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domingo, 29 de outubro de 2023

Autoridades erram feio na Segurança e transformam Rio de Janeiro em território ocupado pelo crime - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Governos ficam lamentando, falam em mandar ‘tropas’, mas sabem que tudo o que tem de fazer é simular atividade e ficar esperando o tempo passar

O Congresso Nacional, o supremo sistema judiciário e as classes intelectuais, que querem pensar por todos os brasileiros, transformaram o Brasil num território livre para o crime
Tomaram 30 anos atrás, ou algo assim, uma decisão fundamental: ficar ao lado dos criminosos e contra os cidadãos. 
 Com o apoio da maior parte da mídia, dos “movimentos sociais” e dos advogados criminalistas mais bem pagos, o Poder Legislativo passou a aprovar sistematicamente, nestas três décadas, leis em benefício direto da bandidagem e dos bandidos.

A grande teoria é que o crime, no fundo, é um “problema social”, causado pela pobreza, pela incompetência dos governos e pela “sociedade”. Enquanto não se resolver isso tudo, sustenta o “campo progressista”, a prioridade do poder público não pode ser a repressão aos atos criminosos. Tem de ser a recuperação moral dos bandidos, a oferta de oportunidades para que possam viver honestamente e, acima de tudo, a multiplicação permanente dos seus direitos diante da Justiça.

Ônibus incendiado no Rio após morte de miliciano; regiões inteiras da cidade não fazem mais parte do território nacional Foto: Pedro Kirilos/Estadão - 23/10/23
Deu espetacularmente certo para os criminosos – e errado para o cidadão. Na última explosão de banditismo no Rio de Janeiro, os marajás do crime organizado queimaram ônibus, fecharam ruas e mostraram quem manda nas suas áreas de ação. 
O trabalhador ficou sem transporte. É o “novo normal” do Rio. 
Regiões inteiras da cidade não fazem mais parte do território nacional; é como se tivessem sido ocupadas por uma tropa estrangeira, que não reconhece a existência da República Federativa do Brasil, nem do “Estado”. 
Nos episódios mais recentes de violência, inclusive, as quadrilhas capricharam em esfregar na cara dos governos que no país controlado por elas existe a pena de morte – e que estão dispostas a continuar aplicando suas sentenças. 
As autoridades ficam lamentando; falam em mandar “tropas”, mandar “verbas”, mandar o Batman. Sabem que tudo o que tem de fazer no momento é simular atividade e ficar esperando o tempo passar. Daqui a pouco as pessoas esquecem – e o Rio de Janeiro voltará às suas condições normais de temperatura e pressão.

Os brasileiros que cumprem a lei sabem, há muito tempo, que o Estado deixou de assegurar o seu direito constitucional à vida.  

Sabem, também, que os peixes graúdos do aparelho público que controlam as suas vidas, além dos milionários, vivem num país onde não há crimes, nem qualquer ameaça para a sua segurança pessoal – rodam em carros blindados, têm esquadrões armados em sua volta e não precisam chegar a menos de 50 metros de distância da população. Sua única preocupação é condenar a até 17 anos de cadeia os acusados de um quebra-quebra que consideram “golpistas”.

 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 


quinta-feira, 3 de março de 2022

Qual concorrente ao Palácio do Planalto teria a coragem do presidente ucraniano? - O Estado de S. Paulo

J.R. Guzzo

Num país onde intelectuais, artistas e partidos de esquerda querem entregar a Amazônia para a administração da ONU, de militantes ambientais ou do Rei da Noruega, nossas possibilidades, nessa comparação com Zelenski, são bem escassas

 
A invasão da Ucrânia por tropas da Rússia, com todos os seus desdobramentos em matéria de destruição, violência extrema e martírio da população civil, permite uma comparação muito interessante com o Brasil neste ano eleitoral de 2022. É simples: separe, um por um, todos os candidatos à Presidência da República, e veja se algum deles, qualquer deles, seria capaz de se comportar como o presidente Volodmir Zelenski está se comportando na guerra contra o seu país. Zelenski não fugiu. Não se rendeu. Não renunciou. Não está de quatro em busca de um acordo com os russos. Ficou no seu cargo, assumiu as suas responsabilidades e colocou um colete à prova de bala para enfrentar o inimigo. Corre risco de vida, mas até agora teve a coragem de cumprir suas obrigações.  [Um comentário: tudo bem! Zelenski não praticou nenhum ato que possa ser interpretado como covardia; só que também não praticou nenhum ato que possa ser classificado como de coragem.
O presidente ucraniano não fugiu, mas também não se expõe, ainda que em uma breve demonstração de ação,  leva a maior parte do tempo em discurseira vazia, incitando seus presididos ao combate, cobrando dos 'aliados' coisas que ele sabe não serão fornecidas e levando o povo ucraniano a  por pura ingenuidade ou excesso de confiança a uma batalha em que já entram perdendo.] 

Os ataques russos à Ucrânia começaram na madrugada do dia 25 de fevereiro. Zelenski não fugiu. Assumiu suas responsabilidades para enfrentar o inimigo. Corre risco de vida, mas até agora teve a coragem de cumprir suas obrigações. Qual dos candidatos presidenciais brasileiros faria a mesma coisa?

Qual dos candidatos presidenciais brasileiros, honestamente, você vê fazendo a mesma coisa? Num país onde as classes intelectuais, os artistas e os partidos de esquerda querem entregar a Amazônia para a administração da ONU, de militantes ambientais ou do Rei da Noruega, as nossas possibilidades, nessa comparação com o presidente da Ucrânia, parecem bem escassas. Pense em cada candidato; veja, com serenidade, quem é capaz de fazer o que o presidente Zelenski está fazendo. O Brasil, por sorte, não foi invadido pela Rússia, nem por ninguém, e não vai ser. É realmente um alívio.

Aqui um grupo de candidatos soltou uma valente exigência, a 15.000 km de distância dos combates, para que o Brasil assuma uma posição “mais rigorosa” contra a Rússia, além da declaração em favor da paz que já fez na ONU; vamos ver o que faria cada um deles quando a primeira bomba explodisse a um quilômetro do Palácio do Planalto

O PT, por sua vez, conseguiu o feito de lançar duas notas oficiais sobre o mesmo assunto, uma depois da outra e com a segunda desmentindo a primeira. A nota inicial condenava o “imperialismo americano”. A que veio em seguida assumiu uma neutralidade vazia, tola e pusilânime. O companheiro Maduro, na Venezuela, hoje a estrela-guia de Lula, foi mais honesto – disse logo que é a favor da invasão e pronto.
 
 O Brasil de hoje é o país da “engenharia política”, dos acordos Lula-Alckmin, do “Centrão” e por aí afora. Aqui um ministro do STF tem medo do barulho dos aviões da FAB que, segundo ele, “quebram os vidros” do seu palácio, mesmo que ninguém tenha visto até hoje nem um pedaço desses vidros quebrados. O presidente Zelenski, realmente, parece viver em outro planeta.

J. R.  Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 25 de junho de 2019

O capitão bate na mesa

Bolsonaro mostra aos generais quem manda e imobiliza adversários de 2022

Enquanto novas pesquisas de popularidade não vêm, o presidente Jair Bolsonaro bateu na mesa, mostrou aos generais quem manda, manteve seus filhos nomeando pessoas-chave e, engrenando uma segunda, na contramão do que dissera na campanha, deixou claro que vai disputar a reeleição.  [detalhes: 
- o presidente Bolsonaro declarou na campanha que se fosse apresentada uma emenda acabando com a reeleição ele não seria contra;
- apesar do presidente ser um capitão do Exército, diante dos principios de hierarquia e disciplina os militares - o que  inclui os oficiais quatro estrelas, da ativa e mesmo os  com comando de tropas - ele é considerado  não um capitão e sim o presidente da República =  comandante supremo das Forças Armadas;
- provando que o ditado ninguém é perfeito, errar é humano - ressalvando que persistir no erro é diabólico - vale para todos o presidente Bolsonaro insistem em aceitar que seus filhos se intrometam no exercício da função para qual ele foi eleito e não os filhos.] 
 
Os ambientes e a oportunidade do lançamento à reeleição foram escolhidos a dedo: na cidade onde cresceu, a pequena Eldorado (SP), e na Marcha para Jesus, na capital paulista. Dos 57 milhões de votos que Bolsonaro teve, em torno de 22 milhões são atribuídos aos evangélicos. As imagens só poderiam ser o que foram: festa, aplausos, apoio emocionado. Quanto à oportunidade: quando o governador João Doria começa a botar as manguinhas de fora, o ministro Sérgio Moro está na palma da mão do presidente e o vice Hamilton Mourão anda quieto como nunca. Detalhe: Bolsonaro falou em reeleição dele, não da chapa dele. Assim, demarcou território, botou os potenciais adversários nos devidos lugares e jogou a isca para seus eleitores e seu rebanho.

Demite um general daqui, outro dali, o capitão presidente está preocupado mesmo é com sua base eleitoral, incluídas as tropas, não os chefes militares. Quando o general Santos Cruz (defenestrado da Secretaria de Governo) acusou o governo de ser “um show de besteiras”, muitos concordaram plenamente, mas Bolsonaro deu de ombros.  Personagem central já na campanha, o também general Augusto Heleno tinha a missão de dar conselhos, segurar os excessos e corrigir erros do presidente como a tal base militar dos EUA. Era assim. Agora, Bolsonaro manda, Heleno escuta. Para completar, Bolsonaro empurrou o general Floriano Peixoto para os Correios e pôs no seu lugar na Secretaria-Geral da Presidência o major PM Jorge Oliveira, amigão da família e ex-assessor do gabinete do “03”, deputado Eduardo Bolsonaro. Trocar um general do Exército por um major da PM na mesma função é esquisito, mas o presidente deu o seu recado: o governo é dele, ele faz o quer.

Outra mudança curiosa foi na articulação política:
sai o deputado e chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entra o general de quatro estrelas da ativa Luiz Eduardo Ramos, outro amigão do presidente. Ninguém aposta um tostão furado na permanência de Onyx por muito tempo no Planalto.  O ministro, porém, não tem do que reclamar. Diferentemente do general Juarez Cunha e do economista Joaquim Levy, ele não foi demitido pela imprensa. E, diferentemente dos generais Santos Cruz e Franklimberg de Freitas, ex-Funai, nem mesmo foi demitido. Vai ficando, comemorando a troca da articulação política pelo PPI, o programa de parceria de investimentos, bem estruturado, com cronograma definido e bilhões de reais à mão. A troca foi boa? Há controvérsias.
De toda forma, Onyx se livrou de um abacaxi, porque, seja um deputado, seja um general da reserva, seja um da ativa, não adianta. O problema da articulação política não é do titular, mas no presidente, que passou 28 anos na Câmara, mas se recusa a fazer política, a boa política.  No Congresso, a pergunta que não quer calar é: por que o presidente descarta o “banco de talentos” indicado por parlamentares, mas um só deputado, o “03”, já nomeou o chanceler, o primeiro e o segundo ministro da Educação, o presidente do BNDES e, agora, o secretário-geral da Presidência?

Câmara e Senado trabalham a pleno vapor, como, justiça seja feita, algumas áreas técnicas do governo. Enquanto isso, o presidente está no palanque, com criancinhas no colo, fazendo flexões, envolto por multidões e metido em camisas do Flamengo. Se a economia se recuperar, pode até dar certo. Se não, parece pouco para garantir a reeleição.


Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

 




domingo, 31 de março de 2019

A REVOLUÇÃO DE 31 de março de 1964 E OS MORTOS QUE O BRASIL NÃO CHORA E NÃO HONRA!




Uma das premissas para um povo se tornar uma nação evoluída é conhecer e respeitar o seu passado histórico. A história dos povos está cheia de erros e acertos; eventualmente e temporariamente estes dois aspectos se confundem ao sabor dos tempos. Mas não há nada como o decorrer dos dias...

Durante 21 anos a partir do dia 31 de março de 1964 o Brasil viveu sob a égide de cinco presidentes militares. Foram anos difíceis e conturbados. Eram dias perigosos no mundo inteiro. Os mais jovens não se recordam: havia a guerra fria e o Muro de Berlim. Havia o capitalismo e o comunismo. Havia a liberdade e a escravidão do pensamento. 

O Brasil foi levado de roldão pelo furacão da história e não saiu ileso. Quando o General Mourão Filho movimentou as suas tropas na madrugada de 31 de março dando início à Revolução de 1964, o comunismo fincava suas garras sobre o território brasileiro já de longa data. Não fosse a coragem e o patriotismo de um punhado de oficiais das nossas Forças Armadas, o Brasil teria sido submetido durante longos anos ao terror da longa noite comunista. Somente os mais desinformados ainda acreditam que a esquerda implantara a luta armada em favor da democracia. 

Os “anos de chumbo” foram na verdade o período em que duas ideologias antagônicas se digladiaram no Brasil, a exemplo do que ocorreu na Coreia, Vietnam ou nos países do leste europeu tentando se libertar da opressão do monstro soviético. A grande questão é que aqui no Brasil se permitiu que os perdedores escrevessem a história a seu bel prazer e sem nenhum compromisso com a verdade e com os fatos ocorridos. Decorre desta omissão dos vencedores a ignorância da nossa juventude.

Assim, nossos jovens em mais um aniversário da  Revolução de 31 de março, continuam acreditando em heróis de papel, chavões de marqueteiros e mentiras cuidadosamente repetidas. Homens e mulheres dos dois lados tombaram naqueles anos: militares, militantes e inocentes. O terrorismo comunista não poupou o solo brasileiro e também aqui deixou a sua marca de sangue, dor e ódio. Os mortos daqueles anos (não importando o lado em que estivessem) nos encaram dos seus túmulos e perguntam: valeu a pena o nosso sacrifício? Militares e militantes – e aqui excluo os inocentes que morreram vítimas da luta instalada no Brasil – lutaram e morreram defendendo os ideais em que acreditavam. Merecem respeito justamente por isso, ainda que a esquerda tenha escolhido o caminho errado da guerrilha e do terrorismo. Merecem respeito porque na sua ótica lutavam por um Brasil que acreditavam poderia ser melhor. É preciso recordar-se que naqueles anos (1960/1970) o projeto comunista/socialista ainda não havia naufragado miseravelmente no lamaçal da corrupção e da incompetência. 

Nossos jovens daqueles anos parecem ter convivido com Theodore Roosevelt, que certa ocasião afirmou: "é muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota." Os jovens de hoje, com raríssimas e honrosas exceções, formam fila na penumbra cinzenta, para tristeza de nossa Pátria Mãe Gentil.

O Brasil não honra e não chora os seus mortos daquele período. Não os honra porque não conhece a sua verdadeira história (e a maioria nem se interessa em conhecer). Não chora justamente porque não se pode lamentar aquilo que se desconhece. O Brasil precisa fazer as pazes com a sua história. Precisa estudá-la, divulgá-la, analisá-la, discuti-la; ela precisa estar nas nossas salas de aula conduzida pelas mãos e mentes de verdadeiros Mestres e não por ideólogos de doutrinas fracassadas. Só assim, os sacrifícios daqueles anos não serão em vão. Só assim os nossos mortos serão honrados e poderão descansar em paz. Só assim poderemos nos tornar, enfim, uma grande Nação.

Robson Merola de Campos - Advogado- Transcrito do TERNUMA - Terrorismo Nunca Mais

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Tensão na fronteira

O gesto de Nicolás Maduro de impedir a entrada de ajuda humanitária na Venezuela é capaz de mudar a direção dos ventos que sopram na caserna


O povo venezuelano agoniza premido pela perversidade da ditadura de Nicolás Maduro. Os cidadãos afortunados o bastante para sobreviver à violência dificilmente escapam da fome. Os mais pobres, que compõem a maior parte da população, perderam entre 20% e 30% do peso corporal nos últimos dois anos. A maioria dos supermercados está desabastecida, mas ainda que houvesse produtos nas prateleiras não há renda que resista a uma inflação de 1.000.000% ao ano. Faltam medicamentos, água e outros insumos básicos para viver com dignidade na Venezuela.

Diante deste quadro, o mínimo esperado de Maduro seria a autorização para a entrada de ajuda humanitária internacional, permitida até em zonas conflagradas. Mas esperar uma nesga de moralidade de Maduro exigiria boas doses de otimismo e boa vontade. A entrada de ajuda foi negada. Na quinta-feira passada, o ditador ordenou o fechamento do espaço aéreo da Venezuela e das fronteiras terrestres do país com o Brasil e a Colômbia, além da fronteira marítima com a ilha de Curaçao, no mar do Caribe.

A decisão foi uma resposta à ação coordenada entre grupos de oposição ao regime liderados por Juan Guaidó, que há um mês se autoproclamou presidente constitucional da Venezuela, tendo sido reconhecido internacionalmente , os Estados Unidos e os países que fazem parte do Grupo de Lima, incluindo o Brasil, para envio de comida, água e outros itens ao país vizinho. O plano prevê que hoje sejam entregues carregamentos de ajuda a grupos de voluntários venezuelanos estacionados nas fronteiras do país com o Brasil e a Colômbia. Esses voluntários, arregimentados pela oposição liderada por Guaidó, são responsáveis por abastecer os caminhões e distribuir os insumos à população no território venezuelano.

A despeito do fechamento da fronteira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o plano para envio de ajuda à Venezuela está confirmado. Ontem, um avião da Força Aérea Brasileira chegou a Boa Vista (RR) com um carregamento de 19 lotes de arroz, 14 de açúcar, dezenas de sacos de leite em pó e caixas com diversos tipos de medicamentos para ser entregue na cidade de Pacaraima. Tropas e veículos blindados do Exército venezuelano estão na cidade de Santa Elena de Uairén, a 12 km da fronteira do país com o Brasil. Ao menos dois venezuelanos que tentaram cruzar a fronteira para o Brasil foram atingidos por tiros disparados por membros da Guarda Nacional Bolivariana no lado venezuelano. No mais grave incidente desde a escalada da tensão fronteiriça, as tropas leais a Nicolás Maduro atiraram contra um grupo de civis que tentavam manter aberta uma passagem em Gran Sabana, na fronteira com o Brasil. Um casal foi morto.

As autoridades brasileiras têm mantido a serenidade para lidar com a grave situação na fronteira com a Venezuela. O vice-presidente Hamilton Mourão disse que brasileiros não cruzarão a fronteira com a Venezuela e que um conflito armado com o país vizinho só ocorreria se o Brasil fosse atacado”. “Mas Maduro não é louco a esse ponto”, complementou Mourão, que na próxima segunda-feira participará da reunião de emergência do Grupo de Lima na Colômbia.  O momento pede temperança. Vale destacar ainda a disposição do governo brasileiro em manter o plano de envio de ajuda humanitária ao sofrido povo venezuelano.

Não se pode esquecer, no entanto, que o país vizinho detém o controle sobre o fornecimento de energia para Roraima. De uma hora para outra, Nicolás Maduro pode ordenar seu corte, afetando a vida de milhares de brasileiros. Resta saber como o Brasil reagiria a um ato hostil como esse.  Nicolás Maduro se sustenta no poder tão somente pelo apoio que ainda recebe da cúpula das Forças Armadas. Cada vez mais isolado e reconhecido como responsável direto pela miséria do povo, seu destino depende diretamente dos humores dos militares e de sua capacidade de compra de apoio. Impedir a entrada de ajuda humanitária é um gesto capaz de mudar a direção dos ventos que sopram na caserna.


Revista VEJA

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Militares brasileiros alertam para conflito interno no chavismo

Generais das Forças Armadas ouvidos pelo Estado afirmaram que o futuro de Nicolás Maduro dependerá do apoio que ainda terá dos militares venezuelanos

Generais das Forças Armadas ouvidos pelo Estado afirmaram que o futuro de Nicolás Maduro dependerá do apoio que ainda terá dos militares venezuelanos. Para eles, a Venezuela não tem uma resistência organizada. Não se tem certeza do quanto se resistiria porque não se sabe exatamente com que parte das Forças Armadas a oposição poderia contar e se esse número seria expressivo.  Os militares brasileiros lembram ainda que existem três grupos armados na Venezuela a serviço do governo. Além das próprias forças, há as milícias e a Guarda Nacional, e todos vivem das benesses dadas por Maduro. Por isso, há dúvidas sobre a proporção e se haveria algum apoio desses grupos ao líder opositor venezuelano Juan Guaidó, que se declarou presidente interino da Venezuela.

De acordo com esses militares, uma saída seria Maduro, vendo que a pressão internacional contra ele cresceu e a situação em seu país começa a sair do controle, pedir asilo a algum “país amigo” como Cuba ou Nicarágua. Mas não há previsão sobre quando isso poderia acontecer, embora as fontes militares ressaltem que nenhum país consegue conviver com a instabilidade de “dois presidentes no poder”. As mesmas fontes militares ressalvam que nada na Venezuela ocorre rapidamente, necessitando de um “período de maturação”. Os militares ouvidos torcem para que esse período seja breve.

A rapidez do Brasil em reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, conforme ele mesmo se declarou, não foi considerada precipitada. Segundo apurou o Estado, todo este desenho já estava sendo construído e foi amplamente discutido na semana passada, durante a visita do presidente da Argentina ao Brasil, Mauricio Macri.  Fontes do governo brasileiro asseguram que não há o menor risco de qualquer envolvimento das Forças Armadas brasileiras com a Venezuela. Os militares, assim como a diplomacia brasileira, estão acompanhando atentamente o desenrolar dos fatos. Nesta quarta-feira, 23, quando ocorreram confrontos e tumultos no país vizinho, não houve registro de aumento significativo de entrada de venezuelanos no Brasil. Embora as Forças Armadas estejam alertas, não há nenhuma movimentação de tropas nas fronteiras com a Venezuela.  

Há, no entanto, uma grande preocupação com a possibilidade de confronto entre os próprios militares venezuelanos, em razão da tensão provocada pela promessa de anistia a militares que desertarem, feita pela oposição. Hoje, a cúpula das Forças Armadas venezuelanas está comprometida com o governo Maduro. Na avaliação dos oficiais brasileiros, eles foram corrompidos a ponto de existirem mais de 2 mil generais, número considerado “absurdo”. No Brasil existem cerca de 150 generais. 

Maduro seguiu o receituário de Hugo Chávez e alimentou a lealdade das Forças Armadas com cargos políticos e posições de comando em estatais. No entanto, a avaliação de militares é que existem focos de resistência interna, em postos mais baixos. Os militares de baixa patente, vendo o apoio crescente de organizações internacionais e de várias nações, poderiam ajudar a sustentar Guaidó, evitando sua prisão. Além das Forças Armadas, a Guarda Nacional e as milícias são fortes apoiadoras do chavismo e de Maduro.

Armados e com poder similar ao de forças policiais, os integrantes da guarda são conhecido por reprimir manifestantes, como visto durante a última onda de protestos na Venezuela, em 2017. Segundo as fontes ouvidas pelo ‘Estado’, com o governo brasileiro apoiando o governo de oposição na Venezuela, as autoridades militares e diplomáticas estarão em alerta máximo, aguardando a evolução dos fatos, para que o presidente Jair Bolsonaro possa dar os próximos passos em relação ao país vizinho.

O Estado de S. Paulo
 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Ideias do ministro Santos Cruz

Santos Cruz quer “portas abertas” para a imprensa em seu gabinete e diz que a transparência é fundamental para se descobrir rápido casos de corrupção

O ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz acha que houve uma falha geral da sociedade brasileira, inclusive da imprensa, que não viu em tempo os absurdos de corrupção que ocorreram no Brasil. Ele acredita que as instituições deveriam ter dado o alerta antes, diante de tantos sinais de que algo estava errado. Ele diz que da parte dele está preparado para manter diálogo franco com movimentos sociais, imprensa, políticos. Avisou que o governo vai punir tanto a invasão de propriedade do MST quanto o grileiro que ocupar terra pública.
Santos Cruz teve uma carreira impressionante no Exército, no Brasil e no exterior. Viveu oito anos fora do país, nos Estados Unidos, na Rússia, na África. Comandou na ONU forças de paz e tropas em ofensiva de guerra. Durante a operação militar no Congo, dava entrevistas frequentes para as grandes redes de televisão do mundo. Órfão desde muito cedo, e sem qualquer parente nas Forças Armadas, ele é a prova da capacidade de formação de quadros do Exército brasileiro. A escrivaninha e a mesa de trabalho do gabinete da Secretaria de Governo estavam ocupadas por papéis quando entrei lá para entrevistá-lo. Ele se entende naquele amontoado de pastas dos muitos assuntos que está estudando. Tem notado nas suas análises dos documentos muitos sinais de desperdício. É inevitável pensar que aquela mesma sala foi ocupada por Geddel Vieira Lima para quem, naquela quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República havia pedido 80 anos de prisão.— Como ninguém viu? R$ 51 milhões circularam pelo país, foram sacados, transportados até chegar no apartamento. Como ninguém viu? — pergunta ele.
O fato de ter tido uma formação militar e estar agora num cargo de negociação com políticos e com a sociedade não o preocupa: — Não tem problema nenhum. Você tem princípios de educação, conversar com pessoas, escutar, ter consideração, princípios de vida que a gente utiliza em qualquer situação. Infelizmente, a prática política foi deturpada como um jogo de interesses.

Ele diz que o dia a dia dessa conversa com bancadas e partidos será exercido com a Casa Civil. Sob o seu comando está também a Secom, responsável pela comunicação. Ele não pensa no momento em fechar a EBC, Empresa Brasileira de Comunicação, que tem duas televisões. Está estudando como reduzir os custos e o número de pessoal: — Na relação com a imprensa, quero abertura total, porta aberta, porque é a única forma de conseguir que não se tenha a surpresa que tivemos nos últimos 10 anos.
A surpresa a que ele se refere são os casos de corrupção: — Foram valores escandalosos, inimagináveis, tudo isso machucando a população. Achei que a imprensa talvez tenha falhado, outros órgãos também.
Ele diz que a falha foi a imprensa ter demorado a ver o que estava acontecendo. O jornalismo, segundo ele, precisa fazer uma revisão, entender que também é responsável em evitar que novos escândalos de corrupção aconteçam, mantendo-se vigilante: — Só a imprensa divulgando tudo com muita publicidade, acessando todas as contas, todos os planos de trabalho, todas as licitações, toda aplicação de dinheiro, quem é que está usando dinheiro público.
O ministro Santos Cruz diz que as portas da Secretaria estão abertas também para todos os segmentos sociais, mas avisa que não concorda com a invasão de terras pelo MST. Perguntei se ele estava falando de terra improdutiva:
— Improdutiva no conceito de quem? O problema é quem classifica. [trecho na integra no vídeo a partir dos 9']
 Entrevista do General Santos Cruz para Miriam Leitão da GloboNews
À frente da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, fala de seus desafios na função. Uma delas será a articulação junto ao Congresso Nacional. Fala também sobre o MST, grilagem de terras, relação entre União e os Estados, desperdícios de dinheiro público entre outros assuntos importantes. 

Disse que o país foi governado quase 14 anos pelos que achavam que a invasão era o método de começar o assentamento, mas até hoje há pessoas pela estrada: — Peraí, se você tinha o poder da caneta, orçamento, obrigação do executivo e não resolveu, significa que eles (os sem-terra) eram usados como massa de manobra.
Lembrei que este governo entregou a demarcação de terra indígena para ruralista e fala em combater o que chama de indústria de multa do Ibama. Perguntei se isso não seria visto como um sinal de incentivo à grilagem: — É um absurdo essa interpretação, completamente equivocada. A lei é para todos. Não interessa se é para o movimento ou para o grileiro. Senão vira baderna.
Sobre sua trajetória pessoal, o ministro contou que estudou em escola simples, de madeira, mas com excelentes professores. Que nada recebeu de herança dos pais, exceto o essencial: “prateleiras cheias de livros.”
Miriam Leitão, jornalista - O Globo

sábado, 31 de março de 2018

Ajustes precisam ser feitos, inclusive na legislação que atualmente é 99,9% a favor dos bandidos - especialmente o famigerado artigo 5º, o dos direitos SEM deveres




Falhas prejudicam intervenção na segurança do Rio
É flagrante a falta de um plano de ação. De início, não estava prevista a presença das Forças Armadas nas ruas. Mas, na terça-feira, as tropas foram a campo

A intervenção federal na segurança do Rio completará um mês e meio sem que a população fluminense consiga vislumbrar resultados positivos. Não há dúvida de que a medida era necessária, e continua sendo, dado o descontrole que tomou conta da área nos últimos meses. O próprio governador Luiz Fernando Pezão, ao pedir a ajuda do governo federal, admitiu que não tinha mais condições de debelar a violência que alarma o estado. Erros de gestão de sua equipe, somados à mais grave crise financeira da história do Rio, criaram um terreno fértil para o aumento dos índices de criminalidade. No carnaval, a inépcia ficou evidente. O plano de ação custou a ser anunciado e, quando foi posto em prática, revelou-se pífio, a ponto de precisar ser revisto às pressas, antes da Quarta-Feira de Cinzas. Portanto, não podia ficar como estava.

Mas a intervenção precisa atender uma população atordoada com a violência. Até porque criaram-se expectativas. Não se pode dizer que as primeiras medidas tomadas pelo interventor, general Braga Netto, não estejam na direção certa. O comando da segurança foi mudado. E anunciou-se que a prioridade será o combate à corrupção nas polícias, a recomposição da tropa — o déficit de PMs é um dos obstáculos para melhorar o policiamento — e a recuperação da frota, que se encontra sucateada, como é de conhecimento público. São premissas básicas, de fato importantes.

Porém, há que se ir adiante. E o cotidiano violento do Rio não é para principiantes. De modo que alguns erros são inadmissíveis. Tome-se como exemplo a operação de terça-feira, na Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3). A inspeção contou com 220 homens do Exército e 120 inspetores de Segurança e Administração Penitenciária. O objetivo era combater os “escritórios do crime", de onde presos comandam a venda de drogas. Mas a ação teve resultados bem modestos — foram apreendidos ventiladores e um celular. Segundo o estado, os presos teriam quebrado os aparelhos e atirado os fragmentos na rede de esgoto. Talvez tenha faltado integração com quem tem experiência nesse tipo de inspeção.

É flagrante também a falta de um plano de segurança. De início, não estava prevista a presença das Forças Armadas nas ruas, a não ser em ações pontuais. Mas, diante de números que mostram o aumento da violência após a intervenção, na terça-feira, as tropas foram a campo. Porém, com hora para chegar e sair, como mostrou reportagem do “Jornal Nacional”, da Rede Globo. A impressão é que decisões são tomadas sem planejamento.  Está claro que a criminalidade não será derrotada com improvisos, e sem uma integração efetiva entre governo federal, estado e município. Não se pode admitir, por exemplo, que enquanto a Rocinha sangra com uma guerra sem fim, o prefeito Marcelo Crivella proponha dar um “banho de loja” na comunidade, que, para ele, está muito “feinha”. Vencer essa chaga que fragiliza o Rio é tarefa dos três níveis de governo. 
[essencial é que sejam expedidos mandados de busca coletivos;
direito a prender para averiguações; e,
liberar as tropas - federais e policiais militares - para reagir à altura, usando a força necessária,  sempre que atacadas ou encontrar reação durante ações de patrulhamento.
Liberando esses três mecanismos os bandidos ficarão cientes que entraram na guerra para perder.]

Editorial - O Globo