A invasão da Ucrânia por tropas da Rússia, com todos os seus desdobramentos em matéria de destruição, violência extrema e martírio da população civil, permite uma comparação muito interessante com o
Brasil neste ano eleitoral de 2022.
É simples: separe, um por um, todos os candidatos à Presidência da República, e
veja se algum deles, qualquer deles, seria capaz de se comportar como o presidente Volodmir Zelenski está se comportando na guerra
contra o seu país. Zelenski não fugiu. Não se rendeu. Não renunciou. Não
está de quatro em busca de um acordo com os russos. Ficou no seu cargo,
assumiu as suas responsabilidades e colocou um colete à prova de bala
para enfrentar o inimigo. Corre risco de vida, mas até agora teve a
coragem de cumprir suas obrigações. [Um comentário: tudo bem! Zelenski não praticou nenhum ato que possa ser interpretado como covardia; só que também não praticou nenhum ato que possa ser classificado como de coragem. O presidente ucraniano não fugiu, mas também não se expõe, ainda que em uma breve demonstração de ação, leva a maior parte do tempo em discurseira vazia, incitando seus presididos ao combate, cobrando dos 'aliados' coisas que ele sabe não serão fornecidas e levando o povo ucraniano a por pura ingenuidade ou excesso de confiança a uma batalha em que já entram perdendo.]
Os ataques russos à Ucrânia
começaram na madrugada do dia 25 de fevereiro. Zelenski não fugiu.
Assumiu suas responsabilidades para enfrentar o inimigo. Corre risco de
vida, mas até agora teve a coragem de cumprir suas obrigações. Qual dos
candidatos presidenciais brasileiros faria a mesma coisa?
Qual dos candidatos
presidenciais brasileiros, honestamente, você vê fazendo a mesma coisa?
Num país onde as classes intelectuais, os artistas e os partidos de
esquerda querem entregar a Amazônia para a administração da ONU, de
militantes ambientais ou do Rei da Noruega, as nossas possibilidades,
nessa comparação com o presidente da Ucrânia, parecem bem escassas.
Pense em cada candidato; veja, com serenidade, quem é capaz de fazer o
que o presidente Zelenski está fazendo. O Brasil, por sorte, não foi
invadido pela Rússia, nem por ninguém, e não vai ser. É realmente um
alívio.
Aqui um grupo de candidatos
soltou uma valente exigência, a 15.000 km de distância dos combates,
para que o Brasil assuma uma posição “mais rigorosa” contra a Rússia,
além da declaração em favor da paz que já fez na ONU; vamos ver o que
faria cada um deles quando a primeira bomba explodisse a um quilômetro
do Palácio do Planalto.
O PT, por sua vez, conseguiu o feito de lançar
duas notas oficiais sobre o mesmo assunto, uma depois da outra e com a
segunda desmentindo a primeira. A nota inicial condenava o “imperialismo
americano”. A que veio em seguida assumiu uma neutralidade vazia, tola e
pusilânime. O companheiro Maduro, na Venezuela, hoje a estrela-guia de
Lula, foi mais honesto – disse logo que é a favor da invasão e pronto.
O Brasil de hoje é o país da
“engenharia política”, dos acordos Lula-Alckmin, do “Centrão” e por aí
afora. Aqui um ministro do STF tem medo do barulho dos aviões da FAB
que, segundo ele, “quebram os vidros” do seu palácio, mesmo que ninguém
tenha visto até hoje nem um pedaço desses vidros quebrados. O presidente
Zelenski, realmente, parece viver em outro planeta.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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