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domingo, 5 de junho de 2022
Miséria perpétua - Qual a lógica ou a justiça das ‘terras ancestrais’? Isso é governar para a minoria das minorias - O Estado de S. Paulo
J. R. Guzzo
Miséria perpétua - Qual a lógica ou a justiça das ‘terras ancestrais’? Isso é governar para a minoria das minorias
Em condições normais de temperatura e pressão,o assunto todo seria tratado como um poema à falta do que fazer e, em consequência, mandado para o arquivo morto do Ministério das Reivindicações Cretinas.
Mas o Brasil de hoje, como se sabe, não vive em condições normais de temperatura e pressão.
Ou seja: pode-se esperar qualquer coisa e, aí, não há limite para o pior.
É o caso da presente discussão, no STF, do“marco territorial” das áreas “indígenas”, pelo qual líderes profissionais de índios,ONGs nacionais e estrangeiras e outros interessados querem declarar aberto à demarcação de reservas todo o território nacional.
Segundo a Constituição vigente, só podem ser demarcadas áreas que já eram ocupadas por índios até 1988.
A exigência ora em julgamento é que qualquer lugar do Brasil, mesmo onde não havia índio nenhum naquela época,possa ser expropriado e entregue a tribos que reivindicarem a “devolução” de terras “ancestrais”.
É uma das tentativas em que mais se aposta, hoje em dia, para destruir a sociedade brasileira tal como ela está organizada – a maior agressão já feita ao direito constitucional de propriedade desde que foi aprovada a Constituição de 1988, e um incentivo declarado à desordem.
Áreas que já foram habitadas algum dia por índios, ou assim consideradas por burocratas, antropólogos e ONGs, poderão, pelo que se pede ao STF, ser declaradas como “ancestrais” e transformadas em reservas. São Paulo, por exemplo, já foi a terra do cacique Tibiriçá, e o Rio de Janeiro era a casa dos tamoios – como é que fica, então?
É pouco provável, [será??? temos que considerar que quem vai decidir o caso é a mesma Justiça que proibiu ação policial, incluindo sobrevoo de helicópteros em favelas do Rio (consequência: agora são os Traficantes atiram em helicópteros, e pilotos mudam rotas para evitar sobrevoo em favelas).]claro, que a Justiça mande desocupar a Rua da Consolação ou a Avenida Copacabana,mas como vai ser no resto dos 850 milhões de hectares do território brasileiro, em especial nas áreas mais lucrativas, e já em plena produção, para a agricultura? Vão tentar o mais próximo possível do máximo; sempre se pode, no tumulto, pedir verbas “do governo” para evitar um “problema social”, etc. etc.
Já aconteceu em 2005,quando o então presidente Lula assinou um decreto expulsando produtores de arroz de uma área de 1,8 milhão de hectares em Roraima – nem se pagou, aí, indenização nenhuma a ninguém.
Há 900 mil índios no Brasil, ou 0,4% da população, e metade não vive em reservas.Sem receberem um metro a mais de terra, já ocupam 15% do território nacional –nenhum outro país do mundo onde houve colonização de terras nativas tem qualquer coisa remotamente parecida com isso. Qual a lógica ou a justiça, então, das “terras ancestrais”?Isso é governar para a minoria das minorias. É um projeto de perpetuação da miséria.
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