A hipocrisia está escancarada. Durante quatro anos, os mesmos veículos e jornalistas se dedicaram a tarefa cotidiana de atacar, obstar, rotular e difamar o presidente da República, seu governo e seus apoiadores.
Receberam a missão e a cumpriram com denodo. No passo seguinte, num silêncio acrítico, acolheram a escandalosa sequência de decisões que pinçou Lula do interior da carceragem para colocá-lo, desajeitado e temeroso da luz do sol, no palco da disputa presidencial.
Agora, eu os assisto a criticar a divisão da sociedade brasileira como se fosse uma realização do governo! Logo o governo contra o qual atiçaram suas audiências num rodízio militante e evidente. Procure nos escaninhos de sua memória uma crítica sequer desse tipo de jornalismo que se abateu sobre tantos veículos da mídia nacional à conduta desequilibrada e malevolente do senador Randolfe Rodrigues. Bem ao contrário! O senador que usa o mandato como arma a serviço do pior tipo de oposição possível recebe dessa mídia uma cobertura indisponível às autoridades com ações voltadas ao bem do país. Enfim, os iguais se juntam...
Era inevitável que sob esse bombardeio, seguido do resgate do descondenado, a divisão política pré-existente se exacerbasse. Por outro lado, se estamos falando em divisão da sociedade, não podemos esquecer todo o divisionismo identitário macaqueado dos EUA pela esquerda brasileira sendo persistentemente introduzido em nossa vida social.
Some tudo isso, como obra de mãos bem conhecidas, e veja a vítima, injuriada, insultada, condenada à eterna lacração, ser agora apontada, por aqueles que a atacaram, como responsável pela divisão do país. Dá-me forças para viver, Senhor!
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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