorado.
Ainda é cedo para afirmar que Bolsonaro será bem sucedido em manter e
ampliar sua aprovação junto aos mais desfavorecidos - não podemos perder
de vista que Lula conseguiu fazê-lo não apenas com o Bolsa Família, que
era apenas um dos ingredientes num processo que envolvia ainda PIB,
emprego e renda em alta. Mas uma eventual estratégia do atual presidente
em deixar de lado a dicotomia esquerda e direita, pela qual foi eleito,
para focar num público que condiciona seu voto mais à melhoria de suas
condições do que em aspectos ideológicos, tal qual Lula fizera no seu
primeiro mandato, pode tornar ainda mais complicadas as pretensões de
uma “frente ampla” que deseja ver Bolsonaro fora do Palácio do Planalto -
seja por meio de um impeachment, uma decisão do TSE ou no voto, em
2022.
Se Bolsonaro conseguir atrair para si parcelas mais expressivas do
eleitorado mais pobre, uma “frente ampla” só será vitoriosa se, além de
superar rivalidades e vaidades de seus protagonistas, conquistar também
corações e mentes das classes média e alta insatisfeitas com o
ex-capitão. E isso passa, necessariamente, pela cicatrização de feridas
ainda abertas relacionadas à valorização do combate à corrupção, de um
lado, e ao combate às desigualdades sociais, de outro.
Enquanto Bolsonaro chama os pobres para dançar, os integrantes de uma
frente ampla precisam virar o disco com o qual estão acostumados a ouvir
nos últimos 15 anos e entenderem que a defesa da ética está no mesmo
compasso do progressismo social.
Rotina de agitação e insinuações de ruptura incomoda militares
‘Onde tudo começa” — avisava a placa na portaria aos aspirantes como ele, que, aos 16 anos, deixara a gaúcha Dom Pedrito, cujo nome homenageia um contrabandista, onde a vida ainda ecoa as sangrentas revoluções de 1835, 1893 e de 1923.
Edson Leal Pujol completou ontem 49 anos daquele começo como cadete. As estrelas na farda atestam o êxito na Cavalaria, mas o general ainda não venceu o maior desafio de um comandante do Exército no governo Jair Bolsonaro: evitar a contaminação política dos quartéis.
Pujol lidera generais preocupados com os efeitos do discurso e do método Bolsonaro sobre a tropa. Há três décadas o ex-capitão tenta se impor como líder sindical de soldados e suboficiais (260 mil) e de policiais militares (300 mil). [atualização; Por vedação legal os militares - Forças Armadas e Auxiliares - não podem ser sindicalizados.]Na presidência, emoldurou o governo civil em rituais militares e testa limites institucionais. Aos avanços nas investigações sobre os laços do clã Bolsonaro com milicianos, reage na ofensiva contra o Legislativo e o Judiciário, e apelos à agitação.
Fez isso no ano passado, depois das revelações sobre como o ex-PM Fabrício Queiroz administrava os gabinetes parlamentares da família, amparando parentes de milicianos, como o ex-caveira carioca Adriano da Nóbrega —“um herói”, definiu. Caçado e morto dias atrás na Bahia, o miliciano deixou rastros eletrônicos.
O presidente abriu novo conflito contra o Congresso por fatia (0,2%) do Orçamento da União — resultado de acordo feito pelo próprio governo.
Abstraiu o deputado Bolsonaro de 19 anos atrás, que se queixava: “Ninguém libera uma emenda de R$ 50 mil para nós, sem muito sacrifício, e, muitas vezes, temos de propinar. Se não propinarmos, não há recurso.”
A rotina de agitação e insinuações de ruptura incomoda militares. Eles veem em Bolsonaro riscos de contaminação política dos quartéis, incluídos os das PMs, como ocorreu no motim do Ceará. O fantasma da anarquia na caserna persegue oficiais como Pujol, cadete no Brasil dos 70, quando o general Emílio Médici presidia comandantes que ordenavam matanças, e terroristas assassinavam até os companheiros. José Casado, jornalista - O Globo
Ex-capitão usou uma picape branca para ir até a chácara do vereador Gilsinho da Dedé, filiado ao PSL
Horas antes da operação das polícias da Bahia e do Rio para
tentar capturar o ex-capitão Adriano da Nóbrega, o miliciano fugiu da
fazenda em que estava escondido. A bordo de uma picape branca Hylux, ele
percorreu oito quilômetros e chegou à chácara do vereador Gilsinho da
Dedé, que é filiado ao PSL, onde tentou se esconder. Ao iniciar a
operação, os policiais descobriram que Adriano havia fugido com um carro
em nome de terceiros. Na ação do Bope da Bahia, que mobilizou cerca de
70 agentes, três PMs dispararam, e dois tiros acertaram o miliciano, que morreu.
LEIA: Polícia apreendeu com Adriano da Nóbrega 13 celulares e 7 chips de diferentes operadoras Gilsinho
da Dedé (PSL), dono da propriedade, conta que está de viagem em Recife e
soube da operação através de um telefonema de um vizinho, durante o
tiroteio: — Não sei como ele conseguiu entrar lá. Soube do
tiroteio por vizinhos e, depois, que vi na imprensa que ele tinha
morrido lá. Não o conheço e nunca fui apresentado a ele.
A ação De
acordo com a polícia, a operação mobilizou cerca de 70 agentes do Bope
da Bahia. Os militares se separaram para cobrir toda a área e impedir
uma possível fuga do miliciano na região. Na abordagem à casa, numa área
isolada, três PMs formaram um triângulo. O primeiro policial, na
frente, segurou um escudo e arrombou a porta. Em seguida, segundo a
polícia, Adriano atirou e houve confronto. O ex-capitão da PM, então,
foi atingido por dois tiros. Levado ao hospital, ele não resistiu.
O
segredo para encontrar um dos principais nomes da lista da Interpol, o
ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, não é revelado pela
polícia. No entanto, a apreensão de 13 celulares e sete cartões de chip
explica como o ex-militar conseguia se manter escondido sem ser
rastreado. A Polícia Civil do Rio quase não tem conversas dele
grampeadas, porque Adriano usava somente o sinal de wi-fi para fazer as
ligações, além de trocar com frequência os chips, de operadoras
diferentes, geralmente usados uma única vez. Como ex-integrante da tropa
de elite da PM, ele sabia muito bem como monitorar criminosos.
Esconderijo Segundo fontes da Polícia Civil do Rio, Adriano
estava escondido, num primeiro momento, no Parque Gilton Guimarães, uma
fazenda que também é área de vaquejadas. O local pertence a Leandro
Guimarães,que também organiza outros torneios na
região e, há dez dias, sediou um concurso com premiação total de R$ 60
mil. Durante a ação deste domingo, Leandro foi preso por posse ilegal de
armas —duas espingardas e um revólver 38.
Na fazenda, que fica
na área rural de Esplanada, foram apreendidas quatro armas, todas com
numeração aparente, que estavam em diversos cômodos da casa. O sítio
possui 12 edificações, sendo que, na área principal, há quatro
construções, entre elas a casa onde o ex-capitão estava. Procurado pelo
GLOBO, Guimarães não respondeu aos pedidos de esclarecimentos. Na região, há diversas fazendas de alto padrão, inclusive de políticos. No
Parque Gilton Guimarães, a 170 quilômetros da capital Salvador, também
foi encontrada uma carteira da Polícia Militar, com o nome de Adriano. A
identidade era uma forma de o ex-PM passar por blitzes nas estradas. No
local também foram achados emblemas do Bope.
O ex-caveira também usava identidades falsas, como a deixada para
trás no primeiro esconderijo estourado pelas polícias Civil do Rio e da
Bahia, há uma semana, na Costa do Sauípe, também na Bahia. Segundo a
polícia, Adriano fugiu do local cinco minutos antes da chegada dos
agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Bahia. Os
investigadores descobriram que ele mantinha as janelas abertas para
escapar, se a casa fosse invadida, o que acabou acontecendo. A escolha
do imóvel, com diária de R$ 1 mil, foi estratégica. A residência dá
fundos para uma lagoa, e o ex-militar teria fugido pelo mangue.
Autoritarismo e polarização colocam STF na berlinda
Passados praticamente seis meses, Bolsonaro se sente cada vez mais à
vontade para governar. Rasgou o cheque em branco que seria dado aos
"superministros" Guedes e Moro, afastou boa parte da junta de generais
escalada para tutelar suas ações e não cedeu ao canto da sereia dos
partidos para formar uma coalizão no Congresso. Para quem apostava numa
"normalização" do ex-capitão durante o exercício da Presidência, está na
hora de rever a estratégia. Bolsonaro não é bobo e não se deixa domar
facilmente.
É verdade que o desempenho no Congresso é lamentável. A começar por seu
partido ruidoso e inexperiente, o novo governo tem problemas graves de
articulação política e perdeu completamente o protagonismo da pauta
legislativa para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
inclusive na reforma da Previdência.
Para compensar, Bolsonaro tem dado vazão a seu viés autoritário e testa
os limites de liberdade que a Constituição lhe oferece. Faltando ainda
uma semana para fechar o primeiro semestre, chama atenção o número de
decretos editados pelo atual presidente. Até agora foram 184, número
muito superior ao início dos governos Temer (72) e Dilma (81) e muito
próximo a Lula, o campeão nessa modalidade de atividade infralegal, com
208 decretos editados de janeiro a junho de 2003.
Em muitos casos, Bolsonaro atropela não apenas o razoável, mas também as
balizas constitucionais colocadas para evitar abusos. Algumas vezes,
oposição e os partidos mais ao centro se articulam e impõem derrotas ao
governo, como aconteceu na tentativa de enfraquecer a Lei de Acesso à
Informação e, ao que tudo indica, deve se repetir nesta semana com o
decreto sobre porte de armas. Na maioria das situações, no entanto, a disputa desagua no Supremo
Tribunal Federal. Bolsonaro já ostenta o título de presidente mais
contestado judicialmente no início de governo. Nesses seis meses, já são
34 ações diretas de inconstitucionalidade movidas contra leis, medidas
provisórias, decretos e até portarias adotadas pelo seu governo.
Praticamente todas as iniciativas importantes tomadas por Bolsonaro
foram questionadas no STF. [ter suas medidas importantes questionadas no STF, não significa erro do presidente Bolsonaro;
grande parte dos questionamentos são promovidos parte da turma do 'quanto pior, melhor';
outra parte das medidas buscando desautorizar o presidente Bolsonaro, tem como nascedouro o Poder Legislativo que promove ações sistemáticas para levar o governo Bolsonaro ao fracasso. Grande parte dessas ações desestabilizadoras de um governo que ainda tenta começar, são provenientes do presidente da Câmara e vez por outra secundadas por ações paralelas, com o mesmo objetivo, do presidente do Senado.
Das várias ações contestadas, apenas uma dela realmente está incorreta, é fruto da teimosia e afobação do presidente Bolsonaro, que tenta modificar uma lei via decreto (decretos das armas) o que é flagrantemente ilegal.]
A maioria dessas ações foi movida por partidos de oposição, com Rede,
PDT, PSB, PT e PSOL à frente. Não se trata de novidade. O professor
Oscar Vilhena, diretor da Escola de Direito da FGV em São Paulo, dá o
nome de "supremocracia" ao arranjo previsto na Constituição de atribuir
ao STF o papel de poder moderador na arena política brasileira. [quem modera o STF?] No livro "A Batalha dos Poderes", Vilhena defende que, em 1988, os
constituintes buscaram consolidar o renascimento da democracia
brasileira entrincheirando na Constituição o maior número possível de
direitos para evitar que, no futuro, uma nova composição do Congresso
pudesse ameaçá-los. Como contrapartida, atribuiu ao STF o poder de
guardião dessa visão constitucional e árbitro dos conflitos entre os
Poderes.
Com a hiperconstitucionalização de temas políticos, econômicos e
sociais, toda disputa de interesses acaba parando no Supremo. E essa
tendência tem se intensificado desde que a polarização entre diferentes
concepções do mundo se tornou mais aguda no Brasil. De olho em 2020 e 2022, e com o enfraquecimento daqueles que poderiam
ter a função de conter seus rompantes (Guedes, Moro e os generais), a
tendência é que Bolsonaro recorra cada vez mais a expedientes
heterodoxos para insuflar a polarização e agradar seu eleitor-raiz com
uma agenda de medidas conservadoras na esfera dos costumes.
Na tipologia proposta por Vilhena, a Constituição exige que o STF seja
responsivo diante de ameaças ao seu pacote liberal de direitos
fundamentais. Resta saber se a postura dos onze ministros será de
omissão diante da vontade de um presidente ancorado em 57 milhões de
votos,ou de usurpação de funções que, em última instância, caberiam ao
Congresso Nacional. [o Supremo precisa iniciar a sua função MODERADORA, moderando a si próprio e respeitando a independência dos Poderes, tanto a do Poder Executivo - cujo chefe represente a vontade de quase 60.000.000 de eleitores - e a do Poder Legislativo, que tem o PODER, conferido pela Constituição de LEGISLAR.
O Supremo pode até ter recebido, mediante arranjo, o papel de poder moderador, mas, tem o dever de começar a exercer tal poder MODERANDO suas decisões e respeitando a Constituição Federal e contendo seu furor legiferante.
Já o Poder Legislativo deve se ater a legislar e não interferir na seara do Poder Executivo.]
Até aqui, a maioria das decisões progressistas do Supremo se deu num
contexto em que a Presidência era exercida por partidos de
centro-esquerdaque comungavam com sua visão. O jogo agora mudou. Como o
STF vai se posicionar diante de um presidente conservador e com
pendores autoritários? [e eleito com quase SESSENTA MILHÕES DE VOTOS.]A insistência de Bolsonaro em sinalizar que indicará um ministro
evangélico para o STF faz parte da estratégia.
[pela Constituição Federal - cantada em prosa e verso quando serve aos interesses dos progressistas e dos adeptos do maldito 'politicamente correto' - é competência do presidente da República indicar ministros para os tribunais superiores e STF (desde que os indicados, que não precisam ser bacharel em direito, preencham os requisitos estabelecidos na Lei Maior, o que não exclui os evangélicos.),
cabendo ao Senado aprovar a indicação mediante sabatina.] Resta saber se, num
eventual embate com o Supremo, ele também enviará um jipe, um soldado e
um cabo.
Foto de arquivo - Policiais em frente à
Casa Branca em Washington nos Estados Unidos - 30/10/2017 (Chip
Somodevilla/Getty Images)
O presidente Jair Bolsonaro parte neste
domingo para os Estados Unidos, primeira investida internacional depois
da discreta passagem por Davos, para muitos uma presença decepcionante. [se Bolsonaro se empolgasse e usasse os 45' que tinha em Davos, seus eternos e desesperados críticos (aceitam o fato que Bolsonaro, com as Bênçãos de DEUS, presidirá o Brasil até 32 dez 2022, com chances de reeleição) diriam que ele falou bobagem, deveria ter falado menos, por ser inexperiente, etc, etc; falou pouco o martirizam por ter desperdiçado tempo, quando sabemos que o dito em Davos tem valor mínimo, mero cosmético, o que vale é o negociado por trás do palco.] Embarca após um gol de placa de seu governo:o leilão para concessão de
12 aeroportos que rendeu ao Tesouro R$ 2,37 bilhões, 10 vezes mais do
que o previsto. O temor é que esses bons ventos sejam desperdiçados com
estultices, tão usuais nos costumes do visitante e do anfitrião. A agenda do presidente brasileiro envolve acordos para a
utilização da base de Alcântara e troca de tecnologias, pauta construída
pelo atual embaixador Sérgio Amaral, que está com os dias contatos em
Washington. Oficialmente não há nada previsto quanto à saia justa da
taxação dos Estados Unidos ao aço brasileiro, tema relevante para a
economia nacional.
A questão crucial será mesmo a Venezuela. O governo Trump conhece a
posição brasileira contrária a Nicolás Maduro e tende a pressionar o
Brasil para que faça mais do que apoiar Juan Guaidó e ajudar
venezuelanos na fronteira. Trump não vai sossegar até ter algum êxito em
meter o Brasil mais firmemente nesse imbróglio. Ainda que consiga sair ileso, o Brasil deverá amargar derrapadas diplomáticas. Correndo por fora e previsto para ocorrer antes mesmo da
reunião com Donald Trump, fala-se de um jantar de Bolsonaro com Steve
Bannon — ex-assessor de Trump, hoje persona odiada pelo presidente
americano —, articulado pelo guru Olavo de Carvalho, que, nos últimos
tempos, anda para lá de injuriado. Embora proteja o seu pupilo, o
autointitulado filósofo tem desancado com gente do governo nas redes,
espalhando ira para todos os cantos. Brigou feio com o vice-presidente
Hamilton Mourão, alimentou um pandemônio no Ministério da Educação e até
pediu que seus alunos deixassem a pasta.
Carvalho tem influência inegável. Além de ter indicado os
ministros da Educação e das Relações Exteriores, exibe vitórias
significativas no embate entre os fundamentalistas, que ele representa, e
que querem banir a “esquerda” do planeta, e os pragmáticos, defensores
de um governo de resultados, em especial na economia. Com um viés sempre
conspiratório, é ainda um dos mais ferrenhos críticos da imprensa. Mas,
pelo que se sabe, Carvalho, mesmo próximo aos trumpistas, não meteu o
bedelho na agenda do ex-capitão na América. De Eduardo, um dos filhos do presidente, vem a ideia de acabar
com a exigência de visto para americanos no Brasil. Com endosso do
chanceler Ernesto Araújo e o argumento de desburocratizar a entrada de
turistas e de dólares, a concessão do benefício de forma unilateral joga
por terra o conceito de reciprocidade, regra cara ao Itamaraty, que o
país aplica, indiscriminadamente, desde sempre. O visto é obrigatório
para visitantes das nações que o exigem dos brasileiros. E não há nada
que justifique a excepcionalidade. [americanos sem visto só com reciprocidade; sem reciprocidade, americanos só entram no Brasil com visto.] O encontro tête-à-tête com Trump só acontece na terça-feira.
Uma cúpula de 20 minutos com mais 30 minutos de atendimento aos
jornalistas nos jardins da Casa Branca. Até lá, o ídolo absoluto de
Bolsonaro não terá um único minuto para pensar no Brasil. Continuará
enrolado com questões internas, a começar pela inédita derrota sofrida
no Senado, que, com apoio de alguns de seus partidários republicanos,
barrou a emergência nacional para remanejar recursos do orçamento em
favor do muro na fronteira do México. Sem pensar duas vezes, Trump
protagonizou outro ineditismo: usou seu poder de veto para reverter a
derrota, o que pode refletir na perda de controle do Legislativo,
inclusive dentro de seu partido.
É esse Trump tipo durão, de arma em punho, do faço e aconteço, que Bolsonaro cultua.
Talvez o presidente brasileiro não tenha se atinado que esse lado do
magnata é folclore, piada. Mas o pior é transformar a chacota em loas,
tendo-a como mérito a ser louvado, como fez o deputado Eduardo Bolsonaro
ao resumir sua expectativa do encontro do pai: “Os dois são pessoas
muito carismáticas, não vão pela linha do politicamente correto, [cabe acrescentar: repudiam a ditadura da diversidade.] detêm
muitas afinidades”. Uma coisa é certa: as redes sociais vão bater recordes durante a
jornada norteamericana. Que o santo padroeiro do Twitter nos proteja de
todos os males. Talvez assim o Brasil se safe.
Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan
O governo afunda sozinho na areia movediça sobre a qual apoiou seu edifício
O Floriano Peixoto de ontem, marechal de ferro, armas na mão, salvou a
República da reação oligárquica. O de hoje, um comandante testado no
terremoto do Haiti, integra-se ao círculo de aço de militares
encarregados de salvar o governo do caos engendrado pelo próprio
presidente. A substituição de Bebianno converte Onyx Lorenzoni no único
civil remanescente no núcleo de ministros que despacham do Planalto.
Junto dele, figuram três generais: Augusto Heleno, chefe do GSI, Santos
Cruz, na Secretaria de Governo, e Floriano, na Secretaria-Geral. De
fato, um mês e meio após a posse, assistimos ao ensaio da inauguração de
um segundo governo Bolsonaro.
A demissão de Bebianno pode ser narrada em dois registros alternativos.
Na linguagem do recreio do pré-primário: um chamou o outro de mentiroso,
feio e bobo. No idioma compartilhado entre milicianos e facções do
crime: um qualificou o outro como traíra, X-9. De um modo ou de outro, o
evento veicula uma lição de ciência política: o governo Bolsonaro, na
sua versão original, é um experimento patológico destinado a perecer sob
o efeito das toxinas empregadas na sua concepção. Os militares
finalmente entenderam isso. Nos idos de 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, a cúpula militar
encarava Bolsonaro com indisfarçável desprezo. O ex-capitão baderneiro
cercava-se por constelações de extremistas de redes sociais que gritavam
pela "intervenção militar", ameaçando poluir os quartéis com os gases
da política golpista.
Dali, numa brusca oscilação, os chefes fardados entusiasmaram-se com uma
candidatura que prometia recuperar a estabilidade econômica, exterminar
a corrupção e destruir as cidadelas do crime organizado. A velha
desconfiança dos políticos profissionais, os ressentimentos nutridos
pelas comendas oficiais concedidas a Marighella e Lamarca, o sonho
desvairado de restauração da imagem da ditadura militar contribuíram
para o imprudente abraço dos militares ao candidato da direita
populista.
Do desprezo ao entusiasmo —e deste ao pânico. O clã familiar dos
Bolsonaro, permeado por loucas ambições, inclina-se à guerra palaciana
permanente. As cliques do baixo clero parlamentar que rodeiam Lorenzoni e
Bebianno prometem engolfar o governo em perenes disputas mesquinhas. Os
dois ministros nomeados por Olavo de Carvalho, o Bruxo da Virginia,
personagens atormentados por moinhos de vento puramente imaginários,
fabricam crises fúteis em série. Segundo o diagnóstico dos chefes
militares, o governo afunda sozinho na areia movediça sobre a qual
apoiou seu edifício improvisado.
Você disse "fascismo"? Sentenças odientas pontilham discursos das
autoridades. Um projeto de lei assinado por Moro concede às polícias uma
licença irrestrita para matar. No Rio de Janeiro, sob o influxo do
"espírito do tempo", noticia-se uma chacina policial no Morro do Fallet e
tiros fatais de snipers na favela de Manguinhos. Mas só há "fascismo"
na literatura vulgar de uma esquerda que tudo esqueceu ou nada leu. [as ações criticadas, gratuitamente, neste parágrafo representam os melhores do governo Bolsonaro - outros, com certeza virão.
As ações criticadas livraram a sociedade de alguns - poucos, ainda - bandidos.] O
governo Bolsonaro, tal como exposto pelo episódio constrangedor da
demissão de Bebianno, carece de coesão organizativa, estrutura
político-partidária e coerência ideológica mínima.
"Fascismo"? Bolsonaro não mobiliza camisas-negras ou falanges, exceto a
militância virtual comandada pelo filho Carluxo que vitupera nos
subterrâneos da internet. Um paralelo viável não é com Mussolini, mas
com Rodrigo Duterte, o populista primitivo das Filipinas que contaminou
suas forças policiais com as práticas do vigilantismo. No Brasil, um
governo desse tipo está condenado à implosão. Daí, o alerta de pânico
ativado pelos generais do Planalto.
A defenestração de Bebianno assinala uma transição silenciosa. Que
ninguém se iluda: está em curso a "intervenção militar" pela qual
clamavam os patetas civis extremistas na hora do impeachment. [o 'impeachment' foi necessário e deveria ter ocorrido já na primeira eleição do marginal Lula - para tanto o correto teria sido a criação dos mecanismos necessários.
O governo Bolsonaro tem potencial para ser excelente; apenas algumas falhas, em sua maioria de 'modus operandi' e sempre maximizadas nos aspectos negativos por parte da Imprensa, estão causando uma má impressão.
Mas, há tempo para as correções e a presença militar é sempre necessária e bem-vinda - é notório que nenhum dos militares presente no primeiro escalão do atual governo é alvo de qualquer tipo de acusação.]
Hamilton Mourão (PRTB) será vice na chapa do candidato
do PSL[gostando ou não, vão ter que engolir Bolsonaro.]
Quando se
lançou pré-candidato à Presidência, logo após obter a maior votação para
deputado federal no Rio em 2014, Bolsonaro era conhecido apenas como um
militar da reserva atuante na pauta conservadora. Desde então, com um eficiente
trabalho de redes sociais, conseguiu transbordar seu discurso para o setor
rural, o meio produtivo e conquistou simpatia até da elite financeira de São
Paulo.
Depois de
flertar sem sucesso com diversos partidos, anunciou neste domingo a aliança com
o miúdo PRTB, eternamente presidido por Levy Fidelix, cuja única pauta
conhecida das vezes que disputou a Presidência da República é o chamado
“aerotrem”.Como a legenda aumenta em apenas dois segundo o tempo de TV do
ex-capitão, a face efetivamente relevante do acordo será a indicação do general da reserva Hamilton Mourão como vice
de Bolsonaro.
A opção
por um militar vai na contramão da estratégia básica de candidatos ao poder
Executivo, que tentam escolher vices que ajudem a diminuir as resistências que
sofrem em determinados setores ou agreguem votos e máquinas partidárias. Mourão
tem exatamente o mesmo perfil do cabeça da chapa: é militar, conservador,
antipetista e chegou a propor uma intervenção militar. [os críticos esquecem de considerar que pode ser este o perfil que o brasileiro quer e o Brasil precisa?]
Após ter
conquistado cerca de 20% do eleitorado, e estabilizado nesse patamar, Bolsonaro
precisa hoje agregar votos de setores que não rezam fielmente por toda a sua
cartilha. A indicação de Mourão, no entanto, só fortalece o núcleo mais radical
de sua base de apoio, que embora tenha sido a origem do movimento que o levou a
liderar a disputa pré-eleitoral - também é o cerne de seus altos índices de
rejeição.