Josmar Jozino - UOL
Oito horas depois de ser colocado em liberdade, o narcotraficante André
Oliveira Macedo, 43, o André do Rap, teve a soltura cassada pelo ministro Luís
Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao deixar a penitenciária 2 de
Presidente Venceslau (SP), o chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital)
prometeu ir para casa, no Guarujá, litoral de São Paulo. Porém, seu destino
verdadeiro foi outro lugar. André do Rap chegou de carro até a cidade
paranaense de Maringá, onde pegou um avião particular até o Paraguai.
[Em Post de ontem sobre a 'suprema' decisão liberando criminoso perigosíssimo perguntamos: "chega ou querem mais?".
Apresentamos uma nova pergunta, sem retirar a de ontem: "e agora, como fica?". Cabe também perguntar: até quando decisões judiciais que libertam presos condenados a longas penas, ligados a organizações criminosas, serão expedidas tendo como garantia apenas o compromisso do criminoso de que se apresentará sempre que a Justiça o convocar? = algo do tipo assegurando ficará em casa ao inteiro dispor das autoridades judiciárias.
Bandidos condenados a longas penas, não podem ser soltos devido filigranas jurídicas.]
As
informações são de fontes do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e de
investigadores policiais que seguiram veladamente André do Rap. André do Rap havia sido solto por
determinação do ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Por volta das 21h30 de
hoje, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), Luís Fux cassou a
soltura do criminoso.
Graças a essas trapalhadas judiciais, os três maiores narcotraficantes do país, ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), deixaram a prisão pela porta da frente, apesar de condenados, e sumiram. Eles são responsáveis pelo envio de dezenas de toneladas de cocaína para a Europa nos últimos anos. Os narcotraficantes foram investigados durante dois anos pela Polícia Federal, na Operação Oversea, deflagrada para desmantelar as ações do PCC nas remessas mensais de drogas para a Europa via porto de Santos, e acabaram denunciados à Justiça Federal por tráfico internacional.
No luxuoso imóvel, havia dois helicópteros e uma lancha. Só a embarcação foi avaliada em R$ 6 milhões. André do Rap chegou a ter outros 44 barcos. No entendimento do STF, o narcotraficante estava preso desde o final de 2019 sem uma sentença condenatória definitiva, ultrapassando o limite de tempo estabelecido pela legislação brasileira. Ao assinar o alvará de soltura na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, presídio destinado a presos do PCC considerados de alta periculosidade, André do Rap foi advertido de que teria de atender aos chamados judiciais e não mudar de residência. O narcotraficante forneceu como endereço a rua Júlio Inácio de Freitas, número 1, em Vicente de de Carvalho, no Guarujá. Para o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco de Presidente Prudente e um dos responsáveis pelas ações de combate ao PCC em São Paulo, André do Rap não vai se entregar e, sim, voltar a comandar o narcotráfico para a maior facção criminosa do Brasil.
Parceria no crime
Admirador de Pablo Escobar, narcotraficante colombiano, Anderson também
mantinha um mini zoológico em Santa |sabel (SP), além de veículos importados e
luxuosas mansões em condomínios na grande São Paulo e na praia Riviera de São
Lourenço, em Bertioga, Litoral Norte. O patrimônio dele é estimado em R$ 150
milhões. Anderson foi condenado a sete anos de prisão na Operação Oversea, da
PF, por tentar enviar 32 kg de cocaína para a Europa, via porto de Santos, em
2014. A droga era destinada à máfia italiana Ndrangueta, da Calábria. Ele está
com prisão decretada pela Justiça de Guarulhos e é procurado pelo crime de
lavagem de dinheiro. Em abril de 2010, ele Em abril de 2010, ele havia sido
preso pela PF na Operação Alquimia, acusado por tráfico de drogas em Mongaguá.
Em agosto de 2011, a 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de
São Paulo mandou soltá-lo por excesso de prazo para formação de culpa.
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